Avicultura Produção Animal
Especialista aponta as megatendências para a avicultura global
Professor David Hughes elenca os motivos do crescimento no consumo mundial de ovos e carne de frango

O consumo de ovos e carne de frango vem aumentando no mundo de forma consistente nas últimas décadas, principalmente por serem alimentos de fácil acesso, baratos e versáteis. Porém, o preço não é o único fator determinante para essa maior busca de proteína animal em todo o planeta. David Hughes, professor emérito de Food Marketing no Imperial College, em Londres, aponta as três principais tendências que estão alavancando a avicultura ao redor do planeta.
O professor Hughes explica que, no passado, os preços eram determinantes para o consumo de carne de frango. Citando a China como exemplo, ele explica que, nos últimos cincos anos, o mercado local mudou drasticamente. Os consumidores procuram agora produtos derivados. Segundo ele, “frango é apenas o substantivo, e há pouca margem no substantivo. São os adjetivos que as pessoas procuram: frango caipira, de alguma região específica, frango de crescimento lento, uma raça específica, frango de dieta vegetariana, frango orgânico, frango amigo do ambiente. Em todo o mundo, os consumidores procuram adjetivos e estão dispostos a pagar por isso”.
O impacto da nossa alimentação no meio ambiente traz um debate que ganha cada vez mais relevância, pelo bom desempenho que o frango apresenta neste aspecto. O professor Hughes acredita que isso se tornará um fator cada vez mais importante no futuro. “Algumas empresas já listam o impacto do carbono de seus produtos nas embalagens. Para o frango, com sua pegada de carbono relativamente baixa em comparação com outras carnes, essa tendência pode ser um benefício”.
Menos é mais
O professor Hughes aponta para a tendência da busca por objetivos: cada vez mais, os consumidores exigirão alimentos “livres de”. Sem antibióticos, sem aditivos, sem escravidão e sem desmatamento. Esses fatores sociais, de saúde e preocupações ambientais estão se tornando cada vez mais importantes para quem compra carne de frango e ovos. “E os consumidores vão esperar progressivamente que esses adjetivos ‘livres de’ tenham um preço de varejo normal”, afirma.
As questões sociais continuarão a ser uma tendência-chave após a pandemia de Covid-19. Qualquer pessoa que trabalhe na indústria avícola deve ficar de olho nesses desenvolvimentos e se adaptar às mudanças na demanda dos clientes.
“O futuro do frango parece bem definido”, aponta o professor Hughes. “A mudança demográfica global pode levar à abertura de novos mercados para aves. Os desafios a serem observados serão pandemias zoonóticas relacionadas a aves e ovos, a mudança social acelerada e a aceitação de substitutos de carne baseados em células ou vegetais. No entanto, o crescimento do consumo de carne é frequentemente impulsionado pelo aumento da renda. Com as pessoas atingindo padrões de vida mais elevados, as aves continuarão em alta”, sustenta.
Outras notícias você encontra na edição de Avicultura de julho/agosto de 2021 ou online.

Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



