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Especialista analisa safra de milho 2023/24, aponta perspectivas para 2024/25 e os principais desafios do setor

A queda dos preços dos insumos combinada com uma breve reação dos preços internos do cereal, estimulou o plantio, reduzindo o impacto da queda de área na segunda safra.

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O início da safra brasileira de milho 2023/24 foi marcado por incertezas quanto à área plantada, devido à desvalorização dos preços no segundo semestre de 2024, que deteriorou a relação de troca com os principais insumos. No entanto, na reta final do período de definição por parte do produtor, a queda dos preços dos insumos combinada com uma breve reação dos preços internos do cereal, estimulou o plantio, reduzindo o impacto da queda de área na segunda safra. A área total de milho no Brasil diminuiu entre 4% e 5%, o que trouxe uma queda na produção.

Após um recorde de 137 milhões de toneladas na safra 2022/23, a Consultoria Agro do Itaú BBA estima uma colheita de 2023/24 em cerca de 122 milhões de toneladas, uma redução de 11%. “Embora a queda seja significativa, o volume deve ser suficiente para atender ao mercado interno e permitir exportações de aproximadamente 40 milhões de toneladas”, menciona Francisco Queiroz, responsável pela cobertura das commodities de soja, milho e algodão da Consultoria Agro do Itaú BBA.

A colheita da segunda safra está quase concluída, com boas expectativas de produtividade em Mato Grosso, Goiás e Tocantins. No entanto, o excesso de calor e a falta de chuva no Sul do Mato Grosso do Sul e no Noroeste do Paraná resultaram em quebras importantes, afetando a produtividade média nesses estados. A projeção da Consultoria Agro do Itaú BBA para a segunda safra é de cerca de 96 milhões de toneladas, comparada a 107 milhões de toneladas no ano passado.

Nos EUA, a safra de milho 2023/24 alcançou quase 390 milhões de toneladas, estabelecendo um recorde histórico, apesar de condições climáticas não excepcionais. Com isso, o balanço global de oferta e demanda do milho melhorou, e o balanço americano se tornou mais confortável, mesmo com o aumento do consumo doméstico e das exportações em relação à safra anterior. “Esse panorama se traduziu em forte pressão para os preços do milho em Chicago, que cederam 32% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023. No Brasil, a desvalorização para os preços do milho foi menos intensa que a observada no mercado internacional”, aponta Queiroz.

Tomando como referência a praça de Sorriso (MT), as cotações no primeiro semestre apresentaram redução de 25% sobre o mesmo período do ano anterior. “A menor oferta da primeira safra ajudou a amenizar a redução dos preços internos em relação à CBOT”, menciona.

A safra 2024/25 já começou no Hemisfério Norte e as primeiras projeções indicam estabilidade no balanço global em relação à 2023/24. A produção mundial deve se manter em torno de 1,2 bilhão de toneladas, com um crescimento de 1% no consumo e nos estoques.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê aumento na produção de soja na China e no Brasil, enquanto os EUA e a Argentina devem enfrentar reduções.

2024/25

De acordo com Queiroz, o balanço global 2024/25 para o milho não terá a mesma folga observada na soja. “Com uma oferta americana menor, o saldo entre produção e consumo deverá cair de 19 milhões de toneladas em 2023/24 para oito milhões de toneladas em 2024/25, reduzindo a margem para quebras de safra nos principais produtores”, expõe.

Responsável pela cobertura das commodities de soja, milho e algodão da Consultoria Agro do Itaú BBA, Francisco Queiroz: “Expectativa de grandes safras de soja e milho para 2024/25 coloca uma pressão adicional sobre a logística interna, aumentando o risco de atrasos logísticos e pressão contínua na cadeia de suprimentos” – Foto: Arquivo pessoal

Safra americana

Para a safra americana de milho 2024/25, o USDA projeta uma produção de 383,6 milhões de toneladas, uma queda de 1,6% em relação à safra 2023/24. A área plantada deverá ser reduzida em 3,3%, totalizando 37 milhões de hectares, devido à menor rentabilidade comparada à soja. No entanto, a produtividade deve aumentar 2%, alcançando 11,4 toneladas por hectare.

O ritmo de plantio nos EUA está abaixo do registrado em 2023, mas está dentro da média dos últimos anos e da janela considerada ideal. “Atualmente (início de agosto), 68% das lavouras de milho estão classificadas entre boa e excelente, 13 pontos percentuais acima do ano passado, o que indica boas perspectivas de produtividade. No entanto, as próximas semanas serão decisivas para confirmar o potencial produtivo das lavouras”, ressalta o profissional.

Apesar da previsão de menor produção, o balanço de oferta e demanda de milho nos EUA deve se equilibrar na safra 2024/25, com um estoque inicial 38% maior, resultando em um estoque final estimado em 53,3 milhões de toneladas, 11,7% acima da safra anterior. A relação estoque/uso deve aumentar de 12,6% para 14,1%, o que deverá continuar pressionando os preços do milho em Chicago durante este ano.

Safra chinesa

Segundo maior produtor global e grande importador do cereal, a China deverá crescer 1% na produção de milho, chagando a 292 milhões de toneladas, com uma expansão de cerca de 500 mil hectares na área plantada para a safra 2024/25, segundo projeções do USDA.

A grande questão é o nível de importação da China. Alguns agentes de mercado acreditam que o país vai importar somente 7,3 milhões de toneladas, enquanto o USDA estima 23 milhões de toneladas e o Ministério da Agricultura da China prevê 13 milhões de toneladas. “Essa diferença nas projeções pode complicar o mercado para o Brasil, especialmente com a Argentina, que recentemente obteve acesso ao mercado chinês para seu milho”, avalia Queiroz, frisando que a menor demanda da China poderia pressionar ainda mais o mercado global e afetar as exportações brasileiras.

Safra brasileira

Para a safra brasileira de milho 2024/25, o USDA projeta uma produção de 129 milhões de toneladas, considerando um aumento de 800 mil hectares (+3,7%) na área plantada e uma leve melhora na produtividade. A Consultoria Agro do Itaú BBA estima um crescimento de 3% na área total, chegando a 22,1 milhões de hectares, e uma produção de 125 milhões de toneladas, três milhões de toneladas a mais em relação à safra anterior.

Queiroz chama atenção para o cenário climático, especialmente com a formação da La Niña. De acordo com ele, a previsão é de um fenômeno de fraca intensidade, mas se a La Niña se fortalecer, pode haver impacto nas safras, principalmente na primeira safra do milho em estados do Sul, como o Rio Grande do Sul.

Segundo o profissional, nos próximos meses os preços internos do milho devem permanecer acima da paridade de exportação, com o mercado interno pagando prêmio para garantir o milho para processamento. “Apesar da oferta maior projetada para 2025, o crescimento do consumo deve manter o balanço interno de oferta e demanda equilibrado, evitando quedas significativas nos preços domésticos”, estima.

Outros fatores conjunturais, como o câmbio e o preço externo, podem exercer influência nas cotações. O movimento recente de valorização do dólar frente ao real impactou positivamente a formação do preço interno. “A estrutura da curva dos preços futuros em Chicago apresenta valorização dos vencimentos mais longos, diante de uma expectativa de menor produção para os EUA, o que tende a favorecer a formação dos preços no Brasil”, aponta Queiroz, enfatizando que a curva de preços futuros da B3 apresenta o mesmo desenho, com os contratos mais longos mais caros que os contratos mais curtos, acompanhando o carrego da CBOT e do dólar.

Queda dos custos amplia margem dos produtores

Para a safra 2024/25, a Consultoria Agro do Itaú BBA prevê que as margens da cultura do milho permanecerão comprimidas, embora melhores do que as da temporada 2023/24. No entanto, ainda estarão significativamente abaixo dos níveis observados em 2020/21 (53%) e 2021/22 (58%). Apesar da redução dos custos de produção, os preços deverão se manter em níveis mais baixos.

O custo com fertilizantes deve diminuir cerca de 25%, impactando positivamente o custo operacional, que se projeta cair em torno de 6% em relação à safra 2023/24. No entanto, nas últimas semanas, os preços internacionais dos fertilizantes subiram consideravelmente, com o MAP e a ureia registrando as maiores altas, enquanto o KCl se manteve mais estável. “Essas elevações são atribuídas a desequilíbrios entre oferta e demanda interna e a problemas na oferta de grandes fornecedores globais. Isso tem agravado a relação de troca entre fertilizantes e milho, o que pode levar alguns produtores a enfrentar custos mais altos do que o previsto”, ressalta Queiroz.

Além disso, o analista de mercado afirma que a expectativa de grandes safras de soja e milho para 2024/25 coloca uma pressão adicional sobre a logística interna, aumentando o risco de atrasos logísticos e pressão contínua na cadeia de suprimentos.

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Fonte: O Presente Rural

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Palestrante aponta estratégias para maximizar rentabilidade e qualidade na fase de cria

Trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil.

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O mercado pecuário de cria, essencial para a sustentabilidade e competitividade da cadeia produtiva da carne bovina, foi tema central da palestra do zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker, durante o 28º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, promovido pela Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP). O evento, que faz parte da programação da ExpoGenética 2024, foi realizado no dia 16 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).

Reconhecido por sua expertise na área, Chaker trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil. Em um cenário marcado por oscilações de mercado, avanços tecnológicos e impacto ambiental, a palestra apresentou reflexões importantes aos pecuaristas que buscam aprimorar suas estratégias produtivas, garantir rentabilidade e se adaptar às novas demandas do setor.

De acordo com o profissional, a fase de cria é o momento da atividade pecuária com mais oportunidades dentro do sistema de produção. Essa etapa é composta por diversos indicadores, como fertilidade, perda pré-parto e taxas de desmame, cada um oferece oportunidades específicas para melhorias ao longo do ciclo produtivo.

Além disso, o avanço das novas tecnologias, especialmente nos programas de suplementação, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), e a crescente oferta de animais com alta qualidade genética, tem potencializado ainda mais o valor do animal na fase de cria. “A fase de cria na pecuária é a que apresenta o maior potencial de rentabilidade. Mesmo durante os períodos de baixa no ciclo pecuário, as fazendas de criação mais eficientes conseguem atingir margens superiores a 30%. Esse desempenho supera ao das outras etapas, como a recria e a terminação, que frequentemente registram margens abaixo de 20%”, ressalta o mestre em Produção Animal.

Zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker: “Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare” – Foto: Fernando Samura

Mercado

A crescente demanda por carne bovina de alta qualidade tem gerado grandes mudanças no mercado de cria, especialmente na valorização dos bezerros. Segundo o zootecnista, essa demanda, além de impulsionar o consumo, também redefine os rumos da produção e da seleção genética na pecuária de corte. “Com o consumidor cada vez mais exigente, a busca por carne de excelência se intensifica, e uma vez que experimentam um produto superior, passam a exigir de forma contínua”, salienta Chaker.

A qualidade da carne é resultado tanto de características genéticas quanto de práticas produtivas. Do ponto de vista produtivo, fatores como a idade ao abate e a consistência no ganho de peso são fundamentais. “Embora os sistemas de terminação sejam determinantes para atingir esses padrões técnicos e produtivos, eles só atingem seu pleno potencial quando os animais já possuem predisposições genéticas desenvolvidas. Características como espessura de gordura subcutânea, marmoreio e área de olho de lombo (AOL) são características que vão conferir a qualidade final da carne”, detalha o zootecnista.
Diante desse cenário, a seleção genética tem se intensificado, com foco em atributos que garantem essa qualidade. Como resultado, a valorização dos bezerros de alto padrão genético está crescendo, se tornando cada vez mais uma exigência do mercado. “Para se manterem competitivos, os criadores precisam direcionar seus esforços para atender a essas demandas, garantindo que seus animais possuam as características desejadas para a produção de carne de excelência”, aponta o especialista.

Sustentabilidade do negócio

A gestão de custos e a sustentabilidade do negócio na pecuária de cria estão mais intimamente ligadas ao modelo produtivo e à eficiência operacional da propriedade do que ao custo dos insumos em si, evidencia o mestre em Produção Animal. Em outras palavras, a saúde econômica de uma propriedade depende muito mais de seu desempenho produtivo do que dos preços dos insumos. “Fazendas que alcançam índices elevados, como mais de 160 quilos de bezerro desmamados por vaca exposta e taxas de desmame superiores a 75%, conseguem estruturar suas finanças de maneira muito mais eficiente do que aquelas com menor produtividade”, salienta.

No sistema de cria, o diferencial da gestão de custos está em atingir altos índices de desempenho mantendo um sistema produtivo focado na produção e colheita de forragens de qualidade. “O equilíbrio entre a gestão de custos e a sustentabilidade depende de práticas produtivas que não apenas reduzem os custos, mas também promovem um uso responsável e eficiente dos recursos disponíveis. Por isso é preciso ter um sistema de produção de elevada eficiência operacional, garantindo que a produtividade seja feita em pastagens de alta qualidade”, pontua Chaker.

Eficiência na produção de bezerros

O especialista afirma que setor vivencia um superciclo tecnológico, marcado pela chegada de inúmeras inovações. A inteligência artificial, a sensorização e as câmeras de monitoramento, por exemplo, já oferecem grandes diferenciais no acompanhamento do desempenho das fazendas. Contudo, o impacto mais profundo vem das práticas de manejo. “Já é amplamente reconhecido que animais manejados de forma adequada, com foco no bem-estar, apresentam um desempenho até 15% superior, devido ao seu comportamento mais calmo”, relata Chaker.

Além disso, a atenção à qualidade da água, à altura de entrada e saída dos animais, ao tamanho dos lotes e aos indicadores de bem-estar – sejam eles nutricionais, sanitários ou reprodutivos – tem sido realizada de maneira cada vez mais tecnológica. “Novos processos reprodutivos estão impulsionando avanços inovadores em eficiência produtiva. Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare”, cita o palestrante, enfatizando: “Esse progresso é resultado não apenas das inovações tecnológicas, mas principalmente da implementação de novas práticas de manejo, alinhadas ao bem-estar animal”.

Planejamento de longo prazo

As mudanças climáticas têm tornado cada vez mais imprevisíveis os ciclos de chuvas e secas em todo o planeta. Dada a alta demanda por alimentos na pecuária, especialmente pastagens, que é o modelo predominante no Brasil, é essencial que o pecuarista esteja bem preparado para enfrentar períodos de seca e veranicos inesperados ou muito prolongados.

Para garantir consistência nos resultados, Chaker diz que é fundamental que o planejamento forrageiro garanta pelo menos 500 quilos de matéria seca armazenada por unidade animal. “Esse estoque proporciona maior segurança durante os períodos mais desafiadores, especialmente em secas prolongadas”, expõe, acrescentando: “Em sistemas com maiores densidades de lotação, é pesado até uma tonelada de matéria seca por unidade animal em fazendas de criação. Ou seja, um planejamento forrageiro de longo prazo é determinante a esse êxito”.

Estratégias para melhorar a qualidade dos bezerros

Chaker destaca que, para aumentar a produtividade e a qualidade dos bezerros, os criadores devem focar em dois indicadores principais: o quilo de bezerro desmamado por matriz exposta e o quilo de bezerro desmamado por hectare.

Conforme o palestrante, para melhorar o primeiro indicador, é importante manter uma alta taxa de desmame e um elevado peso ao desmame, buscando superar 160 quilos de bezerro por vaca exposta. Já o segundo indicador exige não apenas um alto volume de quilos desmamados por matriz, mas também uma alta densidade de matrizes por hectare.

As estratégias para alcançar esses objetivos incluem práticas avançadas de manejo e colheita de forragens, ou seja, excelente manejo de pastagens e estratégias eficazes para a entressafra, além de ter uma estação de montagem bem planejada para que o nascimento dos bezerros ocorra no período ideal para cada bioma, técnica conhecida como bezerro do cedo.

O zootecnista menciona ainda que é importante garantir taxas rápidas de reconcepção para que se possa emprenhar de novo essa vaca o mais rápido possível, e descartar matrizes vazias, que deverão ser comercializadas antes do início da seca. “A combinação de práticas reprodutivas e alimentares eficientes é fundamental para o sucesso na atividade de criação”, frisa.

Sistemas integrados de produção

A integração da pecuária com outras atividades agrícolas, como lavoura e a produção de florestas pode ser mais rentável. De acordo com o Instituto Integra, que monitora 813 propriedades, aquelas que adotam práticas integradas demonstram uma maior capacidade de geração de caixa.

A lavoura pode fornecer uma importante fonte de alimentação durante a entressafra, enquanto as florestas oferecem sombra, promovendo o bem-estar animal. Além disso, a interação entre agricultura e pecuária é mutuamente benéfica: enquanto a agricultura sustenta a pecuária, a pecuária também beneficia a agricultura. Estudos mostram que fazendas de integração lavoura-pecuária têm aumentos na produtividade da soja, com uma média de cinco sacas nas mais áreas em que houve pastejo. Dessa forma, o sistema brasileiro de produção é, sem dúvida nenhuma, potencializado por práticas integradas.

Exigências de mercado

Chaker destaca que os mercados internacionais que importam a carne brasileira frequentemente exigem características específicas, especialmente aqueles que pagam os melhores preços. “Para atender a essas demandas, é essencial que o animal possua uma genética adequada, que garanta a qualidade da carne”, pondera. “É inquestionável que a excelência na cadeia pecuária começa com a produção de bezerros de alta qualidade. Isso exige que os criadores estejam continuamente atentos às necessidades de recria e de terminação para atender às exigências desses mercados”, complementa.

Tendências

O palestrante sugere que para que os criadores que queiram manter a competitividade nos próximos anos, é importante que se concentrem na monetização de seus ativos. Em termos econômicos, existem dois ativos principais a serem considerados: a terra e o gado. Os criadores devem buscar monetizar a terra em pelo menos 4% e o gado em pelo menos 20% ao ano, sugere.
Para alcançar essas metas, é fundamental otimizar a arquitetura do rebanho de cria. Isso significa reduzir a idade da primeira monta e do primeiro parto dentro da fisiologia do animal. “Animais mais jovens no início da reprodução e um desempenho reprodutivo eficiente aumentam a proporção de fêmeas produtivas e melhoram a reprodução geral do rebanho”, enfatiza Chaker.

A grande tendência é maximizar a eficiência do rebanho, garantindo que os ventres em reprodução produzam altos volumes de bezerros por hectare e por matriz exposta. Além disso, a arquitetura dos rebanhos deve ser ajustada para garantir o melhor aproveitamento das categorias de criação, maximizando a produtividade e a rentabilidade. “Além da cria ser a maior oportunidade de rentabilidade na pecuária, é também a atividade de maior potencial de melhora através da seleção genética e do avanço tecnológico. Cada novo ciclo, cada nova safra, se renovam as oportunidades de touros e de encontrar novos indivíduos. Somado a isso, o produtor pode através do melhoramento genético conseguir sistematicamente melhorar seu rebanho ano após ano”, evidencia.

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Fonte: O Presente Rural
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Derivados dos lácteos caem em agosto, mas já sinalizam retomada das altas

Diante da demanda firme e da oferta limitada, as cotações do UHT e da muçarela na primeira quinzena de setembro subiram respectivos 4,7% e 1,8%, com as médias passando para R$ 4,55/litro e R$ 32,56/kg.

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) revela que, em agosto, os preços médios tanto do leite UHT quanto do leite em pó de 400g caíram frente ao mês anterior, em 3,55% e 1,92%, respectivamente. Já a muçarela se valorizou 1,88% em igual comparativo, chegando a R$ 32,01/kg.

Segundo agentes de mercado, as quedas decorreram sobretudo da pressão dos canais de distribuição no momento da compra, visto que a oferta seguiu limitada pelo clima quente e seco, o que elevou os custos de aquisição da matéria-prima (leite cru) em agosto. No caso da muçarela, os estoques reduzidos nas indústrias sustentaram o movimento de alta das cotações.

Setembro

O agravamento do calor e da seca somado aos focos de queimadas prejudicaram a produção de leite cru em setembro, resultando em novos aumentos de preços da matéria-prima.

Como consequência, os estoques dos lácteos diminuíram nas indústrias. Diante da demanda firme e da oferta limitada, as cotações do UHT e da muçarela na primeira quinzena de setembro subiram respectivos 4,7% e 1,8%, com as médias passando para R$ 4,55/litro e R$ 32,56/kg.

O mercado de leite em pó, porém, ainda respondeu de forma lenta à valorização da matéria-prima, e a média no período, de R$ 29,62/kg, ficou 1,9% abaixo da de agosto.

Fonte: Por Marina Donatti e João Pedro Theodoro, pesquisadores do Cepea.
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Oferta de leite não cresce como esperado e preço ao produtor deve avançar

Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções do preço do leite ao produtor. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda cadeia produtiva.

Foi nesse contexto que o Cepea registrou queda de 1,5% do preço do leite captado em julho, levando a “Média Brasil” a fechar a R$ 2,7225/litro. E, naquele momento, a expectativa dos agentes era de que o terceiro trimestre seguisse registrando retrações no preço do leite ao produtor – como indicado neste Boletim em meses anteriores.

Porém, esse cenário mudou de forma rápida e drástica. Se antes o mercado apontava aumento da disponibilidade de leite e de lácteos, agora, a expectativa é de que haja menor oferta. Com isso, o leite captado em agosto deve apresentar alta, de 1% a 2%, a depender da região. E espera-se que o movimento de valorização ganhe força a partir de setembro.

Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. Isso ficou evidente com a divulgação dos dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE em meados de agosto. O levantamento apontou que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.

A desconexão entre as expectativas dos agentes do mercado e dos dados de captação comprova a dificuldade do setor em dimensionar seu potencial de oferta diante de tantas mudanças estruturais recentes do sistema agroindustrial do leite. Isso se traduz numa fonte importante de incerteza para quem transaciona leite cru no País, o que impede a previsibilidade, o planejamento de longo prazo e o gerenciamento de riscos.

Além disso, os agentes de mercado também podem ficar mais expostos e vulneráveis à especulação. A recuperação da produção, como era previsto no início de agosto, não aconteceu sobretudo devido ao clima extremo. O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto.

A entressafra no Sudeste e Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar a nível nacional. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta. Como a produção não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado.

O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques, nos laticínios, já estão abaixo do normal – o que pode elevar as cotações em setembro. A pesquisa do Cepea com apoio da OCB mostrou que, em agosto, apesar de o UHT e o leite em pó terem se desvalorizado, o preço da muçarela já tinha aumentado devido ao menor estoque.

Outro fator que contribui para a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.

Fonte: Por Natália Grigol, pesquisadora do Cepea.
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