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Enzimas auxiliam na redução de custos com rações
O uso de enzimas na nutrição animal “abre espaço na formulação”, permitindo economias significativas e melhorando a digestibilidade de todos os ingredientes
As incertezas em relação a disponibilidade e custos das matérias primas, gerados pelo impacto do Coronavírus (COVID-19), estão trazendo preocupações e dúvidas para os produtores e empresas do setor de produção animal.
A avicultura e a suinocultura, em especial, sofrem com a escassez e o aumento nos preços dos insumos, especialmente das principais fontes de proteína e energia das rações, farelo de soja e milho. E, como estratégia para minimizar este cenário de dificuldades e equilibrar as contas, uma das maneiras de superar estes desafios é a redução dos custos com ração.
Segundo o gerente de mercado de monogástricos da Safeeds, Francisco Bertolini, a formulação com o uso de enzimas tem se apresentado como uma ferramenta econômica e eficaz, pois possibilita um melhor aproveitamento dos nutrientes, por aumentar a digestibilidade dos alimentos e minimizar os custos. “O uso de enzimas na formulação de dietas ajuda o nutricionista a ter flexibilidade na escolha dos ingredientes da ração”, comenta o médico veterinário.
Como funcionam e como agem as enzimas
As enzimas são proteínas complexas que ocorrem naturalmente nos sistemas digestivos dos animais, atuando como catalisadores biológicos que aceleram as reações químicas. Essas substâncias possuem a característica de permanecerem sempre ativas após cada catalisação. Em resumo, as enzimas têm como principal função facilitar a digestão.
De acordo com Bertolini, é importante lembrar que as enzimas são substrato/dependente específico, ou seja, elas somente irão atuar na presença do substrato a ser catalisado. “Cada enzima age em seu composto de atuação específico. Por exemplo, as fitases atuam sobre os fitatos, as xilanases nos xilanos etc. Portanto, a escolha da enzima a ser utilizada deve levar em conta a presença dos substratos a serem digeridos e todos os parâmetros de especificidade das enzimas”, orienta o nutricionista.
As enzimas utilizadas na nutrição animal podem ser classificadas de acordo com o tipo de substrato que a mesma irá atuar, entre elas: as fitases, carboidrases, proteases, xilanases, entre outras. Normalmente elas são obtidas por meio de cultura de microorganismos, derivados da fermentação fúngica, bacteriana e de leveduras em reatores especialmente desenvolvidos para este fim.
Porque as enzimas melhoram o aproveitamento dos ingredientes das rações?
Os ingredientes vegetais em sua maioria apresentam digestibilidade variada e podem não ser bem aproveitados pelos animais. Produtos fibrosos e proteicos mal digeridos podem tornar-se substratos para crescimento bacteriano intestinal indesejável. As enzimas fazem a quebra destes produtos indigestos, liberando os nutrientes presos nestes complexos, melhorando a digestibilidade dos ingredientes da dieta, tornando-os mais disponíveis ao animal. Elas maximizam o aproveitamento dos alimentos e reduzem o custo da transformação da ração em proteína animal, também conhecida como Conversão Alimentar (CA).
Como podemos aproveitar os benefícios do uso de enzimas?
Em um cenário de aumento de preços de ingredientes ou ausência de um insumo, muitos acreditam que a solução pode estar no uso de enzimas e, pelo contrário, na indisponibilidade de algum ingrediente, podemos limitar os ganhos que as enzimas podem proporcionar. “Quanto mais opções, mais flexibilidade elas podem proporcionar. O uso de enzima normalmente ‘abre espaço na formulação’ permitindo economias significativas.”
Como as enzimas são usadas na prática?
Temos várias maneiras de se trabalhar com enzimas, sendo:
a) Por custo (Uso de Matriz Nutricional);
b) Desempenho zootécnico (“on top)”; ou
c) Iso-Custo (uma mescla das 2 opções acima).
Na maioria das formulações, se trabalham pelo custo mínimo (opção a: Uso de Matriz Nutricional). Quando se opta pelo uso da Matriz, o ideal é que se tenha o maior número possível de ingredientes, para se aproveitar ao máximo o potencial das enzimas. Quando temos poucos ingredientes, muitas vezes não se explora o potencial máximo da Matriz.
Por outro lado, na falta de um ingrediente, as dietas podem ficar mais onerosas e, dependendo da situação do mercado, a decisão deve ser para maximizar o desempenho e a CA. Neste caso, as enzimas devem ser exploradas nas outras 2 modalidades (b e c), explorando todo o potencial de digestibilidade das enzimas, mitigando o incremento dos custos com aumento de desempenho.
Como o nutricionista pode decidir pela melhor enzima
Cada empresa tem a sua realidade de custos e de ingredientes, logo as demandas são diferentes. Por isso, o nutricionista tem um papel muito importante na tomada de decisão e adaptação da melhor solução. O bom senso e o uso de ferramentas matemáticas, proporcionadas pelas matrizes nutricionais, permitem que o nutricionista encontre a melhor solução entre substrato existente X enzima e custos X desempenho desejado. Existem empresas que disponibilizam a escolher entre um produto que contém apenas uma enzima isolada ou um blend de mais de uma enzima. São diferentes combinações que possibilitam versatilidade para o nutricionista. “É possível ainda customizarmos blends enzimáticos específicos, de acordo com as necessidades próprias de cada cliente”, finaliza o gerente da Safeeds Francisco Bertolini.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.