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Entenda como árabes podem suprir lacuna da Rússia em fertilizantes

Estudo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostra quais países árabes poderiam vender ao Brasil tipos de adubos que os russos exportam. Instituição apresentou análise ao governo para ajudar a resolver crise do setor.

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Fotos; Divulgação/Arquivo OP Rural

Egito, Líbano, Marrocos, Tunísia, Jordânia, Omã, Emirados Árabes e Arábia Saudita são países árabes que poderiam exportar para o Brasil alguns dos fertilizantes que o país compra da Rússia. O dado faz parte do estudo “Oportunidades para importações brasileiras dos Países Árabes no setor de fertilizantes”, que foi elaborado pelo Departamento de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e apresentado para a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil, Tereza Cristina, na última semana.

Segundo o levantamento, nitrato de amônio poderia ser fornecido pelo Egito, misturas de nitrato de amônio com carbonato de cálcio ou com matérias inorgânicas pelo Líbano, sulfato de amônio por Egito e Marrocos, fertilizantes contendo nitrato e fosfato por Tunísia e Jordânia, fertilizantes contendo fósforo e potássio por Omã e Emirados, misturas de ureia com nitrato de amônio em solução aquosa ou amoniacal por Omã, Arábia Saudita e Emirados, sais duplos e misturas de nitratos de cálcio e amônio por Jordânia e Emirados, e nitrato de sódio por Emirados. Todos esses produtos o Brasil compra dos russos, mas não dos árabes, que são, no entanto, fornecedores na área.

Brasil importa da Rússia ao ano US$ 377 milhões em nitrato de amônio, US$ 16,9 milhões em misturas de nitrato de amônio e US$ 16,8 milhões em sulfato de amônio – Foto: Cláudio Neves/Portos do Paraná

Segundo o levantamento, o Brasil importa da Rússia ao ano US$ 377 milhões em nitrato de amônio, US$ 16,9 milhões em misturas de nitrato de amônio e US$ 16,8 milhões em sulfato de amônio. Em nitrato, quase a totalidade vem do mercado russo, mas em misturas de nitrato de amônio, o Brasil importa também de outros fornecedores, somando US$ 122 milhões ao ano, e em sulfato de amônio compra do exterior um total de US$ 634 milhões.

O estudo foi elaborado pela Câmara Árabe para ajudar o Brasil a fazer frente a uma lacuna no fornecimento de fertilizantes em decorrência da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Os russos são fonte importante de adubos para o Brasil, que, por sua vez, é peça-chave no abastecimento mundial de alimentos, inclusive para as nações árabes. O Brasil é o quarto maior exportador mundial no agronegócio, atrás de Estados Unidos, Holanda e Alemanha.

“O Brasil é primordial na garantia da segurança alimentar dos países árabes, sendo o segundo principal fornecedor no agronegócio para os árabes, atrás apenas da Índia. Percebe-se a complementariedade nas relações comerciais do Brasil com essas nações neste setor, levando em consideração que 40% do total importado pelo Brasil dos árabes corresponde a fertilizantes, um produto crucial para o agronegócio brasileiro”, diz texto de abertura da análise, assinado pelo presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, e pelo secretário-geral, Tamer Mansour.

Substituição do fornecimento russo

O diagnóstico apresentado pela Câmara Árabe vai além da substituição do fornecimento russo e sugere que há potencial para importações maiores de fertilizantes pelos países árabes ao Brasil no geral. O Marrocos, que exportou US$ 896 milhões em adubos para o mercado brasileiro em 2020, poderia passar a um valor de US$ 2,48 bilhões, o Omã dos US$ 65 milhões para US$ 1 bilhão, o Egito de US$ 90,7 milhões para US$ 1 bilhão, a Arábia Saudita de US$ 308,5 milhões para US$ 938,7 milhões, e a Jordânia de US$29,9 milhões a US$ 878,8 milhões.

Foto: André Kaze

Os grandes espaços para aumento das exportações de fertilizantes árabes ao Brasil estão em cloreto de potássio, ureia, driidogeno-ortofosfato de amônio, fertilizantes contendo nitrogênio, fósforo e potássio, superfosfatos contendo pentóxido de difosforo P205, pentóxido que não contenha difosforo superfosfatos, hidrogênio-ortofosfato de diamônio, outros fertilizantes minerais ou químicos nitrogenados, outros fertilizantes minerais ou químicos, outros fertilizantes minerais ou químicos potássicos, entre outros. Os nomes citados são os que constam nas NCMs, nomenclatura com as quais os produtos são definidos no Mercosul para comércio exterior.

O levantamento também aponta tipos de fertilizantes que poderiam passar a ser comprados pelo Brasil dos países árabes, mas dos quais ainda não há importações da região. Alguns coincidem com os que o País pode substituir o fornecimento russo. A Câmara Árabe diz que o mercado brasileiro pode passar a comprar dos árabes sulfato de amônio, nitrato de amônio, misturas de nitrato de amônio com carbonato de cálcio ou matérias inorgânicas, fertilizantes em tabletes ou embalagens com peso, sais duplos e misturas de nitrato de cálcio e amônio, entre outros.

Grandes em fertilizantes

Marrocos é produtor de fosfatos – Foto: OCP

Os países árabes, se levados em conta juntos, são o maior fornecedor mundial de fertilizantes, seguidos por Rússia,  China, Canadá e Estados Unidos. As exportações de adubos da região para o mundo cresceram 67% de 2016 para 2020, ficando em US$ 10,4 bilhões, segundo dados do International Trade Centre citados no estudo.

Marrocos, Catar, Arábia Saudita, Egito e Omã respondem por 80% do total exportado em fertilizantes pelos países árabes. A região fornece ao mundo principalmente ureia, hidrogeno-ortofosfato de diamônio, diidrogeno-ortofosfato de amônio, adubos minerais e químicos potássicos e adubos minerais ou químicos contendo nitrogênio e fósforo.

Brasil, gigante a ser abastecido

Com base em dados de mercado, o estudo mostra o Brasil como quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, atrás da China, Índia e Estados Unidos. Em 2021, o Brasil importou US$ 15,16 bilhões em fertilizantes. O consumo anual do País é de 30 milhões de toneladas para uma produção local de apenas sete milhões de toneladas. Isso significa que Brasil importa ao redor de 80% do total que consome nas suas lavouras.

O Brasil é o principal destino das exportações de fertilizantes dos países árabes e os árabes fornecem 26% de tudo o que o Brasil importa na área. Entre 2017 e 2021, as importações brasileiras de fertilizantes do mundo avançaram 107%, enquanto as compras do produto de países árabes cresceram mais, 135%, de US$ 1,79 bilhão para US$ 4,2 bilhões. Juntos, os árabes são o maior fornecedor do Brasil na área. Mas se for levado em conta cada país individualmente, a Rússia é a principal fornecedora.

Os russos exportaram US$ 3,53 bilhões em fertilizantes ao Brasil em 2021. O país fornece ao Brasil principalmente cloreto de potássio, didrogeno-ortofosfato de amônio, ureia, nitrato de amônia e fertilizantes contendo nitrogênio, fósforo e potássio. O maior volume, US$ 1,3 bilhão, é em cloreto de potássio.

O estudo foi enviado pela Câmara Árabe para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Ministério da Agricultura e embaixadas de países árabes no Brasil, e posteriormente, na última quinta-feira (10), apresentado presencialmente em reunião de representantes da Câmara Árabe e das embaixadas com a ministra Tereza Cristina. O tema foi levado em conta no Plano Nacional de Fertilizantes, lançado nesta sexta-feira (11), e terá seguimento.

Fonte: Assessoria ANBA

Colunistas

Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.

O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.

Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.

Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.

Fonte: Por Bruno Sampaio, gestor do Bmg Agro e do Guima Café
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Notícias

A importância da pesquisa agropecuária

A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

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Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta - Foto: Divulgação/MB Comunicação

O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.

Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.

Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.

A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.

A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.

Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade  Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).

As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de  pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.

Fonte: Por Vanir Zanatta, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
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Notícias Atenção produtor rural

Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc

Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.

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Foto: José Fernando Ogura

O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.

De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.

A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.

O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.

A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).

O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).

No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.

A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.

O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.

Fonte: Assessoria Faesc
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IFC

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