Bovinos / Grãos / Máquinas
Embrapa Pecuária Sudeste celebra 50 anos de ciência e inovação
Centro de pesquisa marca trajetória com foco em sustentabilidade, mudanças climáticas e até agricultura espacial.

Em 50 anos de trajetória, comemorados no dia 26 de agosto, a Embrapa Pecuária Sudeste esteve atenta às tendências da agropecuária mundial. Há alguns anos, incorpora os conceitos de pecuária sustentável, de bem-estar animal e de pecuária de precisão. Mais recentemente, o centro de pesquisa assumiu a liderança da Rede Space Farming, atuando com agricultura espacial, que é o cultivo de plantas no espaço, com o objetivo, também, de geração de tecnologias e produtos para o planeta Terra em benefício da sociedade. Dessa forma, tem conciliado em seus 50 anos de jornada tecnologia, sustentabilidade e protagonismo, contribuindo com Ciência de ponta para o desenvolvimento da agropecuária brasileira.
Para celebrar esse período de relevantes resultados, a Embrapa Pecuária Sudeste organiza o evento técnico “O futuro da pecuária sustentável”, que ocorre na quarta-feira, 27 de agosto, na Fazenda Canchim, em São Carlos (SP).

Foto: Luiz Pfeifer
A abertura terá a participação virtual do professor Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global. Jank vai falar sobre tendências globais e geopolíticas do agronegócio. Na sequência, ocorrem painéis com diferentes especialistas da Embrapa. Mudanças climáticas e o Agro Brasileiro: a ciência além do tempo, com Ladislau Martin, da Embrapa Instrumentação; Contribuições para uma Pecuária de Baixo Carbono, com o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt; Luciana Regitano apresenta o tema Hologenoma e a pecuária do amanhã; Patrícia Santos explica a participação do centro de pesquisa na formulação de políticas públicas para pastagens; e, Alessandra Fávero conta sobre as contribuições brasileiras na Economia do Espaço.
Na programação, ainda está o lançamento do livro Balde Cheio em Rede e a assinatura de uma parceria técnica com a Baldan para recuperação de áreas degradadas.
De acordo com Berndt, o evento é uma amostra dos trabalhos desenvolvidos e dos desafios que ainda estão por vir, principalmente com as mudanças climáticas. Segundo ele, a Embrapa Pecuária Sudeste é referência em estudos para mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na produção agrícola e pecuária, uso sustentável da água e adaptação de sistemas produtivos a condições climáticas mais extremas e promoção de sistemas de baixo carbono, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). “Nosso foco está na busca de soluções sustentáveis para as cadeias da carne e do leite, principalmente de bovinos. Mas temos experimentos com ovinos de corte. Desde o início dos anos 2000, possuímos estudos robustos de balanço de carbono da pecuária. Esta Unidade foi pioneira em medir os gases emitidos pelos bovinos, como o gás metano (do arroto do boi) e o óxido nitroso (dos dejetos, fezes e urina). Também, medimos a remoção e o sequestro de carbono tanto nos solos quanto em troncos de árvores em ILPF, que é uma linha de pesquisa muito importante para nós”, destaca.

Foto: Gabriel Faria
Os pesquisadores atuam de forma colaborativa em áreas diversificadas e multidisciplinares, abrangendo biotecnologia animal e vegetal, aspectos ambientais da pecuária, melhoramento genético, nutrição e saúde animal, entre outras. Tudo para fazer chegar ao consumidor carne, leite e couro de qualidade e com sustentabilidade. E esses trabalhos estão alinhados a muitas das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas.
Para Berndt, os desafios futuros incluem segurança alimentar, produção de baixo carbono e adaptação às mudanças climáticas, buscando desenvolver sistemas mais resilientes. “A agropecuária, apesar de não ser a maior fonte de emissão do país, tem sua responsabilidade. Quando adotamos tecnologias para produzir mais usando menos insumos, utilizando de forma mais racional água, terra, fertilizantes e ração, tudo isso contribui para a melhoria da eficiência do sistema de produção e, por consequência, torna a agropecuária mais sustentável. Já temos pesquisas nesse sentido, mas ainda precisamos estudar mais”, fala o chefe-geral.
Variedade de múltiplos benefícios
Em 2025, a Embrapa Pecuária Sudeste lançou a cultivar BRS Guatã, uma variedade de feijão guandu que promove a sustentabilidade da agricultura brasileira. A cultivar contribui para a saúde do solo e à redução da dependência de insumos químicos.

Foto: Tony Oliveira
O Guandu BRS Guatã destaca-se pelo potencial no controle natural de cinco espécies de nematoides, pragas que causam prejuízos bilionários à agricultura brasileira anualmente. Além de recuperar pastagens degradadas e servir de alimento para os bovinos na época seca.
As pesquisas revelaram que a variedade apresenta baixos fatores de reprodução para os nematoides Pratylenchus brachyurus; P. zeae, Meloidogyne javanica e M. incognita, com grande ocorrência, principalmente, na soja e na cana-de-açúcar. Um estudo mais recente demonstrou que o Heterodera glycines também tem fator de reprodução baixo para o Guatã.

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Dia de Campo da Embrapa destaca tecnologias para recuperar pastagens e elevar a produtividade
Evento em São Carlos (SP) apresentará, na prática, sistemas ILP e ILPF capazes de aumentar a renda, melhorar o solo e mitigar emissões na pecuária.

Tecnologias que podem aumentar a produtividade e a rentabilidade da fazenda serão apresentadas na prática durante o Dia de Campo na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), no dia 05 de dezembro.
Técnicos e produtores terão a oportunidade de conhecer, no campo, estratégias para a conversão de pastagens degradadas por meio da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e de sistemas integrados com árvores (ILPF).

Foto: Juliana Sussai
A imersão prática faz parte da programação do X Simpósio de ILPF do Estado de São Paulo, que começa no dia 04 de dezembro.
No Dia de Campo, na manhã do dia 05, vão ocorrer demonstrações de tecnologias de grande impacto econômico e ambiental, pois esses sistemas de produção têm potencial para mitigar gases de efeito estufa (GEE) e para o sequestro de carbono. Serão três estações.
Na primeira, pesquisadores vão apresentar como converter pastagens degradadas com a ILP. Recomendações para identificar o estado de degradação da pastagem e para implantar sistemas integrados, aliando práticas de manejo conservacionista do solo, para viabilizar maior oferta de pasto em períodos críticos do ano. Como inserir a ILP nas propriedades pecuárias para proporcionar, no mesmo hectare cultivado, soja para produção de grãos e, em seguida, uma pastagem de alta qualidade. A Unidade de Referência Tecnológica para recuperação de pastagens degradadas está sendo implantada pela Embrapa Pecuária Sudeste em parceria com a Baldan Implementos Agrícolas.
Já na estação 2, serão apresentados dados econômicos do sistema ILPF de longa duração e o cultivo consorciado de milho com braquiária entre as árvores. Os especialistas também vão falar das vantagens técnicas da ILPF como estratégia de mitigação de riscos para a agropecuária brasileira. Ao implantar o modelo, o pecuarista diversifica a renda, melhora a produtividade sem aumento de área, reduz o ciclo produtivo e, ainda assim, diminui as emissões de gases de efeito estufa. É uma forma de produzir carne de forma equilibrada com o meio ambiente.
Saúde do solo e bem-estar animal serão abordados na estação 3, na qual os produtores e técnicos vão conhecer a integração da pecuária de leite com árvores. O componente arbóreo proporciona conforto térmico aos animais em comparação com os sistemas tradicionais, a pleno sol. As árvores oferecem sombra às vacas, impactando o bem-estar e a produtividade. Os sistemas mais conservacionistas, como a ILPF, ainda contribuem para um solo mais saudável. Segundo o pesquisador Alberto Bernardi, as propriedades químicas, físicas e biológicas melhoram nesses modelos, promovendo altas produtividades e melhorando o vigor da pastagem ofertada aos animais, resultando em maior produção e renda.
Ao apresentar essas estratégias sustentáveis a produtores e técnicos, a Embrapa contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2, 12 e 13, promovendo uma pecuária mais eficiente, responsável e em harmonia com o meio ambiente.
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Caso de raiva em bezerro reacende alerta sanitário no Paraná
Morte registrada em Ortigueira impulsiona reforço na vacinação e na vigilância, enquanto o Estado já soma 218 casos confirmados da doença em 2025.

A morte de um bezerro diagnosticado com raiva em Ortigueira, nos Campos Gerais, reacendeu nesta semana o alerta para o enfrentamento da doença no Paraná. Considerada uma das zoonoses mais perigosas, a doença representa um grave risco tanto para a saúde pública quanto para a economia agropecuária do Estado, mobilizando órgãos oficiais a intensificarem as ações de vigilância e prevenção.
O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e é letal para os animas e para os humanos. O ciclo é este: o morcego morde o animal para chupar o sangue e transmite a raiva; outros animais e o ser humano contraem o vírus por meio de contato com o animal doente e a raiva se espalha e contamina os demais.

Foto: Arnaldo Alves
A presença da doença no Paraná é controlada: no ano passado, foram 258 casos de raiva comprovados em herbívoros; em 2025, foram mais de 400 investigados, sendo 218 casos confirmados até agora.
A vacina antirrábica é a única defesa eficaz contra a doença. “É uma vacina de baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. Isso precisa ser feito de maneira preventiva, porque depois que o animal já apresenta sinais clínicos não adianta mais”, salienta Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).
Segundo ele, pela portaria nº 368/2025 da Adapar, 30 municípios no Estado têm obrigatoriedade de vacinar contra a raiva. O que não significa que a vacinação não seja necessária em outras regiões.
Estão na lista da portaria os municípios de Boa Vista da Aparecida, Braganey, Campo Bonito, Capanema, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Diamante D’Oeste, Foz do Iguaçu, Guaraniaçu, Ibema, Itaipulândia, Lindoeste, Matelândia, Medianeira, Missal, Planalto, Pérola D’Oeste, Quedas do Iguaçu, Ramilândia, Realeza, Rio Bonito do Iguaçu, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Vera Cruz do Oeste.
A medida obriga a vacinação em herbívoros domésticos com idade a partir de três meses, incluindo búfalos, cavalos, bois, asnos, mulas, ovelhas e cabras.
Agilidade no controle e conscientização
A agilidade no controle de uma zoonose é crucial. Nesse quesito, o Paraná é pioneiro no uso de técnica molecular para diagnóstico de raiva em herbívoros. Isso é feito através do Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti, da Adapar, primeiro laboratório da Rede Nacional de Agricultura a usar esse tipo de tecnologia. “Antes, levava alguns dias para comprovarmos um diagnóstico de raiva; agora conseguimos o resultado em menos de 24 horas”, conta Dias.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Mas a verdadeira barreira para conter o surto da doença passa primeiramente pelo cuidado com o rebanho ainda no campo. Essa conscientização dos pecuaristas – no que tange à vacinação e atenção aos sintomas – é muito importante. Além de ser letal para animais e humanos, a raiva impacta em uma grande cadeia produtiva, que envolve exportações, produção e consumo interno.
Por isso, o produtor deve comunicar a Adapar imediatamente sempre que os animais apresentarem sinais neurológicos como isolamento, andar cambaleante, perda de apetite, algum tipo de paralisia e salivação abundante.
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Brasil precisa negociar com mercados externos como cadeia, não como elo, defendem entidades da pecuária
Setor reforça que articulação conjunta é fundamental para atender às novas exigências internacionais, como a lei antidesmatamento da União Europeia.

Segundo maior produtor de carne bovina do mundo, o Brasil lida com compradores externos cada vez mais exigentes. Uma alternativa para equalizar as regras entre exportadores e importadores é realizar as negociações em cadeia, para evitar que os elos envolvidos tenham maior ou menor impacto.
O tema foi debatido na última quinta-feira (06), durante o evento online “Diálogo Inclusivo – Sustentabilidade na Pecuária: como produzir mais e melhor frente às novas exigências do mercado internacional”, promovido pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e a Fundação Solidaridad. “A Mesa está aqui para dialogar como cadeia. Levar o Brasil ao papel de protagonista e fazer com que essa pecuária sustentável seja aliada do clima e da segurança alimentar”, disse a gerente executiva da entidade, Michelle Borges.

Foto: Divulgação
Ela ressaltou que a entidade realizou uma série de diálogos às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que ocorre em Belém (PA) neste mês, e formulou um documento que mostra como a pecuária brasileira pode ser uma atividade de impacto positivo para o mundo.
Especificamente sobre as exigências de compradores externos, João Paulo Franco, líder da área de produção animal da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também defendeu o diálogo conjunto. “Precisamos sentar à mesa para fazer a negociação e a gente precisa ir como cadeia, como corrente, e não como elo, pois o elo perde força de barganha quando vai sozinho”, pontuou.
Thiago Rocha, assessor técnico do Sistema FAESP/SENAR-SP, destacou que uma das principais exigências de compradores internacionais é a lei antidesmatamento da União Europeia, conhecida como EUDR.
Quando entrar em vigor, a legislação vai impedir que países do bloco europeu importem e comercializem produtos provenientes de áreas com desmatamento ou degradação florestal a contar de 31 de dezembro de 2020. A regra se aplicará a todos os países fornecedores.
Franco, da CNA, afirmou que trata-se de uma regra importante, vinda de um parceiro relevante para as exportações brasileiras, capaz de promover evoluções na pecuária ao longo do tempo. Para ele, é possível que o cenário se assemelhe ao que ocorreu quando surgiu a demanda da China de forma mais contundente pela carne bovina brasileira. “A China tinha uma demanda por carne vinda de animais precoces e colocou um prêmio para isso. Com o passar do tempo, o mercado se adequou a esse tipo de produção”, disse.
Ainda que nem todos os produtores consigam se adequar de imediato às exigências da EUDR, pois o desmatamento em áreas legais é permitido no Brasil, a carne ainda teria vazão no mercado interno e para outros compradores internacionais. “Cerca de 70% dos animais abatidos ficam no mercado interno, 30% são exportados e uma parte disso vai para a Europa. Cada país tem sua regra, a China olha de um jeito, a Europa de outro, os Emirados Árabes de outro”, comentou o representante da CNA.
Assista ao diálogo na íntegra clicando abaixo.



