Suínos
Especialista aponta desafios e soluções na transferência de imunidade aos suínos
Ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais.

A saúde de bem-estar dos animais deve ser um dos focos de toda a cadeia produtiva, desde o produtor até a indústria, que busca por bons resultados na produção. Dessa forma, ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais. A partir desse gancho, e olhando especialmente para as matrizes e sua prole, é que o médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton, fala sobre a importância da imunidade materna nos protocolos vacinais, durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto em Chapecó (SC).
De acordo com o especialista, a imunidade materna é a garantia de sobrevivência e desenvolvimento adequado para os leitões. Alberton explica que a transição do ambiente uterino para o ambiente da maternidade gera um desafio microbiológico gigante para o recém-nascido, e o que irá protege-lo de infecções é a imunidade passiva. “Entretanto, essa imunidade é transitória e será substituída em poucas semanas pela imunidade ativa, gerada pelo próprio leitão a partir da infecção natural e pela vacinação. Portanto, existe uma fase de transição, em que os títulos maternos estarão altos suficientes para ainda proteger o leitão de infecções, mas não tão altos para que o antígeno vacinal não seja totalmente inativado”, informa.
Alberton comenta que, via de regra, quando os leitões são vacinados com pelo menos 21 dias de idade, essa transição é adequada. “Leitões vacinados mais jovens podem ter a eficácia vacinal comprometida não somente pelos altos títulos da imunidade passiva, mas principalmente pela imaturidade do sistema imunológico, o qual ainda não está totalmente preparado para a imunização. Essa imaturidade é fisiológica, afinal a natureza programou o animal para estar protegido pela imunidade materna nesta fase”.
Além disso, a imunidade materna influencia de forma direta na saúde dos leitões, já que eles são colonizados por trilhões de microrganismos que irão compor a microbiota, defende o médico veterinário. “Mais de 90% desses agentes são benéficos, mas uma parte importante pode gerar doenças, como por exemplo a Escherichia coli e o rotavírus. Sem essa proteção do colostro, a colonização dos leitões poderia resultar em muitas enfermidades, com grande risco de morte”, alerta.
Cuidados essenciais
Segundo Alberton, para que a imunidade materna seja transferida adequadamente, os leitões precisam mamar colostro imediatamente após o nascimento. “Leitões fracos e aqueles que nascem por último em leitegadas numerosas (mais de 15) são os de maior risco, por ingerirem menos colostro, ou colostro de menor qualidade, respectivamente”, comenta.
Ele explica que permitir que os leitões mamem de preferência na mãe biológica, o quanto antes e pelo máximo de tempo possível – ideal pelo menos 8 a 12h na mãe biológica – é uma das medidas mais importantes. “As equalizações excessivas e precoces acabam prejudicando a ingestão de colostro. O revezamento de mamadas pode contribuir na melhor ingestão de colostro, mas quando mal executado, acaba prejudicando, pois os leitões acabam ficando muito tempo sem acesso ao úbere, gerando estresse, hipotermia e menor ingestão de colostro”, diz.
Para que a porca transfira a imunidade aos leitões, ela precisa ter sido exposta aos mesmos agentes que desafiarão precocemente os leitões, portanto a vacinação das matrizes e o manejo de feedback são indispensáveis para garantir que o colostro seja protetor, informa Alberton.
Ele comenta que outro ponto extremamente importante e que tem sido negligenciado é o investimento em saúde de plantel, com a adoção de medidas preventivas e curativas visando o aumento de longevidade das matrizes. “Atualmente, a longevidade das porcas é de 3,2 partos; muito aquém do ideal, tanto do ponto de vista econômico, quanto do sanitário. Com relação a esse último ponto, temos que lembrar que na medida que as matrizes ficam maduras, elas transferem maior competência imunológica para seus leitões, tanto via colostro, como via epigenética e via microbiota. Assim, nesse cenário de alta mortalidade de plantel e alta taxa de reposição, os leitões tornam-se muito mais suscetíveis às infecções”.
Imunidade merece atenção

Médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton: “Granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas” – Foto: Arquivo pessoal
As porcas devidamente imunizadas via vacinação ou via feedback e que gozem de boa saúde, irão produzir colostro e leite com a qualidade necessária para proteger os leitões até que imunidade ativa seja suficientemente robusta. Além disso, ela também transferirá a microbiota para seus leitões, que irá colonizar principalmente o intestino do leitão e irá treinar o sistema imunológico. “Assim, quando os níveis de imunidade passiva estiverem declinando, uma grande população de bactérias e outro microrganismos que colonizaram o leitão irão ajudar na defesa dele, fazendo a exclusão competitiva ou produzindo substâncias que inibam a proliferação dos agentes patogênicos. Essa combinação de imunidade passiva robusta com microbiota adequada permite que o leitão não adoeça mesmo sem ter seu sistema imunológico suficientemente maduro”, explica Alberton.
O especialista comenta que as porcas constituem o patrimônio imunológico da granja, pois delas virá a imunidade dos leitões bem como a microbiota. Portanto, não tem como esperar que os leitões possuam boa capacidade imunológica se as matrizes não estiverem saudáveis. “Como os planteis são muito grandes, as porcas muitas vezes adoecem e os colaboradores só percebem quando o animal já está muito debilitado ou já veio a óbito. Para ser possível o diagnóstico precoce, granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas, bem como organizar monitorias de infecção urinária e de problemas locomotores”, explica.
Ele diz que outro ponto importante é fazer o controle adequado das infecções urinárias, que deve ser feito com medidas de manejo e nunca com o uso preventivo de antibiótico, já que isso desequilibra a microbiota das porcas, com consequente desequilíbrio da microbiota dos leitões. “Dentre os pontos mais importantes para o controle de infecção urinária está a ingestão de água, limpeza das instalações e qualidade dos cascos”.
Estratégias eficazes
Alberton comenta que para que o leitão reaja adequadamente ao estímulo vacinal, ele precisa ter o sistema imunológico devidamente preparado para montar a resposta imunológica adequada. “Dessa forma, leitões que ingerem pouco colostro, que sofreram intervenções com antibiótico ao longo da lactação e que ao desmame não estão saudáveis, poderão ter a resposta vacinal comprometida”, avisa.
Ele diz que quando se trata de vacina oral, leitões que apresentam diarreia durante a vacinação ou que passaram por episódios de diarreia causadas pela rotavirose ou pela coccidiose, não terão as mucosas íntegras para processar adequadamente o antígeno vacinal, consequentemente menos protegidos pela vacina. “O sistema imunológico do leitão amadurece com o passar das primeiras semanas. Nas várias pesquisas que avaliaram a interferência dos altos títulos de anticorpos maternos e da idade da vacinação sobre a resposta vacinal, concluíram que a idade da vacinação interfere mais na resposta vacinal do que os títulos de anticorpos maternos. Portanto, os programas vacinais devem ser posicionados, de preferência, a partir dos 21 dias de idade”.
Para ele, a forma mais simples de monitorar a imunidade dos animais é por índices como ganho de peso diário, conversão alimentar, percentual da animais enfermos e mortos por lote e necessidade de intervenções com antibiótico. “Atualmente estão disponíveis muitos exames laboratoriais que permitem avaliar o status imunológico do plantel, mas são técnicas caras e mais aplicadas em estudos científicos. Uma técnica barata é a avaliação do Grau Brix do colostro, que é uma medida da concentração de imunoglobulinas no colostro. Essa avaliação é feita por um aparelho portátil denominado refratômetro. Uma gota do colostro é colocada no aparelho, e a leitura é feita contra a luz, gerando um valor que indica o quanto concentrado o colostro está em imunoglobulinas. Essa avaliação é muito interessante para monitorar a qualidade do colostro e avaliar o resultado de intervenções de manejo ou nutricionais, sobre a qualidade do colostro”, explica.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



