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Avicultura

Erros de avaliação “convidam” enterite necrótica para dentro dos galpões

Utilização de novas tecnologias para diagnóstico precoce é solução para evitar, ou ao menos diminuir, enfermidade em frangos de corte

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A clostridiose já é uma velha conhecida de produtores e técnicos da avicultura. Mas, mesmo assim ainda causa certa dor de cabeça quando é assunto é o diagnóstico precoce da enfermidade no animal. Em aves, a doença é encontrada em quatro formas clínicas – botulismo, enterite necrótica, dermatite necrótica e enterite ulcerativa. Durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que aconteceu em abril em Chapecó, SC, a professora doutora Elizabeth Santin, que falou sobre a clostridiose em frangos de corte, comentou que atualmente a enterite necrótica, em especial, tem sido mais recorrente, principalmente pelo seu aparecimento em criações industriais de aves, sobretudo por conta da falta de cuidados com a criação.

De acordo com Elizabeth, o botulismo está relacionado ao consumo de produtos que contenham a toxina botulínica, que ocorre principalmente em material em decomposição e pode ser fatal, dependendo da quantidade consumida. Já a dermatite necrótica e a enterite ulcerativa estão associadas ao desequilíbrio entre o desenvolvimento destes microrganismos, sua patogenicidade e o sistema imune do hospedeiro. Porém, mesmo com todas as formas sendo conhecidas, é a enterite necrótica que tem causado prejuízos e maiores preocupações aos envolvidos na cadeia produtiva, menciona a especialista.

De acordo com a profissional, os clostridios são bactérias que começam a produzir condições de estresse nos animais. “A produção de toxinas vai estar relacionada a quanto a ave vai estar sob situação de estresse, que necessite que ele faça a indução dessas toxinas para tentar competir com o ambiente que ele está”, diz. Ela comenta que se o profissional vê esse tipo de situação no campo já errou bastante. “Se a enterite necrótica está na forma clínica de alguma forma, quer dizer que o profissional errou bastante na avaliação da qualidade intestinal daquele lote”. A professora afirma que é preciso se acostumar a buscar lesões antes delas acontecerem.

Elizabeth explica que o agente causador da enterite necrótica faz parte da microbiota da ave, está sempre presente, porém, alterando os níveis é que pode causar a doença. “É bastante difícil ver essa diferença. Primeiro, para estabelecer isso, temos que começar pelo básico e saber quando os níveis estão normais, quanto é aceitável, e quando o problema está acontecendo. É um problema básico, na questão do diagnóstico da enterite necrótica, é primeiro importante entender como a patogenia acontece”, afirma. A estudiosa diz que é preciso que os profissionais comecem a realmente trabalhar focados na doença, avaliando e tentando estabelecer as melhores tecnologias, que, para ela, podem ser bastante efetivas dentro do processo.

Segundo a doutora, os animais produzem bastante anticorpos, porém, há uma diferença de 18% a 76% das aves que apresentam os sinais clínicos das doenças se comparadas a aves saudáveis. “A variação é bastante grande para dizermos que realmente há uma tecnologia clara e aplicável em que podemos fazer para controlar a enterite necrótica”, diz.

Diagnóstico

De acordo com a professora, o fato do agente etiológico ser parte da microbiota, e não haver ainda um padrão das variações na concentração de enterotoxinas encontrada em lotes com enterite necrótica e saudáveis, torna bastante difícil o diagnóstico da enfermidade. Uma sugestão dada pela pesquisadora é que o profissional procure uma associação de informações que considere o histórico do lote, as lesões macroscópicas e, principalmente, os achados histológicos. “A identificação das toxinas alfa e netB também podem auxiliar bastante no diagnóstico, mas a sua aplicabilidade no campo deve ser melhor avaliada”, diz. Em estudos apresentados por Elizabeth, os títulos de anticorpos anti-netB são mais altos em aves saudáveis comparando a aves que apresentam enterite necrótica. “Assim, monitorar esses anticorpos pode ser uma alternativa para controlar a enfermidade, embora existam estudos que digam que a doença pode ser desenvolvida por estirpes não produtoras desta toxina”, informa.

Para a professora, antes mesmo de ver a enterite necrótica clínica, é preciso imaginar a inflamação acontecendo dentro de animais que são considerados saudáveis. “Esse é o princípio para começarmos a entender as novas tecnologias de diagnóstico no que se refere a enterite necrótica. É realmente atuar antes que o processo aconteça e buscar alterações que podem acontecer dentro da mucosa intestinal”, declara.

Elizabeth conta que essa microbiota interage com o hospedeiro de várias formas. Segundo ela, tudo isso altera a microbiota de uma forma bastante direta. “Ela atua na maturação do sistema imunológico, que é bem importante para o processo”, comenta. A professora reforça que em situações como lesão de pata ou peito, alimento mal digerido e produção de gás, não são as formas clássicas da enterite necrótica, mas é como a doença inicia. “Disbiose, desequilíbrio entre a presença desses microrganismos, não necessariamente patogênicos, mas dentro do intestino, pele, trato respiratório e capacidade do animal se defender e regular essa situação. Toda vez que isso começa a acontecer é o princípio para iniciar a enterite necrótica. A forma clássica nem sempre é a forma que pensamos”, afirma.

A professora reitera que é importante que os profissionais que tratam dos animais passem a olhar os números e avaliar todo o processo que envolve a cadeia. “Temos que começar a quantificar, monitorar esses números para solucionar o problema. Temos que começar a ver as alterações que mais ocorrem”, afirma. De acordo com ela, é simples que os médicos veterinários e zootecnistas utilizem a microscopia para auxiliar neste melhoramento, já que é uma técnica relativamente barata. “É preciso que comecemos a utilizar outras tecnologias”, sugere.

Promotores de Crescimento

A professora ainda falou um pouco sobre a utilização dos promotores de crescimento na avicultura. “Hoje temos vários fatos que induzem a pensar que o uso de promotores de crescimento é para controlar inflamação de alguma forma”, comenta. Elizabeth diz que a lesão clínica, que pode ser com gases ou mesmo enterite necrótica, acontece em um animal que não representa o rendimento necessário.

Ela comenta que o uso desenfreado do antibiótico acontece porque os profissionais da área se desvirtuaram. “Por que temos tanto medo de largar o antibiótico?”, questiona. Para ela, quando a dependência pelo antibiótico é muito grande, está faltando atuação do profissional. “É só fazermos o nosso trabalho direitinho”, afirma. Para ela, o profissional precisa trabalhar no processo de integração único “e essa coisa só induz você a pensar antecipadamente”. “Assim, não precisamos ter tanto medo dessa troca, dessa restrição ao uso dos antibióticos”, afirma.

Elizabeth diz que a restrição ao uso dos antibióticos vai mostrar os bons profissionais. “Não precisamos ter medo. É só estudar e aprender mais, mostrar a diferença. E acho que isso vai fazer com que a cadeia produtiva como um todo ganhe, porque você vai ganhar em toda a parte de sustentabilidade, quando você começa a imaginar o controle de matéria prima, bem estar animal e a cadeia como um todo”, diz.

Um lembrete reiterado pela profissional é que os profissionais são agentes de saúde. “Quando estamos produzindo frango, fazendo ração, tudo isso faz parte de um processo de ter alimento de qualidade na nossa mesa. Temos que avaliar a enterite necrótica e todas as doenças como parte desta visão”, evidencia.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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