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Avicultura Biosseguridade

Embrapa orienta produtores sobre blindagem das granjas avícolas

Médico-veterinário da Embrapa Marcos Mores reforça que a biosseguridade vai além da simples imposição de regras. Para ele, trata-se de uma mudança de mentalidade, que deve envolver todos os elos da cadeia produtiva.

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Durante o Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, nos dias 11 e 12 de junho, o profissional compartilhou a importância dessas práticas para a saúde e a sustentabilidade da produção animal

No competitivo mercado da avicultura, a biosseguridade se destaca como uma arma fundamental para o sucesso dos produtores. Mais do que um conjunto de medidas, ela representa uma cultura de prevenção, que blinda as unidades de produção contra a entrada de doenças que podem causar prejuízos bilionários à cadeia, como a gripe aviária e a Newcastle.

O médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, especialista em Patologia e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcos Mores reforça que a biosseguridade vai além da simples imposição de regras. Para ele, trata-se de uma mudança de mentalidade, que deve envolver todos os elos da cadeia produtiva. Durante o Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, realizado em formato híbrido entre os dias 11 e 12 de junho, o profissional compartilhou a importância dessas práticas para a saúde e a sustentabilidade da produção animal.

Durante sua palestra, Mores alertou sobre os riscos associados à falta de medidas adequadas de biosseguridade, citando a gripe aviária, doença que tem se disseminado globalmente nos últimos anos, causando inúmeros prejuízos para os países afetados, mas que ainda não adentrou na avicultura comercial brasileira, contudo os registros em aves silvestres e de fundo de quintal no Brasil deixam em estado de alerta constante todo o setor e exige que as medidas de biosseguridade sejam cada vez mais redobradas, a fim de garantir a proteção e a segurança do plantel avícola nacional.

Mores lembra que a ocorrência de uma nova cepa de Bronquite infecciosa no Brasil, em 2021, ilustrou a vulnerabilidade do setor. A doença, que provavelmente teve início na região Oeste do Paraná, rapidamente se espalhou para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, afetando de forma significativa a cadeia avícola desses estados. “Essa disseminação rápida de uma doença viral, como a Bronquite infecciosa, mostra o quanto nós somos vulneráveis em termos de biosseguridade. Não sabemos exatamente como o vírus chegou ao Brasil, mas ele se assemelha muito aos encontrados na Europa e em Israel. Esse incidente destaca a necessidade de aprimorarmos cada vez mais nossos sistemas de biosseguridade para prevenir futuras ocorrências”, enfatiza Mores.

Blindar as granjas

Médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, especialista em Patologia e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcos Mores: “As pessoas dentro da cadeia precisam estar verdadeiramente comprometidas com a importância de cada medida que precisa ser tomada e devem ter a disciplina de seguir sempre os procedimentos, sem falhas, em qualquer hipótese”. Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Biosseguridade se refere a um conjunto de medidas destinadas a reduzir o risco de introdução, disseminação e multiplicação de agentes infecciosos, sejam vírus ou bactérias, dentro de uma população animal. O médico-veterinário explica que um programa eficiente de biosseguridade envolve compreender como as doenças são transmitidas, identificar os riscos específicos de cada doença e implementar as medidas de mitigação mais eficazes.
Mores detalha algumas das medidas específicas que devem ser adotadas nas granjas para garantir um programa de biosseguridade eficiente, destacando a importância de desenvolver programas personalizados que considerem as particularidades de cada granja e as doenças mais prevalentes na região. “A implementação de programas de biosseguridade deve ser rigorosa e contínua. Precisamos avaliar constantemente a eficácia dessas medidas e estar prontos para fazer melhorias sempre que necessário. Apenas com uma abordagem proativa e bem informada podemos proteger nossas granjas e garantir a sustentabilidade da produção animal”, aponta o mestre em Ciências Veterinárias.

Entre as medidas essencias para blindar as granjas estão fazer um controle rígido de acesso, tanto de pessoas como de veículos, instalar cercas e barreiras físicas, fazer a quarentena de aves recém-chegadas à granja, limpeza frequente e desinfecção constante das unidades de produção, controle de pragas, monitoramento constante da saúde das aves e adotar o Plano de Contingência. “Adotar uma cultura rígida de biosseguridade não é apenas um dever do avicultor, mas sim um investimento inteligente. Ao prevenir a entrada de doenças, os produtores protegem seus animais, garantem a qualidade dos produtos e aumentam de forma significativa a lucratividade do negócio. É preciso entender e reforçar sempre que a biosseguridade é a base para uma avicultura sustentável e competitiva, que garante a saúde das aves, a segurança alimentar e o futuro promissor do agronegócio brasileiro”, salienta Mores.

Benefícios de uma boa biosseguridade

Investir em biosseguridade traz uma série de benefícios para os produtores, consumidores e para a cadeia de produção como um todo. “Uma biosseguridade eficiente melhora a produtividade e a rentabilidade das granjas. Com menos doenças, há uma redução significativa no uso de antibióticos e outros medicamentos, que além de representar um custo financeiro, podem impactar a saúde animal e humana”, expõe Mores.

No entanto, para que a biosseguridade seja efetiva, é fundamental que haja conscientização em todos os níveis da cadeia de produção. “Não adianta o produtor estar consciente e aplicar as medidas corretamente se os gestores não têm o mesmo foco. Todos os envolvidos na cadeia devem estar cientes e comprometidos para que as coisas funcionem bem e as doenças não entrem ou se disseminem nas granjas”, pontua Mores.

Tipos de doenças e suas prevenções

O pesquisador da Embrapa Aves e Suínos explica que existem dois tipos principais de enfermidades que afetam as aves nas granjas: as doenças de produção e as doenças primárias.

As doenças de produção, como Colibacilose, Coccidiose e enterite necrótica, são causadas por agentes que já estão presentes nas granjas. “A gravidade dessas doenças depende das condições de criação, e podem levar a perda de desempenho, aumento da mortalidade e uso de medicamentos”, aponta o especialista.

Por outro lado, as doenças primárias, como a Influenza aviária e a Doença de Newcastle, causam alta mortalidade e severas restrições à comercialização internacional de carnes. Para evitar a entrada destes agentes patogênicos, as medidas de biosseguridade externa são essenciais. “Cada vez que algo ou alguém entra na granja existe um risco de introdução de patógenos. Chamamos isso de eventos de risco. As medidas de biosseguridade buscam reduzir o número desses eventos de risco, minimizando o risco associado a cada evento”, menciona Mores, ampliando: “Mesmo não podendo eliminar totalmente a entrada de pessoas ou materiais, podemos adotar procedimentos rigorosos para reduzir ao máximo a chance de transmissão de doenças dentro das granjas”.

Biosseguridade externa

Existem diversas formas pelas quais as doenças podem ser introduzidas nas granjas, como aves portando agentes infecciosos, ração, água, insetos, pessoas, roedores, animais domésticos e selvagens, pelo ar, veículos e equipamentos. Dentre esses, as aves portando doenças representam o maior risco, seguido por ração, água, pessoas e outros animais, enquanto a contaminação pelo ar e materiais têm um risco menor.

O especialista aponta 12 medidas de biosseguridade externa que devem ser tomadas para garantir a proteção das aves, entre elas:

  • Instalação das granjas distante de estradas e de outras unidades de produção para evitar a contaminação aérea e a transmissão de doenças por insetos e roedores;
  • Barreiras vegetais e cercas de isolamento, essenciais para prevenir a entrada de pessoas estranhas, veículos, animais roedores e aves silvestres;
  • Estruturas anexas à granja, como silos de ração e escritórios, devem ser posicionadas junto à cerca para minimizar a necessidade de veículos entrarem na área da granja;
  • Desinfecção de veículos e equipamentos nos arcos de desinfecção e lavadores de alta pressão para entrada na granja;
  • Rastreabilidade de cargas e matérias-primas nas fábricas de ração, que devem ter os mesmos controles das granjas;
  • Câmara de descontaminação para desinfecção de documentos, alimentos e materiais menores. E sala de descontaminação para equipamentos maiores e produtos de consumo, como medicamentos e desinfetantes;
  • Controle de pessoas que tem acesso à granja, restringindo a entrada de pessoas que tenham visitado outras granjas recentemente;
  • Lavagem e desinfecção dos veículos e caixas de transporte para evitar a transmissão de doenças de um lote para outro;
  • Monitoramento da qualidade da água, controle microbiológico e químico, e reservatórios bem protegidos;
  • Manejo adequado da cama, controle químico e físico de insetos, uso das portas iscas, limpeza e organização dos arredores da granja para evitar esconderijos dos roedores;
  • Manter um livro de registro dos visitantes é fundamental para, em caso de mortalidade na granja, rastrear os locais visitados anteriormente. Isso auxilia na investigação e controle da possível disseminação de agentes patogênicos para outras granjas;
  • Plano de contingência para lidar com surtos de doenças, essencial para minimizar perdas e proteger a granja.

Biosseguridade interna

Além das medidas externas, a biosseguridade interna visa controlar os agentes que já estão presentes nas granjas. Isso inclui práticas diárias e a implementação de protocolos que mantêm as doenças de produção sob controle, reduzindo a gravidade e a disseminação dessas enfermidades. Para alcançar isso, é essencial manter a imunidade dos animais elevada para evitar doenças imunossupressoras, estresse ambiental e de manejo, como a superlotação nos aviários, e garantir a temperatura adequada da cama das aves. “Aves que não possuem conforto térmico apresentam imunidade mais baixa”, afirma Mores, complementando: “O uso de vacinas é fundamental para manter a imunidade das aves elevada”.

O especialista frisa que manter a pressão de infecção baixa envolve várias ações, especialmente relacionadas à qualidade da cama, ventilação e climatização dos ambientes, além da limpeza e desinfecção das unidades de produção. Conforme o especialista em Patologia de Aves e Suínos, o uso de detergentes durante a limpeza pode reduzir em até 10 vezes o número de bactérias remanescentes após a lavagem e desinfecção das granjas. “Tão importante quanto isso é a verificação do aviário após a desinfecção e lavagem para garantir que está limpo e pronto para receber o próximo lote,” salienta.

Mores diz que os antibióticos são uma forma de reduzir a infecção, mas há uma crescente pressão para seu uso moderado devido à resistência antimicrobiana. “Sempre que necessário, o uso deve ser prudente, com dosagens adequadas, respeitando o período de retirada e realizando monitoramento contínuo dos agentes envolvidos nas doenças e sua sensibilidade antimicrobiana”, acentua o especialista.

Redução de riscos

Para garantir uma biosseguridade eficaz, Mores diz que é fundamental reduzir ao máximo o número de eventos de risco e minimizar o risco de cada evento. “Quanto menos pessoas entrarem na granja, menor será o risco de contaminação”, reforça.

Em biosseguridade, os detalhes fazem toda a diferença. O pesquisador salienta que não adianta cumprir 99% das vezes e falhar em 1%, pois pode ser justamente nesse momento de falha que uma doença será introduzida no lote.

Manter registros detalhados é fundamental para a rastreabilidade, permitindo identificar e corrigir problemas de forma rápida. Além disso, treinamentos periódicos específicos em biosseguridade são essenciais. “É sempre importante treinar os funcionários sobre quais procedimentos devem ser cumpridos, como eles devem ser realizados e qual a importância de cada um. A equipe da granja precisa compreender o motivo de cada medida para que todos estejam conscientes da real necessidade de seguir os procedimentos”, frisa.

O médico-veterinário ressalta que a biosseguridade exige disciplina e comprometimento. “As pessoas dentro da cadeia precisam estar verdadeiramente comprometidas com a importância de cada medida que precisa ser tomada e devem ter a disciplina de seguir sempre os procedimentos, sem falhas, em qualquer hipótese. Somente assim será possível manter um ambiente seguro, minimizando os riscos e garantindo a saúde e o bem-estar dos animais e, consequentemente, a rentabilidade do produtor”, assegura.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de avicultura acesse a versão digital de avicultura de corte e postura, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Vem aí o Alimenta: Congresso Brasileiro de Proteína Animal e Rendering

Evento acontece de 17 a 19 de junho de 2025 em Foz do Iguaçu – Paraná e vai reunir os players de proteína

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Fotos: O Presente Rural

Surge um novo e disruptivo capítulo na história dos eventos de proteína animal no Brasil: o ALIMENTA – Congresso Brasileiro de Proteína Animal . Marcado para junho de 2025, em Foz do Iguaçu, este evento é a evolução natural do Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, que cresceu ano após ano com o pilar de gerar informação útil aos produtores rurais. O Alimenta promete ser um marco significativo na integração de toda a cadeia de proteína animal, atraindo a atenção de todos os segmentos do setor. Só o mercado de reciclagem animal movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano e exporta mais de US$ 115 mil por ano.

“O Alimenta 2025 foi concebido para atender às novas demandas e oportunidades do setor de proteína animal. Ele não é um evento novo, mas sim a migração do Congresso de Suinocultores e Avicultores que já era promovido pelo O Presente Rural, Frimesa Cooperativa Central e Cooperativa Lar.  A evolução do nosso evento reflete nosso compromisso em proporcionar um ambiente onde produtores, profissionais e empresas possam compartilhar conhecimentos, inovações e gerar negócios. A escolha de Foz do Iguaçu, com sua infraestrutura e localização estratégica, foi essencial para abrigar esse novo formato, que promete ser mais inclusivo e abrangente”, destaca Selmar Marquesin, diretor do jornal O Presente Rural.

O Alimenta escolheu o estado do Paraná como sede em reconhecimento à grande capacidade produtiva e empreendedora dos produtores de aves e suínos. O modelo cooperativista que tanto orgulha o país e a capacidade de atrais negócios com a expansão de uma agroindústria forte exigia uma programação especialmente desenhada para a as demandas desse setor. Um evento único, criado para ser um encontro bienal de troca de conhecimento, de reciclagem profissional e compartilhamento avanços da tecnologia, afirma Eliana Panty, CEO do Alimenta.

Panty destaca que o setor de reciclagem animal, responsável pelo processamento de resíduos do abate de animais de produção, como aves, suínos, bovinos e pescado, gira milhões no mercado internacional. “São as partes dos animais abatidos que não vão para o consumo humano, seja por questões ligadas aos hábitos alimentares ou culturais da população ou, então, classificados como impróprios para consumo humano pelo sistema de inspeção oficial, como ossos, penas, sangue, escamas, vísceras, aparas de carne e gordura e partes do animal. Uma matéria prima valiosa para a indústria de rações para animais de produção e pets”.

O Alimenta 2025 se apresenta com uma programação abrangente com foco no produtor e nos gestores de granjas. Grandes empresas do setor apresentam suas últimas inovações, produtos e serviços na Exposição e Feira de Negócios, promovendo um ambiente dinâmico de networking e geração de negócios. Além disso, serão oferecidas palestras direcionadas a produtores de leite, ovos e carnes, além de sessões específicas para profissionais como médicos veterinários e zootecnistas, abordando as mais recentes novidades em pesquisa e desenvolvimento. A Mostra de Trabalhos Científicos oferecerá um espaço dedicado à apresentação de pesquisas e estudos de vanguarda da ciência e tecnologia no setor de proteína animal. As empresas parceiras também terão a oportunidade de organizar eventos adicionais, proporcionando ainda mais conteúdo relevante e oportunidades de aprendizagem.

Selmar Marquesin, diretor do jornal O Presente Rural

Selmar destaca ainda que várias entidades já confirmaram apoio ao evento e outras ainda estão por vir. “Essa semana alinhamos um parceria com o Sindicato da Industrias Avícolas do Paraná(Sindiavipar), que pretende realizar o seu Whorkshop  dentro do Alimenta. E claro, vamos manter a parceria de sucesso que já temos de longa data com a Frimesa Cooperativa Central e Cooperativa Lar que sempre foram os correalizadores do nossos eventos. Estamos também firmando parcerias e apoio de outras cooperativas, agroindústrias e associações, como por exemplo, Coopavel, ABPA, ABCS, ACCS, ACSURS, ASUMAS, ACRISMAT, APS, APCS. ASGAV e ANFEAS, entre outras que ainda estão em tratativas, afirma o diretor do O Presente Rural.

 

 

Foz do Iguaçu

Eliana Panty, CEO do Alimenta – Foto: Divulgação

A escolha de Foz do Iguaçu como sede do Alimenta não foi por acaso. Reconhecida pela sua capacidade de receber grandes congressos do setor, a cidade conta com um aeroporto bem localizado e uma infraestrutura turística robusta, incluindo muitos hotéis para acomodar os participantes. Situada no Oeste do Paraná, um dos maiores polos de produção de proteína animal do Brasil, Foz do Iguaçu oferece o ambiente ideal para um evento dessa magnitude.

“O evento visa promover a qualificação constante do setor através de palestras atualizadas, destacando as mais recentes inovações em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, busca fomentar negócios por meio da exposição de fornecedores da cadeia de insumos . Com esta nova abordagem, o Alimenta pretende integrar toda a cadeia produtiva, reforçando a importância da inovação e do desenvolvimento sustentável para o futuro da proteína animal no Brasil”, menciona Eliana Panty.

“Prepare-se para uma experiência única e transformadora no Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal . Este evento promete ser um verdadeiro progresso para o avanço da indústria de proteína animal, reunindo os principais atores do setor para compartilhar conhecimento, explorar novas oportunidades e construir um futuro mais próspero e sustentável. Nos vemos em Foz do Iguaçu, onde juntos vamos moldar o futuro da proteína animal no Brasil”, sintetiza Eliana Panty.

 

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Os custos de produção de frangos de corte e de suínos nos principais estados produtores e exportadores do país tiveram comportamentos diferentes no mês de agosto

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

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Foto: Divulgação/Embrapa

No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte atingiu R$ 4,53, representando uma queda de 1,73% em relação ao mês de julho. Apesar disso, o ICPFrango ainda registra um aumento acumulado no ano de 2,62%, enquanto nos últimos 12 meses houve um aumento de 6,20%, com o índice da Embrapa alcançando 350,33 pontos em agosto. A ração se destacou como o principal componente de custo, com uma queda de 2,59% e uma participação de 66,60% no custo total de produção. Outros itens que contribuíram para a queda nos custos foram os do grupo energia elétrica/cama/calefação (-5,17%) e genética (-0,10%).

Foto: Divulgação/Embrapa

Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo de suíno vivo alcançou R$ 5,90 em agosto, um aumento de 0,94% em comparação a julho, mas ainda com uma queda acumulada no ano (-4,85%), enquanto registra alta nos últimos 12 meses (1,51%), com o ICPSuíno atingindo 337,71 pontos. Os custos com juros sobre o capital investido e de giro e rações foram determinantes, com aumentos de +2,52% e +0,22%, respectivamente.

Os estados de Santa Catarina e Paraná são referências nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS devido à sua posição como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente. No entanto, a CIAS também oferece estimativas para outros estados brasileiros. Essas informações são fundamentais para indicar a evolução dos custos nesses setores produtivos.

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

Foto: Divulgação/Embrapa

Aplicativo Custo Fácil – O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

Planilha de custos do produtor – Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

Fonte: Assessoria Embrapa
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Avicultura

A ascensão da Lar sob a liderança de Irineo da Costa Rodrigues

Presidente da Lar Cooperativa compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa.

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No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira, PR, na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa. Confira os principais trechos.

O Presente Rural – Fale um pouco sobre sua história dentro do cooperativismo e na Lar. Como essas duas histórias se unem?

Irineo da Costa Rodrigues – A Cooperativa Lar foi criada nos anos 1960, quando houve uma migração de pessoas do Sul do país para onde hoje é o município de Missal. A Igreja Católica inclusive, através de uma encíclica do Papa João XXIII, que dizia que as pequenas economias deviam se juntar ou em cooperativas. Cinco dioceses na época foram até o governador Moisés Lupion pedir uma ajuda à Igreja. O governador doou para essas cinco dioceses cinco mil alqueires, ou seja, mil alqueires a cada. Assim, vieram agricultores do sul da região das Missões, de origem alemã e católicos pequenos agricultores.

Fotos: Divulgação/Lar

Na medida em que eles vinham, compravam uma colônia de terra que é dez alqueires e a igreja separava um valor para formar uma cooperativa. E assim nasceu a Cooperativa Lar, que foi fundada no dia 19 de março de 1964. No dia 19 de março de 2024 a Lar completou 60 anos.

Eu sou da região da campanha do Rio Grande do Sul. Minha cidade natal é Canguçu, meu pai era pequeno produtor. Produzia leite, batata, cebola, pêssego e na época ele se associou à cooperativa de leite. Infelizmente ela descontinuou por má gestão e então eu sempre convivi com meu pai falando em cooperativa.

Depois fui estudar sete anos no Colégio Agrícola Visconde da Graça, em Pelotas, RS, e lá nós tínhamos uma cooperativa escolar. Então, de novo falando em cooperativa e estudando um pouco. Quando vim para a agronomia, me formei em 1973, em Pelotas, também na grade curricular tinha matérias voltadas ao cooperativismo.

No comecinho de 1974 me formei engenheiro agrônomo. Eu queria ser produtor rural. Pensei “vou no rumo do Centro-Oeste, no Mato Grosso”, mas o Mato Grosso ainda não tinha a agricultura. Entrei na Emater do Paraná, trabalhei sete anos. Quando saí da Emater, a Sudcoop, que hoje é a Frimesa, entrou em dificuldade e vim ser presidente dessa cooperativa e fiquei até o ano de 1983. Em 1984 e 1986 vim para a Cotrefal (Lar) como diretor-secretário e fiquei um pouco frustrado porque a cooperativa não andava. Então me afastei e, quando voltei, em 1990 por nove anos acumulei a Presidência da Sicredi e até hoje da atual Lar.

O Presente Rural – Quando a Lar decidiu diversificar e industrializar sua produção?

Irineo da Costa Rodrigues – Eu só assumi a Presidência da atual Lar com essa ideia de que tinha que fazer duas coisas: trazer mais eficiência na agricultura e agregar valor, porque pequenas propriedades não se viabilizam só com grãos e nós já tínhamos através da Frimesa um pouco de suinocultura e leite. Primeiro passo foi aumentar a suinocultura, aumentar a produção de leite, buscar mais produtividade. Na época, criamos os chamados programas de eficácia. Aí nós entramos com a cultura da mandioca e de hortigranjeiros, mas mirando frango. Até que foi possível, quatro anos depois, pois estávamos com um estudo pronto para entrar na avicultura, no dia 09/09/1999, ou seja, em menos de uma década a Lar já estava agregando valor, diversificada e mais industrializada.

O Presente Rural – A Lar é destaque tanto em número de colaboradores como associados. Ao que o senhor atribui esse desempenho todo?

Irineo da Costa Rodrigues – Cresceu o número de associados porque mais agricultores passaram a confiar na gestão. Não tínhamos médios e muito menos grandes produtores associados à cooperativa. Passaram a se associar e depois aumentou o quadro de associados quando a Lar foi para o Mato Grosso do Sul, claro, tínhamos associados lá, mas muitos sul-mato-grossenses se associaram à Lar. Como também quando fomos para o norte do Paraná, para expansão da avicultura. O nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil. Por termos uma avicultura muito intensa, a Lar se tornou em 24 anos a terceira maior empresa de abate de frango do país, a quarta maior da América Latina. A avicultura é muito intensa em ocupação de mão de obra. Nossa avicultura, hoje, precisa de 21 mil funcionários. Então, dos 24 mil funcionários, 21 mil estão na avicultura.

O Presente Rural – Como o senhor avalia o cooperativismo no ramo agropecuário?

Irineu da Costa Rodrigues – Ele é extremamente necessário. Penso que ele vai se expandir. Claro que, vez ou outra, alguma cooperativa não tem sucesso, mas isso se deve a alguns fatores. Uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor. Se a cooperativa preenche essa necessidade é meio caminho andado. Segundo, tem que ter uma gestão boa. E, às vezes, as cooperativas se perdem um pouco com a vontade de querer ajudar o associado, exagera na ajuda, ou também por falta de conhecimento, não são felizes nas decisões tomadas na área comercial, industrial. A cooperativa tem que preencher o interesse do associado e tem que ter uma boa gestão.

E outra palavra que não é mágica, mas é importante, é confiança. A cooperativa tem que gerar confiança. Com esses três alicerces uma cooperativa vai bem, ela cada vez mais encanta seu associado, cada vez se expande mais. Claro que isso não é unanimidade, até porque não dá para uma diretoria de cooperativa atender tudo que o associado quer, pois têm alguns que exageram no pedido. O cooperativismo está sendo cada vez mais importante para o país. Cada vez mais está participando mais da produção, como no estado do Paraná, onde mais de 50% da produção do estado passa por cooperativas.

O Presente Rural – Hoje a cooperativa trabalha em diversas áreas do agronegócio. Poderia traçar um panorama dessas áreas?

Irineu da Costa Rodrigues – A Lar tem um foco. Isso foi definido há duas décadas, quando nós passamos a diversificar muito e poucos associados tinham o interesse por aquelas atividades. O foco da Lar é o que a nossa região faz, foco em grãos, em carnes e insumos. Temos logística, temos transporte, serviços. Criamos a cooperativa de crédito, a Lar Credi para focarmos no agricultor.

O Presente Rural – A avicultura teve uma expansão expressiva nos últimos anos. Até onde a Lar pretende chegar?

Irineu da Costa Rodrigues – De certa forma, a Lar chegou onde queria chegar. Nós precisávamos aumentar a nossa avicultura, porque é uma atividade que tem que crescer para diluir custo. Nós tivemos essa percepção. Nos ressentíamos de ter uma planta para o mercado interno, então, adquirimos a Granjeiro, em Rolândia. Conversávamos muito com a Copagril sobre a necessidade que eles tinham de aumentar, porque com o abate pequeno não era sustentável. A Lar precisou ser ousada, ter coragem para assumir uma atividade que tinha valor alto e deu certo. No primeiro dia útil de três anos atrás, a Lar já estava abatendo frango em Marechal Cândido Rondon. Acreditamos que a Lar é reconhecida, está fazendo um bom trabalho.

O Presente Rural – Quais os principais desafios que a Lar sente hoje?

Irineu da Costa Rodrigues – Nossa preocupação é a queda no preço dos grãos, pois produzimos ainda com custos altos. E, claro, estamos muito preocupados com essas questões de logística que não melhoram nunca. As estradas já deveriam estar todas duplicados, elas são deficientes. Nos preocupa também energia elétrica, que não é adequada ao nível de consumo que temos hoje. A toda hora cai energia, morre frango. Nós não temos conectividade, não temos sinais bons aqui para as máquinas modernas que temos. Em alguns lugares há problemas de água e estradas vicinais. Segurança jurídica e marco temporal, por exemplo. Há indígenas que vêm do Paraguai, que são massa de manobra, criar tensão na região. Como, de certa forma, o MST, que na nossa região está tranquilo, mas a toda hora a gente vê alguém incentivando os movimentos sociais (a invasões).

O Presente Rural – Quais são as oportunidades emergentes que a Lar observa para o agronegócio brasileiro?

Irineu da Costa Rodrigues – As oportunidades são muito grandes, porque nós temos território, nós temos terra, nós temos know how, nós temos clima. E quando falo em know how é porque temos pessoas que sabem fazer agricultura. Os outros países também têm esse potencial, mas não têm a tecnologia, não tem know how como o nosso agricultor sabe fazer. Então, por isso, o Brasil seguramente vai, cada vez mais, ter uma produção maior. Mas claro, outros países começam a criar barreiras, barreiras tarifárias, sanitárias. Precisamos ter um governo que faça o trabalho contraponto, que divulgue mais como trabalhamos. Nós temos uma narrativa muito ruim no Brasil, inclusive brasileiros estão falando que a nossa produção não é saudável, que agride o meio ambiente, que tem trabalho escravo. Brasileiros fazendo jogo de interesses fora do país. Nós temos que sair na frente com uma nova narrativa, falar qual agricultura nós fazemos e chamar os clientes, mostrar para eles. Já ocorreu de clientes da Lar que vieram do exterior ficarem surpresos ao verem árvores na beira das estradas e rios, pois se fala que no Brasil não há mais mata. Essa narrativa precisa ser construída para que sejamos melhores vistos lá fora.

O Presente Rural – Na sua visão, o que é o agronegócio do futuro e como o cooperativismo se encaixa nele?

Irineu da Costa Rodrigues – O agronegócio é uma necessidade. Nós vamos ter nove bilhões de pessoas, então é um incremento de mais de 1 bilhão de pessoas que precisam se alimentar e têm muitas regiões do mundo em que as pessoas passam fome. Estamos numa atividade essencial, diria até mais essencial que a saúde, porque não tendo alimentação, não tem como ter saúde.

Isso tem uma perspectiva muito grande para o nosso país. Cada vez mais a gente observa que quem tem tecnologia para o agro vem para o Brasil. O país vai atrair muitos investidores porque ele tem uma condição espetacular para produzir muito mais. E nós temos que ter a sabedoria de aproveitarmos essas oportunidades. E sim, penso que as cooperativas estão fazendo isso. A Lar não cresceu nos últimos anos à toa, ela buscou crescer, ela se preparou, ela tem na educação e na inovação pilares importantes.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de cooperativismo acesse a versão digital de Especial Cooperativismo, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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