Suínos
Entenda como a fibra dietética está inserida no contexto atual
Fica evidente a importância da fibra, mas também fica claro que a cadeia produtiva com todos seus atores (produtores, nutricionistas, consultores etc.) precisa rever seus conceitos e conhecer mais sobre a mesma para poder explorar ao máximo seu potencial, gerando maior lucratividade.

A “fibra”, independente se tratada como um assunto, um termo, um conceito, uma ferramenta, um aditivo ou um produto, faz parte de nossa rotina desde sempre. Mas a mesma vem sendo tratada e usada de formas distintas, às vezes aquém de seu potencial dentro da cadeia da pecuária. Isso significa que existem oportunidades. Hoje estamos na era da pecuária 5.0 e isso resulta na necessidade de mais conhecimento, de inovação e de novas tecnologias embarcada nos produtos disponíveis.
É fundamental rever conceitos, atualizar-se e acompanhar a evolução da pesquisa. Ainda é bastante comum ver a fibra sendo usada somente como uma ferramenta para melhorar a consistência das fezes de porcas em gestação, embora saibamos que as fibras de alta qualidade e de maior tecnologia podem oferecer muito mais do que isso. Ou seja, a cadeia produtiva precisa migrar do conceito antigo para um mais atual e aprender a explorar ao máximo o potencial desta tecnologia que é a fibra.
É necessário conhecer mais sobre a fibra a ser usada e o que de fato a mesma pode oferecer. Estamos falando de questionar e entender mais sobre a fonte, características individuais, grau de insolubilidade, fermentabilidade elevada ou não, incremento ou não da produção de ácidos graxos voláteis (AGV) e xilooligossacarídeos (XOS) e também dos diferentes processos de produção aplicados à fibra, como por exemplo a extrusão, que favorecem a digestibilidade. Ainda, é muito importante que se conheça o teor de fibra que uma determinada fonte ou produto oferece de fato e a exigência diária de fibra da categoria animal deve ser considerada e atendida. Em resumo, as fibras são diferentes entre si e em função disso podem oferecer mais ou menos.
Como veremos adiante, a fibra pode ser usada em diferentes fases da criação dos suínos. Além disso, pode ter relação com diversos segmentos da produção, dos quais destacamos os principais. Assim sendo, uma fibra de qualidade constitui uma importante estratégia para a inserção tanto na pecuária 5.0 quanto no momento atual.
Relação da fibra com a saúde animal
A fibra tem se mostrado um nutriente importante para a manutenção da saúde intestinal nas diversas fases de criação dos animais por ter efeitos benéficos sobre a fisiologia digestiva e atividade microbiana, uma vez que favorece aquelas populações microbianas intestinais benéficas em detrimento daquelas patogênicas. Isso resulta numa redução de distúrbios digestivos, com consequente impacto positivo sobre o desempenho.
Estudos apontam para a capacidade da fibra dietética de estimular a fisiologia e a saúde intestinal de suínos.
Sabe-se que uma melhor saúde intestinal leva a uma melhor saúde geral dos suínos e consequentemente auxilia também no processo de substituição e redução do uso de antimicrobianos que será comentado mais adiante.

Relação da fibra com o bem-estar animal
A Instrução Normativa n° 113, de 16 de dezembro de 2020 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e que está em vigor desde 01 de fevereiro de 2021 estabelece as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. No capítulo V, a mesma trata do manejo nutricional e em seu artigo 41, detalha que todos os animais receberão diariamente quantidades adequadas de alimentos e nutrientes para permitir que cada suíno: I – mantenha uma boa saúde; II – atenda às suas demandas fisiológicas e comportamentais; III – evite distúrbios metabólicos e nutricionais; e IV – evite a competição excessiva entre animais. É fato que fibras dietéticas funcionais, tecnológicas e de alta qualidade contribuem para o atendimento destas premissas.
Ainda, está disponível o manual de “Gestação Coletiva de Matrizes Suínas: boas práticas para o bem-estar na suinocultura” publicado pelo Mapa em 2018. Neste, dados de pesquisas mostram que teores adequados de fibra alimentar aumentam o tempo de ingestão e por conseguinte, a sensação de saciedade por parte do animal. Este fato leva a um menor estresse, pois reduz a ocorrência de estereotipias. Além disso, uma das cinco principais liberdades do bem-estar animal descritos pelo Farm Animal Welfare Council de 1992 é que o animal deve ser mantido livre de medo e estresse (sofrimento físico e mental). De acordo com o citado no manual do Mapa, a fibra contribui para manter o animal livre de estresse, auxiliando assim com o bem-estar do animal.
Assim sendo, fica claro a importante relação da fibra com o bem-estar animal. Soma-se a isto que animais menos estressados têm melhor saúde geral. Como informação adicional, países como a Alemanha exigem um conteúdo de fibra na matéria seca da ração de pelo menos 8%. Isso equivale a dizer que uma matriz suína deve ingerir um mínimo de 200g de fibra bruta ao dia.
Como a fibra participa do processo do uso prudente de antimicrobianos e da redução de seu uso
O assunto uso prudente de antimicrobianos, resistência aos antimicrobianos (RAM) e redução de seu uso está em grande evidência nos dias atuais. Trata-se de uma cobrança em nível global para os países signatários (Brasil é um deles) por parte de uma aliança tripartite: Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No Brasil, as ações são coordenadas pelo Ministério da Saúde e pelo Mapa no conceito de Saúde Única. No campo, várias ações dentre outras são importantes e viáveis: boas práticas de manejo, respeitar as necessidades dos animais e a substituição dos antimicrobianos por alternativos. Um destes alternativos é justamente uma fibra dietética, tecnológica e de alta qualidade.
Como forma de reforçar este fato, durante o 14º Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), um palestrante mostrou em sua apresentação que “…A inclusão de fibra em dietas de leitões é uma importante estratégia para a necessidade de reduzir ou eliminar o uso de aditivos melhoradores de desempenho, por promover a saúde intestinal…”. Esta informação baseada em trabalho científico, assim como outras, estão respaldadas por inúmeras publicações, que demonstram que a fibra é benéfica quando usada em diferentes fases da vida do suíno. Este benefício se dá, por exemplo, na forma de uma maior taxa de natalidade e peso ao nascimento de leitões. Também se dá na forma de reduzir a contagem bacteriana patogênica (E. Colli) no sistema digestório e no efeito positivo sobre a saúde intestinal de leitões pós-desame na estratégia de substituição do óxido de zinco por alternativos.
Conclusão
Fica evidente a importância da fibra, mas também fica claro que a cadeia produtiva com todos seus atores (produtores, nutricionistas, consultores etc.) precisa rever seus conceitos e conhecer mais sobre a mesma para poder explorar ao máximo seu potencial, gerando maior lucratividade. Atualmente, cada vez mais fala-se sobre o assunto e novas pesquisas e experiências de campo bem sucedidas são apresentadas, mostrando que a fibra adequada é de fato uma ferramenta importante, além de ter uma relação positiva com temas atuais como saúde intestinal, bem-estar animal e redução do uso de antimicrobianos.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: conteudo.mova@gmail.com.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



