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Entender fisiologia do parto normal facilita intervenções do trabalhador

Conhecimento é necessário para que não haja interferência desnecessária durante situação normal

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Artigo escrito por William Costa, médico veterinário e gerente Técnico Nacional da Ceva

O entendimento do processo do nascimento dos leitões e dos mecanismos que controlam o parto permitem que anormalidades sejam reconhecidas e a necessidade de intervenções avaliada com exatidão. Esse conhecimento é necessário para que não haja interferência desnecessária durante situação normal, mas deve também servir para controlar o momento da parição para que colaboradores estejam presentes e, assim, estejam preparados para realizar as intervenções necessárias de modo a reduzir as perdas de leitões por natimortalidade.

O parto normal exige a interrupção de mecanismos que mantêm a gestação, a ativa preparação dos conceptos e da mãe para a abertura do canal do parto e para as contrações que irão expulsar os fetos. Esta expulsão dos fetos requer a sincronização das contrações uterinas com as contrações da parede abdominal, atividade muscular que é precedida de mudanças estruturais do tecido conjuntivo dos ligamentos pélvicos, cérvix, vagina e útero, associadas principalmente à ação do hormônio relaxina.

O parto é desencadeado pelos fetos e é completado por uma complexa interação de fatores endócrinos, nervosos e mecânicos e é dependente basicamente de dois processos mecânicos: a contração do útero e a dilatação da cérvix em grau suficiente para permitir a passagem dos fetos. Durante a gestação, as contrações do miométrio possuem amplitude e frequência baixas, de modo a facilitar o crescimento dos fetos, sem transtornos. Durante o trabalho de parto essas contrações são substituídas por outras mais vigorosas e mais frequentes.

A maturação dos fetos leva à ativação do seu eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o que é essencial para o desencadeamento do parto. Após estímulo hipotalâmico, a hipófise anterior do feto libera hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que, por sua vez, estimula a produção de corticosteroides pela adrenal fetal. O aumento de corticosteroides fetais inicia uma cascata de eventos endócrinos no organismo materno, representada principalmente por declínio da progesterona, aumento do estrógeno e liberação de PGF2α, eventos que culminam com as contrações uterinas e expulsão dos leitões.

A preparação para o parto inicia 10 a 14 dias antes da data prevista, com o desenvolvimento da glândula mamária e edema da vulva como sinais mais evidentes nesta fase. Há aumento de volume do úbere, na última semana de gestação, de modo que as glândulas ficam individualmente delineadas. Quando faltam de 6 a 48 horas para o início da expulsão do primeiro leitão, há secreção de colostro na glândula e com massagem suave é possível extrair a secreção. Quando a secreção láctea torna-se facilmente disponível, sendo obtida em jatos, o parto pode ser esperado entre 6 a 8 horas.

Nas 24 horas que precedem o parto, há mudanças comportamentais da fêmea que aumentam o estado de alerta, manifesto pela agitação e o fato de levantar e deitar com frequência. A fêmea reduz o apetite e as tentativas de defecar ou urinar são mais frequentes. Geralmente, estes sinais podem ser expressos por remexer ou mastigar, morder barras ou outros objetos que estejam na baia ou gaiola. Suspeita-se que estes sinais estejam associados com o início das dores do parto, mas há evidências de que este comportamento já inicia antes da atividade uterina intensa. Finalmente, há um período de relativa aquiescência, 1 a 2 horas antes do parto, quando a porca se acalma, se deita e começa a esticar e encolher os membros posteriores, em direção ao abdômen.

Ocorre edema e hiperemia da vulva, 1 a 7 dias antes do parto. Uma pequena porção de fluído contendo sangue pode ser liberada 1-2 horas antes do início da fase de expulsão.

Durante a fase de dilatação, as contrações são dolorosas e causam agitação, com sinais de desconforto abdominal. A abertura cervical para a passagem do feto ocorre em função do aumento de pressão intrauterina e pelo fato de ter sofrido a ação da relaxina e estradiol, que aumentam o edema e elasticidade dos tecidos. À medida que o feto progride em direção à cérvix, há ruptura do alanto-córion com liberação de um fluído semelhante à urina que marca o final da fase de dilatação, cuja duração varia de 2 a 12 horas.

As contrações uterinas são mais frequentes durante a expulsão dos fetos, quando a concentração de ocitocina está no seu máximo. A ocitocina liberada na circulação sistêmica atua nas contrações do miométrio, iniciadas pelo estradiol e prostaglandina. Quanto mais aumenta a pressão na região cervical, maior é a liberação de ocitocina e mais intensas são as contrações.

No canal do parto, o feto entra em hipóxia, a qual promove movimentos fetais que, por sua vez, estimulam ainda mais as contrações miometriais. Este feedback positivo cria as condições para que o tempo de expulsão seja reduzido, pois um aumento na força de contração se segue aos movimentos fetais. Desta maneira, o próprio feto estaria controlando a sua saída do útero. As fortes contrações do útero associadas às contrações dos músculos abdominais são fundamentais para a expulsão dos fetos.

Após o nascimento do último leitão, o comportamento da fêmea muda, ela relaxa, e começa a demonstrar interesse pelos leitões. As placentas de fetos estão, usualmente, fusionadas e, com frequência, são expelidas como uma ou mais massas intercaladas com o nascimento dos leitões. A liberação das placentas termina em alguns minutos a 12 horas após o final da expulsão dos fetos.

Tempo do parto e natimortalidade

Durante o parto alguns problemas podem ocorrer, como por exemplo, um parto muito extenso pode levar a ocorrência de natimortos. A duração do parto, estabelecida como o intervalo entre o nascimento do primeiro e último leitão, pode ser variável, com relatos de duração desde 30 minutos até mais de 16 horas. A despeito da grande variação, diversos autores relatam que a maioria das fêmeas expulsa seus leitões em 1 a 4 horas, 1 a 5 horas, 3 a 4 horas, 2 a 5 horas, 3 a 8 horas, com média em torno de 2,5 a 3 horas.

Um estudo desenvolvido para avaliar a performance de fêmeas durante o trabalho de parto analisou 211 partos de matrizes de cinco raças, e a duração média do parto foi de 166 minutos, variando entre 26 e 505 minutos. Outros estudos revelaram que fêmeas com maiores ordem de parto, número de nascidos totais e natimortos apresentaram partos mais longos (maior que 3 horas) em comparação com as fêmeas mais jovens, com menos nascidos e sem natimortos. O número e percentual de natimortos intraparto foram maiores nas fêmeas com partos mais longos, indicando que o maior tempo de permanência dos leitões no útero, após o início do trabalho do parto, está provavelmente associado com maior ocorrência de asfixia e consequente morte dos leitões.

Outros fatores importantes, como a ansiedade, o estresse e o medo, podem tornar o trabalho de parto mais longo e doloroso pela diminuição na contratilidade do útero induzida pela liberação de epinefrina. Ao se avaliar quais fatores poderiam levar à prolongação do tempo de parto, a transferência de fêmeas em trabalho de parto ou pouco tempo antes disso, de baias com espaço para as gaiolas, levaram a conclusão de que dependendo do momento e tipo de estresse, a liberação de ocitocina pode ser prejudicada.

É comum o cordão umbilical estar intacto ao nascimento, mas pode se romper antes devido aos movimentos do leitão e da mãe. Estudos revelam que pode haver uma associação da ruptura precoce do cordão umbilical com a ocorrência de natimortalidade, de modo que 94% de 63 natimortos classificados com morte intraparto estavam com cordão umbilical rompido ao nascimento. A aplicação de ocitocina após o nascimento do primeiro leitão resultou em redução do intervalo entre o nascimento dos leitões, redução na duração do parto, mas aumentou o número de natimortos intraparto, principalmente por aumento na ruptura do cordão umbilical.

Ferramentas disponíveis

O parto é uma fase crítica do processo de produção, e a natimortalidade é ainda um dos principais problemas enfrentados, em especial com a elevação da prolificidade das matrizes. Porém, essas perdas podem ser reduzidas com acompanhamento do parto e assistência aos leitões nos primeiros momentos de vida.

Para melhorar a assistência ao parto e facilitar o manejo na maternidade, a indução de partos através do uso de drogas, como as prostaglandinas (PGF2α), é uma opção. Desta forma, os partos são concentrados durante o dia, possibilitando a melhor utilização da mão de obra e também facilitando o processo de uniformização dos leitões.

A aplicação de PGF2 ou de seus análogos sintéticos é eficaz. O uso isolado de cloprostenol resultou em aproximadamente 40% dos partos com início até 24 horas após a indução e o uso de ocitocina ou carbetocina, 24 horas após a aplicação de cloprostenol, resultou em maior concentração dos partos com início do parto até 26 a 28 horas após indução. No caso do uso da carbetocina, estudos indicam que 100% dos partos ocorreram neste período, comprovando a eficiência da combinação de cloprostenol com ocitócitos de longa duração na indução e concentração dos partos.

Os partos concentrados e menos prolongados permitem um trabalho mais eficaz na maternidade. Experimentos realizados com a carbetocina demonstram que a duração do parto foi menor do que nos demais tratamentos com ocitocina. A carbetocina exerce sua ação por um período prolongado de tempo, com uma duração de efeito de cerca de duas horas, proporcionando intervalos mais uniformes entre o nascimento dos leitões e a consequente redução na duração do parto. Foi observado também que o uso de carbetocina diminui o tempo de parto, em comparação aos partos não induzidos, aos induzidos somente com cloprostenol e aos induzidos com cloprostenol somado à ocitocina.

Segundo estudos científicos, o uso de ocitocinas, mesmo em doses recomendadas, representa um risco para o aumento da natimortalidade, devido à intensidade de suas contrações na musculatura uterina, que podem causar pressão sobre o cordão umbilical, diminuindo o fluxo sanguíneo e a quantidade de oxigênio para o leitão, levando a morte por asfixia. As doses elevadas de ocitocina resultaram em maior percentual de intervenção obstétrica manual, o que confirma os riscos de complicações durante o parto com o uso de ocitocina, contribuindo para o aumento da natimortalidade. Entretanto, autores encontraram que o uso de  carbetocina resultou em partos de duração mais curta  (118-140 min.) em comparação com ocitocina (180 min.) sem significativa elevação na taxa de natimortos.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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