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Especialista aponta causas, impactos e prevenção das doenças respiratórias em suínos

Para garantir a saúde e o bem-estar dos suínos e prevenir doenças respiratórias, é essencial adotar uma abordagem abrangente que englobe medidas de prevenção e controle.

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Foto: Shutterstock

As doenças respiratórias em suínos representam um dos maiores desafios enfrentados pela suinocultura. Com impactos expressivos na produtividade e na rentabilidade das propriedades, essas enfermidades podem ser causadas por uma variedade de fatores infecciosos, como vírus e bactérias, e não infecciosos, como condições ambientais e de manejo. Identificar e entender as causas dessas doenças é de suma importância para a implementação de estratégias de prevenção e controle, que não apenas garantem o bem-estar dos animais, como também asseguram a sustentabilidade econômica do setor.

Médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, especialista em Sanidade Animal e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcos Antônio Zanella Morés: “Estudos mostram que a erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae pode gerar um ganho de US$ 7 por suíno abatido, com payback em até sete meses”

Para explorar as principais causas das doenças respiratórias em suínos, abordando tanto os agentes infecciosos quanto os fatores ambientais, além de destacar as melhores práticas para minimizar seus impactos nas granjas, o médico-veterinário Marcos Antônio Zanella Morés, mestre em Ciências Veterinárias, especialista em Sanidade Animal e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, ministrou a palestra “Respire aliviado: desvendando causas, prevenção e impactos das doenças respiratórias em suínos”, durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.

Além de gastos com medicamentos para controle, perdas nos índices zootécnicos, condenações de carcaças e mortalidade dos animais, as doenças respiratórias em suínos impactam sobretudo o bem-estar animal. Para exemplar isso, Morés apresentou os resultados de algumas pesquisas realizadas nos últimos três anos.  Dois estudos de metanálise feitos em 2023 mostraram que o impacto econômico médio de um ou mais agentes patogênicos respiratórios coexistentes varia de R$ 10,30 a R$ 54 por leitão na creche, de R$ 14 a R$ 93 por suíno de terminação e de R$ 605 a R$ 1.956 por matriz/ano no Brasil. Em outra pesquisa, feita em 2020, mostrou que em grupos de suínos com mais de 15,1% da área pulmonar afetada, o custo adicional foi de US$ 6,55 por animal. “Além disso, o estudo revelou que cada 1% de lesão pulmonar resulta em uma redução de 1,8 gramas no ganho de peso diário, impactando tanto na produtividade quanto na economia da suinocultura”, aponta Morés.

Quando o custo das doenças respiratórias é associado às condenações de carcaças, os dados revelam um cenário preocupante. Aderências, pleurites, abscessos e pneumonias representam 50% do total das condenações de carcaças nos frigoríficos e 80% das causas sanitárias. “A média de condenações em frigoríficos é de 3%, equivalente a 1,5% do peso de cada carcaça abatida, o que resulta em um desperdício anual de 100 mil toneladas de carne suína”, revela o pesquisador.

De acordo com o especialista, as doenças respiratórias são frequentes em suínos devido à particularidade anatômica de seus pulmões, que possuem poucos bronquíolos respiratórios, característica que dificulta a eliminação de partículas, tornando os suínos mais predispostos a infecções.

Causas infecciosas e não infecciosas

As causas das doenças respiratórias em suínos podem ser infecciosas ou não infecciosas. No que se refere às causas infecciosas, Morés destaca o Complexo das Doenças Respiratórias dos Suínos (CDRS), que inclui diversas bactérias como Mycoplasma hyopneumoniae, Actinobacillus pleuropneumoniae, Pasteurella multocida, Glaesserella parasuis, Estreptococo suise e Bordetella bronchiseptica; e vírus, entre os principais Influenza e PCV2.

Além das causas infecciosas, existem fatores de risco relacionados ao manejo e ao ambiente que afetam a incidência de doenças respiratórias. Entre esses fatores, o pesquisador menciona a superlotação, a ventilação atmosférica, o fluxo contínuo de animais e a mistura de suínos de diferentes origens.

Sinais

Os sinais de doenças respiratórias podem se manifestar de várias maneiras. A tosse, por exemplo, explica Morés, pode indicar a presença de pneumonia micoplásmica ou gripe; e os espirros são frequentemente associados à rinite atrófica e também podem ser um sintoma de gripe. A dificuldade respiratória, que inclui dispneia ou batedeira, pode ser causada por condições como pleuropneumonia, pasteurelose, infecções por Actinobacillus suis, Streptococcus suis, circovirose, salmonelose e doença de Glässer. Além disso, a febre, geralmente acompanhada de apatia, prostração e falta de apetite, pode levar a perdas de desempenho e, em casos graves, resultar em mortes.

Fatores de risco para doenças respiratórias

As doenças respiratórias em suínos são frequentemente causadas por uma combinação de fatores de risco ambientais e de manejo, associados a infecções por agentes primários e oportunistas, o que torna essencial a adoção de estratégias eficazes para o controle e prevenção dessas doenças. “No manejo, as situações como a mistura de leitões de diferentes origens na formação dos lotes, a ausência de um vazio sanitário adequado entre os lotes, o fluxo contínuo de produção com várias idades e a superlotação nas baías são fatores críticos”, ressalta o especialista, enfatizando: “Além disso, a limpeza e a desinfecção inadequada das instalações também podem acarretar no surgimento de doenças respiratórias”.

Do ponto de vista ambiental, Morés diz que o excesso de gases nas instalações, como CO2 e amônia, e a temperatura inadequada para a fase de criação são condições que favorecem o desenvolvimento de infecções.

Já em relação à imunidade, a desestabilização do plantel de matrizes, alta taxa de reposição, presença de novas granjas e falhas no processo de aclimatação de leitoas podem comprometer a resistência dos animais a doenças respiratórias. “Esses fatores combinados aumentam a vulnerabilidade dos suínos e favorecem a propagação de patógenos”, aponta o médico-veterinário.

Doenças imunossupressoras também desempenham um papel importante no desenvolvimento de infecções respiratórias em suínos. “A circovirose é uma condição que compromete a imunidade dos animais, tornando-os mais suscetíveis a infecções secundárias. Além disso, as micotoxicoses, que são intoxicações causadas por fungos presentes na alimentação, afetam de forma negativa o sistema imunológico dos suínos”, salienta.

O manejo inadequado do colostro é outro fator crítico, uma vez que o colostro é a principal fonte de anticorpos que protege os leitões contra doenças nos primeiros dias de vida. “A falta de uma ingestão adequada de colostro pode levar a uma imunidade comprometida, aumentando a vulnerabilidade dos suínos a infecções respiratórias e outras doenças”, frisa Morés.

Prevenção e controle

Para garantir a saúde e o bem-estar dos suínos e prevenir doenças respiratórias, é essencial adotar uma abordagem abrangente que englobe medidas de prevenção e controle. O primeiro passo, segundo Morés, é aumentar a resistência dos animais, o que pode ser feito através da ingestão adequada de colostro, essencial para fornecer proteínas específicas na primeira fase de vida dos leitões. Manter um equilíbrio imunológico protetor e realizar uma aclimatação eficiente dos leitões são igualmente importantes.

Além disso, a gestão da taxa de reposição deve ser cuidadosa, evitando a introdução de animais de granjas novas e garantindo uma administração adequada de vacinas. “O manejo, o estresse ambiental e a prevenção de doenças imunossupressoras também são aspectos que devem ser levados em consideração para manter a saúde dos suínos”, menciona Morés.

Para reduzir a pressão arterial, o pesquisador diz que é necessário minimizar a mistura de leitões de diferentes origens e garantir um vazio sanitário adequado entre os lotes. “Evitar a superlotação nas baias e manter um protocolo rigoroso de limpeza e desinfecção das instalações são práticas indispensáveis para garantir a saúde dos suínos, assim com o manejo adequado dos animais doentes é essencial para prevenir a propagação de infecções”, complementa.

Suínos doentes

A rápida identificação de suínos doentes é fundamental para um manejo eficiente. “Esses animais devem ser medicados imediatamente e individualmente por via injetável. Se um suíno estiver sendo discriminado na baía ou não conseguir ingerir água e ração, deverá ser transferido para uma baia hospitalar. Caso não esteja sendo discriminado e possa ingerir água e ração, deve ser deixado na baia por 24 horas. Caso o suíno não apresente melhora do seu quadro deve ser transferido para a baia hospitalar”, explica o mestre em Ciências Veterinárias.

Limpeza e desinfecção

A limpeza e desinfecção das instalações devem ser realizadas com rigor, começando pela remoção de matéria orgânica, seguida do uso de detergentes e desinfetantes limpos. A eficácia dos procedimentos deve ser verificada de forma contínua.

O uso de produtos antimicrobianos deve ser preciso, com monitoramento contínuo dos agentes patogênicos e sua sensibilidade antimicrobiana. A administração deve seguir as dosagens adequadas e os períodos de retirada para garantir a eficácia e evitar resistência.

Para a erradicação de agentes primários, como Mycoplasma hyopneumoniae e Actinobacillus pleuropneumoniae, pode ser necessário implementar um protocolo medicamentoso e considerar o fechamento temporário do plantel. “Garantir uma biosseguridade adequada, com a escolha de fontes de animais livres para reposição ou a formação de pirâmides de produção com animais livres é fundamental. Estudos mostram que a erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae pode gerar um ganho de US$ 7 por suíno abatido, com payback em até sete meses”, expõe Morés.

O pesquisador também ressalta a importância de adotar medidas de biosseguridade externa, essencial para proteger a granja. Isso inclui o isolamento da granja, o controle rigoroso da entrada de pessoas e veículos, a restrição à entrada de suínos portadores, e a gestão adequada da água e dos alimentos, além do controle de insetos e roedores. “Essas medidas ajudam a manter a saúde do plantel e a minimizar os riscos de surtos de gripes ou de outros agentes patogênicos”, frisa o pesquisador.

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Fonte: O Presente Rural

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Pesquisadora da Embrapa elenca estratégias para enfrentar a influenza suína

A influenza ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção.

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Foto: Imagem criada com IA Bing/Giuliano De Luca/O Presente Rural

Apesar de ser uma velha conhecida já do produtor, a influenza ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção. A médica veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava, aborda o tema durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto, em Chapecó (SC). O Presente Rural fez uma entrevista exclusiva. Aproveite!

O Presente Rural: Quais são as principais estratégias de manejo para enfrentar a influenza suína?

Danielle Gava: Para enfrentar a influenza suína existem várias abordagens de manejo que podem ser adotadas:

·      Vacinação: a utilização da vacinação para o controle da influenza tem se mostrado uma das medidas mais eficazes adotadas em rebanhos suínos em diversos países. A vacinação tem por objetivo induzir uma resposta imune robusta e duradoura, o que resulta na redução da excreção viral, das lesões pulmonares, e da doença clínica. É fundamental destacar que, independentemente do tipo de vacina utilizada, é crucial incluir antígenos virais contemporâneos na formulação vacinal, visando ampliar a cobertura antigênica diante da diversidade viral circulante. Esta abordagem é também aplicada para humanos, dado que a transmissão do vírus Influenza A entre humanos e suínos ocorre em ambos os sentidos, embora seja mais comum eventos de transmissão humano-suíno do que o inverso. Deste modo recomenda-se a vacinação anual para influenza de todas as pessoas que entram em contato com suínos, como veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, entre outros.

·      Boas práticas: medidas de biosseguridade nas granjas, como adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, dentre outros, são essenciais.

·      Monitoramento e vigilância: é crucial entender a frequência e a evolução dos clados que circulam nas granjas, especialmente porque a maioria dos vírus Influenza A são específicos de regiões ou países. A vigilância regular é fundamental para detectar precocemente a presença do vírus, o que permite a implementação rápida de medidas de controle e prevenção de surtos. Além disso, os dados obtidos por meio do monitoramento dos suínos desempenham um papel fundamental na seleção das cepas vacinais mais adequadas, levando em consideração a diversidade genética e antigênica dos vírus que circulam entre os suínos.

O Presente Rural: Quais são os principais desafios enfrentados no controle da influenza nas granjas suínas?

Danielle Gava: O controle da influenza nas granjas suínas apresenta uma série de desafios significativos. Um desses desafios é a mutabilidade viral, que pode levar ao surgimento de novas variantes virais com diferentes capacidades de transmissão e virulência, dificultando a previsão e o controle da disseminação da doença. Além disso, a detecção precoce da doença é complicada devido aos sinais clínicos inespecíficos, que podem se assemelhar aos de outras doenças respiratórias. Outros desafios incluem a necessidade de vacinas eficazes, que devem ter similaridade antigênica com os vírus circulantes, além de garantir a imunogenicidade adequada, possuir boa carga antigênica e adjuvante. A contenção da transmissão entre granjas também é crucial, assim como a complexidade adicional causada pela presença de outros agentes infecciosos, que podem exacerbar a gravidade da doença.

O Presente Rural: Como a terapia de suporte pode ajudar durante um surto de influenza?

Danielle Gava: Apesar de existirem medicamentos antivirais para tratar a Influenza em humanos, o tratamento da Influenza A em suínos é paliativo e visa prevenir infecções secundárias. Durante um surto, o uso de anti-inflamatórios na água pode ajudar a reduzir a febre e outros sinais clínicos, além da mortalidade.

Suínos doentes podem ficar desidratados devido à febre e à redução do consumo de água. É crucial garantir acesso fácil à água fresca e limpa para os animais.

Durante um surto de influenza suína, os suínos infectados devem ser monitorados de perto para detectar quaisquer complicações adicionais, como infecções secundárias. Nesses casos o uso de antimicrobianos específicos podem ser recomendados.

O Presente Rural: Quais os sinais clínicos da influenza suína que os produtores devem ficar atentos?

Danielle Gava: Os sinais clínicos observados em suínos infectados incluem febre, letargia, anorexia e tosse. A doença apresenta alta morbidade e baixa mortalidade. A perda de peso e o aumento da conversão alimentar são consequências significativas na produção de suínos. Além disso, a doença pode aumentar o número de casos de aborto em matrizes devido à hipertermia. Casos graves da doença são frequentemente associados à infecção simultânea com outros patógenos respiratórios do complexo de doenças respiratórias em suínos, o que pode levar a pneumonias complicadas e maior taxa de mortalidade.

Foto: Shutterstock

O Presente Rural: Quais as melhores práticas de biossegurança para prevenir a introdução e disseminação da influenza nas granjas?

Danielle Gava: Dentre as boas práticas de biosseguridade que devem ser adotadas, mantidas ou enfocadas nas granjas, destacam-se: adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, bem como vacinação de suínos e humanos que mantêm contato com os animais e constante monitoramento e vigilância.

O Presente Rural: Pode compartilhar algum exemplo de sucesso na gestão de um surto de influenza em uma granja suína?

Danielle Gava: Um exemplo de sucesso geral na gestão de um surto de influenza inicia com rápido diagnóstico para confirmar ou descartar o envolvimento de Influenza A na doença clínica. A partir da confirmação, a implementação rápida e eficaz de medidas de manejo e controle, combinadas com uma estratégia abrangente de biossegurança, já citadas anteriormente, são essenciais.

Cabe ressaltar que as medidas de biosseguridade devem ser aplicadas permanentemente, e não apenas em casos de surto. Ainda, a adoção de vacinação massal periódica, focando principalmente nas matrizes, mantém os níveis de anticorpos circulantes no plantel, minimizando o impacto de futuras infecções.

O Presente Rural: Quais as medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína?

Danielle Gava: As medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína em granjas suínas incluem uma combinação de vacinação e biosseguridade, podendo citar:

·       Observar as boas práticas de produção, como boa higiene, ventilação das instalações, limpeza e desinfecção das instalações entre lotes;

·       Implementar o vazio sanitário entre lotes;

·       Monitorar os animais novos que entram no rebanho, especialmente as fêmeas de reposição;

·       Evitar mistura de lotes de leitões de diversas origens;

·       Evitar transportar os suínos durante a fase aguda da infecção;

·       Evitar o contato dos suínos com outras espécies animais, instalar cercas de proteção no perímetro das granjas e telas anti-pássaros;

·       Evitar contato de pessoas gripadas (com febre) com suínos; e

·       Vacinar anualmente contra o vírus influenza todas as pessoas que entram em contato com os suínos (veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, etc.).

O Presente Rural: Como a gestão do ambiente nas granjas pode influenciar a propagação da influenza?

Danielle Gava: Embora a influenza possa ser observada em granjas durante o ano todo, alguns estudos têm sugerido que a influenza é uma doença com ocorrência sazonal, aumentando no outono, com pico máximo pico máximo no início do inverno e no final da primavera. Os maiores índices de circulação viral estão relacionados com a baixa temperatura e baixa umidade do ar, e circulação concomitante de diferentes subtipos virais.

A principal via de transmissão é o contato direto com secreções oronasais infectadas com o vírus. Assim, a movimentação de suínos é um fator importante para a introdução do vírus nos rebanhos. Além disso, a detecção do vírus em aerossóis durante a ocorrência de surtos em suínos demonstrou quantidades significativas de vírus no ar.

Desta forma, ao minimizar estes fatores associados a maior ocorrência de infecção por Influenza A em suínos, minimiza-se a propagação viral.

O Presente Rural: Quais as opções de terapia de suporte disponíveis para suínos afetados pela influenza?

Danielle Gava: Na ocorrência de doença clínica mais severa em rebanhos suínos e na indisponibilidade de vacinas contra a influenza, o tratamento medicamentoso pode ser instituído com o uso de antitérmicos, expectorantes e antimicrobianos para combater infecções bacterianas secundárias.

O Presente Rural: Como a colaboração entre veterinários e produtores pode ser melhorada para enfrentar surtos de influenza de forma mais eficaz?

Médica veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava: ” É essencial estabelecer uma comunicação aberta, promover o entendimento mútuo das necessidades e desafios de cada parte, e implementar estratégias colaborativas” – Foto: Arquivo pessoal

Danielle Gava: Para melhorar a colaboração entre veterinários e produtores na gestão de surtos de influenza em suínos, é essencial estabelecer uma comunicação aberta, promover o entendimento mútuo das necessidades e desafios de cada parte, e implementar estratégias colaborativas. Aqui estão algumas maneiras de melhorar essa colaboração:

·      Educação e treinamento conjunto: Realizar sessões educativas regulares onde veterinários e produtores possam discutir sobre a influenza suína, seus sinais clínicos, medidas preventivas e estratégias de manejo.

·      Desenvolvimento de protocolos de biossegurança: Trabalhar em conjunto para desenvolver e implementar protocolos de biossegurança adaptados às especificidades de cada granja suína. Isso pode incluir visitas regulares de veterinários para revisar e ajustar as práticas de biossegurança conforme necessário.

·      Monitoramento e vigilância compartilhados: Estabelecer um sistema de monitoramento epidemiológico onde veterinários e produtores possam compartilhar informações sobre a saúde dos suínos, incluindo a detecção precoce de sinais de influenza suína. Isso facilita uma resposta rápida e coordenada em caso de surto. Ainda, o fato de existir a transmissão viral bidirecional (suíno-humano e humano-suíno), pede reflexão frente à rotina de vacinação em suínos e humanos.

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Fonte: O Presente Rural
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Inovação no controle da coccidiose e anemia ferropriva na suinocultura: a eficácia da associação gleptoferron + toltrazuril

Em uma única solução, substitui o manejo de aplicação de dois produtos, reduzindo o tempo de manipulação do leitão e por consequência reduzindo o estresse, prevenindo de forma simultânea a Coccidiose e da Anemia Ferropriva.

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Na suinocultura, a fase de maternidade é reconhecida por ser uma das mais importantes e dispendiosas. Esse período impacta diretamente na saúde, bem-estar e desenvolvimento dos leitões, bem como na produtividade e na rentabilidade da operação.

Um dos principais desafios enfrentados é o manejo dos leitões logo após o nascimento. A manipulação dos animais, necessária para adoção de medidas de prevenção contra uma série de desafios sanitários inerentes, eleva os níveis de cortisol dos leitões.

Vários estudos apontam que o estresse impacta diretamente a produtividade da leitegada, influenciando no desempenho durante a fase de maternidade e, até mesmo estimulando estereotipias. A presença do estresse também prejudica a resposta imune dos leitões, deixando-os suscetíveis a ação de agentes oportunistas.

A anemia ferropriva e a coccidiose, por exemplo, são problemas comuns desta fase. Essas patologias geram perdas econômicas significativas, pois comprometem as fases subsequentes, impactando a conversão alimentar e aumentando a taxa de refugos na granja, por exemplo.

A introdução no Brasil, em 2021, de uma solução inovadora, com a associação injetável de gleptoferron + toltrazuril – tem se mostrado cada vez mais efetiva para o controle efetivo da coccidiose e da anemia ferropriva, trazendo resultados positivos para o produtor, tanto na otimização de mão de obra quanto no desempenho dos leitões.

A coccidiose, doença com alta prevalência nas granjas brasileiras, é causada pelo protozoário Cystoisospora suis, responsável por promover diarreia pastosa ou aquosa, de odor fétido e coloração amarelada. Por provocar lesões na mucosa intestinal dos leitões, ela é considerada a principal responsável pelas perdas produtivas, interferindo negativamente no ganho de peso diário dos animais e na sua nutrição adequada. Por esta razão, é importante que o combate e a prevenção da doença sejam feitos ainda nas primeiras horas de vida do leitão.

Em relação a Anemia Ferropriva, um conjunto de fatores que incluem a baixa reserva de ferro que os suínos apresentam ao nascer, o reduzido teor de ferro presente no colostro das porcas lactantes, além do crescimento acelerado do leitão, faz com que quase 100% dos leitões possam apresentar a deficiência de ferro caso não seja feita a suplementação. Devido a estas características inerentes dos suínos é necessário que seja realizada a suplementação injetável de ferro, quando esta não é realizada de maneira correta o leitão pode apresentar anemia clínica ou subclínica, o que leva a um pior desempenho durante sua vida produtiva, com ganho de peso reduzido e pouco desenvolvimento muscular, além de quadros de fraqueza, apatia e uma maior suscetibilidade às infecções ao longo da vida produtiva.

Problemas como a Coccidiose e a Anemia Ferropriva são mundialmente reconhecidos como importantes desafios na suinocultura e endêmicos em muitas regiões produtoras de proteína suína. Para lidar com estes desafios, a suplementação de ferro injetável e a administração de um coccidicida via oral para a leitegada nas primeiras horas de vida é rotina das granjas, o que aumenta o grau de manipulação dos leitões e promove um elevado índice de estresse para os animais.

A associação de gleptoferron + toltrazuril em uma única solução, substitui o manejo de aplicação de dois produtos, reduzindo o tempo de manipulação do leitão e por consequência reduzindo o estresse, prevenindo de forma simultânea a Coccidiose e da Anemia Ferropriva.

Além de assegurar o bem-estar dos animais com a redução do estresse promovido pelo manejo, a dose única, fixa e injetável é mais segura para o leitão e reduz consideravelmente a subdosagem ou falha na aplicação, já que as medicações orais podem não ser ingeridas de maneira integral pelos animais.

Desperdícios ou perdas com falhas da administração via oral destes fármacos prejudicam bastante o desempenho produtivo dos suínos. Pode parecer uma mudança simples, mas a aplicação da dose única de gleptoferron + toltrazuril nas primeiras 72 horas de vida dos leitões promove uma significativa redução dos índices clínicos e subclínicos dessas duas afecções na leitegada. Além disso, ao desmame estes animais que recebem a dosagem correta, passam a apresentar um peso maior, resultando numa maior produtividade na granja.

Estudo

Pesquisas divulgadas recentemente demonstram a segurança da aplicação injetável da associação de gleptoferron e toltrazuril para promover um maior controle dos quadros de anemia e dos distúrbios decorrentes da coccidiose.

O estudo avaliou o efeito da associação de gleptoferron e toltrazuril em dose única no peso ao desmame de leitões nas granjas comerciais brasileiras. Foram selecionadas seis granjas positivas para Cystoisospora suis e um total de 217 leitegadas, que foram divididas aleatoriamente em um grupo que seria tratado com o produto e um grupo que receberia o tratamento convencional.

Os resultados indicaram que os animais tratados com associação de gleptoferron e toltrazuril chegaram mais pesados ao desmame quando comparados ao grupo do tratamento convencional. Estes dados reforçam a eficácia da solução no melhor controle dos distúrbios relacionados à coccidiose e anemia na fase de maternidade.

 

Otimização de tempo

Junto do seu papel importante na contribuição do aumento do status sanitário do plantel e melhora no controle epidemiológico da coccidiose nas granjas de suínos, a associação injetável única de gleptoferron + toltrazuril já demonstrou que seu uso reduz em ao menos meia hora o tempo demandado para o manejo de um lote com 1.000 leitões, otimizando os processos no setor de maternidade das granjas.

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Fonte: Por Equipe técnica da unidade de suínos da Ceva
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Pós doutor orienta sobre a nutrição no combate aos desafios sanitários

Podem ser prevenidos por meio de programas vacinais, choques com antimicrobianos e programas de biosseguridade.

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Foto: Arquivo/OP Rural

A sanidade animal tem ganhado um destaque cada vez maior no sistema produtivo. Saber lidar com essas questões em todos os elos da cadeia produtiva é essencial. Porém, saber adotar as estratégias corretas permite que o trabalho diário fique mais fácil. Nesse contexto, a nutrição pode ser uma aliada do produtor. É esse tema que o médico veterinário pós doutor e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Caio Abércio, discorreu durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, em Chapecó (SC). “A condição intensiva de criação, o que não é exclusividade do setor suíno, mesmo com todos os recursos empregados, expõe os animais a desafios sanitários constantes. A questão mais relevante é compreender se estes desafios estão acima do que consideramos compatível com a expressão da performance zootécnica e reprodutiva pela qual os animais têm capacidade de entregar”, diz.

De acordo com o especialista, nesse cenário, os principais desafios, que em tese são os mesmos há anos, envolvem um conjunto de agentes que acometem o trato digestório – há agentes específicos nas diferentes idades, como E. coli, rotavírus, coccidiose, Lawsonia, Brachispira –, respiratório e alguns poucos que são de ordem sistêmica e reprodutiva. “No entanto, a maioria desses agentes podem ser prevenidos por meio de programas vacinais, choques com antimicrobianos e claro programas de biosseguridade. Portanto, o que pesa efetivamente na questão sanitária é como o animal responde a esses desafios, pois, mesmo com essas condutas preventivas e até terapêuticas, as condições ambientais inadequadas, de bem-estar e, por vezes, a contaminação das dietas com micotoxinas, não permitem uma expressão plena da imunidade e das respostas dos animais às adversidades dos agentes patogênicos”, defende.

Abércio comenta que a nutrição pode ser uma ferramenta importante para auxiliar na minimização desses danos, que refletem negativamente na performance, na apresentação de mais animais doentes e na mortalidade aumentada. “Entendo que há três caminhos para a nutrição suportar essas condições de desafios: pelo fornecimento de substrato específico (mais energia e aminoácidos específicos demandados para atendimento das respostas imunes aumentadas); pelo uso de aditivos que melhoram o estresse oxidativo; e pelo emprego de aditivos que modulam as respostas imunes”.

Sistema imunológico merece atenção

O especialista explica que implementadas as ações para minimização dos desafios, o importante é reconhecer que ainda não foi suficiente, pois o sistema produtivo da granja tem outros fatores negativos que instigam o sistema imune. “As linhas de ação podem ser associadas ou não dependendo da fase que representa o problema, como o uso de minerais e vitaminas que estão associados à produção e enzimas antioxidantes, como o selênio (compreendendo que há no mercado selênios com melhor absorção e uso) e a vitamina E; emprego de prebióticos, que incrementam as respostas imunes; uso de alimentos funcionais, como plasma, levedura autolisada e ovo em pó, entre outros (principalmente dirigido para leitões desmamados); e suplementação com aminoácidos envolvidos com as respostas imunes e de ação antioxidante, como metionina, cistina, treonina e triptofano”.

Para o médico veterinário, a associação de todos os recursos citados pode ser uma estratégia apropriada para enfrentar surtos de doenças nas granjas, preservando o reconhecimento do problema e da fase de produção na qual está inserido esse problema.

Dieta é aliada

A dieta pode ser uma grande aliada do produtor rural quando está enfrentando algum desafio sanitário na granja. Abércio relembra um case de sucesso, onde a nutrição fez a diferença. “Foi uma experiência com um quadro amplificado de canibalismo em suínos em fase de crescimento e terminação. Claro, temos que reconhecer que essa alteração comportamental é de caráter multifatorial e, portanto, outros pontos têm que ser melhorados, mas ao promover um ajuste dos principais aminoácidos envolvidos com as demandas imunes, o quadro apresentou uma involução significativa”, explica.

Ele diz que quando dietas são personalizadas é possível minimizar danos ou até normalizar respostas produtivas. “O cômputo que deve ser feito, mas isso não está plenamente definido e não tem informações precisas, é que numa condição de desafio sanitário o estresse oxidativo aumenta e as demandas de alguns nutrientes também. O fato é que não precisamos o quanto desses nutrientes são demandados. Porém, se não suplementamos esses requerimentos – em geral há um cenário na ciência que alguns aminoácidos chegam a ser usados em mais de 20% das exigências para a performance e manutenção –, vamos perder com a eficiência produtiva dos animais”.

O especialista comenta que com as limitações de uso dos antibióticos como promotores de crescimento, as posturas de redução dos choques com essas moléculas, o banimento do óxido de zinco, associada aos maiores cenários de animais com estresse oxidativo, a nutrição tem que correr atrás. “Na prática, um bom exemplo, é a última referência brasileira de nutrição de suínos onde há uma indicação de exigências destinadas ao abate submetidos a condição térmica de 5ºC acima da zona de termoneutralidade (esta situação é por si só um desafio), onde os níveis de aminoácidos e proteína são em torno de 5% mais elevados, comparados com aqueles em situação de conforto térmico”, menciona.

Médico veterinário pós doutor e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Caio Abércio discorre durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que acontece de 13 a 15 de agosto em Chapecó (SC) – Foto: Arquivo pessoal

Ele ainda acrescenta que o uso de antibiótico promotores de crescimento na dieta ajuda a manter a saúde do animal. Abércio explica que com o banimento há uma expectativa que haverá um maior crescimento microbiano no intestino e potencialmente a saúde intestinal e a utilização de aminoácidos serão pioradas. “Paralelamente, as demandas para a respostas imunes aumentam, requerendo, entre outros nutrientes, alguns aminoácidos específicos. Assim, o papel da nutrição frente ao uso menor de antibióticos segue nessa linha de maior aporte, preservado que esse quadro deve ser tratado caso a caso, pois há granjas com poucos desafios e que têm resultados pouco expressivos com o uso de antibióticos”.

Dessa forma, a resposta imunológica dos animais também merece atenção. E a nutrição pode influenciá-la em situações de estresse de duas formas: direta e indiretamente. O especialista informa que de forma direta, especialmente alguns aditivos e alimentos funcionais, pode promover o incremento de imunoglobulinas, por exemplo. Já indiretamente, o aporte de nutrientes demandados para as respostas imunes passa a atender tudo o que cerca esse sistema de defesa, ou seja, fomentando a produção de citocinas, imunoglobulinas, células e as enzimas antioxidantes, entre outras.

“Dessa forma, é importante que o produtor busque apoio técnico, visando uma ação conjunta de esforços. Primeiro, minimizando os fatores adicionais que podem estar potencializando o problema. Segundo, suportando, com o auxílio de um nutricionista, o uso de rações que atendam os requerimentos nessa condição de desafio, aumentando também, por meio de aditivos, as respostas imunes dos animais”.

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Fonte: O Presente Rural
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