Suínos
Entenda porque os aditivos podem beneficiar a sustentabilidade da suinocultura
Existem muitas tecnologias que se complementam e que estão disponíveis no mercado e ajudam a tornar a atividade suinícola uma prática mais sustentável.

O grande objetivo do suinocultor é produzir carne de qualidade para alimentar as pessoas. Como todas as atividades agropecuárias, a suinocultura não é exceção e, inevitavelmente, gera resíduos que têm repercussão ambiental, como poluição a nível de solo, de ar e as vezes na geração de gases que podem comprometer o efeito estufa, piorando esse cenário. Porém, o mercado da suinocultura caminha para uma quebra de paradigmas e diz que é possível melhorar este cenário, implantando técnicas de sustentabilidade que ajudam a minimizar os efeitos negativos e potencializar a produção deste importante produto.

Médico-veterinário, doutor e professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), na área de Produção e Nutrição de Suínos, Caio Abércio da Silva – Foto: Arquivo Pessoal
Conforme o médico-veterinário e professor associado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), na área de Produção e Nutrição de Suínos, doutor Caio Abércio da Silva, aqueles que trabalham com suinocultura precisam reconhecer que os aspectos finais não desejáveis desta cultura podem ser reduzidos e transformados. “Nesse sentido, os esforços para a minimização destes aspectos transformam a suinocultura numa atividade mais ou menos sustentável de acordo com a intensidade com que a promoção deste estado de redução de componentes não desejáveis seja contemplado”, opina.
É certo que a produção de carne caminha para novos padrões, incluindo a necessidade de fomentar a sustentabilidade, bem como a importância de buscar a melhor nutrição animal possível, para que gere resultados positivos para o produtor e toda a comunidade. “Podemos afirmar que muitas demandas estão sendo feitas para aprimorar, cada vez mais, a nutrição animal, para que ela alcance resultados e metas mais sustentáveis. A utilização eficaz de aditivos na dieta de suínos, quando bem administrados, pode promover bem-estar e sustentabilidade ambiental”, informa.
De acordo com o professor, existem muitas tecnologias que se complementam e que estão disponíveis no mercado e ajudam a tornar a suinocultura uma prática mais sustentável. Uma base bastante importante é o melhoramento genética, que sob um processo de contínuo de investimento, busca colocar no mercado animais mais eficientes. “Para que a suinocultura obtenha sucesso é preciso que os animais consigam transformam o alimento que eles ingerem em um produto de qualidade, como a carne. Esse aspecto é determinante, entretanto, ele precisa ser sustentado pela nutrição. Para isso é necessário ter um conhecimento sólido das reais demandas nutricionais dos animais. Quando se tem uma boa fidelização desta oferta para atendimento das necessidades, o processo de produção torna-se mais eficiente e sustentável”, afirma.
Outro aspecto importante são os aditivos que são incorporados nas dietas. “É importante frisar que temos dois tipos de aditivos, aqueles que não têm caráter nutricional direto, mas podem melhorar aspectos de sustentabilidade, pois têm a capacidade de promover um estado de qualidade da microbiota intestinal, e aqueles que são caracterizados como nutricionais, que favorecem ações enzimáticas e até mesmo rompendo ligações químicas de produtos orgânicos que são ingeridos pelos animais, como proteínas, carboidratos, lipídios e minerais que estão ligados a outras moléculas”, explica.
As dietas bem ajustadas podem contribuir muito para melhorar a sustentabilidade das granjas de suínos. Isso porque os suinocultores contam hoje como uma base genética claramente conhecida e que traz demandas nutricionais distintas, na medida em que a idade desses animais avança. “É imprescindível que aqueles que trabalham com suínos tenham conhecimento das exigências nutricionais dos animais, sabendo diferenciar as particularidades de cada fase da vida do animal, proporcionando uma dieta equilibrada e eficiente”, expõe.
Segundo o médico-veterinário, por meio da oferta de dietas específicas e bem identificadas com as necessidades nutricionais dos animais é possível melhorar a eficiência do plantel. “No entanto, não basta simplesmente aderir as prerrogativas de uma demanda nutricional ajustada com as genéticas que utilizamos, mas também fazer uso de dietas que permitam que o animal aproveite esses nutrientes. Ou seja, quanto mais próximo for a fidelização, quanto menor for a sobra de eventuais componentes que se perdem, via gases produzidos pelos animais, via fezes, estaremos melhorando a sustentabilidade da suinocultura e tendo uma produção mais eficiente”, pontua.
Principais aditivos
É preciso reconhecer que os aditivos possuem dois caráteres: os nutricionais e os não nutricionais, sendo que essas duas classes visam melhorar, naturalmente, a sustentabilidade. Os não nutricionais, em geral, têm efeitos indiretos e envolvem basicamente a determinação de um estado de saúde melhor para o animal e que neste caso têm o foco maior na saúde intestinal. “Neste viés destacamos os probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos os polifenóis, e os taninos, que de uma maneira bastante efetiva promovem mudanças na microbiota intestinal, a favor de uma microbiota benéfica e que age sobre o substrato do alimento que o animal ingere, melhorando sua digestibilidade, produzindo outros ácidos que melhoram os processos absortivos, além de beneficiar o estado de renovação do trato gastrointestinal. Todo este conjunto transforma o alimento ingerido em um alimento melhor digerido, que será melhor aproveitado”, informa.
Já os aditivos nutricionais agem, basicamente, em substratos específicos e fazem com que esse substrato seja melhor disponibilizado para que o animal consiga aproveitar os nutrientes dietéticos. “Neste caso existem várias enzimas, cada uma tem uma especificidade e pode melhorar a absorção de fósforo, de uma fibra, bem como aprimorar a absorção dos carboidratos, proteínas e lipídios. E em geral são muito eficientes e têm respondido muito bem, correspondendo a uma classe de aditivos muito importante e utilizada comercialmente”, explica.
Entre os principais aditivos utilizados nas dietas da suinocultura atual e que promovem mais sustentabilidade ambiental estão as enzimas e os minerais quelatados ou orgânicos (quando superam o atendimento das necessidades nutricionais e têm outros fins, os minerais nesta condição podem ser considerados “aditivos”), pois, em geral, esses últimos são muito bem absorvidos e, desta forma, muito bem aproveitados pelos animais.
Caio Abércio explica que os aditivos agem de forma bastante peculiar. “As enzimas são substratos dependentes, o que significa que elas atuam especificamente sobre um determinado substrato – ou seja, um nutriente. Por exemplo, a fitase age sobre o fitato, a carboidrase sobre o carboidrato, etc. Desta forma, nessa ação ela oportuniza a liberação de nutrientes que num estado anterior à ação enzimática mostram-se menos sujeitos ao processo digestivo completo ou mais completo por conta da insuficiência ou inexistência de enzimas endógenas (aquelas produzidas pelos animais). Então ela colabora ampliando essa ação que muitas vezes não é executada ou é parcialmente executada pelo suíno. E assim ela amplia a oportunidade destes nutrientes serem melhores absorvidos, o que é fundamental para uma produção mais eficiente”, evidencia.
“No caso dos aditivos já relatados, como os minerais, essa veiculação com a molécula orgânica, em geral, facilita processos absortivos, diferente de alguns minerais inorgânicos e, nesse sentido, os tecidos acabam tendo uma reserva maior no sistema orgânico, que passa a ter uma maior presença destes minerais e que tem naturalmente uma função específica nas vias metabólicas, nas demandas que o organismo exige. Os probióticos e prebióticos são utilizados para melhorar o estabelecimento modular de uma flora benéfica em detrimento de uma flora patogênica em nível intestinal. Isso coloca o intestino num platô diferente em que essa bactérias melhoram o estado de conservação do intestino, pois elas competem com as bactérias patogênicas por substratos que passam a ser utilizados eficientemente e não para fins de produção de toxinas, pois isso ocorreria se fossem utilizados estes substratos pelas bactérias patogênicas. Com isso, esse estado todo de saúde permite que o intestino tenha um melhor processo digestivo, melhorando a técnica de absorção dos nutrientes”, expõe.

Foto: Shutterstock
Já os polifenóis e os taninos também cumprem um papel direto antimicrobiano, pois eles inviabilizam bactérias patogênicas de se estabelecer no trato digestório. “Eles também possuem outro importante benefício que é a ação anti-inflamatória, reduzindo os danos do estresse oxidativo, principalmente quando os animais passam por grandes mudanças, como o desmame ou uma transferência para uma nova instalação”, reflete.
Otimizar a disponibilidade de nutrientes
É claro que produzir uma carne de excelência tem muito a ver com a disponibilidade de bons nutrientes aos animais. Com relação a isso o pesquisador evidenciou a importância de otimizar a disponibilidade de nutrientes aos animais. “É preciso oferecer dietas com ingredientes que possam ser bem digeridos, absorvidos e metabolizados, para que se alcance a meta desejada, que naturalmente deve ser: aumento de ganho de peso, deposição de músculo, boa produção de leitões e assim por diante”, enumera.
O doutor professor da UEL salienta ainda que o maior cuidado não deve ser apenas com a disponibilização. “A princípio, quanto maior o consumo de ração melhor, pois o ganho é em tese aumentado. Entretanto, é preciso ficar atento com a qualidade da ração que estamos entregando aos nossos suínos, pois o alimento precisa ser balanceado e não deve entregar mais nutrientes do que o animal exige, porque havendo um excesso de nutritivos isso não será utilizado pelo animal, pois existe um limite genético para aproveitar o alimento. Ou seja, tudo o que não for necessário ele vai jogar fora. Desta forma, o excesso na alimentação acaba sendo um desperdício, e desta maneira, há um maior impacto ambiental negativo. Nesse caso, a sustentabilidade ambiental estará sendo piorada, pois estamos ampliando o poder poluente desse processo”, destaca.
Riscos da adição de aditivos
É preciso difundir a informação de que quando os aditivos são administrados conforme as prerrogativas e orientações técnicas comerciais, eles não possuem nenhum viés negativo, pois são produtos bastante seguros e não têm efeitos negativos. “Por outro lado, é preciso ter conhecimento, pois, por exemplo, sob a administração de um mineral orgânico de forma excedente à dose recomendada, este mineral pode apresentar toxicidade, bem como pode interagir com outros minerais, levando um prejuízo na absorção destes. “A utilização de forma equivocada também pode gerar alterações gastrointestinais, sem contar no desperdício financeiro, pois os aditivos acabam elevando os custos das dietas. Por isso é imprescindível ficar atento às limitações técnicas e comerciais de uso, pois isso é muito importante de ser seguido”, afirma.
Novas fronteiras da nutrição animal
Ainda de acordo com o professor, existe uma perseguição implacável para transformar a suinocultura, como todas as outras cadeias de produção de proteína animal, em atividades mais sustentáveis. “Nós vivemos hoje mudanças recentes ligadas à redução de alguns aditivos que têm poder de impacto ambiental bastante grande, chamo a atenção para o óxido de zinco, que na Europa teve seu banimento como um aditivo controlador das diarreias em leitões, definida recentemente. A China caminha para isso também e é uma mobilização em nível mundial”, pontua.
Por outro lado, o professor reflete que o mais importante é buscar a melhor forma de os animais ingerirem efetivamente aquilo que eles precisam para cumprir as suas finalidades: como produzir carne, ovos, leite, entre outros. “E isso eu acredito que passa por um tema bem interessante, que já chegou no Brasil e está sendo implantado que é a nutrição de precisão, pois ela avança e tem uma expectativa bastante otimista que vai ser determinante neste processo de sustentabilidade, pois acredito que chegaremos a usar dietas que se ajustam individualmente e diariamente às necessidades de cada animal, de acordo com seu peso, seu perfil produtivo e sua finalidade. Vivemos épocas de mudanças gigantescas, mas precisamos reconhecer que já avançamos muito na redução da emissão de poluentes e que vamos continuar aprimorando isso”, sintetiza.
Metas da suinocultura
É impossível falar de metas na suinocultura e não pontuar a importância de práticas sustentáveis. “Reconhecer que a nossa atividade tem um caráter poluidor é fundamental. Isso não é exclusivo apenas da suinocultura. Nesse sentido, as nossas metas devem estar atreladas à redução dos efeitos poluentes, buscando melhor eficácia e menor poluição. Nosso esforço deve ser conjunto, primando por uma genética de qualidade, rações que atendam às necessidades nutricionais, bem como a capacidade destas rações serem o mais possível digeridas. Essas são metas que precisamos correr atrás para minimizar os efeitos negativos e tornar a suinocultura cada vez mais sustentável”, arremata o professor.
“Reconhecer que a nossa atividade tem um caráter poluidor é fundamental …. Nosso esforço deve ser conjunto, primando por uma genética de qualidade, rações que atendam às necessidades nutricionais, bem como a capacidade destas rações serem o mais possível digeridas. Essas são metas que precisamos correr atrás para minimizar os efeitos negativos e tornar a suinocultura cada vez mais sustentável”.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

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Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



