Suínos
Especialista aponta causas, impactos e prevenção das doenças respiratórias em suínos
Para garantir a saúde e o bem-estar dos suínos e prevenir doenças respiratórias, é essencial adotar uma abordagem abrangente que englobe medidas de prevenção e controle.
As doenças respiratórias em suínos representam um dos maiores desafios enfrentados pela suinocultura. Com impactos expressivos na produtividade e na rentabilidade das propriedades, essas enfermidades podem ser causadas por uma variedade de fatores infecciosos, como vírus e bactérias, e não infecciosos, como condições ambientais e de manejo. Identificar e entender as causas dessas doenças é de suma importância para a implementação de estratégias de prevenção e controle, que não apenas garantem o bem-estar dos animais, como também asseguram a sustentabilidade econômica do setor.
Para explorar as principais causas das doenças respiratórias em suínos, abordando tanto os agentes infecciosos quanto os fatores ambientais, além de destacar as melhores práticas para minimizar seus impactos nas granjas, o médico-veterinário Marcos Antônio Zanella Morés, mestre em Ciências Veterinárias, especialista em Sanidade Animal e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, ministrou a palestra “Respire aliviado: desvendando causas, prevenção e impactos das doenças respiratórias em suínos”, durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.
Além de gastos com medicamentos para controle, perdas nos índices zootécnicos, condenações de carcaças e mortalidade dos animais, as doenças respiratórias em suínos impactam sobretudo o bem-estar animal. Para exemplar isso, Morés apresentou os resultados de algumas pesquisas realizadas nos últimos três anos. Dois estudos de metanálise feitos em 2023 mostraram que o impacto econômico médio de um ou mais agentes patogênicos respiratórios coexistentes varia de R$ 10,30 a R$ 54 por leitão na creche, de R$ 14 a R$ 93 por suíno de terminação e de R$ 605 a R$ 1.956 por matriz/ano no Brasil. Em outra pesquisa, feita em 2020, mostrou que em grupos de suínos com mais de 15,1% da área pulmonar afetada, o custo adicional foi de US$ 6,55 por animal. “Além disso, o estudo revelou que cada 1% de lesão pulmonar resulta em uma redução de 1,8 gramas no ganho de peso diário, impactando tanto na produtividade quanto na economia da suinocultura”, aponta Morés.
Quando o custo das doenças respiratórias é associado às condenações de carcaças, os dados revelam um cenário preocupante. Aderências, pleurites, abscessos e pneumonias representam 50% do total das condenações de carcaças nos frigoríficos e 80% das causas sanitárias. “A média de condenações em frigoríficos é de 3%, equivalente a 1,5% do peso de cada carcaça abatida, o que resulta em um desperdício anual de 100 mil toneladas de carne suína”, revela o pesquisador.
De acordo com o especialista, as doenças respiratórias são frequentes em suínos devido à particularidade anatômica de seus pulmões, que
possuem poucos bronquíolos respiratórios, característica que dificulta a eliminação de partículas, tornando os suínos mais predispostos a infecções.
Causas infecciosas e não infecciosas
As causas das doenças respiratórias em suínos podem ser infecciosas ou não infecciosas. No que se refere às causas infecciosas, Morés destaca o Complexo das Doenças Respiratórias dos Suínos (CDRS), que inclui diversas bactérias como Mycoplasma hyopneumoniae, Actinobacillus pleuropneumoniae, Pasteurella multocida, Glaesserella parasuis, Estreptococo suise e Bordetella bronchiseptica; e vírus, entre os principais Influenza e PCV2.
Além das causas infecciosas, existem fatores de risco relacionados ao manejo e ao ambiente que afetam a incidência de doenças respiratórias. Entre esses fatores, o pesquisador menciona a superlotação, a ventilação atmosférica, o fluxo contínuo de animais e a mistura de suínos de diferentes origens.
Sinais
Os sinais de doenças respiratórias podem se manifestar de várias maneiras. A tosse, por exemplo, explica Morés, pode indicar a presença de pneumonia micoplásmica ou gripe; e os espirros são frequentemente associados à rinite atrófica e também podem ser um sintoma de gripe. A dificuldade respiratória, que inclui dispneia ou batedeira, pode ser causada por condições como pleuropneumonia, pasteurelose, infecções por Actinobacillus suis, Streptococcus suis, circovirose, salmonelose e doença de Glässer. Além disso, a febre, geralmente acompanhada de apatia, prostração e falta de apetite, pode levar a perdas de desempenho e, em casos graves, resultar em mortes.
Fatores de risco para doenças respiratórias
As doenças respiratórias em suínos são frequentemente causadas por uma combinação de fatores de risco ambientais e de manejo, associados a infecções por agentes primários e oportunistas, o que torna essencial a adoção de estratégias eficazes para o controle e prevenção dessas doenças. “No manejo, as situações como a mistura de leitões de diferentes origens na formação dos lotes, a ausência de um vazio sanitário adequado entre os lotes, o fluxo contínuo de produção com várias idades e a superlotação nas baías são fatores críticos”, ressalta o especialista, enfatizando: “Além disso, a limpeza e a desinfecção inadequada das instalações também podem acarretar no surgimento de doenças respiratórias”.
Do ponto de vista ambiental, Morés diz que o excesso de gases nas instalações, como CO2 e amônia, e a temperatura inadequada para a fase de criação são condições que favorecem o desenvolvimento de infecções.
Já em relação à imunidade, a desestabilização do plantel de matrizes, alta taxa de reposição, presença de novas granjas e falhas no processo de aclimatação de leitoas podem comprometer a resistência dos animais a doenças respiratórias. “Esses fatores combinados aumentam a vulnerabilidade dos suínos e favorecem a propagação de patógenos”, aponta o médico-veterinário.
Doenças imunossupressoras também desempenham um papel importante no desenvolvimento de infecções respiratórias em suínos. “A circovirose é uma condição que compromete a imunidade dos animais, tornando-os mais suscetíveis a infecções secundárias. Além disso, as micotoxicoses, que são intoxicações causadas por fungos presentes na alimentação, afetam de forma negativa o sistema imunológico dos suínos”, salienta.
O manejo inadequado do colostro é outro fator crítico, uma vez que o colostro é a principal fonte de anticorpos que protege os leitões
contra doenças nos primeiros dias de vida. “A falta de uma ingestão adequada de colostro pode levar a uma imunidade comprometida, aumentando a vulnerabilidade dos suínos a infecções respiratórias e outras doenças”, frisa Morés.
Prevenção e controle
Para garantir a saúde e o bem-estar dos suínos e prevenir doenças respiratórias, é essencial adotar uma abordagem abrangente que englobe medidas de prevenção e controle. O primeiro passo, segundo Morés, é aumentar a resistência dos animais, o que pode ser feito através da ingestão adequada de colostro, essencial para fornecer proteínas específicas na primeira fase de vida dos leitões. Manter um equilíbrio imunológico protetor e realizar uma aclimatação eficiente dos leitões são igualmente importantes.
Além disso, a gestão da taxa de reposição deve ser cuidadosa, evitando a introdução de animais de granjas novas e garantindo uma administração adequada de vacinas. “O manejo, o estresse ambiental e a prevenção de doenças imunossupressoras também são aspectos que devem ser levados em consideração para manter a saúde dos suínos”, menciona Morés.
Para reduzir a pressão da infecção, o pesquisador diz que é necessário minimizar a mistura de leitões de diferentes origens e garantir um vazio sanitário adequado entre os lotes. “Evitar a superlotação nas baias e manter um protocolo rigoroso de limpeza e desinfecção das instalações são práticas indispensáveis para garantir a saúde dos suínos, assim com o manejo adequado dos animais doentes é essencial para prevenir a propagação de infecções”, complementa.
Suínos doentes
A rápida identificação de suínos doentes é fundamental para um manejo eficiente. “Esses animais devem ser medicados imediatamente e individualmente por via injetável. Se um suíno estiver sendo discriminado na baía ou não conseguir ingerir água e ração, deverá ser transferido para uma baia hospitalar. Caso não esteja sendo discriminado e possa ingerir água e ração, deve ser deixado na baia por 24 horas. Caso o suíno não apresente melhora do seu quadro deve ser transferido para a baia hospitalar”, explica o mestre em Ciências Veterinárias.
Limpeza e desinfecção
A limpeza e desinfecção das instalações devem ser realizadas com rigor, começando pela remoção de matéria orgânica, seguida do uso de detergentes e desinfetantes limpos. A eficácia dos procedimentos deve ser verificada de forma contínua.
O uso de produtos antimicrobianos deve ser preciso, com monitoramento contínuo dos agentes patogênicos e sua sensibilidade antimicrobiana. A administração deve seguir as dosagens adequadas e os períodos de retirada para garantir a eficácia e evitar resistência.
Para a erradicação de agentes primários, como Mycoplasma hyopneumoniae e Actinobacillus pleuropneumoniae, pode ser necessário implementar um protocolo medicamentoso e considerar o fechamento temporário do plantel. “Garantir uma biosseguridade adequada, com a escolha de fontes de animais livres para reposição ou a formação de pirâmides de produção com animais livres é fundamental. Estudos mostram que a erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae pode gerar um ganho de US$ 7 por suíno abatido, com payback em até sete meses”, expõe Morés.
O pesquisador também ressalta a importância de adotar medidas de biosseguridade externa, essencial para proteger a granja. Isso inclui o isolamento da granja, o controle rigoroso da entrada de pessoas e veículos, a restrição à entrada de suínos portadores, e a gestão adequada da água e dos alimentos, além do controle de insetos e roedores. “Essas medidas ajudam a manter a saúde do plantel e a minimizar os riscos de surtos de gripes ou de outros agentes patogênicos”, frisa o pesquisador.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.
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Cooperado da Coopavel vence Prêmio Orgulho da Terra na categoria suínos
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos.
O cooperado Adriano Trenkel, da Coopavel, foi o grande vencedor na categoria Suinocultura do Prêmio Orgulho da Terra promovido pelo programa RIC Rural, da RIC TV no Paraná. A cerimônia de anúncio e entrega das premiações ocorreu no último dia 12 de novembro, durante uma prestigiada celebração do setor pecuário em Curitiba. A Coopavel foi destaque também na categoria Avicultura, com a vitória do cooperado Jacenir da Silva, de Três Barras do Paraná.
Adriano e a esposa, Claudiane, administram um sítio de cinco hectares em Toledo. Na propriedade, duas granjas abrigam 1.620 cabeças de suínos. A produção, realizada com foco na qualidade e bem-estar animal, inclui cuidados rigorosos com alimentação, sanidade, manejo, ventilação e ambiência. Adriano destaca que gostar do que faz e seguir as orientações dos técnicos da Coopavel são diferenciais para alcançar os resultados desejados. “Estamos muito felizes e orgulhosos com esse título”, afirma Adriano.
Willian Stein é o técnico da Coopavel que atende a propriedade dos Trenkel e enaltece o empenho do casal: “São produtores rurais exemplares, sempre presentes nos treinamentos oferecidos pela cooperativa e atentos às recomendações passadas. Essa dedicação reflete diretamente na qualidade dos suínos entregues no frigorífico e nos resultados do trabalho do casal”, afirma Willian.
Empenho coletivo
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, parabeniza Adriano, Claudiane, suinocultores e técnicos da cooperativa pelos resultados no Orgulho da Terra. “A organização e o cuidado nas propriedades rurais refletem diretamente nos excelentes resultados obtidos, fortalecendo um movimento de grande sucesso em todo o mundo. A suinocultura da Coopavel é referência em eficiência e qualidade e estamos todos muito satisfeitos com isso”, declara Dilvo.
A pequena propriedade dos Trenkel vai além da suinocultura. O casal é adepto da diversificação de culturas, prática sustentável capaz de melhorar significativamente a renda gerada na atividade rural. Adriano investiu em uma usina de energia solar, adota práticas sustentáveis, como o uso de dejetos no pasto, eliminando quase totalmente a utilização de químicos, melhorando assim a alimentação do seu plantel de bovinos. A produção de feno também contribui para fortalecer a renda familiar.
VBP
A produção agropecuária e a cadeia do agronegócio fazem de Toledo o município com maior Valor Bruto de Produção do Paraná e um dos raros no País a contar com mais de 400 quilômetros de estradas rurais pavimentadas, facilitando assim o escoamento das riquezas do campo. O VBP de Toledo é de aproximadamente R$ 4,6 bilhões, consolidando o município como o maior produtor agropecuário do Estado. Toledo lidera especialmente na suinocultura, com um VBP de R$ 1,8 bilhão, e na avicultura, com cerca de R$ 1 bilhão.
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Práticas sustentáveis e eficiência energética guiam produção de suínos da Coopavel
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos.
Com desafios crescentes relacionados à eficiência no uso de recursos, à redução de emissões de gases de efeito estufa e ao manejo adequado de resíduos, a cadeia suinícola brasileira tem dado exemplo ao implementar práticas sustentáveis que, além de preservar o ambiente também melhora a imagem do produtor e atende às exigências de consumidores e mercados cada vez mais preocupados com a origem e o impacto dos alimentos que consomem.
Entre as maiores cooperativas agroindustriais do Brasil e uma das poucas que dominam todas as etapas da produção de suínos, a Coopavel é um belo exemplo de como a sustentabilidade na suinocultura é possível e rentável ao investir em soluções ao longo da cadeia produtiva que conciliam crescimento econômico e respeito ao meio ambiente.
Uma das principais iniciativas adotadas nas unidades de produção de suínos é o uso de sistemas de biodigestores para o tratamento dos dejetos. Esse processo resulta na geração de biogás, que é capturado e convertido em energia elétrica. “Essa energia oriunda do processo de tratamento dos dejetos é considerada limpa e renovável, o que contribui para reduzirmos de maneira significativa as emissões de GEE na atmosfera”, aponta o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Além da produção de energia, o sistema de biodigestores gera biofertilizantes, que são utilizados na fertilização do solo e na adubação de florestas de eucalipto, reaproveitamento que beneficia tanto a agricultura quanto o meio ambiente.
A Coopavel também foca na melhoria contínua da dieta dos suínos, o que contribui para reduzir a liberação de gases como amônia. “A eficiência alimentar diminui as concentrações de gases nocivos nos dejetos, colaborando para a mitigação dos impactos ambientais da atividade suinícola”, salienta Grolli, enfatizando que essa abordagem faz parte de um plano mais amplo da cooperativa, que inclui o uso de tecnologias avançadas nas unidades industriais para o tratamento de resíduos e efluentes, alinhando a produção com a missão de produzir alimentos sustentáveis.
Uso eficiente de energia
O uso eficiente de energia é outro pilar das ações sustentáveis da Coopavel. Nas unidades de produção e processamento de suínos, a geração de energia renovável e o reuso de água fazem parte da rotina. “Investimos na reutilização de parte do efluente tratado em algumas atividades específicas dentro da granja, como limpeza de pisos e canaletas, desta forma conseguimos reduzir a extração de água subterrânea”, afirma Grolli.
Práticas sustentáveis na UPL
Para garantir a melhoria contínua, a Coopavel realiza o monitoramento regular das emissões de GEE em sua Unidade de Produção de Leitões (UPL), utilizando os dados para nortear ações de melhorias no processo produtivo. Somado a isso, está em andamento um projeto de expansão do sistema de tratamento de dejetos na UPL, que inclui a ampliação da capacidade de produção de biogás. “Nosso objetivo é sempre melhorar a qualidade do efluente final e ampliar a capacidade da usina para produção de biogás”, expõe o presidente.
Integração de boas práticas ambientais
Além de cumprir todas as exigências ambientais impostas pelos órgãos reguladores e atender aos mercados nacional e internacionais, a cooperativa busca continuamente aprimorar seus processos, trazendo práticas ainda mais sustentáveis. “O objetivo não é apenas garantir a conservação dos recursos naturais, mas também promover a geração de renda e riqueza para toda a cadeia produtiva”, salienta.
Grolli frisa que a Coopavel reconhece a necessidade crescente de aumentar a produção de alimentos para atender ao crescimento populacional global. No entanto, ressalta que esse aumento deve ser realizado de forma sustentável, uma vez que o planeta possui limites em sua capacidade de suporte e exploração de recursos naturais. Por essa razão, a adoção de práticas cada vez mais eficientes e sustentáveis precisa acompanhar, e até mesmo antecipar, o aumento da produção. “Esse equilíbrio é essencial para garantir que as demandas alimentares da população mundial sejam atendidas, ao mesmo tempo em que se preserva a qualidade de vida na Terra”, evidencia.
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