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Especialista alerta para pontos críticos e de maior atenção na limpeza e desinfecção

Profissional enaltece a importância destas etapas e reforça que elas podem ser grandes aliadas na prevenção e tratamento de doenças e no controle de pontos críticos da granja.

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Foto: Giuliano De Luca/OPR

A suinocultura é uma atividade complexa, e a biosseguridade desempenha um papel crucial para manter a saúde dos animais e garantir o sucesso da produção. A médica-veterinária, mestra em Patologia Animal, Thaiane Kasmanas, enaltece nesta matéria a importância da temática “Limpeza, desinfecção e a pirâmide do bom senso”, apresentando contribuições significativas para esta etapa da produção, o que pode contribuir para a evolução e o aprimoramento contínuo da atividade.

De acordo com Thaiane, a limpeza e a desinfecção acabam sendo, no dia-a-dia da granja, atividades bastante operacionais. Ela enalteceu que muitas propriedades já possuem equipes que são responsáveis por fazer este serviço. “Meu objetivo hoje é mostrar a grande importância destas práticas que podem interferir em todo o processo produtivo da suinocultura. É preciso capacitar os profissionais”, recomenda.

Médica-veterinária, mestra em Patologia Animal, Thaiane Kasmanas – Foto: Divulgação/Pork Meet Rio Verde

A médica-veterinária distinguiu dois conceitos que muitas vezes acabam sendo confundidos como se fossem o mesmo: a biosseguridade e a biossegurança. Conforme ela, a biosseguridade são as práticas e medidas que visam minimizar os riscos sanitários em populações animais, já a biossegurança está relacionada com as normas e procedimentos que são realizados com os seres humanos. “Desta forma podemos dizer que a biosseguridade diz respeito aos animais e que ela está sendo melhorada a todo momento. Já a biossegurança, por se tratar de aspectos relacionados à saúde humana, é mais inflexível e muito mais rígida, sendo que muitas vezes uma medida de biossegurança pode ser tornar uma lei”, disse.

A profissional pontuou que embora as duas palavras sejam parecidas, elas possuem conceitos diferentes, enaltecendo que esta abordagem sobre limpeza e desinfecção vai focar o complexo programa de biosseguridade. “É claro que o programa de biosseguridade vai além da limpeza e desinfecção, ele engloba os controles de entrada e saída na granja, bem como auxilia a dificultar a entrada de patógenos, controla o nível de contaminação interna, busca evitar a disseminação de doenças, bem como reduz gastos com tratamento medicamentoso e aumenta a produtividade e qualidade do produto final”, observou.

Segundo Thaiane, a biosseguridade pode ser dividida em três grandes áreas: a bioexclusão, bio-manejo e bio-contenção. “Na bioexclusão temos as ações que a gente usa para prevenir a entrada de um patógeno na granja. No bio-manejo temos os aspectos operacionais padrões, além da implementação de processos para evitar a proliferação de doenças, como a vacinação, a limpeza e desinfecção. Já a bio-contenção é a parte mais complexa, ela precisa estar sempre no radar, já que ela trata do manejo de resíduos, de animais mortos, da composteira, do biodigestor e a própria água de lagoa”, observou.

Ela pontuou que é possível redividir a biosseguridade em três grandes componentes. Físico, químico e lógico. “As barreiras físicas são usadas para sinalizar o que é área limpa, o que é área suja, elas tratam das partes da estrutura. Já o componente químico é a utilização dos detergentes e desinfetantes. E a parte lógica é bastante curioso, porque ela abrange com que o conceito de biosseguridade seja assimilado por todos aqueles que fazem parte da propriedade. Assim, quando acontecer algum evento, todos saberão o que fazer para resolver aquele problema”, recomendou.

De acordo com ela, ter fluxo e estrutura facilita esta gestão, pois promove de forma eficiente e com clareza os procedimentos que devem ser feitos. “Saber o conceito, ter as condições de estrutura necessárias e realizar os procedimentos adequados é o que faz a diferença na biosseguridade”, pontua. Por outro lado, a médica-veterinária também reforçou que a biosseguridade não é só a limpeza e desinfecção e que a nutrição e a sanidade também fazem parte desta importante engrenagem.

Custos menores

A especialista também ressaltou uma notável mudança de perspectiva que tem se desenvolvido ao longo do tempo. Essa mudança está relacionada com a redução da dependência de antibióticos, seja no tratamento ou em doses reduzidas. Em vez disso, a ênfase está sendo colocada na prevenção, com destaque para práticas como vacinação, limpeza e desinfecção. “Essas abordagens emergentes desempenham um papel crucial na redução da necessidade de recorrer a antibióticos, reservando seu uso para situações pontuais. Além disso, essa mudança de abordagem demonstra benefícios econômicos e produtivos substanciais, uma vez que o investimento em limpeza e prevenção é notavelmente menor em comparação com os custos associados ao tratamento com antibióticos”, pontuou.

 

 

Outros pontos

“Todos estes pontos são críticos e merecem atenção. Mas ainda precisamos reforçar que existem pontos críticos que precisam de controle redobrado, como o isolamento, controle de vetores, limpeza e desinfecção, a monitoria da saúde dos animais, a verificação e a validação do sistema com auditoria”, frisou.

Foco na limpeza

A médica-veterinária enalteceu que apesar da etapa da limpeza ser uma ferramenta e um processo operacional, ela impacta diretamente na saúde dos animais. “Esta etapa representa 90% do sucesso, porque nenhum desinfetante consegue atuar em cima de matéria orgânica. Portanto, a ideia é que a gente sempre foque nossos esforços na limpeza e finalize com a cereja do bolo, que é a etapa da desinfecção”, recomendou.

De acordo com ela, o principal objetivo da limpeza é reduzir a pressão de infecção nas granjas, pois ela visa eliminar vírus, bactérias e fungos. “É importante reconhecer que não existe um produto mágico que serve para tudo, mas que é necessário utilizar o conjunto de ferramentas, pois é este conjunto que vai beneficiar a produção”, mencionou.

Reprodução, maternidade e creche

A médica-veterinária alertou sobre a importância do rigor sanitário ser ainda maior com os animais que participam da reprodução, tanto fêmeas como machos, já que eles são animais de alto valor agregado. No contexto da maternidade, ela apontou um desafio crítico relacionado à temperatura. Enquanto os animais mais velhos requerem ambientes com temperaturas mais baixas, os leitões necessitam de temperaturas mais elevadas. Essa disparidade térmica torna crucial o controle rigoroso da temperatura e a manutenção adequada da higiene do escamoteador. “A superfície do escamoteador, frequentemente feita de materiais porosos, como madeira, papelão ou plástico, apresenta desafios adicionais à limpeza e é suscetível à formação de biofilmes devido à variação de temperatura”, alertou.

Quanto à fase de creche, a especialista destacou que é um período particularmente crítico, exigindo um rigor sanitário extremo devido à introdução de animais jovens em um novo ambiente com diferentes condições. “Essa transição pode desencadear problemas significativos, incluindo episódios frequentes de diarreia, tornando a higiene e o manejo cuidadoso de extrema importância”, recomendou.

Com relação às etapas de crescimento e terminação ela afirmou que o ideal é que elas sejam as fases menos preocupantes. “É claro que isso só vai acontecer se eu tiver tido um manejo eficiente nas fases anteriores, pois assim eu terei menor preocupação nestas fases, já que a tendência é que os animais tenham menor intercorrências”, observou.

Biofilme

A especialista disse que o biolfilme é a primeira barreira física das bactérias contra a ação química e explicou que ele forma-se gradualmente devido a fatores como temperatura e qualidade da água, tornando-se uma película protetora para as bactérias. “Para quebrar esse ciclo, a limpeza adequada é essencial, pois as bactérias também podem criar biofilmes nas tubulações de água, muitas vezes invisíveis. A estratégia para eliminar esses biofilmes envolve uma variação de pH, começando com uma limpeza alcalina para remover gordura e alternando com detergentes ácidos, expondo as bactérias para a ação subsequente do desinfetante”, recomendou.

Além disso, a profissional afirmou que a limpeza com detergentes alcalinos é crucial para a remoção de resíduos de proteínas, gorduras e carboidratos de superfícies, sendo que esses detergentes estão disponíveis em versões com ou sem cloro. Ela também recomendou que o processo de limpeza siga o fluxo de cima para baixo e de cima para frente para evitar a contaminação cruzada de áreas já limpas.

A cereja do bolo: etapa da desinfeção

Após a limpeza tem-se o processo de desinfecção. A médica-veterinária enaltece que a escolha de um desinfetante químico eficaz é crucial. “É muito importante que os produtores evitem adquirir produtos não registrados, pois muitas vezes eles não cumprem o papel de desinfecção de forma adequada. A composição do desinfetante também deve ser criteriosamente avaliada, garantindo a presença dos elementos necessários para sua eficácia. Por outro lado, as formas de aplicação são bastante variadas e o produtor deve escolher aquela que melhor atende as demandas da sua granja”, assegurou.

Outra recomendação importante nesta etapa é o cuidado correto com a secagem adequada das áreas que foram desinfetadas. “Antes de reintroduzir os animais é necessário que tudo esteja bem seco, para garantir que a desinfecção desempenhe um papel fundamental na manutenção da biosseguridade nas instalações, protegendo a saúde dos animais em ambientes de produção”, ponderou.

Salas de reprodução e gestação

A profissional ainda fez um alerta a respeito das salas da reprodução e gestação que geralmente estão sempre ocupadas. “Essas são áreas que nunca estão vazias, por isso a limpeza deve sermpre ser feita no momento em que um animal sai”, pontuou, acrescentando que outro pontpo crucial é a utilização dos EPI´s que são necessários em cada uma destas etapas.

Tecnologia para facilitar e verificar

A profissional finalizou fazendo a recomendação para que os produtores utilizem as tecnologias que estão disponíveis no mercado e que auxiliam na verificação da limpeza realizada. “A leitura de ATP pode auxiliar muito, pois ela faz a detecção de matéria orgânica, isso contribui bastante, porque contribui para melhorar a eficiência, já que é possível fazer isto antes da etapa da desinfecção. Desta maneira, você pode utilizar inúmeras ferramentas que fazem uma varredura da limpeza, e quando o resultado mostra que está tudo certo, aí é só fazer a etapa da desinfecção”, sugeriu.

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Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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