Suínos
Engenheira enumera vantagens e desvantagens de 7 modelos para tratar dejetos suínos
Os sete principais tipos de tratamento são lagoas de decantação, esterqueiras, sistema anaeróbico, sistema aeróbico, compostagem sólida, cama sobreposta ou biológica e Sistrates.

Os dejetos são um dos grandes problemas que os suinocultores podem encontrar caso não sejam adequadamente tratados, mas transformar esta dificuldade em uma oportunidade é uma tarefa que pode ser mais simples do que se imagina, com potencial de gerar economia, renda e bem-estar aos produtores.

Engenheira de Bioprocessos e Biotecnologia, Tatiane Francini Knaul
Conforme a engenheira de Bioprocessos e Biotecnologia, Tatiane Francini Knaul, cada suíno produz, em média, 4,5 litros de dejetos ao dia. A pergunta que muitos produtores fazem é: “o que eu faço com todo este dejeto produzido?”. Para apresentar possíveis soluções, a engenheira fez uma palestra durante o Dia de Campo Copagril, que aconteceu em meados de janeiro, em Marechal Cândido Rondon (PR).
“Os dejetos precisam ser bem tratados e podem ser utilizados como fertilizantes nas lavouras, gerando renda e boas práticas ao manejo suíno. A engenheira destaca a importância do acompanhamento do tratamento. “Para que os dejetos sejam aproveitados com melhor eficiência é necessário que o produtor fique atento e faça um acompanhamento contínuo durante todo o tratamento”, frisa.
Ela destaca que existem legislações e que as mesmas precisam ser atendidas. “O dejeto bem tratado pode ser usado como fertilizante, mas é preciso atenção, pois cada cultura tem suas especificidades. Em cada fase da vida do suíno os dejetos possuem características diferenciadas. Isso precisa ser bem administrado”, evidencia.
Conforme a engenheira existem sete principais tipos de tratamento: lagoas de decantação, esterqueiras, sistema anaeróbico, sistema aeróbico, compostagem sólida, cama sobreposta ou biológica e Sistrates.
Lagoas de decantação
O sistema de decantação é composto por três tipos de lagoas: 1 – Lagoa anaeróbica – redução de microrganismo patogênico; 2- Lagoa Facultativa – redução do nitrogênio em excesso; 3 – Lagoa aeróbica – redução de microrganismo patogênico e nitrogênio em excesso.
Estes tipos de lagoa trazem vantagens como remoção de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), remoção de patógenos e baixo custo na construção, manutenção e operação.
Já as desvantagens são as seguintes: pode ocorrer o surgimento de odores desagradáveis nas lagoas anaeróbicas; o espaço para construção das lagoas precisa ser grande, é necessário investimento em geomembrana e a falta de manutenção pode ocasionar crescimento da vegetação.
Esterqueiras
As esterqueiras são o método mais comum, que consiste no armazenamento dos desejos cujo tratamento tem por objetivo captar o volume de dejetos líquido. De acordo com Tatiane, as vantagens são a facilidade operacional e de construção, o baixo custo de instalação e o melhor aproveitamento dos dejetos como fertilizante.
Já as desvantagens são alto custo de armazenagem, transporte e distribuição, geração de sedimento e tamanho da lagoa para tempo de retenção de 80 a 120 dias.
Sistemas anaeróbico
Esse sistema equivale a câmaras que realizam a fermentação anaeróbica da matéria orgânica, produzindo biogás e biofertilizante. De acordo com a profissional, as vantagens são fornecimento de combustível no meio rural por meio de biogás e adubo orgânico, valorização do dejeto para uso agronômico por meio da fertirrigação, redução do poder poluente e do nível de patógeno, menor tempo de retenção hidráulica no caso de biodigestor.
Já as desvantagens estão relacionadas com o processo de fermentação anaeróbico ser lento e demorado, o investimento ser alto para implementação, há necessidade de homogeneização dos dejetos para garantir a eficiência do sistema e de conhecimento técnico para implementação. Conforme a engenheira, o custo/benefício não é vantajoso para pequenos produtores.
Sistemas aeróbico
O sistema aeróbico é constituído por lagoas de tratamento, possuindo aeração mecânica e a possibilidade de aplicação de aditivos biológicos. Para a engenheira de Bioprocessos e Biotecnologia da Embio, as vantagens nesse sistema são o baixo custo de investimento quando comparado com o biodigestor, a diminuição do cascão na superfície, a diminuição dos sedimentos na parte inferior da lagoa, a facilidade do manejo para aplicação como biofertilizante e a produção de biofertilizante estável, sem queima de planta.
Já as entre as desvantagens do sistema aeróbico, orientou aos presentes, destacam-se a necessidade de espaço para construção da lagoa e a necessidade de possuir área territorial agricultável para a aplicação de dejetos.
Compostagem sólida
A compostagem sólida é um método que usa um local de armazenamento de dejetos, onde ocorre a fermentação por ação de bactérias. É necessário a construção de leiras e é importante que seja feito a injeção de ar na superfície e o revolvimento.
Tatiane citou entre as vantagens a geração de adubo orgânico, o baixo custo de investimento, o não aumento do nível de acidez do solo, a melhora na qualidade do solo e a dificuldade ou impedimento de germinação de sementes ou plantas invasoras.
As desvantagens estão relacionadas à necessidade do controle adequado de temperatura e umidade (para não gerar mal cheiro), a atração de animais indesejáveis, a necessidade de monitoramento do sistema para obter composto de qualidade e acompanhamento técnico.
Cama sobreposta ou biológica
A cama sobreposta ou cama biológica é um sistema que usa um local onde o suíno defeca e cujas partes sólidas e líquidas infiltram-se e fermentam, resultando em um composto que pode ser usado como adubo ou para a compostagem.
As vantagens são a necessidade de pouca mão de obra para limpeza, a inibição do estresse animal, o baixo custo de investimento, a redução quase total da água contida nos dejetos e o melhor aproveitamento da cama como fertilizante agrícola.
Já as desvantagens são a necessidade de maior ventilação nas edificações, a disponibilidade de substrato que servirá para a cama e a necessidade de rodízio da cama.
Sistrates
O Sistrates é um processo que se baseia na separação física dos sólidos grosseiros e partículas discretas, seguida da biodigestão anaeróbia para remoção do carbono, remoção biológica do nitrogênio e remoção química do fósforo.
As vantagens são o tratamento completo para aplicação em recurso hídrico; o alto rendimento na produção de biogás e a eficiência de remoção de nitrogênio superior a 88%.
Já as desvantagens estão relacionadas ao alto custo de investimento e à necessidade do conhecimento de mão-de-obra especializada.
Aplicação e resultados
Com relação aos métodos de aplicação dos dejetos suínos líquidos tratados, a engenheira chama atenção para a importância da dosagem de aplicação. “Os dejetos podem ser muito bem aproveitados nas lavouras, mas é necessário o acompanhamento de um agrônomo, sendo indicado específico para a cultura de interesse”, disse.
Entre as várias formas de aplicação, Tatiane destaca a fertirrigação, os dejetos suínos compostados e o adubo orgânico seco e peletizado. “Porém, cada produtor precisa verificar qual é a opção mais viável para ele. É importante destacar que não importa o tamanho da granja, existem tratamentos para todos ao casos. Basta cada suinocultor procurar o melhor para o seu negócio”, salienta.
O suinocultor Sergio Barbian, que é presidente da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon, enfatizou a importância do tratamento dos dejetos e deu seu testemunho após a palestra. “Há bastante tempo trabalhamos com o tratamento dos dejetos na nossa propriedade. Muitos são os benefícios, um deles foi que conseguimos solucionar o problema de acidez (no solo). Já faz mais de 20 anos que não precisamos colocar muito calcário na lavoura, por conta dos tratamentos de dejetos que fazemos na nossa propriedade. É por isso que eu sempre digo que o valor que o dejeto tem para toda a suinocultura é muito importante”, mencionou o produtor.
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Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.



