Suínos Covid-19
Entenda as diferenças do coronavírus em humanos e animais e como ele pode afetar o mercado
Profissional explica as diferenças entre o coronavírus que afeta humanos e animais e como a atual pandemia afeta o mercado de saúde animal

O atual cenário que a população mundial vem vivendo, devido ao coronavírus (COVID-19), tem deixado toda a população preocupada com o que pode acontecer. Especialmente o produtor rural, responsável por levar alimentos saudáveis e de qualidade para toda a comunidade mundial deve estar atento ao que é melhor ser feito e aos cuidados que devem ser tomados a respeitos desse vírus.
Para esclarecer algumas dúvidas a respeito desse vírus e de seu comportamento na cadeia de aves e suínos, o gerente de produtos da área FAST da Boehringer Ingelheim Saúde Animal, Filipe Fernando, explicou alguns fatos importantes e que devem ser observados pelo produtor rural e como esse vírus pode afetar, de alguma forma, a cadeia de produção.
Boa leitura!
Quais as diferenças entre o coronavírus que vem acometendo as pessoas e o coronavírus que pode infectar aves e suínos?
Os vírus são divididos em ordens e famílias. Dentro das ordens, os coronavírus pertencem à Nidovirales. Dentro da ordem Nidovirales, encontram-se os coronavírus, que por sua vez são divididos nos gêneros Alphacoronavirus, Betacoronavirus, Deltacoronavirus e Gamacoronavirus. Os coronavírus que afetam seres humanos pertencem ao gênero Betacoronavirus, que são responsáveis pelo surgimento do atual Covid-19 e os conhecidos SARS e MERS. Porém, aves e suínos são afetados por outros tipos de coronavírus, que podem variar dentro dos gêneros Deltacoronavirus e Gamacoronavirus. Os coronavírus que acometem os animais, a exemplo das aves e dos suínos, são prevenidos por vacinação e são filogeneticamente muito diferentes dos Betacoronavirus.
O Covid-19 pode infectar aves e suínos ou os coronavírus de aves e suínos podem infectar os seres humanos?
O Covid-19 pertence ao mesmo grupo que os coronavírus da SARS-CoV e MERS-CoV. Foi demonstrado anteriormente que o SARS-CoV não é capaz de infectar ou causar doenças em aves e suínos*. Como o Covid-19 pertence ao mesmo grupo que o SARS-CoV e usa o mesmo receptor celular do hospedeiro, denominado ACE-2, é altamente improvável que infecte aves. Da mesma forma, e com base no conhecimento disponível, o Gammacoronavírus que afeta aves domésticas e causa doenças respiratórias em galinhas, e o Alphacoronavirus que infecta suínos e também acomete o sistema respiratório (lembrando que esse vírus não está presente no Brasil até a presente data) não infectam ou causam doenças em seres humanos.
(Emerg. Infect. Dis. Vol. 23, 2017 e Emerg. Infect. Dis. Vol. 10, No 5, 2004)*
É possível aproveitar o conhecimento da ciência para adaptar as vacinas dos animais para os humanos?
Não, justamente porque os vírus que podem infectar aves e suínos fazem parte de um gênero completamente diferente aos que infectam seres humanos, mesmo que ambos pertençam à mesma família Coronaviridae. Infelizmente, ainda não foi desenvolvida uma vacina para evitar a Covid-19. É importante relembrar que esse vírus que vem acometendo as pessoas é uma mutação do coronavírus que já era bem conhecido na comunidade científica. Dessa forma, embora as indústrias farmacêuticas já lidem com o desafio de proteger os animais contra os coronavírus que os acometem, ainda há muitos esforços para desenvolver a vacina contra essa nova versão, que vem acometendo as pessoas.
Por isso, é importante que as pessoas sigam as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como o isolamento social e a higienização correta para diminuirmos a taxa de crescimento da pandemia.
Quais cuidados os produtores devem ter neste período?
Os produtores de proteína animal fazem parte das atividades consideradas essenciais à população, pois têm como objetivo garantir alimentos às pessoas. Por isso mesmo, é importante que os protocolos e cronogramas de vacinação dos animais seja mantido à risca e que os produtores continuem muito atentos em manter os animais saudáveis, livres de doenças e parasitas, e para o fornecimento de nutrição e adoção de manejo adequado para não perder os investimentos feitos para elevar o desempenho dos animais e não arriscar o seu patrimônio.
Caso a demanda por ovos ou carnes de frango ou suína caia, é possível reduzir o fornecimento de algum insumo para equilibrar os custos na granja? Por quê?
As granjas não podem parar e estão enfrentando esse desafio com bastante atenção e força, pois se trata de uma atividade produtiva bastante dinâmica e que tanto as aves como os suínos não podem ficar sem vacina ou sem ração. Deixar de fornecer esses insumos para esse tipo de animal não é um ponto que pode ser questionado.
Como a atual pandemia de coronavírus afeta o mercado de saúde animal?
A pandemia de Covid-19 traz diversas incertezas a todos os setores da economia mundial. Porém, é importante ter consciência de que alguns setores serão mais afetados do que outros. O agronegócio brasileiro, por exemplo, faz parte das atividades essenciais, indispensáveis à população, já que é responsável por alimentar as pessoas e possui capacidade para alimentar uma grande parte da população mundial. Para termos uma ideia da dimensão do setor no país, recentemente foram divulgados dados obtidos pelo Cepea, da Esalq/ USP, calculados em parceria com a CNA e com a Fealq, que mostrou que o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 3,81% em 2019, representando 21,4% do PIB brasileiro total, que fechou o ano em 1,1%. Esses números comprovam a importância estratégica do agronegócio para o Brasil e, apesar de estarmos em um cenário que traz algumas incertezas momentâneas do ponto de vista de aumento, manutenção ou possível redução da demanda por proteína animal, é certo que as pessoas precisam se alimentar e, nesse contexto, o agronegócio brasileiro está pronto para atender a população e produzir alimento seguro e de alta qualidade. Por isso, independentemente do cenário, o agronegócio não para.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



