Avicultura Produção animal
Emulsificante nutricional reduz custos de alimentação
Devido à sua elevada densidade energética, gorduras e óleos são as fontes de energia mais importantes na formulação de dietas para animais. Melhorar a eficiência energética e a digestibilidade dessas matérias-primas é de grande interesse do ponto de vista econômico.
Artigo escrito Por Luiz Gustavo Rombola, mestre em Zootecnia e gerente técnico internacional da Orffa do Brasil
Sabemos que a nutrição inicia-se com a ingestão do alimento, mas somente será efetiva se a digestão e a absorção dos nutrientes forem eficientes. A energia é um dos mais importantes componentes de custo para a produção de animais de alto desempenho. Devido à sua elevada densidade energética, gorduras e óleos são as fontes de energia mais importantes na formulação de dietas para animais. Melhorar a eficiência energética e digestibilidade dessas matérias-primas é de grande interesse do ponto de vista econômico. Emulsificantes nutricionais podem ser utilizados para melhorar a digestibilidade de gordura e óleos e assim melhorar a eficiência energética da dieta. Isto irá resultar em menor custo de alimentação, contribuindo para a produção animal mais econômica e sustentável.
Todos os emulsificantes apresentam como característica em comum o fato de serem moléculas anfifílicas, ou seja, a mesma molécula apresenta uma porção polar, solúvel em água, também chamada de porção hidrofílica, e uma porção apolar, insolúvel em água, também chamada de lipofílica. Segundo a legislação vigente (Portaria nº 540 de 1997), emulsionante/emulsificante é a substância que torna possível a formação ou manutenção de uma mistura uniforme de duas ou mais fases imiscíveis (aditivosingredientes.com.br).
Os sais biliares são os emulsificantes naturais, os monoglicéridos, formados no intestino após a hidrólise de gorduras e óleos também atuam como emulsificantes. No entanto, a capacidade destes emulsificantes naturais pode ser o fator limitante para a digestibilidade das gorduras. Animais jovens têm produção limitada de sais biliares e, por consequência, a digestibilidade de gordura é limitada nas fases iniciais da vida. Alem disso, as características da gordura da dieta e a quantidade de gordura adicionada pode restringir a digestibilidade.
Diferentes características de gordura e óleo explicam diferenças na digestibilidade dos ácidos graxos saturados (encontrados principalmente na gordura de origem animal) que são menos digestiveis em comparação com os ácidos graxos insaturados (gordura de origem vegetal). Níveis elevados de ácidos graxos livres também limitam a digestibilidade. A utilização de um emulsificante nutricional é a ferramenta mais eficaz para melhorar a digestibilidade de gordura e óleos. Obviamente, o efeito positivo da adição de tais emulsificantes é mais pronunciado para as gorduras e óleos menos digestíveis, mas também tem efeitos desejáveis em gorduras e óleos de elevada/alta digestibilidade, como o óleo de soja.
Para classificarmos um emulsificante em tecnologico ou nutricional, de acordo com sua especificidade, existe o conceito de Balanço Hidrofílico-Lipofílico (Hydrophilic-lipophylic Balance ou HLB), desenvolvido por Griffin (1949) (Figura 1.), que leva em conta a solubilidade do emuslficante em óleo ou em água e é variavel de 0 a 20. O emulsificante sempre deve ser solúvel na fase contínua para melhor eficiência na formação de miscelas (misturas: água-óleo ou óleo-água). Devido ao fato de que os animais consomem duas vezes mais água do que ração, o intestino é um ambiente aquoso. O objetivo de um emulsificante nutricional é otimizar a emulsificação formando micelas (óleo em água) no intestino e por isso um emulsificante com HLB alto é o mais eficiente.
Alternativas
Existem no mercado diferentes tipos de emulsificantes que podem e são utilizados em processos (emulsificantes tecnológicos) ou emulsificantes com objetivo de melhorar a digestibilidade de gorduras e óleos (emulsificantes nutricinais). O primeiro e pioneiro é a lecitina, emulsificante natural, extraido atráves do refino de óleo de soja, é composto por uma mescla de fosfolipídios (50%), triglicerídeos (35%) e glicolipídios (10%), carboidratos, pigmentos, carotenóides e outros microcompostos, possui baixo HLB (6 – 8), sendo mais indicado para processos tecnologicos como peletização, produção de emulsificados como margarinas, maioneses e molhos, por atuar na formação de miscelas água em óleo.
A segunda geração de emulsificantes se origina pelo tratamento enzimático das lecitinas, a qual dá origem às lisolecitinas (Transformação de fosfolipídios em lisofosfolipídios), através deste processo industrial, o HLB das lisolecitinas se torna intermediario (8 – 12), dando origem a um emulsificante intermediário, por muitas vezes solúvel em óleo e outras vezes solúvel em água, sendo sempre dependente de seu processo de produção, sua indicação como emusificante nutricional, assim como seu HLB é variavel (500g à 1,5kg/t de ração), podendo ainda ser utilizado como emulsificante tecnológico.
A terceira geração de emulsificantes disponíveis no mercado é considerada 100% nutricional. Produzidos através de processos industriais e com alto HLB (>16), os ricinoleatos foram desenvolvidos para complementar os emulsificantes endógenos, sais biliares cujo HLB é de 18. Estes emulsificantes, devido ao seu alto HLB e sua alta solubilidade em água, permitem menores dosagens, (350g/t) com efeitos tanto em gorduras e óleos insaturados como saturados.
Estudos recentes comprovaram o incremento na energia metabolizável de 80, 74 e 75 kcal/kg (p<0,05) quando o emulsificante de terceira geração, ricinoleato, foi utilizado em dietas de frangos de corte (350g/t) com 4% de inclusão de óleo de soja; óleo de vísceras ou o mix 2% óleo de soja+ 2% óleo de vísceras respectivamente.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato via: banov@orffa.com
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.