Conectado com

Suínos

Entenda a distribuição no Brasil e como independentes e verticalizados atuam no mercado da carne suína

Por meio de uma entrevista exclusiva com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABCS), Marcelo Lopes, que fala sobre a distribuição dos diferentes modelos de produção da suinocultura no Brasil e como independentes e verticalizados atuam no mercado da carne suína.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Em entrevista ao jornal O Presente Rural, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, fala sobre a distribuição dos diferentes modelos de produção da suinocultura no Brasil e como independentes e verticalizados atuam no mercado da carne suína. Um novo estudo com o número de produtores independentes e verticalizados deve ser publicado em breve pela ABCS.

Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes – Foto: Divulgação

Lopes destaca que apesar de o percentual atualizado de produção de cada modelo ainda estar sendo calculado, há predominância de sistemas verticalizados na região Sul e equilíbrio de sistemas independentes e verticalizados na região Centro-oeste, enquanto o modelo independente é mais prevalente no Sudeste.

O presidente da ABCS também discutiu as características de mercado de cada modelo, com o modelo integrado verticalmente dando acesso aos mercados de exportação e produtos processados de alto valor, enquanto os produtores independentes são importantes no fornecimento de carne suína in natura para o mercado interno.

O Presente Rural – Qual a porcentagem de suinocultores independentes e integrados hoje no Brasil (número de produtores, matrizes, volume de produção)? Como era essa relação há alguns anos atrás?

Marcelo Lopes – Em 2016 a ABCS publicou o mapeamento da suinocultura, com dados levantados em 2015. Na época o Brasil tinha 1,72 milhão de matrizes, sendo 38% em granjas independentes, 39% em integrações e 23% em cooperativas verticalizadas. A produção nacional de 2015 para 2022, em número de suínos abatidos, cresceu 43% (de 39,3 para 56,1 milhões de cabeças) e em toneladas de carcaças aumentou 50,5% (de 3,43 para 5,16 milhões de toneladas). Enquanto isso, estima-se um crescimento do plantel de matrizes neste mesmo período ao redor de 27% (de 1,72 para 2,19 milhões de matrizes), indicando ganhos expressivos na produtividade (cevados/fêmea/ano) e no peso de abate. Com relação ao percentual atual da produção de cada modelo, a ABCS está realizando a atualização e, em breve, deve publicar estes números.

O Presente Rural – Existem regiões do país onde um ou outro modelo de produção é intenso, como no Sul a integração e em alguns estados, como Minas e Mato Grosso, a produção independente. Como esse cenário se formou?

Marcelo Lopes – O sistema de integração foi criado no Sul do país, há mais de 40 anos, e recentemente se expandiu para o Centro-oeste do Brasil, em função do crescimento da produção de grãos nesta região. As cooperativas também adotaram o sistema verticalizado, com algumas diferenças na relação contratual com o produtor quando comparadas com as integrações clássicas. Hoje é evidente o predomínio dos sistemas verticalizados (integrações e cooperativas) nos três estados do Sul, um equilíbrio entre a produção independente e verticalizada no Centro-oeste e uma maior participação dos produtores independentes na produção dos estados de Minas Gerais e São Paulo. O crescimento e o modelo predominante em cada região se deve a condições diferentes. No Sul a vocação de polos de produção, como a parte norte do RS, o meio-oeste catarinense e o Oeste do Paraná, aliada ao status sanitário da região, determinaram o crescimento da produção voltada também para o mercado de exportação. O Centro-oeste, como maior produtor de grãos do país, atraiu a suinocultura tanto integrada quanto independente como fator de agregação de valor e redução de custos para a indústria. Já a região sudeste tem como atrativo a proximidade do maior mercado consumidor do país.

O Presente Rural – Quais as principais características de cada modelo na atuação no mercado de carne suína?

Marcelo Lopes – No sistema verticalizado (integração e cooperativas) o produtor de suínos é um elo de uma longa cadeia em que a indústria gere desde a aquisição dos insumos até a venda do produto final. Neste sistema, normalmente, o produtor é um fiel depositário dos animais, da ração e de outros insumos, e a remuneração do suinocultor é baseada em parâmetros preestabelecidos, não variando muito, mesmo com as oscilações dos custos de insumos e do mercado de carnes. Já o produtor que opera no mercado independente suporta todos os custos do processo e tem a receita de sua atividade atrelada ao livre mercado e, portanto, fica mais exposto aos riscos da atividade, podendo operar no prejuízo durante as crises ou obter lucros bastante satisfatórios nas fases boas. Algumas cooperativas se aproximam mais da relação de mercado independente, baseando o valor de compra do suíno sobre índices de mercado e delegando ao cooperado a aquisição ou produção própria dos insumos da atividade. Via de regra, os sistemas verticalizados predominam no acesso ao mercado de exportação e na produção de produtos de alto valor agregado (processados), enquanto os produtores independentes têm importância fundamental no fornecimento de produtos in natura para o mercado doméstico.

O Presente Rural – Como a última crise afetou os dois modelos de produção?

Marcelo Lopes – Sem dúvida o produtor independente em uma crise de alto custo e baixo preço de venda do suíno foi o mais afetado quando comparado com o produtor integrado. Porém, quando a crise é muito profunda e prolongada, como foi esta última, o integrado acaba tendo uma relativa corrosão na sua rentabilidade, pois indiretamente a indústria acaba repartindo parte das perdas com os produtores.

O Presente Rural – Apesar do avanço da integração nos últimos anos ou décadas, é importante manter o produtor independente no mercado. Por quê?

Marcelo Lopes – Sem dúvida a produção independente tem papel fundamental no mercado. Além de ser importante fonte de carne in natura para o mercado doméstico, a produção independente muitas vezes serve de “backup” para as suprir a demanda de grandes indústrias quando, por exemplo, as exportações aumentam. Também é a produção independente que fornece suínos para pequenos e médios frigoríficos regionais, ajudando a dar capilaridade na distribuição de carne acessível à população brasileira, mesmo nos rincões mais distantes das grandes indústrias.

O Presente Rural – Quais são os desafios e quais são as oportunidades de cada modelo de produção de suínos no Brasil?

Marcelo Lopes – O sistema independente, após uma longa e profunda crise, encontra-se bastante endividado, especialmente aqueles produtores que tomaram empréstimos no ano passado, quando os juros já estavam bastante elevados. De oportunidade para este ano vislumbra-se a redução dos custos dos principais insumos: milho e farelo de soja, e a perspectiva de um melhor ajuste entre oferta e demanda de carne suína no mercado doméstico, o que deve permitir encerrar o ano com margens positivas. Já os integrados tentam reduzir a defasagem de sua renda frente à inflação da atividade nos últimos anos que não foi somente na alta das rações, mas também de outros custos suportados pelo produtor, como manutenção, energia, mão de obra e equipamentos, os quais, em muitas situações não foram corrigidos na remuneração por parte da indústria. Para o médio/longo prazo, preocupa a necessidade de investimento em bem-estar animal, pois algumas agroindústrias estabeleceram prazos mais curtos do que da IN 113 e o juro para financiamento está muito elevado para o produtor.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.