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Entidades manifestam preocupação com efeitos de tarifaço

Tarifa de 50% imposta por Trump gera forte reação no Brasil: entidades do setor produtivo alertam para colapso nas exportações, enquanto parlamentares e especialistas denunciam ataque à economia, à soberania e às instituições nacionais.

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Fotos: Shutterstock

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país norte-americano gerou forte reação entre entidades do setor produtivo. As organizações expressaram preocupação com os impactos econômicos da medida e alertaram para riscos significativos à competitividade brasileira, ao emprego e à estabilidade das relações comerciais entre as duas nações.

Entre os setores mais afetados está o de carnes. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) avaliou que a nova tarifa inviabiliza economicamente as exportações para os Estados Unidos, tornando o custo da carne brasileira excessivamente elevado. “A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, afirmou a entidade em nota.

A associação também defendeu a retomada imediata do diálogo entre os dois países. “Estamos dispostos ao diálogo, de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis”, ressaltou no comunicado.

Agropecuária e câmbio ameaçados

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que representa a bancada ruralista no Congresso Nacional, também se manifestou com preocupação. Para a entidade, a decisão de Trump serve de alerta para as relações comerciais e políticas bilaterais, além de afetar diretamente o agronegócio brasileiro. “A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, destacou.

Diante do cenário, a FPA defendeu uma postura firme e estratégica por parte do Brasil. “É momento de cautela,

diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. Reiteramos a importância de fortalecer as tratativas bilaterais sem isolar o país. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das conversas”, enfatizou a entidade em nota.

AEB: tarifa tem caráter político e pode afastar parceiros

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) classificou o anúncio com surpresa e indignação. Para o presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro, a medida tem motivação política e representa um dos mais severos bloqueios tarifários da história recente do comércio internacional. “É certamente uma das maiores taxações já impostas a um país, geralmente aplicadas apenas a inimigos declarados, o que nunca foi o caso do Brasil”, avaliou.

Ele alertou ainda para o risco de a decisão de Washington gerar desconfiança entre outros parceiros internacionais. “O anúncio pode criar uma imagem negativa do Brasil e afastar importadores de outros países. Afinal, quem vai querer se indispor com o presidente Trump?”, questionou.

A AEB considera o cenário atual extremamente desafiador. “Trata-se de uma ameaça não apenas aos exportadores, mas a toda a economia brasileira. Acreditamos que o bom senso prevalecerá e que essa taxação será revertida”, anseia Castro.

Indústria teme prejuízos e pede diálogo

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também condenou a medida, classificando-a como desprovida de fundamentos econômicos. A entidade pediu o fortalecimento do diálogo para preservar a relação com um dos principais parceiros comerciais do Brasil. “Não existe qualquer fato econômico que justifique uma elevação tão drástica nas tarifas. Os impactos podem ser graves para a nossa indústria, que tem forte interligação com o sistema produtivo americano”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Ele reforçou a importância de manter canais de comunicação abertos. “Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e construir soluções que beneficiem ambos os países. Só com cooperação poderemos estabelecer uma relação comercial mais equilibrada, complementar e benéfica entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou.

Reações no Congresso: parlamentares pedem resposta firme do governo

Além das entidades do setor produtivo, parlamentares também reagiram com indignação à decisão do presidente

Donald Trump. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a taxação de 50% como um ataque direto não apenas à economia, mas às instituições e à soberania brasileira. “Temos um ataque econômico, mas também um ataque às instituições, à democracia, ao Supremo Tribunal Federal. Por isso, temos certeza de que o governo tomará uma medida à altura. Isso vai além da economia: é a defesa das instituições e da soberania nacional”, afirmou o deputado.

A justificativa apresentada por Trump para a medida inclui menções ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, e às ações do Judiciário brasileiro contra apoiadores do ex-presidente que residem nos EUA. A menção gerou reações contundentes entre parlamentares do campo progressista.

Lindbergh reforçou que haverá articulação política com o governo federal. “Estamos dialogando com o Itamaraty e com o governo. Com certeza haverá uma resposta firme do Executivo e também uma reação no campo legislativo”, expôs.

Foto: Divulgação

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) criticou colegas de direita que demonstraram apoio à medida de Trump. “Agora é o momento de saber quem é patriota e quem não é. É hora de ver quem defende o povo brasileiro e quem é lambe-botas dos Estados Unidos”, declarou.

Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defendeu o uso de instrumentos legais para revidar as tarifas unilaterais impostas por Washington. “O governo tem autonomia para utilizar medidas de reciprocidade. E acredito que o Supremo Tribunal Federal não irá recuar diante das ameaças”, afirmou, cobrando responsabilização política de parlamentares alinhados com Trump. “Eduardo Bolsonaro tem trabalhado contra o povo brasileiro. Precisamos apontar a responsabilidade desse campo político que tem correspondência direta nos EUA.”

No mesmo tom, o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) anunciou que apresentará uma moção de repúdio no Congresso contra a taxação. “É absurdo. Estão nos tratando como sabujos dos americanos. O parlamento precisa se posicionar de forma altiva e dizer não a essa taxação. Temos que levantar a voz e dizer: não ao Trump!”, disse, indignado.

STF avança em julgamento sobre tentativa de golpe

O pano de fundo da crise também está ligado ao avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do que ficou conhecido como núcleo central da tentativa de golpe de Estado.

A ação penal nº 2.668 entrou na fase de alegações finais a partir de despacho do ministro Alexandre de Moraes, publicado em 27 de junho. A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem 15 dias, contados a partir da intimação, para apresentar sua manifestação final sobre o caso. O mesmo prazo será concedido ao delator Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e, em seguida, às defesas dos outros sete réus, incluindo o próprio ex-presidente.

Todos os oito foram denunciados pelo procurador-geral Paulo Gonet por cinco crimes graves: organização criminosa armada, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. As penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.

A ação será julgada pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Fonte: O Presente Rural com Agência Brasil

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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