Avicultura
Especialista aponta estratégias para enfrentar desafios climáticos na avicultura
Temperatura média global, que aumentou em 1,2ºC desde o século 20, traz reflexos diretos sobre a produção de proteínas animais, com a avicultura enfrentando não apenas os efeitos das mudanças climáticas, mas também novos desafios sanitários.

O Brasil é um dos principais players no mercado mundial de carne de frango, sendo o segundo maior exportador e maior produtor da proteína. Esse status coloca o país em uma posição estratégica para ditar tendências e consolidar a avicultura como um dos pilares da alimentação mundial. Entretanto, com a intensificação das mudanças climáticas e seus impactos sobre o setor, surge a necessidade urgente de adaptar as práticas e buscar soluções para garantir a sustentabilidade e a competitividade da produção brasileira.
Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas acima da média, alagamentos, enchentes e queimadas, têm se tornado cada vez mais frequentes no Brasil. A temperatura média global, que aumentou em 1,2ºC desde o século 20, traz reflexos diretos sobre a produção de proteínas animais, com a avicultura enfrentando não apenas os efeitos das mudanças climáticas, mas também novos desafios sanitários.
O médico-veterinário e especialista em Produção e Sanidade de Aves e Suínos, José Emílio de Menezes Dias alerta para o impacto da elevação das temperaturas sobre a migração das aves e o aumento na transmissão de doenças. “As mudanças climáticas alteraram, por exemplo, a rota de migração das aves, trazendo preocupação sobre a transmissão de doenças à cadeia produtiva”, expôs Dias durante sua participação na Conferência Brasil Sul da Indústria de Produção de Carne de Frango (Conbrasfran), realizada em meados de novembro pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), em Gramado, na serra gaúcha, frisando: “O Brasil já registrou casos de Influenza aviária em aves silvestres e a reemergência da Doença de Newcastle, que, embora tenha sido contido rapidamente com apenas um caso registrado, reacendeu um alerta no setor, levando a uma intensificação das medidas de biosseguridade nas granjas de produção”, evidenciou.
Além disso, o aumento da população mundial – com estimativas de crescimento de 25% nos próximos 50 anos – e o aumento de 15% na demanda por carne de frango até 2032, conforme a FAO, tornam ainda mais essencial garantir que a produção brasileira consiga atender à crescente demanda global, mantendo altos padrões de qualidade e sustentabilidade.
Estratégias
A chave para lidar com esses desafios passa por estratégias eficazes nas áreas de sanidade, nutrição e ambiência, que são fundamentais para manter a saúde e a produtividade das aves.
Tendo como prioridade garantir a segurança do plantel, prevenindo a entrada de doenças, o setor intensificou as medidas de biosseguridade, que já eram rígidas nas unidades de produção. “Isolamento das granjas, controle de trânsito, higienização do galpão e equipamentos, quarentena e vacinação são práticas extremamente importantes para proteger a produção”, afirma Dias, enfatizando que a implementação de auditorias constantes, educação continuada e um plano de contingência eficiente são fundamentais para minimizar os riscos sanitários. “Se conseguirmos fazer o básico bem feito já garantimos a segurança da nossa produção”.
A adaptação às mudanças climáticas também exige atenção à nutrição das aves. A produção de grãos, matéria-prima essencial para a ração, está sob pressão crescente devido aos efeitos climáticos sobre as safras. “O Brasil, embora privilegiado pela sua capacidade produtiva, deve se preparar para variações possíveis na oferta de grãos nos próximos anos, o que pode impactar diretamente os custos de produção de ração e, consequentemente, a rentabilidade dos produtores”, expõe o especialista.
A criação de um ambiente controlado é essencial para o bem-estar das aves, especialmente frente às mudanças de temperatura. O manejo adequado da ventilação e sistemas de resfriamento e aquecimento nos galpões é fundamental para evitar o estresse térmico, que pode levar a quedas de desempenho e aumento na suscetibilidade a doenças. “A aplicação de tecnologias facilita o monitoramento constante das condições ambientais e do comportamento dos animais, possibilitando que o produtor tenha uma resposta mais rápida e assertiva aos problemas existentes dentro da granja”, ressalta Dias.
Tecnologia como aliada

Médico-veterinário, com MBA em Gestão de Projetos e mestre em Produção e Sanidade de Aves e Suínos, José Emílio de Menezes Dias: “O setor precisa estar atento à evolução das boas práticas, atualizando continuamente os protocolos de biosseguridade, investindo em inovação tecnológica e, acima de tudo, comprometendo-se com a sustentabilidade” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Uma das maiores vantagens atuais para a produção avícola é a tecnologia disponível para otimizar a produção e garantir a saúde do plantel. “Considero que os dados gerados pelos sistemas de produção são o ativo mais valioso que temos em nossas mãos hoje. Nunca tivemos tantas ferramentas à disposição, que permitem um controle preciso sobre a produção e a saúde das aves”, salienta Dias, acrescentando: “Com a utilização de dados é possível realizar diagnósticos rápidos e tomar decisões baseada em informações reais, como, por exemplo, identificar a origem de um surto viral”.
No entanto, o armazenamento de dados não é suficiente, é preciso transformá-los em informações úteis, que permitam a previsão de cenários e o desenvolvimento de planos de ação proativos. “A capacidade de coletar essas informações e aplicar soluções eficientes no campo é o que vai permitir aos produtores brasileiros enfrentar os desafios climáticos com mais segurança”, menciona Dias.
Diante desse cenário, a adaptação às mudanças climáticas e a incorporação de novas práticas e tecnologias são fundamentais para que o Brasil continue a ser um líder no mercado global de carne de frango. “O setor precisa estar atento à evolução das boas práticas, atualizando continuamente os protocolos de biosseguridade, investindo em inovação tecnológica e, acima de tudo, comprometendo-se com a sustentabilidade”, frisa o especialista.
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Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.

Avicultura
MBRF avança na sustentabilidade com transição global para ovos cage-free
Empresa anunciou a conclusão da mudança para ovos livres de gaiolas em todas as suas operações internacionais, um marco que reforça o compromisso com o bem-estar animal e a ética produtiva.

A MBRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, anuncia a conclusão da transição para o uso exclusivo de ovos cage-free em seus processos industriais globais. O compromisso, já cumprido no Brasil desde 2020, agora se estende às operações internacionais, consolidando um importante avanço em sustentabilidade e bem-estar animal e antecipando a meta global prevista para dezembro de 2025.
A implementação do uso de ovos cage-free nas operações internacionais envolveu uma construção conjunta com fornecedores locais, especialmente em mercados como Turquia e Emirados Árabes Unidos, onde a produção de ovos livres de gaiolas ainda representa um desafio. A companhia trabalhou em parceria com os produtores para viabilizar investimentos, incorporar novas práticas e assegurar a oferta de insumos alinhados aos mais altos padrões de bem-estar animal. Além disso, implementou protocolos voltados à rastreabilidade e à conformidade com referências internacionais, mantendo acompanhamento contínuo para garantir a sustentabilidade da meta alcançada.
A adoção global do sistema cage-free reflete o compromisso da MBRF com práticas produtivas mais éticas e sustentáveis. “O modelo elimina o confinamento das aves em gaiolas, permitindo que expressem comportamentos naturais e movimentem-se livremente. Alinhada aos princípios de Saúde Única na produção de alimentos, essa prática contribui de forma significativa para o bem-estar animal e atende às expectativas de clientes e consumidores cada vez mais atentos à origem e à responsabilidade das empresas,” explica Josiane Busatta, consultora de bem-estar animal da MBRF.
A conclusão da transição para o sistema cage-free é apenas uma entre as diversas metas de bem-estar animal estabelecidas pela MBRF. A companhia já atingiu outros compromissos relevantes, como garantir que 100% das aves do sistema de integração sejam criadas livres de gaiolas. Além disso, concluiu a certificação de 100% das unidades de abate em bem-estar animal globalmente e a eliminação da castração cirúrgicas na cadeia de suinocultura. Como resultado desses e outros avanços, a companhia se mantém entre as mais bem posicionadas do setor em importantes rankings e índices internacionais, como o BBFAW (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), o mais importante índice global de gestão do bem-estar dos animais de fazenda.
Sustentabilidade na MBRF
O bem-estar animal é um dos seis pilares que sustentam a Plataforma de Sustentabilidade da MBRF, que busca conciliar produtividade com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade. A companhia adota práticas que protegem biomas, promovem o bem-estar animal e respeitam os direitos humanos. As iniciativas incluem o uso eficiente de água e energia, o melhor aproveitamento dos alimentos, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a gestão responsável da cadeia de fornecimento — com foco no controle de origem, no combate ao desmatamento e na promoção da inclusão social.
A MBRF adota altos padrões de bem-estar animal em toda a cadeia produtiva, com compromissos voltados à criação de aves, suínos e bovinos, guiados por diretrizes nacionais e internacionais que asseguram cuidados adequados e abate humanitário, tanto nas operações próprias quanto junto aos fornecedores.
Durante o manejo do gado, das aves e dos suínos — desde a propriedade rural até as unidades de produção —, a companhia garante o respeito aos Cinco Domínios dos animais: nutrição adequada, boa saúde, ambiente confortável, comportamento natural e estado mental. Esses princípios surgiram como uma expansão das Cinco Liberdades dos Animais, oferecendo uma abordagem mais abrangente e holística para avaliar o bem-estar animal que foram estabelecidos pelo Farm Animal Welfare Council, conselho britânico independente que é referência global na definição de parâmetros de bem-estar animal.



