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Suínos / Peixes

Entendendo as diferentes tecnologias dos butiratos: ácido butírico, tributirina e monobutirina

Pensando nas constantes exigências dos mercados consumidores e no aumento das restrições ao uso de antibióticos promotores de crescimento, tecnologias como a dos glicerídeos de ácido orgânico são uma opção viável e comprovada na busca da melhora dos resultados de desempenho e de proteção contra os inúmeros desafios sanitários presentes.

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Foto: Shutterstock

A agropecuária é umas das áreas onde as tecnologias andam a passos largos, fruto da necessidade da melhora constante na produtividade e na eficiência frente ao cenário de custos crescentes. Os aditivos para alimentação animal acompanham esta evolução e, no segmento dos acidificantes, várias moléculas e diferentes composições têm sido disponibilizadas ao mercado com objetivo de aumentar o desempenho e melhorar a saúde dos animais, de forma mais eficiente e otimizada.

Pensando no modo de ação, o objetivo continua sendo fornecer uma molécula que possa agir criando um ambiente desfavorável para crescimento de bactérias patógenas, favorecendo a modulação da microbiota benéfica e ao mesmo tempo proporcionando melhora na ação das enzimas digestivas e na digestibilidade dos nutrientes.

Entre os ácidos, o ácido butírico possui uma ação específica de estimular o crescimento e desenvolvimento das células epiteliais, responsáveis pela absorção dos nutrientes, pois é utilizada como fonte de energia rápida e prontamente disponível para os enterócitos, favorecendo sua multiplicação e/ou recuperação. Assim, disponibilizar quantidades maiores de ácido butírico a partir do intestino tem efeito direto sobre melhora na digestibilidade e aumento na absorção dos nutrientes, com reflexos positivos sobre o aumento no ganho de peso e melhora na conversão alimentar.

Como estratégia de uso, podemos citar os ácidos orgânicos livres, que têm sua ação mais na porção inicial do sistema digestivo (estômago) e, portanto, têm objetivo direto de reduzir o pH do meio. Normalmente exigem altas inclusões para que possam ser eficientes no objetivo de atuar reduzindo o pH do meio. Já para que os ácidos possam ter atuação a partir do intestino, e não sejam “consumidos” todos no estômago dos animais, exige-se que se faça uma “proteção” ou “encapsulamento” aos ácidos, o que normalmente ocorre com uma proteção feita a base de lipídios, possibilitando que os ácidos passem protegidos pelo estômago e possam então ser liberados a partir do intestino proximal. Produtos que usam esta tecnologia, no entanto, costumam ser menos concentrados em termos de quantidade de princípio ativo e podem exigir inclusões maiores para total benefício do produto.

Tecnologia dos glicerídeos

A tecnologia dos glicerídeos, por sua vez, como os mono, di e triglicerídeos de ácido butírico e a tributirina, permite que os ácidos sejam ligados à molécula de glicerol de forma estável, termoresistente e sem cheiro, através de ligações covalentes, que não sofrem influência do pH e, portanto, não são solubilizadas no pH ácido estomacal. Isso permite sua passagem “segura e protegida” pelo estômago, para que então, possa ser disponibilizada a partir dos intestinos, onde atuam como fonte de energia e no controle da microbiota.

Os α-mono glicerídeos como a α-monobutirina e a α-monolaurina vão além, não sofrem a hidrolise enzimática devido a uma mudança estrutural e, por serem molécula “pequenas”, são absorvidas diretamente pelas células, sendo por isso, consideradas mais eficientes na sua atividade antimicrobiana quando comparada a outros ácidos.

Pensando no crescimento dos animais nas fases iniciais, por seu forte estímulo na multiplicação e desenvolvimento dos enterócitos e vilosidades, a tributirina, uma fonte de ácido butírico de alta concentração ligada ao glicerol, e por isso, estável ao pH, tem sido utilizado como uma tecnologia importante para potencializar o desempenho dos animais e aumentar a eficiência de produção, uma vez que, quanto maior a concentração de ácido butírico disponibilizado no duodeno e jejuno, maior será o efeito sobre o crescimento/desenvolvimento destas células.

Já a monobutirina, que não sofre a ação das lipases presentes e é absorvida diretamente pelas células dos enterócitos e pelas bactérias (neste caso, efeito antimicrobiano), consegue estar presente e ser atuante ao longo de todo o trato intestinal, e por isso mesmo, pode ser utilizada como uma estratégia para as fases de crescimento e final, fases estas com maior pressão sanitária e contaminação, atuando com seu “promotor” e beneficiando também a recuperação das vilosidades frente aos processos inflamatórios presentes na mucosa. Vários trabalhos descritos na literatura mostram efeito positivo da monobutirina sobre o desempenho e na recuperação de animais criações em condições com alto desafio para infecções intestinais.

Ainda, as novas regras de registro de aditivos para nutrição animal ditadas pelo Ministério da Agricultura em vigor exigem mais clareza na composição e princípio ativo presentes, bem como testes de eficácia e estabilidade, que garantem a eficiência dos produtos. Agora fica mais fácil a comparação entre os diferentes produtos disponíveis no mercado, onde o cliente deve estar atento a real concentração de cada produto, seja pelo percentual de tributirina como de mono, di e triglicerídeos de ácido butírico, e cada uma destas frações, se quiser extrair o máximo benefício destas tecnologias.

Assim, conhecendo as tecnologias e as diferentes ofertas de aditivos acidificantes disponíveis, muitas delas complementares no objetivo de melhorar o desempenho dos animais e reduzir a pressão de infecção por bactérias patógenas, vemos que os glicerídeos de ácido butírico podem ser uma ferramenta importante nas condições comerciais de produção.

Pensando ainda nas constantes exigências dos mercados consumidores e no aumento das restrições ao uso de antibióticos promotores de crescimento, tecnologias como a dos glicerídeos de ácido orgânico são uma opção viável e comprovada na busca da melhora dos resultados de desempenho e de proteção contra os inúmeros desafios sanitários presentes.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: silvano.bunzen@feedis.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes. Boa leitura!

Fonte: Por Silvano Bünzen, zootecnista, doutor em Nutrição de aves e suínos e gerente técnico da Feedis.

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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