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Encontro ressalta união do agro do Paraná e celebra 60 anos da Faep
Evento reuniu mais de quatro mil produtores rurais de 269 município do Paraná, em torno de programação focada em renovação e representatividade.

O setor agropecuário do Paraná encerrou 2024 dando mostras de força e união. Mais de quatro mil produtoras e produtores rurais participaram do Encontro Estadual de Líderes Rurais, promovido pelo Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema Faep), na sexta-feira (06). Maior encontro do setor no Brasil, o evento reuniu lideranças rurais e autoridades estaduais e nacionais, enfatizando a protagonismo do agro paranaense.

Presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette: “Nessas seis décadas, contabilizamos diversos desafios. Mas, unidos, desenvolvemos inúmeras conquistas” – Fotos: Divulgação/Faep
Além disso, a programação contemplou palestras de especialistas que versaram sobre temas atuais, como renovação e representatividade.“Agradeceço a parceria de cada produtor, de cada presidente de sindicato rural, de cada liderança. Vocês formam o Sistema Faep. Vamos continuar trabalhando incansavelmente pelo nosso setor”, disse o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette, saudando os participantes.
O encontro também marcou o início da celebração dos 60 anos da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, que deverá seguir até 16 de dezembro de 2025. Na ocasião, Meneguette apresentou a logomarca comemorativa das seis décadas da entidade – em tom dourado. Além disso, o presidente interino adiantou que haverá uma série de ações e eventos ao longo do próximo ano, voltadas a festejar a data. “Nessas seis décadas, contabilizamos diversos desafios. Mas, unidos, desenvolvemos inúmeras conquistas, desenvolvemos inúmeros projetos, trabalhamos de forma coesa e consistente para o fortalecimento do setor e desenvolvimento da agropecuária paranaense em patamares nacional e internacional”, enfatizou o presidente interino do Sisteam Faep, acrescentando: “As próximas décadas serão mais desafiadoras, mas, unidos e preparados, continuaremos contabilizando conquistas”.
Complementando o anúncio, o encontro apresentou um vídeo gravado pelo presidente do Sistema Faep, Ágide Meneguette, que está afastado do cargo desde abril deste ano, por motivos de saúde. O líder rural ressaltou a importância de os entes do setor caminharem juntos e a necessidade de se investir na formação de novos protagonistas do setor.

Presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), Pedro Lupion: “Nós não paramos nem nos momentos mais difíceis”
O evento
Realizado no Expotrade Convention Center, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, o encontro reunião contou com a participação de 4.052 pessoas de 269 municípios. Além disso, mais de 270 autoridades prestigiaram a iniciativa, como o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi, os deputados estaduais Fábio Oliveira e Maria Victoria, os deputados federais Pedro Lupion e Sergio Souza, o senador Serio Moro, os secretários Natalino Avance de Souza (da Agricultura e Abastecimento) e Everton de Souza (do Desenvolvimento Sustentável), entre outras, incluindo presidentes de sindicatos rurais do Paraná.

Senador Sergio Moro fez coro ao Sistema Faep e ao G7, posicionando-se contra o projeto enviado pelo governo do Paraná à Alep prevendo o aumento do imposto sobre heranças
O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, destacou o trabalho conjunto com o Sistema Faep, que leva as demandas paranaenses ao Congresso e, de forma conjunta, pensa em soluções para os entraves ao setor produtivo. Ele lembrou de inúmeros problemas enfrentados pelos agricultores e pecuaristas dentro da porteira (em um ano de safra difícil, em razão de problemas climáticos) e fora das propriedades (com a tramitação de projetos contrários ao setor). Lupion lembrou que, apesar disso, o agro paranaense segue em frente, com posição de extrema relevância. “Parabéns por o Paraná ser o supermercado do mundo. Nos dá um orgulho enorme ver nossos produtos serem comercializados no mundo inteiro. Isso é a competência dos produtores rurais. Nós não paramos nem nos momentos mais difíceis”, celebrou o presidente da FPA.
O senador Sergio Moro também destacou a força e união do setor rural paranaense. O parlamentar também fez coro ao Sistema Faep e ao G7, posicionando-se contra o projeto enviado pelo governo do Paraná à Alep prevendo o aumento do imposto sobre heranças. Em seguida, Moro atacou o governo federal que, segundo ele, age contra os produtores rurais. “Foram dois anos de um governo federal extremamente ruim. Um governo que é ruim para o agro, que é ruim para indústria. Às vezes, a gente fica desanimado, mas faltam dois anos. Mas vão ser os últimos dois anos desse tipo de governo”, discursou.

Secretário de Agricultura e Abastecimento, Natalino Avance de Souza, enalteceu o desempenho do setor agropecuário paranaense em âmbito internacional
Representando o governo do Paraná, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Natalino Avance de Souza, enalteceu o desempenho do setor agropecuário paranaense em âmbito internacional: 40 cadeias exportadoras, que comercializam produtos para 180 países. Tudo isso, de forma sustentável e competindo com países que dão subsídios pesados a sua produção agropecuária. “Fazemos tudo isso em um Estado que tem apenas 2,4% da área do país. Esse sucesso se deve aos agricultores paranaenses e ao ambiente organizacional que temos”, disse Souza.
Programação
A programação incluiu três palestras do formato TED Talk, que se caracteriza por apresentações informativas e inspiradoras, de curta duração e que giram em torno de um assunto definido. Com o tema “Liderança institucional”, a primeira palestra foi proferida pelo líder e investidor Allan Costa, co-fundador da plataforma AAA Inovação, da Curitiba Angels, da Ettica Compliance e da B! Storytelling.
Outra palestra neste formato foi apresentada pelo escritor e pesquisador Evaristo de Miranda, sob o tema “Produzir e preservar”. Por oito anos, Miranda também apresentou um quadro no programa semanal “Caminhos da Roça”, em uma afiliada da Rede Globo, e é comentarista de agricultura na Rede Bandeirantes e na TV Rede Século 21.
A terceira apresentação foi conduzida pela consultora empresarial Marielly Biff, sob o tema “Sucessão transformadora”. Além de consultora, ela é autora do livro “Caminhos da sucessão”, voltada ao setor agropecuário.

Lisiane Czech, coordenadora da CEMF, e o consultor Claudinei Alves
Por fim, os produtores rurais assistiram à palestra principal, ministrada por Arthur Igreja, autor do best-seller “Conveniência é o nome do negócio” e co-fundador da plataforma AAA Inovação.
Mulheres e o Projeto Sindicato Protagonista
O evento também evidenciou o crescente protagonismo feminino no sistema de representatividade. Esse movimento tem sido conduzido pela Comissão Estadual da Mulheres da Faep (CEMF), que vem fomentando a participação de produtoras rurais nos sindicatos rurais. Como desdobramento desse movimento, hoje, 100 sindicatos rurais já contam com comissões locais de mulheres. “Isso nós temos observado nas capacitações, nos eventos promovidos no ano. Mas sentimos que podemos contribuir ainda mais”, disse a coordenadora da CEMF, Lisiane Rocha Czech.
Lisiane apresentou o Programa Sindicato Protagonista, proposto pela CEMF encampada pelo Sistema Faep. A iniciativa propõe um conjunto de ações com o objetivo estruturar estratégias para que as entidades sindicais atinjam um nível de excelência. Tudo isso, a partir de consultorias sistematizadas e personalizadas.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.



