Avicultura
Energia elétrica pesa no bolso do setor avícola
A queda de até 32% no valor da tarifa de energia elétrica concedida pelo governo federal para a indústria, agricultura, comércio e setor de serviços, a partir deste ano, acabou gerando uma certa economia para a avicultura, porém a conta de luz continua sendo o segundo maior custo das indústrias avícolas, atrás apenas dos insumos.
O horário de pico do consumo, das 18h às 21h, é o que mais onera o avicultor, já que nesse período a energia elétrica pode chegar a custar 11 vezes mais do que no horário normal.
A indústria Guibon, no Norte do Paraná, por exemplo, realiza o abate em dois turnos, mas precisa manter o congelamento e resfriamento das aves o dia inteiro. Somente no dia 1° de março, a empresa gastou cerca de R$ 20 mil com energia elétrica, desse total quase R$ 5 mil foram gastos durante as 18h às 21h. Isso significa que nessas três horas, a indústria pagou um quarto do que consome durante o dia todo. Com a nova tarifa já economizamos 15% com a conta da luz, mas a redução poderia ser ainda maior. Se o benefício chegasse a 50% já seria de grande ajuda, comenta o diretor financeiro da Guibon, Rodrigo Guimarães. Hoje a indústria emprega mais de 1.250 pessoas, mas segundo ele, o dinheiro economizado poderia ser investido na geração de renda, como novos empregos.
Reivindicação
O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, afirma que a redução da tarifa é uma reivindicação antiga do segmento. Em 2007, representantes do setor avícola realizaram reuniões com o governador do Paraná, Beto Richa, e com o presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Lindolfo Zimmer, para apresentar as preocupações dos avicultores com o preço do serviço prestado.
A reivindicação do Sindiavipar é que a Copel volte a fornecer energia para as indústrias avícolas a um preço acessível no horário das 18h às 21h. Segundo ele, o benefício de pagar pela energia elétrica o mesmo preço da energia a diesel já havia sido concedido em 2003 e é de vital importância para a estabilidade do setor que ele volte a ser praticado nesse momento pós-crise da avicultura, para a retomada da competitividade. A atividade é o segundo item mais representativo das exportações do Paraná e é responsável pela geração de 660 mil empregos diretos e indiretos em todo o estado. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, a inclusão dos avicultores no programa de fornecimento de energia elétrica barata no período noturno poderia dar um novo embalo aos produtores.
Nossa atividade é diferenciada, não podemos reduzir o consumo nos horários de pico porque trabalhamos com animais vivos. Temos que manter o ambiente climatizado o tempo todo. Além disso, os refrigeradores e congeladores têm que funcionar 24 horas por dia, explica Martins. Ele ressalta ainda que o uso de energia elétrica produzida por geradores a óleo diesel é bem mais barata e ainda é utilizada em alguns casos, porém é uma preocupação constante para o setor já que existe a questão ambiental por ser uma energia poluente, que libera gás carbônico na atmosfera.
Apesar das reivindicações, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) afirmou, em nota, que já pratica em todas as classes de consumo descontos entre 18% e 32%, decorrentes da revisão tarifária extraordinária implementada pelo governo federal e vigente desde 25 de janeiro e que para garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão do serviço público de distribuição de energia elétrica, a Copel não prevê a aplicação em curto prazo de outros descontos lineares a todas as classes de consumo, conforme facultado pela Resolução 414 da Aneel (art. 140, parágrafo 4º).
Ainda segundo a concessionária, os consumidores com fornecimento em alta tensão devem procurar por uma agência de atendimento para se informar sobre a contratação de fornecimento na modalidade tarifária mais conveniente ao seu perfil de consumo, ou seja, segundo sua forma e períodos de utilização de energia.
Retomada
A avicultura do Paraná vinha crescendo a ritmo chinês, com crescimento médio de 14,15% nos últimos 5 anos, e seguia embalada por recordes de produção e exportação no primeiro semestre de 2012. Entretanto, como consequência da disparada dos preços da soja e do milho, causada pela quebra da safra de milho norte-americana, foi abrigada a desacelerar a partir de julho do ano passado.
Mesmo assim, os números do início do ano mostram que a avicultura paranaense continua seguindo a tendência de recuperação do setor e a retomada dos índices atingidos em 2012. No acumulado do primeiro bimestre, o faturamento com as exportações alcançou US$ 310,45 milhões, um crescimento de 4% na comparação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e fevereiro de 2013, o valor médio da tonelada de frango exportado também teve valorização, passando de US$ 1.853,00 para US$ 1.977,00 a tonelada.
Sobre o Sindiavipar
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) representa 43 abatedouros, incubatórios e frigoríficos paranaenses. Desde sua fundação, em 1992, o Sindiavipar tem trabalhado para o crescimento da avicultura do estado, buscando sempre representatividade no mercado interno e externo. Atualmente, o Paraná é o maior produtor nacional, referência em sanidade avícola e responde por mais de 25% das exportações de carne de frango do país, embarcando o produto para mais de 130 países em todo o mundo. Mais informações: www.sindiavipar.com.br.
Fonte: CNC Comunicação

Avicultura
Carne de frango recua após três meses de avanço
Queda em novembro foi puxada pela oferta elevada de frango vivo e pela demanda mais fraca na segunda quinzena, enquanto o setor se divide sobre o rumo dos preços no fim do ano.

Os preços da carne de frango caíram em novembro, interrompendo três meses seguidos de alta, apontam levantamentos do Cepea.
De acordo com agentes consultados pelo Centro de Pesquisas, a maior disponibilidade de frango vivo para abate ao longo do mês acabou elevando a oferta de carne no mercado atacadista.
Além disso, o movimento sazonal de enfraquecimento da demanda na segunda quinzena do mês causou queda nos valores no período – o que pressionou a média mensal.
No atacado da Grande São Paulo o frango inteiro congelado teve média de R$ 7,77/kg em novembro, baixa de 2,1% frente à de outubro.
Para as próximas semanas, as expectativas de colaboradores do Cepea são divergentes. Uma parte do setor está otimista e à espera de reações nos preços, fundamentados no possível aquecimento na venda de aves neste período de final de ano.
Outros agentes, porém, estão atentos à oferta de animal vivo acima da procura, que tenderia a manter o mercado da carne pressionado.
Avicultura
Calor extremo desafia a produtividade das aves e expõe falhas no manejo térmico
Pesquisa aponta que o estresse por calor afeta não só o consumo, mas também o metabolismo das aves, ampliando perdas e exigindo novas estratégias de controle nas granjas.

Artigo escrito por Jean François Gabarrou, gerente científico Phodé Animal Care.
A temperatura ideal no final da fase de criação de frangos de corte depende da densidade, mas gira em torno de 20 °C. Para poedeiras, esta temperatura é de apenas 17 °C. A redução da densidade permite aceitar de 2 a 4 °C a mais. Com ventilação dinâmica, é possível lidar com 4 a 6 °C a mais, sem impacto significativo no desempenho dos animais. Com o uso de resfriamento evaporativo (pad cooling), uma redução de até 8 °C é possível — a menos que a umidade seja muito alta. Independentemente do equipamento, temperaturas acima de 28 °C acabam afetando o conforto dos animais.
Se nos referirmos à tolerância das aves ao Índice de Temperatura e Umidade (THI), apenas países de clima temperado fora do verão poderiam criar aves com alto desempenho. No entanto, as regiões com maior demanda por ovos e carne de frango são justamente países quentes, como os do Oriente Médio e África – ou regiões quentes e às vezes úmidas, como América Latina, Sudeste Asiático e China.
Para ajudar as aves a lidar com esse estresse térmico inevitável, existem diferentes estratégias que geralmente precisam ser combinadas:
- Ventilação dinâmica e sistemas de resfriamento à base de água
- Eletrólitos para corrigir perdas minerais devido ao aumento da ingestão de água
- Antioxidantes, que predominam entre os aditivos alimentares
- Agentes anti-inflamatórios para reduzir a temperatura corporal dos animais
Mas será que realmente identificamos todos os problemas relacionados ao estresse térmico? Será que deixamos algo passar?
Utilizando um modelo com animais alimentados em condições termoneutras (≃22 °C), comparados a animais submetidos a estresse térmico crônico (≃32 °C) e um terceiro grupo mantido a ≃22 °C, mas com a alimentação restrita ao mesmo nível do grupo com estresse térmico, pesquisadores conseguiram decompor o efeito do estresse térmico em dois componentes:
- Um efeito devido à redução da ingestão de ração, explicando mais de 60% da perda de desempenho.
- Um efeito direto do estresse térmico que altera as vias metabólicas, produzindo mais gordura e menos proteína, aumentando a produção de radicais livres e citocinas no sangue que promovem inflamação. Também se observa uma leve hipertermia, que pode levar à morte súbita nos animais mais pesados.
Redução da ingestão de ração durante o estresse térmico
Como as estratégias para prevenir mortalidade tardia se concentram em evitar a sobreposição entre a termogênese induzida pela dieta e os picos de calor, a queda na ingestão de ração é frequentemente considerada uma consequência inevitável. No entanto, a redução na ingestão de ração é um efeito distinto do estresse térmico e deve ser tratada como uma questão comportamental.
Durante o estresse térmico, os animais tendem a ofegar e abrir as asas para se resfriarem. Esse comportamento compete com a ingestão de água e ração e aumenta o risco de alcalose. Muitos acreditam que simplesmente fornecer água à vontade é suficiente, especialmente porque a ingestão de água aumenta durante o estresse térmico. Mas, se observarmos de perto os padrões de consumo, vemos que a ingestão de água aumenta no início da tarde, durante o aumento da temperatura, mas diminui levemente no pico de calor.
Uma solução com modo de ação cerebral (aditivo à base de Citrus sinensis) é desenvolvida para ajudar os animais a se adaptar melhor a situações de estresse, mantendo um comportamento adequado. Nessas situações, os animais interrompem o comportamento de ofegância para realizar pequenas refeições de água e ração. Isso lhes permite passar pela fase crítica com mais conforto, limitando a queda na ingestão de ração e reduzindo a mortalidade tardia.
Em uma granja experimental nas Filipinas, onde foi testado o estresse térmico severo, foi avaliado o padrão de ingestão de ração em pintinhos da raça Cobb. A ingestão foi medida a cada 2 horas. O grupo controle apresentou uma forte queda no desempenho durante toda a tarde. O grupo tratado com um aditivo à base de Citrus sinensis também reduziu a ingestão de ração nesse período quente, mas a queda foi aproximadamente duas vezes menor (Gráfico 1).
Gráfico 1. Efeito de um aditivo à base de Citrus sinensis sobre a ingestão de ração em aves durante o estresse térmico

Alteração das vias metabólicas devido ao estresse térmico
Balanço oxidativo
A queda no desempenho causada pelos radicais livres também precisa ser combatida. Em um teste realizado em condições de granja, galinhas poedeiras sob estresse térmico apresentaram, por exemplo, uma melhora na qualidade de frescor dos ovos em mais de 2 unidades Haugh (Gráfico 2), graças à suplementação com um potente antioxidante à base de extratos de sementes e cascas de uva, particularmente rico em proantocianidinas (valor ORAC de 11.000 molTE/g). O efeito antioxidante do produto no metabolismo das aves ajuda a atenuar os efeitos do estresse térmico sobre os radicais livres — conhecidos por reduzir as unidades Haugh e, consequentemente, o frescor dos ovos.
Gráfico 2. Efeito de um antioxidante à base de extratos de sementes e cascas de uva na qualidade e frescor dos ovos

Sub-inflamação
A curcumina é conhecida por seus efeitos anti-inflamatórios naturais. No entanto, trata-se de uma molécula frágil que precisa de proteção para continuar eficaz até atingir seu alvo no intestino. Um aditivo à base de curcumina ajuda a reduzir a temperatura corporal e pode aumentar o peso dos animais em até +7,8% em condições de granja (Gráfico 3).
Gráfico 3. Efeito da suplementação com um aditivo à base de curcumina no peso vivo de frangos de corte aos 35 dias de idade

O estresse térmico limita significativamente o bem-estar das aves e reduz seu desempenho. Dependendo de cada situação, pode-se priorizar uma abordagem comportamental, antioxidante ou anti-inflamatória.
Na maioria das vezes, será necessário combinar estratégias comportamentais (como o manejo da ingestão alimentar) com abordagens antioxidantes ou anti-inflamatórias (apoio fisiológico), pois essas estratégias são complementares e contribuem para manter o desempenho animal, sendo vantajosas também em nível de produtividade na granja.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: loliva@phode.fr
A versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.
Avicultura
Frango congelado inicia dezembro com preços estáveis no mercado brasileiro
Cotações do Cepea/Esalq permanecem em R$ 8,11/kg pelo terceiro dia seguido, indicando equilíbrio entre oferta, demanda e consumo de fim de ano.

Os preços do frango congelado no mercado paulista seguem estáveis no início de dezembro, de acordo com dados do Cepea/Esalq divulgados na quarta-feira (03). Pelo terceiro dia consecutivo, o produto é negociado a R$ 8,11/kg, sem variação diária ou mensal registrada até o momento.
Os números mostram que, entre esta segunda e quarta-feira, o valor permaneceu inalterado. A última movimentação no indicador ocorreu no fim de novembro, quando, nos dias 27 e 28, houve avanço de 1,25% no mês, elevando o preço justamente para o patamar atual de R$ 8,11/kg.
A estabilidade sugere um mercado ajustado entre oferta e demanda, sem pressões significativas capazes de alterar as cotações nos primeiros dias de dezembro. Segundo analistas, esse comportamento costuma ser comum no período, quando a indústria observa sinais do consumo de fim de ano e calibra a produção à procura do varejo.
