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Engenheiro agrônomo: é um dever honrar quem carrega o agro no DNA

Profissionais que unem ciência e campo garantem produtividade, inovação e equilíbrio ambiental em uma das atividades mais estratégicas da economia nacional.

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No dia 12 de outubro é celebrado o Dia do Engenheiro Agrônomo, uma justa homenagem aos profissionais que ocupam papel estratégico no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, um dos pilares da nossa economia. Desde a regulamentação da profissão em 1933, esses especialistas vêm transformando a agricultura nacional, conduzindo o Brasil à posição de destaque no cenário agrícola do planeta. São responsáveis por garantir o abastecimento interno e, ao mesmo tempo, por sustentar nossa presença nos mais exigentes mercados internacionais.

O engenheiro agrônomo é o elo entre a ciência e o campo, aplicando conhecimentos técnicos para planejar, gerir e otimizar a produção agrícola de forma sustentável. No Brasil, um país de dimensões continentais, isso significa enfrentar uma diversidade de desafios — da seca às geadas, dos solos arenosos aos argilosos, das pragas tropicais às doenças fúngicas. É sua atuação que assegura o manejo adequado das culturas, a implementação de tecnologias agrícolas avançadas e a garantia da qualidade e segurança dos alimentos que chegam à mesa da população.

Mais do que um técnico, o agrônomo é um estrategista do solo e das plantas, que atua de forma integrada em uma das maiores cadeias produtivas do país. Utiliza ferramentas modernas como agricultura de precisão, irrigação inteligente, manejo integrado de pragas, controle biológico e uso racional de insumos. Essas práticas resultam em ganhos reais de produtividade e sustentabilidade ambiental, minimizando perdas, otimizando recursos e promovendo um equilíbrio essencial entre produção e meio ambiente.

O reflexo desse trabalho vai muito além das porteiras. Ele se traduz nos números da balança comercial brasileira, onde commodities como soja, milho, café, carne e frutas fortalecem a economia nacional e ampliam nossa competitividade global. O engenheiro agrônomo é o agente que transforma conhecimento em resultado, gerando inovação, eficiência e valor para toda a cadeia produtiva. Sua atuação impulsiona a segurança alimentar, fomenta o desenvolvimento regional e melhora a qualidade de vida de milhões de brasileiros.

Mas o impacto desse profissional não se restringe ao campo tecnológico ou econômico. Ele é também um agente de transformação social, promovendo a inclusão de pequenos produtores e agricultores familiares. Por meio da orientação técnica e do acesso a práticas modernas, o agrônomo contribui para a sustentabilidade das propriedades rurais, reduz desigualdades e fortalece a agricultura familiar — um dos pilares da produção diversificada que caracteriza o Brasil.

Celebrar tal atividade é, portanto, refletir sobre os desafios do presente e as demandas do futuro. A profissão se renova constantemente, acompanhando a evolução tecnológica e os desafios ambientais. Ferramentas digitais, drones, sensores remotos, biotecnologia e inteligência artificial já fazem parte do cotidiano desses profissionais, elevando o padrão de eficiência e sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

Em síntese, o engenheiro agrônomo é peça-chave na engrenagem que move o Brasil. Sua expertise técnica, visão estratégica e compromisso com a sustentabilidade são fundamentais para que o país mantenha sua liderança global na produção de alimentos. A homenagem a esses profissionais é também uma reafirmação do compromisso com uma agricultura moderna, responsável e voltada para o futuro, uma agricultura que cresce com ciência, respeito e propósito.

Fonte: Artigo escrito por Douglas Vaz-Tostes, técnico nacional do Grupo GIROAgro.

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Como a seleção adequada do tamanho de gotas reduz perdas e aumenta a segurança da aplicação de defensivos

Aplicação de defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas é majoritariamente realizada por meio da pulverização, seja com equipamentos terrestres, como pulverizadores costais, tratorizados ou automotrizes, ou com aeronaves, que podem ser tripuladas ou não tripuladas (drones).

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Foto: Freepik

A aplicação de defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas é majoritariamente realizada por meio da pulverização, seja com equipamentos terrestres, como pulverizadores costais, tratorizados ou automotrizes, ou com aeronaves, que podem ser tripuladas ou não tripuladas (drones). Em todas essas modalidades, o defensivo agrícola, em geral, é diluído em água para formar a calda de aplicação. Essa calda é submetida ao processo de pulverização, cujo objetivo é fragmentá‑la em gotas e distribuí‑las de forma uniforme sobre a área alvo.

A pulverização é uma etapa essencial na aplicação de defensivos, envolvendo um elevado nível de precisão e tecnologia em que tamanho das gotas deve ser rigorosamente controlado, pois influencia diretamente a eficiência da aplicação e o risco de perdas. A geração das gotas pulverizadas ocorre por meio de dispositivos, como pontas de energia hidráulica; predominantemente utilizadas em pulverizadores terrestres, mas também em aeronaves; ou bicos rotativos, mais comuns em aplicações aéreas.

A definição adequada do tamanho das gotas depende principalmente dos objetivos da aplicação, das características do produto utilizado e dos potenciais riscos de deriva e perdas. Assim, a escolha correta da tecnologia de aplicação é determinante para o sucesso do controle e para a redução dos impactos ao ambiente e a áreas sensíveis.

Tamanho de gotas e influência na qualidade de aplicação

O espectro de gotas em pulverizações agrícolas é classificado de acordo com seus diâmetros, conforme estabelecido pelas normas ANSI‑ASAE S572.3 (2020) e ISO 25358 (2018), sendo composto pelas seguintes categorias:

  • XF – Extremamente Fina
  • VF – Muito Fina
  • F – Fina
  • M – Média
  • C – Grossa
  • VC – Muito Grossa
  • XC – Extremamente Grossa
  • UC – Ultra Grossa

O tamanho das gotas influencia diretamente a trajetória, a cobertura e a penetração da calda no dossel das plantas. Gotas menores (classe fina e muito fina) promovem maior cobertura, o que favorece produtos de contato ou alvos de difícil acesso. No entanto, sua elevada suscetibilidade às perdas, exige que as aplicações sejam realizadas em condições meteorológicas favoráveis e que haja um rigoroso manejo da tecnologia de aplicação.

Por outro lado, gotas maiores (grossas, muito grossas, extremamente grossas ou ultra grossas) são menos sensíveis às perdas e contribuem para maior segurança, em especial em aplicações realizadas próximas às áreas sensíveis. Gotas maiores são recomendadas para produtos sistêmicos, nos quais a absorção pelo alvo é mais importante do que altos níveis de cobertura para que o produto tenha eficácia.

Perdas nas aplicações – deriva e evaporação

Durante a aplicação de defensivos agrícolas, podem ocorrer perdas significativas quando os devidos cuidados não são adotados. As principais formas de perda após a pulverização estão relacionadas à deriva e à evaporação das gotas. No contexto da tecnologia de aplicação, o termo deriva refere‑se ao desvio da trajetória das gotas para áreas não alvo, resultando em menor deposição sobre o alvo desejado e possível contaminação de áreas não alvo. Já a evaporação consiste na redução do volume das gotas antes que estas atinjam o alvo, ocasionando perdas –  situação que é crítica, principalmente em gotas muito pequenas e sob condições ambientais desfavoráveis.

Esses fenômenos podem levar ao controle fitossanitário ineficiente, uma vez que a dose que, efetivamente, chega ao alvo é reduzida, além do potencial de causar impactos ambientais e econômicos relevantes. Entre os exemplos de riscos associados, destacam‑se a fitotoxicidade em culturas sensíveis, como hortaliças e pomares – devido à deriva de herbicidas utilizados em áreas de cultivos extensivos –  e os prejuízos em criações de bicho‑da‑seda ou em áreas de apicultura, quando ocorrem perdas nas aplicações de inseticidas.

As perdas por deriva e evaporação são consequência da interação de diversos fatores, sendo dois deles os mais determinantes: as condições meteorológicas no momento da aplicação e o tamanho das gotas. Embora as condições meteorológicas não possam ser controladas, é possível planejar as aplicações para evitar situações adversas. De maneira geral, recomenda‑se não realizar pulverizações quando a velocidade do vento estiver acima de 10 km/h, a temperatura superar 30°C e a umidade relativa do ar estiver abaixo de 50%, pois essas condições favorecem tanto o carregamento pelo vento quanto a evaporação das gotas. Além disso, aplicações com ventos inferiores a 2 km/h ou sem a sua presença também podem promover perda de gotas menores, devido ao potencial de ocorrência de inversão térmica ou correntes acedentes, que dificultam a deposição das gotas.

O tamanho das gotas, por outro lado, é um fator totalmente ajustável por meio da seleção da ponta de pulverização ou do ajuste em bicos rotativos. De maneira geral, gotas maiores são menos suscetíveis ao deslocamento pelo vento e à evaporação devido ao maior peso e volume. Já gotas muito pequenas, embora proporcionem melhor cobertura, exigem rigoroso controle das condições de aplicação para minimizar perdas. Dessa forma, o sucesso de uma pulverização depende do equilíbrio entre deposição adequada e redução das perdas, este fundamentado na escolha apropriada da tecnologia de geração de gotas e do monitoramento constante das condições ambientais.

Embora existam recomendações gerais sobre as condições meteorológicas e as classes de gotas adequadas para as aplicações, é fundamental destacar que cada defensivo agrícola possui informações específicas estabelecidas em bula. Essas orientações têm caráter mandatório, devendo ser rigorosamente seguidas pelo aplicador, conforme determina a legislação vigente.

Além das condições meteorológicas e das classes de gotas, as bulas também apresentam outros parâmetros relacionados à tecnologia de aplicação, com destaque para as faixas de segurança que indicam as distâncias mínimas em que a aplicação do produto deve ser evitada em relação a determinadas áreas ou alvos sensíveis.

Ajuste do tamanho de gotas

A principal forma de ajustar o tamanho das gotas ocorre por meio dos dispositivos geradores utilizados nos equipamentos de aplicação. Nos pulverizadores que utilizam pontas hidráulicas, como é o caso da grande maioria dos equipamentos terrestres, parte dos aviões agrícolas e alguns modelos mais antigos de drones, o ajuste do espectro de gotas é realizado, sobretudo, pela seleção do modelo das pontas de pulverização. Pontas do modelo jato cônico sem indução de ar, por exemplo, promovem a formação de gotas menores (finas ou muito finas), adequadas para produtos que demandam maior cobertura. Pontas de jato plano simples, geram gotas intermediárias (finas ou médias), enquanto pontas com pré‑orifício ou defletoras produzem gotas variando de médias a grossas. Já as pontas com indução de ar são mais indicadas quando se busca gerar gotas grossas ou superiores, com maior segurança contra deriva.

Ainda, em situações que são utilizadas pontas, além do modelo, a pressão de trabalho também influencia o tamanho das gotas. Em geral, a redução da pressão resulta em gotas maiores, especialmente em pulverizadores terrestres. Entretanto, essa influência é menos significativa quando comparada ao efeito proporcionado pelo modelo da ponta utilizada, razão pela qual a seleção adequada da ponta continua sendo o principal fator de controle do espectro das gotas.

Nos equipamentos que utilizam bicos rotativos, empregados quase exclusivamente em aeronaves agrícolas, tanto aviões quanto drones, o ajuste do tamanho das gotas é realizado principalmente pelo controle da rotação dos bicos. Em aviões, essa rotação é acionada pelo vento relativo sobre as hélices, sendo regulada a partir do ajuste do passo das hélices. Em drones, o acionamento ocorre por motores elétricos, permitindo que diferentes rotações sejam programadas diretamente no controlador do equipamento, conforme o tamanho desejado das gotas.

A calda de pulverização também exerce influência sobre a formação das gotas. Adjuvantes classificados como redutores de deriva podem atuar aumentando o diâmetro das gotas, reduzindo a geração de gotas menores que 100 µm ou tornando o espectro mais uniforme. Algumas formulações modernas de defensivos agrícolas são igualmente desenvolvidas para atuar no espectro de gotas, contribuindo para a redução do potencial de deriva. Ainda assim, é importante enfatizar que, embora a composição da calda possa modificar o espectro de gotas, o dispositivo gerador permanece como o fator de maior impacto na determinação das classes de gotas produzidas durante a pulverização.

Considerações finais

A qualidade e a segurança das aplicações de defensivos agrícolas dependem diretamente do manejo adequado do espectro das gotas. A seleção correta do tamanho, aliada às condições meteorológicas recomendadas, é essencial para garantir a eficácia do controle fitossanitário, minimizando os riscos de deriva e evaporação.

A definição das condições meteorológicas ideais e das classes de gotas deve sempre se basear nas informações contidas nas bulas dos defensivos agrícolas, que possuem caráter mandatório e devem ser rigorosamente seguidas em qualquer aplicação.

Nesse contexto, é fundamental que os aplicadores e todos os profissionais envolvidos no processo de aplicação possuam conhecimento técnico adequado, de modo que as operações sejam conduzidas com critérios técnicos e embasamento científico, considerando as características do equipamento de aplicação, do produto, do alvo e do ambiente.

Fonte: Artigo escrito Alisson Augusto Barbieri Mota; Ulisses Rocha Antuniassi; Rodolfo Glauber Chechetto; Fernando Kassis Carvalho
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Educação política para fortalecer o cooperativismo

Para garantir políticas públicas eficazes e defender o setor agro, cooperativas devem mobilizar cooperados e eleger representantes comprometidos com suas causas.

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Na complexa realidade brasileira, torna-se imprescindível adotar com mais firmeza uma estratégia decisiva para a defesa e o fortalecimento do sistema cooperativista: a representação política. Em uma sociedade democrática, livre e plural, grande parte das soluções para nossos desafios passa, inevitavelmente, pela via política. O cooperativismo, como parte ativa dessa sociedade, precisa de influência e poder para assegurar decisões, políticas públicas, planos e recursos que permitam superar dificuldades crônicas.

O caminho mais legítimo e eficaz é a eleição de representantes verdadeiramente comprometidos com a causa cooperativista, capazes de compreender sua relevância para o bem-estar de milhões de brasileiros e para o futuro do País. Contudo, representatividade não nasce espontaneamente; exige conscientização, organização e mobilização.

Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC). 

No interior do cooperativismo, a agricultura permanece como um dos setores mais vulneráveis — e seus problemas repercutem de imediato em toda a sociedade. O agro responde por cerca de 23% do PIB brasileiro, considerando a cadeia agroindustrial. Ainda assim, essa importância nem sempre se traduz em políticas governamentais que assegurem desenvolvimento equilibrado. Por isso, a palavra de ordem deve ser participação. Chega de omissão. É preciso engajar cooperados e lideranças, debater projetos, esclarecer dúvidas e ampliar o discernimento político. Quem não participa não pode reclamar: soluções não caem do céu.

A representação política confere visibilidade ao sistema, coloca pautas essenciais do cooperativismo na agenda governamental e fortalece a articulação em defesa dos produtores. Em 2026, o País elegerá presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Por isso, a atenção à escolha de representantes — especialmente no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa — é decisiva para acompanhar matérias que afetam diretamente o setor. Não se trata de defender legendas específicas; a pluralidade partidária deve ser respeitada, evitando sectarismos. Tudo o que diz respeito à vida social passa necessariamente pelo Parlamento.

O cooperativismo não busca privilégios. Busca participar ativamente da construção política e defender seus pleitos de forma legítima. A lógica é clara: segmentos bem organizados elegem mais representantes e protegem melhor seus interesses. A história comprova. Na Assembleia Nacional Constituinte, o movimento cooperativista elegeu 47 deputados, que formaram uma Frente Parlamentar de 217 parlamentares. Como resultado, seis artigos fundamentais foram incluídos na Constituição, entre eles o que assegura a autogestão cooperativista.

Diante de um setor agrícola sensível e frequentemente desassistido, torna-se vital ampliar a capacidade de intervenção política. Em democracias consolidadas da Europa e da América do Norte, cooperativas e agricultores exercem forte influência institucional — e o Brasil precisa seguir esse caminho.

Com essa visão, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Sistema OCESC desenvolvem o Programa de Educação Política do Cooperativismo Brasileiro, destinado a conscientizar cooperativas e cooperados sobre a importância da representatividade junto ao Poder Público. A defesa institucional começa pelo conhecimento: compreender o funcionamento do Estado, o processo legislativo e os instrumentos legítimos de atuação qualifica a participação e fortalece a capacidade de incidência política. Quanto mais preparada estiver a base cooperativista, mais sólidas serão as políticas públicas construídas a partir de seus valores e necessidades.

É essencial que o engajamento político vá além dos períodos eleitorais. Somente com ação contínua, planejamento e mobilização permanente será possível superar a baixa densidade da representação parlamentar e garantir ao cooperativismo o protagonismo que sua relevância econômica e social exige.

Fonte: Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).
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Adaptação climática redefine estratégias do agronegócio brasileiro

Setor avança em tecnologias, gestão e políticas para reduzir riscos e garantir produção em um cenário de clima cada vez mais instável.

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Foto: Gilson Abreu

O agronegócio brasileiro convive com um paradoxo evidente quando o assunto é mudanças climáticas. O setor responde por parcela significativa das emissões, ao mesmo tempo em que está entre os mais expostos ao avanço da temperatura, aos períodos prolongados de ondas de calor e à instabilidade do regime de chuvas. Esse conjunto de pressões biofísicas transforma a adaptação em pauta importante nas negociações do ramo. As discussões sobre riscos climáticos já não comunicam mais apenas tragédias do horizonte. Atualmente elas se fazem presente no cotidiano de produtores e fazem com que estes e as cooperativas, setor público e instituições financeiras precisem tomar decisões hoje para evitar perdas amanhã.

Artigo escrito por Milena Magalhães Oliveira, pesquisadora da Cepea.

Essa mudança de postura tem feito o agronegócio ocupar lugar de destaque na formulação de ações de adaptação. Produtores expandem o uso de sistemas integrados de produção, rotação de culturas, adotam cultivares mais tolerantes ao calor e ajustam calendários agrícolas de plantio com base em informações climáticas. A digitalização avança com sensores, monitoramento em tempo quase real e ferramentas que orientam o manejo da água, tornando a irrigação inteligente. Do lado do governo, programas de crédito rural e seguros agrícolas incorporam exigências ambientais e critérios técnicos alinhados à resiliência climática. Essas estratégias aproximam as políticas públicas das necessidades dos produtores no campo e priorizam investimentos que mitigam os riscos e vulnerabilidade climática, e, consequentemente, produtiva.

O setor privado tem se movimentado com rapidez. Grandes empresas do agronegócio já entendem que seguir padrões ambientais consistentes é uma questão de continuidade operacional, acesso a mercados e manutenção de reputação. As negociações multilaterais traçam um tortuoso e árduo mapa do caminho para salvar o planeta e metas globais ambiciosas permanecem distantes, ao passo que cadeias produtivas já direcionam recursos para inovação focada na adaptação, biotecnologia, manejo sustentável e redução de riscos climáticos.

Nesse caminho, empresas líderes funcionam como sinalizadoras. Elas orientam fornecedores, organizam programas de conformidade, estabelecem metas próprias de redução de emissões e estimulam o uso de tecnologias que reduzem perdas e ampliam a segurança da produção. Esse movimento gera referências para o restante do setor e reforça a ideia de que adaptação não é apenas resposta a eventos climáticos extremos. É uma estratégia de permanência econômica em um ambiente climático que já mudou e seguirá pressionando para um novo (e sustentável) formato de produção no campo.

Fonte: Artigo escrito por Milena Magalhães Oliveira, pesquisadora da Cepea.
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