Bovinos / Grãos / Máquinas
Embrapa inaugura laboratórios de referência em análise do leite
Estruturas inauguradas pela Embrapa em Pelotas fortalecem a pesquisa e a qualidade do leite, com foco em inovação, segurança alimentar e sustentabilidade.

A Embrapa inicia uma nova era de eficiência em pesquisa leiteira. No dia 10 de julho, foram inauguradas duas estruturas para ampliar as análises de qualidade do leite. O Laboratório de Pesquisa e Análises em Cromatografia Avançada (LabCromato) e o Laboratório de Campo do Leite (LabCampo), localizados na Embrapa Clima Temperado, estão aptos a realizar análises e investigações em diferentes formas de manejo do gado leiteiro para impulsionar a cadeia produtiva e gerar alimento seguro e saudável. O ato inaugural das construções contou com a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Clenio Pillon, e de autoridades regionais e estaduais na atividade leiteira e política do Rio Grande do Sul.

LabCromato expandirá a pesquisa leiteira, incluindo análises para outros alimentos – Foto: Divulgação/Embrapa
Os dois laboratórios agregam valor científico e tecnológico ao Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária Leiteira, o Sispel, o qual completará 30 anos em 2026. Foram aplicados cerca de 10 milhões de reais, oriundos do Programa Leite Seguro, numa parceria entre a Embrapa Clima Temperado e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do RS (LFDA/RS), ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os recursos foram captados junto ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O evento contou com o ato inaugural dos dois laboratórios, seguido por visitas às novas estruturas. A solenidade também programou a assinatura de parceria que instituiu o Hub do Leite e de um protocolo de intenções com a Funcap para reunir esforços em promover qualificação da atividade leiteira no noroeste do Rio Grande do Sul.
Os dois laboratórios inaugurados
O primeiro laboratório a ser inaugurado foi o LabCromato, fisicamente ligado ao Laboratório de Qualidade do Leite. O espaço foi ampliado com uma estrutura analítica de última geração, com capacidade para análises de resíduos e contaminantes, avaliação de compostos nutracêuticos e funcionais, pesquisas com medicamentos animais e vegetais, validação de kits rápidos, desenvolvimento de produtos e metodologias inovadoras e apoio à sanidade animal. “Estamos ampliando e sofisticando as análises ao trazermos cromatógrafos, pois esses equipamentos qualificam e quantificam analitos, fármacos, contaminantes no leite, como antibióticos”, disse a pesquisadora responsável pelo laboratório, Rosângela Silveira Barbosa. Essas análises podem ser estendidas também para outras análises em outros alimentos, não somente leite e derivados.
Na solenidade, a pesquisadora fez referência a presença dos primeiros fundadores do Sispel e que se dedicaram à pesquisa do leite na Embrapa Clima Temperado, agradecendo os anos de atuação dos pesquisadores Darcy Bitencourt, Jorge Fainé, Maria Edi Rocha Ribeiro e Waldyr Stumpf Junior.

Foto: Fernando Dias
Segundo laboratório, o LabCampo foi a última estrutura a ser inaugurada e visitada pelos presentes. Este laboratório dispõe de instalações físicas com modelos de alojamento do tipo compost barn e free stall. É voltado à execução de pesquisas para dar bem-estar aos animais.
Abriga instalações para realização de experimentos em nutrição, reprodução, saúde, cria e recria e comportamento animal, além de dispor de uma sala de ordenha, sala do leite, e espaço para capacitação de profissionais, produtores e estudantes. “Somos a única Unidade do País que trabalha com a raça Jersey e o Laboratório de Campo nos permitirá fazer trabalhos mais sensíveis, que vai ser complementado pelo Laboratório de Qualidade de Leite, através do LabCromato”. Os resultados e as soluções tecnológicas vão chegar para os agricultores, vários produtores de leite (pequeno, médio e grandes) e para a indústria”, disse o chefe-geral, Waldyr Stumpf Junior.
As novas estruturas foram descerradas com a presença do coordenador do LFDA/RS, Fabiano Barreto, e pelo superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária no RS, José Cleber Dias de Souza.
Reconhecimento ao Programa Leite Seguro
As novas estruturas de laboratórios foram possíveis pelo esforço da equipe do Programa Leite Seguro. A gestão da Unidade fez um reconhecimento aos membros desta equipe, sendo feita a entrega pela Presidência da Embrapa de uma placa de homenagem que será afixada em ambos os laboratórios.
Os membros do Comitê Gestor do Programa são: Fabiano Barreto, Maira Balbinotti Zanella, Marcelo Bonnet Alvarenga, Rogério Morcelles Dereti, Rosângela Silveira Barbosa e Waldyr Stumpf Júnior. “O Programa Leite Seguro, não somente qualificou nossa infraestrutura de pesquisa, mas ele possibilitou trabalhar com os consumidores, os produtores rurais com a implementação de boas práticas agropecuárias em propriedades rurais nos três estados da região Sul do País, com o apoio de vários laticínios e instituições parceiras Sul Leite, Coopar, Laticínios da Fazenda, Cooperfort, Cotrifred, Laticínios do Sul, Cooperlat, Stefanello, H1Cooper H1, Tirol, Aurora, HE Laticínios e Emater. A experiência somou 203 unidades de leite acompanhadas na ação, além de vários bolsistas de diferentes áreas de atuação, assim como a participação de outras unidades de pesquisa da Empresa”, destacou a pesquisadora do Programa, Maira Zanela. O Programa Leite Seguro iniciou em dezembro de 2019.
Nova Ponte Padre Doutor

Foto: Jaelson Lucas
Durante as atividades da programação de inauguração dos dois laboratórios foi possível o público presente verificar as obras da nova ponte sobre o Arroio Padre Doutor, que liga a Estação Experimental Terras Baixas às áreas experimentais de pesquisa. Os recursos para esta estrutura vieram do novo Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC. A ponte enfrentava depreciação estrutural há anos, e desde 2021, a Unidade de Pesquisas vinha gestionando parceiros para sua recuperação. A estrutura também serve para deslocamento de mais de 60 famílias do assentamento da Palma, situado no Centro Agropecuário da Palma, administrado pela UFPel.
Hub de Inovação do Leite
Uma nova rede colaborativa foi anunciada no evento, o Hub de Inovação do Leite, que reunirá instituições públicas e privadas para acelerar a inovação na cadeia produtiva do leite. É um ambiente que integra competências, projetos e infraestrutura para compartilhar conhecimento tecnológico.
Para oficializar o anúncio foi feita a assinatura de um termo de intenção entre a Embrapa Clima Temperado e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, o LFDA. “Estamos numa agricultura baseada no tripé ‘ciência-política-pesquisa’, e temos nesses dois novos laboratórios pesquisa, pessoas, infraestrutura, um exemplo de fortalecimento da pesquisa agropecuária, mas é importante que os seus resultados cheguem até o produtor rural, nosso principal cliente, e até o consumidor final”, disse a presidente Silvia Massruhá. Segundo ela, o Hub de Inovação será um ambiente de capacitação com foco no aumento da produção e produtividade da bacia leiteira da região, capaz de impulsionar o arranjo de políticas públicas. “Vejo essa ação como estratégica não só para Pelotas e região, para o RS, mas para todo o Brasil”, disse.
Acordo de cooperação para promoção da capacitação

Outro importante protocolo de intenções foi assinado entre a Embrapa Clima Temperado, a Embrapa Pecuária Sul, unidade de pesquisas em Bagé/RS, a Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (Fapeg) e a Fundação de Capacitação e Desenvolvimento (Funcap) para promover ações de qualificação da atividade leiteira na região Noroeste do RS, tendo como base as boas práticas agropecuárias.
O diretor técnico da Funcap, Gerson Auth, falou sobre a atuação da Fundação e a sua importância para a região noroeste, uma das maiores bacias leiteiras do Estado do RS, congregando 20 municípios.
Todos os participantes do evento puderam fazer uma visita guiada às dependências dos dois laboratórios ao conhecer suas especificidades, capacidade de atendimento e amplitude de análises.

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



