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Suínos Sinsui 2024

Especialista aponta como a hiperprolificidade impacta a nutrição e saúde das fêmeas suínas durante gestação e lactação

A especialista aponta para a importância da otimização da dieta para atender às necessidades individuais das fêmeas, levando em consideração fatores como condição corporal, tamanho da leitegada e ambiente de alojamento.

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Foto: Shutterstock

A indústria suinícola tem testemunhado um avanço significativo na produtividade das fêmeas suínas, resultando em leitegadas cada vez maiores. No entanto, esse aumento na hiperprolificidade traz consigo desafios nutricionais e de saúde que demandam uma análise aprofundada. Ao longo da gestação e lactação, as exigências nutricionais das fêmeas suínas se tornam uma preocupação primordial. A doutora em Zootecnia, professora, orientadora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ines Andretta, ressalta que durante o terço final da gestação, as diferenças entre leitegadas pequenas e grandes se tornam mais evidentes devido às demandas crescentes por aminoácidos e outros nutrientes.

Esse tema será tratado pela especialista na palestra “Aspectos nutricionais em relação aos quais devemos estar atentos com a hiperprolificidade de fêmeas suínas” durante o 16º Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que foi realizado entre os dias 23 a 25 de julho, no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Doutora em Zootecnia, professora, orientadora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ines Andretta. Foto: Divulgação

A especialista aponta para a importância da otimização da dieta para atender às necessidades individuais das fêmeas, levando em consideração fatores como condição corporal, tamanho da leitegada e ambiente de alojamento. Estratégias como a inclusão de fibras na dieta podem aumentar a ingestão de ração e preparar a fêmea para uma transição suave para a lactação. “A nutrição das fêmeas suínas é uma área que carece de maior atenção e investimento, mas é essencial para garantir a produtividade, saúde e bem-estar não apenas das fêmeas, mas também dos leitões em todas as fases da produção suína”, afirma a especialista em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural. Confira!

O Presente Rural – Como a hiperprolificidade afeta as necessidades nutricionais das fêmeas suínas durante a gestação e lactação?

Ines Andretta – O impacto do número de leitões na gestação varia ao longo do tempo. No terço final, quando os leitões se desenvolvem de forma mais acelerada, as diferenças entre leitegadas pequenas e grandes se tornam significativas devido às exigências nutricionais das matrizes, especialmente para aminoácidos. Na lactação, o número de leitões influencia diretamente na produção de leite, pois a lactogênese demanda muita energia, aminoácidos e nutrientes. No entanto, o impacto é mais perceptível quando os leitões permanecem com a porca. Por exemplo, em sistemas de manejo de mãe de leite, a hiperprolificidade da fêmea pode não afetar tanto sua lactação, a menos que ela permaneça com os leitões da própria leitegada.

O Presente Rural – Quais são os impactos da hiperprolificidade na saúde metabólica das matrizes suínas e como a nutrição pode desempenhar um papel importante na prevenção de distúrbios metabólicos, como a síndrome do desmame súbito?

Ines Andretta – O primeiro aspecto a se considerar é a questão nutricional. Quando a demanda por determinados nutrientes excede a quantidade adquirida pela fêmea através da alimentação, ela mobiliza recursos do próprio corpo para priorizar a função reprodutiva, visando sustentar o crescimento dos leitões durante a gestação. Esse fenômeno é ainda mais evidente durante a lactação, quando a insuficiência na ingestão de ração pode levar a quadros de catabolismo, prejudicando a saúde metabólica da fêmea. Além das questões nutricionais, a hiperprolificidade também está associada a um aumento nos níveis de inflamação e estresse oxidativo durante a gestação e lactação, os quais estão intimamente ligados à nutrição. A utilização de aditivos nutricionais que possam melhorar o quadro metabólico da fêmea pode ser uma estratégia para mitigar os impactos negativos da hiperprolificidade na saúde dos animais. Essas duas abordagens oferecem vias para lidar com os desafios impostos pela hiperprolificidade.

O Presente Rural – Quais são as estratégias nutricionais recomendadas para garantir a saúde e bem-estar das matrizes suínas hiperprolíficas durante a gestação?

Ines Andretta – A otimização da dieta em relação às necessidades dos animais é essencial para garantir sua saúde e desempenho. As granjas devem conhecer as exigências específicas de seus animais, que podem variar de acordo com fatores como condição corporal, curva de crescimento, tamanho da leitegada e ambiente. Fatores ambientais, como alojamento coletivo e condições climáticas, também influenciam nas exigências nutricionais das fêmeas. Além da genética e produtividade, esses aspectos contribuem para demandas distintas entre as porcas.

É importante trabalhar na otimização das dietas para atender às exigências individuais dos animais, buscando a alimentação de precisão sempre que possível. Muitas baias de alimentação coletiva não permitem isso, então é importante que a gente saiba que existem limitações para sua aplicação, mas que esse seria o cenário ideal.

Além dos aspectos nutricionais, certos componentes da dieta podem ter efeitos não apenas na nutrição, mas também na saúde geral das fêmeas. Por exemplo, fibras podem promover saciedade e saúde intestinal, enquanto aditivos e outros componentes da ração podem ter diversos efeitos benéficos. Ou seja, a nutrição precisa ser ajustada de acordo com o contexto específico de cada animal, ou pelo menos de cada granja.

O Presente Rural – Como a hiperprolificidade pode afetar a qualidade e quantidade do leite produzido pelas matrizes e quais são os ajustes nutricionais necessários para atender às demandas nutricionais dos leitões em fase de lactação?

Ines Andretta – Desde o colostro a produção de leite pode ser influenciada, mas isso está muito associado ao número de leitões que permanecem com a porca. Assim, a hiperprolificidade afeta a lactação quando um grande número de leitões é mantido com a porca, o que é comum quando as leitegadas são grandes.

Algumas granjas, embora não seja comum, podem mitigar esse efeito usando sucedâneos ou adotando o método de mãe de leite. No entanto, a quantidade de leite produzida tende a ser maior em leitegadas maiores devido ao estímulo necessário para a produção de leite, o que impacta nas necessidades nutricionais da fêmea.

Durante a lactação, o ajuste nutricional não é tão significativo, uma vez que as dietas já são formuladas para serem altamente concentradas em energia, aminoácidos e outros nutrientes. No entanto, é fundamental garantir que as fêmeas consumam adequadamente os alimentos, o que pode ser alcançado estimulando-as e oferecendo um ambiente confortável.

O Presente Rural – Quais são os desafios específicos em relação à ingestão alimentar das matrizes suínas hiperprolíficas e quais estratégias podem ser adotadas para garantir que recebam os nutrientes adequados para manter sua saúde e condição corporal?

Ines Andretta – Durante a lactação, muitas fêmeas não conseguem atender às exigências nutricionais devido à limitada capacidade de consumo ou à alta demanda nutricional. Uma estratégia adotada para enfrentar esse desafio é a inclusão de fibras no terço final da gestação ou nos últimos dias, visando aumentar a ingestão de ração nesse período e preparar a fêmea para uma transição mais suave para a lactação.

Durante a gestação, o fornecimento de ração é controlado, reduzindo o problema de consumo insuficiente. No entanto, os profissionais devem monitorar de perto a condição corporal das fêmeas, especialmente aquelas que perderam massa corporal durante lactações anteriores, a fim de garantir a reposição adequada dessas reservas.

Embora as avaliações geralmente se baseiem em escores corporais ou espessura de toucinho, há uma necessidade crescente de fazer um ajuste mais fino para entender se essa recuperação que a fêmea está tendo durante o início da gestação é uma recuperação completa em termos de massa magra e gordura, ou se de repente está repondo o peso, mas não necessariamente repondo as massas específicas que ela perdeu na lactação anterior. Essa abordagem é complexa, mas se tem um espaço para se trabalhar nos dois terços iniciais da gestação.

O Presente Rural – Quais são os desafios práticos enfrentados pelos produtores ao implementar estratégias nutricionais para matrizes hiperprolíficas e como podem ser superados?

Ines Andretta – Os sistemas de produção geralmente fornecem uma grande quantidade de dados, como número de leitões produzidos e peso dos leitões, permitindo estimar as exigências das fêmeas. No entanto, ajustar a dieta durante a gestação, especialmente para cada indivíduo, pode ser desafiador em sistemas coletivos. Fêmeas mais jovens, em crescimento, têm exigências diferentes das fêmeas mais velhas, cujo peso já está estabilizado. Esses ajustes, muitas vezes, requerem tecnologia ou individualização da alimentação, o que pode ser complicado de ser realizado em sistemas coletivos de produção.

Os desafios práticos incluem a redução da mão de obra na granja, que muitas vezes não permite dedicar tempo para ajustar a alimentação individualmente ou realizar verificações frequentes.

E na lactação é necessário verificar o que pode estar atrapalhando o consumo de ração da fêmea, pode ser o estresse térmico, frequente no Brasil em razão das altas temperaturas, a própria questão do bem-estar geral dos animais e a disponibilidade de mão de obra ou de equipamentos que estimulem a fêmea a aumentar o número de refeições, como dietas úmidas, que podem ajudar a melhorar o consumo, mas isso também requer tempo e investimento dentro da granja.

O Presente Rural – Quais são as áreas de pesquisa em nutrição suína que precisam de maior atenção para melhorar nossa compreensão dos aspectos nutricionais relacionados à hiperprolificidade e desenvolver estratégias nutricionais mais eficazes e sustentáveis?

Ines Andretta – A nutrição das fêmeas suínas é uma área que ainda carece de muita pesquisa e informação, especialmente quando comparada à nutrição de leitões na creche, crescimento e terminação. Apesar de haver mais grupos de pesquisa e modelos matemáticos disponíveis nos últimos anos, ainda há um grande potencial para melhorias nesse campo. Além da produtividade das fêmeas, é essencial investigar sua relação com a longevidade e o bem-estar, bem como questões de saúde como membros locomotores, casco e articulações.

Embora a pesquisa sobre nutrição das fêmeas demande mais investimento e seja mais desafiadora devido ao ciclo mais longo, é importante destacar que elas são o ponto de partida de todo o processo produtivo. Estudos têm mostrado que investir na nutrição das fêmeas traz benefícios significativos para as fases seguintes da produção, incluindo melhorias na digestibilidade, metabolismo e saúde intestinal dos leitões na creche. Portanto, é essencial focar em melhorar as condições das fêmeas para que os leitões possam enfrentar melhor os desafios do desmame e do estresse no início da creche.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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