Suínos Suinocultura
Entendendo o bê-á-bá da energia intestinal e seu impacto positivo no pós-desmame
Desmame continua sendo um manejo de muito estresse para o leitão, principalmente em cenários em que é feito em idade para buscar o maior número de leitões desmamados

Artigo escrito por Mara Costa, médica veterinária e gerente de Serviços Técnicos da Kemin na América do Sul
Na busca por rentabilidade na suinocultura, o maior número de leitões desmamados/fêmea/ano é um parâmetro atual e que merece atenção. A genética contribui com a hiperprolificidade, a nutrição promove suporte à matriz na fase de lactação e atualmente existem ferramentas que promovem a saúde do leitão na fase de maternidade. Entretanto, o desmame continua sendo um manejo de muito estresse para o leitão, principalmente em cenários em que o desmame é feito em idade para se buscar o maior número de leitões desmamados.
Como é bem conhecido, o desmame envolve diversos fatores estressantes como: separação da mãe, mudança de ambiente, substituição do leite materno por ração com altos níveis nutricionais, mistura de leitegadas e outros. É possível amenizar algumas dessas fontes de estresses, entretanto, o dano do desmame no leitão continua sendo um desafio por ser uma categoria que apresenta os sistemas digestivo e imune ainda em desenvolvimento.
No pós-desmame, o efeito imediato do estresse é a redução no consumo, resultando baixo desempenho, que pode comprometer o resultado da fase de creche. O baixo consumo pode acarretar a inflamação intestinal com consequente destruição das microvilosidades, o que contribui para a diarreia pós-desmame. O intestino e sua mucosa perdem de 20 a 30% do seu peso relativo durante os primeiros dois dias após o desmame, e a completa recuperação leva de 5 a 10 dias.
A recuperação rápida do intestino é fundamental para a saúde e performance futura do animal, pois, esta é a primeira barreira de defesa contra patógenos e responsável, também, pela absorção dos nutrientes. Para dar suporte para a proliferação celular das criptas intestinais e as taxas de migração celular é necessária energia disponível durante o período de pós-desmame.
Ácido butírico, fonte de energia para células. Encapsulamento, o sucesso para o resultado
O ácido butírico, ácido graxo de cadeia curta, é fonte de energia para as células, fonte que é convertida em 45% mais energia que a glicose. Ao ser absorvido pelo enterócito, 95% é rapidamente metabolizado para ser fonte de energia celular. Essas características fazem do ácido butírico uma excelente ferramenta para rápida proliferação celular e melhor desenvolvimento do epitélio intestinal. Essa ação leva a uma melhoria na saúde intestinal e animal.
Entretanto, para ser utilizado na alimentação animal, é necessário o seu tamponamento feito com cálcio, preferencialmente. Ao ser transformado em butirato de cálcio, o ácido butírico se torna menos reativo, menos volátil e com odor reduzido, facilitando o manejo e o armazenamento.
Fontes de butirato na forma livre (sem encapsulamento) ou com encapsulamento que promove liberação rápida permitem fácil absorção pela mucosa da parte inicial do trato intestinal, tornando-o indisponível para o restante do intestino, onde ocorre a maior parte da absorção de nutrientes. A tecnologia de encapsulamento é essencial para a liberação do ativo nas porções adequadas do intestino, otimizando a ação do produto em todo intestino.
Além de diferenciar o modo de ação e eficiência, o tamponamento e a tecnologia de encapsulamento permitem a manipulação do ácido butírico na fábrica de ração. Com isso, ao optar por um ácido butírico é importante avaliar a fonte de butirato e escolher uma que permita a sua liberação lenta ao longo de todo o trato intestinal, e assim, promover saúde e funcionamento do sistema digestivo.
Investimento é no pós-desmame, mas o resultado é na fase de creche
Um butirato de cálcio encapsulado de liberação lenta foi avaliado na fase de creche. O produto foi fornecido nas rações das três primeiras fases (período de 21 dias). Com o objetivo de fornecer energia para rápida recuperação intestinal, principalmente no pós-desmame (período de 7 dias).
Foi verificada ação na recuperação intestinal, com maior e rápido consumo de ração (p<0,05), melhorando a performance (p<0,01) e eficiência alimentar (p<0,05) na fase Pré-Inicial 1, gráfico 1, 2 e 3, respectivamente.


As ações sobre o ganho diário de peso (p<0,05) e consumo diário de ração (p<0,05) podem ser observados na fase seguinte, fase Pré Inicial 2.
O investimento na fase pré inicial, fase com menor consumo de ração, tem grande efeito na performance no final da fase. O uso do produto nas fases iniciais promoveu melhor ganho diário de peso (p<0,07) e melhor conversão alimentar (p<0,08) ao avaliar o período de creche total, promovendo o ganho de 800 g adicionais no peso final dos animais do Grupo Buti (Gráfico 4).

O desmame é um manejo crítico para os leitões com efeitos imediatos na redução do consumo e baixa performance, levando ao dano intestinal. A recuperação do sistema digestivo depende fortemente da disponibilidade de energia para os enterócitos. O ácido butírico é uma potente fonte de energia para as células do epitélio intestinal, entretanto, sua fonte deve ser tamponada e encapsulada de modo que permita liberação lenta para ação em todo sistema digestivo.
O uso dessa tecnologia na dieta de leitões no período pós-desmame promove a recuperação do trato gastrointestinal com consequência positiva nos dados de desempenho nas primeiras semanas de creche e efeito positivo no período total de creche com maior ganho de peso.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2020 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



