Notícias
Embrapa conta trajetória da soja no Brasil Central a partir de variedades históricas
Iniciativa pretende demonstrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025.

Tornar o Brasil o maior produtor mundial de soja – 147,35 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 – só foi possível com investimento em ciência para adaptar essa espécie para o cultivo em região tropical. Para demonstrar a evolução das cultivares de soja no Brasil, com foco no Centro-Oeste, a Embrapa estará demonstrando uma linha do tempo com diferentes cultivares de soja na sua Vitrine de Tecnologias no Tecnoshow Comigo, que será realizado de 08 a 12 de abril, em Rio Verde (GO).

A iniciativa pretende demonstrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025. Desde a introdução experimental da soja no Brasil, foram desenvolvidas diversas cultivares, sempre buscando incremento de produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve participação ativa nessa evolução, tanto que em 50 anos a instituição desenvolveu cerca de 440 cultivares de soja. “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira e isso foi possível, graças aos diversos atores que compõem a cadeia produtiva da soja – cientistas, técnicos e produtores – e que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno. Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.
Para compor a Vitrine da Embrapa, foram selecionadas 15 cultivares de soja, que fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil acessos (tipos de soja) introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. “O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades,” esclarece o pesquisador e curador do BAG-Soja, Marcelo Fernandes. Marcelo Fernandes de Oliveira, curador do BAG-Soja.
Linha do tempo da soja
Logo na entrada da Vitrine da Embrapa, o visitante poderá ver a soja selvagem (que é perene), e a ancestral “mais próxima” da soja (Glycine soja), cujo ciclo é anual. Além destas, também estarão em exposição algumas cultivares de Glycine max (soja cultivada).
A cultivar Pelicano, introduzida dos Estados Unidos na década de 1950, se adaptou no Brasil e foi semeada até meados de 1960. Ainda na década de 1960, a pesquisadora Mônica Zavaglia, da Embrapa Soja, cita a cultivar Davis, que devido à resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da haste perdurou por vários anos e deu origem a outras cultivares. “Finalmente, em 1966, temos o lançamento da primeira cultivar de soja genuinamente brasileira de importância comercial, que é a cultivar Santa Rosa. Ela é considerada uma das cultivares mais importantes de todos os tempos, destacando-se em várias décadas”, relata a pesquisadora.

Foto: Luciano Schwerz
Nas duas décadas seguintes, a soja passa por um processo de expansão no Centro-Norte do Brasil, graças ao desempenho das primeiras cultivares genuinamente brasileiras com adaptação para as baixas latitudes brasileiras. Na década de 1970, o destaque são as cultivares UFV-1, desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, e a FT Cristalina, desenvolvida pela FT Sementes. Em seguida, foi lançada a primeira cultivar desenvolvida pela Embrapa para o Brasil Central, a cultivar Doko, lançada em 1980. Ainda na década de 1980, destaca-se também a cultivar BR 9 (Savana), com adaptação para BA, TO, MA e PI.
Na década de 1990, o foco dos programas de melhoramento foi direcionado para o aprimoramento da sanidade de raiz, com cultivares resistentes aos nematoides de galha e de cisto. Como destaque desta década, estarão em exposição as cultivares MG/BR 46 – Conquista (com resistência aos dois nematoides formadores de galhas, Meloidogyne incognita e M. javanica), BRSMG 68 [Vencedora] (com resistência à Meloidogyne incognita e moderada resistência à M. javanica) e BRSMT Pintado (com resistência às raças 1 e 3 e moderada resistência às raças 4, 10 e 14 do nematoide de cisto da soja). “É importante mencionar que o nematoide de cisto da soja foi identificado pela primeira vez no Brasil na safra 1991/92, progredindo rapidamente. Devido à sua resistência, a cultivar BRSMT Pintado foi uma das cultivares mais importantes no Brasil Central desde seu lançamento, sendo semeada até início dos anos 2020, explica Mônica.
A partir dos anos 2000, teve início uma nova geração de cultivares, com a introdução dos transgênicos (soja com resistência ao herbicida glifosato). De acordo com o pesquisador Roberto Zito, da Embrapa Soja, destaca-se a cultivar BRS Valiosa RR, grande contribuição para os sojicultores do Brasil Central. Segundo ele, a busca por cultivares de ciclo e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho 2ª safra, foi o cenário para o sucesso da cultivar BRS 284, registrada em 2007: “grande destaque e continua sendo cultivada até os dias atuais”, ressalta Zito.

Foto: Cleverson Beje
Na década de 2010, depois da entrada dos transgênicos, houve grande redução das áreas com soja convencional, principalmente devido à falta de opções de cultivares. “Neste cenário, a cultivar convencional BRS 8381, de tipo de crescimento indeterminado (novidade para a época), arquitetura diferenciada de plantas, ampla adaptação (recomendada para os estados de GO, DF, MT, BA, TO e MG), ocupou grande espaço e é semeada até os dias atuais”, conta Zito. Outro destaque, nesta década, foi a cultivar transgênica BRS 7380 RR, que deu grande contribuição aos agricultores nas áreas com problemas de nematoides de cisto e formadores de galhas.
Nos anos 2020, com a chegada da plataforma de soja transgênica com a tecnologia BT para o manejo das lagartas, o pesquisador destaca duas cultivares. A primeira é a BRS 5980 IPRO, cultivar precoce e que tem ampla resistência a nematoides de cisto e formadores de galhas. A outra é a cultivar BRS 7881IPRO, o mais recente lançamento, com alta produtividade e resistente aos nematoides de cisto e galha Meloidogyne javanica.
Histórico da soja
Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. Nesse período, a leguminosa foi domesticada pelos chineses, o que a torna uma das culturas agrícolas mais antigas do mundo. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da ancestral chinesa, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica Nepomuceno.
De acordo com a publicação “A saga da soja: de 1050 a.C. a 2050 d.C”, editada pela Embrapa Soja, a soja chegou ao Brasil pela Bahia, em 1882, quando foram realizados os primeiros testes com cultivares introduzidas dos Estados Unidos, mas não houve sucesso. Somente após chegar ao RS, em 1914, para testes, e a partir de 1924, em plantios comerciais, é que a soja apresentou adaptação. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960. Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arias. No quadro abaixo, estão as cultivares da Embrapa que fizeram e fazem a história da soja na região Centro-Norte do Brasil.


Notícias
Brasil explora inovação agrícola na Coreia do Sul
Delegação visita LG e CJ Bio para conhecer tecnologias de bioinsumos e soluções sustentáveis que podem transformar o futuro do agro brasileiro.

Em missão oficial à Coreia do Sul, a delegação brasileira liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart, realizou, na segunda-feira (24), visitas técnicas a fábricas e centros de pesquisa das empresas LG e CJ Bio.
A agenda teve como objetivo aprofundar a cooperação entre os dois países nas áreas de inovação em agrotóxicos, bioinsumos e tecnologias voltadas à agricultura sustentável, com foco no desenvolvimento de produtos mais modernos, seguros e eficientes.
Para o secretário Goulart, as visitas reforçam o interesse mútuo do Brasil e da República da Coreia em ampliar a parceria técnica e comercial no setor agropecuário. “A agricultura brasileira é baseada em inovação. Somos a potência que somos por conta da inovação. Por isso, estreitar relações entre os países é essencial para manter a competitividade do agro”, afirmou.
Compõem a delegação pelo Mapa o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, José Victor Torres, e a coordenadora de Registro, Tatiane Nascimento. Pela Anvisa, participam a gerente-geral de Toxicologia, Cassia Fernandes, a gerente de Avaliação de Segurança Toxicológica, Marina Aguiar, o gerente de Produtos Equivalentes, Juliano Malty e a assessora da Terceira Diretoria, Letícia Filier.
Visita ao parque de inovações da LG
Na LG, a delegação conheceu a estrutura global do grupo, que atua em setores como eletrônicos, telecomunicações, química e soluções para agricultura. A empresa apresentou sua visão de gestão baseada em inovação, sustentabilidade e governança, além dos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento.
A LG também destacou o papel da LG Chem e da FarmHannong, divisão agrícola líder na Coreia em proteção de cultivos, sementes e fertilizantes. A companhia reforçou o interesse em ampliar sua atuação no Brasil e dar continuidade às parcerias com o Mapa e a Anvisa.
CJ Bio apresenta avanços em biotecnologia e soluções sustentáveis
A delegação visitou ainda a CJ Bio, referência mundial em biotecnologia aplicada à agricultura, nutrição e biomateriais. A empresa apresentou seus laboratórios e plataformas de desenvolvimento de microrganismos, fermentação, purificação e produção de bioinsumos.
Foram demonstradas tecnologias voltadas à produção de inoculantes, pesticidas e bioestimulantes, com foco em soluções de baixo impacto ambiental, redução de emissões e recuperação de solos. A CJ Bio também reforçou o interesse em desenvolver produtos biológicos para soja, milho e outras culturas estratégicas para o Brasil.
Colunistas
Saiba por que fungos e nematoides seguem tirando bilhões do agro
Organismos invisíveis avançam silenciosamente sobre as raízes, derrubam a produtividade e já geram prejuízos acima de R$ 35 bilhões por ano, enquanto a biotecnologia ganha espaço no manejo.

No agronegócio brasileiro, algumas das maiores ameaças à produtividade estão escondidas sob os nossos pés. Fungos e nematoides do solo são organismos microscópicos que, muitas vezes, sem darem sinais aparentes, comprometem as raízes, reduzem a absorção de água e nutrientes e minam o vigor das plantas. Quando os sintomas se tornam visíveis, os prejuízos já estão instalados.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doenças fúngicas radiculares, como as causadas por Rhizoctonia, Fusarium e Sclerotium, podem permanecer no solo por longos períodos graças às suas estruturas de resistência, dificultando o controle e impactando culturas como soja, milho, feijão e hortaliças.

Artigo escrito por Bruno Arroyo, engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Agronegócio.
Entre os inimigos invisíveis do solo, os nematoides ocupam lugar de destaque. Esses vermes microscópicos parasitam as raízes, formando galhas ou causando lesões que reduzem a eficiência do sistema radicular. Os reflexos são diretos: menor absorção de nutrientes, estresse hídrico precoce e queda na produtividade.
Pesquisas da Embrapa apontam que áreas infestadas por Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares) podem ter perdas médias de 21% na soja, o equivalente a 12 sacas por hectare. Além das evidências experimentais, estimativas da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) indicam que os prejuízos anuais no agro superam R$ 35 bilhões, sendo cerca de R$ 16,2 bilhões apenas na soja.
O desafio do manejo
O controle de nematoides e doenças fúngicas é particularmente complexo porque não existe uma solução única. A própria Embrapa recomenda o manejo integrado, combinando práticas, como rotação de culturas com espécies não hospedeiras, para reduzir a população de patógenos no solo; o uso de cultivares resistentes, quando disponíveis; adubação equilibrada e correção do solo, que fortalecem as defesas naturais da planta; e o controle biológico, por meio de microrganismos benéficos (bactérias e fungos), que competem com fungos patogênicos e estimulam o crescimento vegetal. Essas práticas, quando aplicadas em conjunto, aumentam a resiliência do sistema produtivo e reduzem a dependência exclusiva de defensivos químicos.
Biotecnologia como aliada

Foto: SAA SP
A biotecnologia vem se consolidando como parceira estratégica do produtor. O uso de bioinsumos, seja via aplicação direta ou tecnologia On Farm, permite ampliar populações de microrganismos benéficos e fortalecer a saúde do solo.
Já desde 2023, dados da Spark Inteligência Estratégica citados pela Embrapa, indicam que o uso de bionematicidas no Brasil ultrapassou o de nematicidas químicos em importantes culturas. Na soja, os produtos biológicos já representavam cerca de 94% do mercado de nematicidas, enquanto no milho esse índice chegava a 100%, consolidando a liderança dos biológicos no controle de nematoides.
Esse movimento continua se ampliando em outras cadeias produtivas. Levantamento da Kynetec mostra que, em 2024, mesmo com a retração de 18% no mercado de defensivos para cana-de-açúcar, os produtos de matriz biológica já respondiam por 7% do total financeiro do setor, com bionematicidas e bioinseticidas representando 75% desse segmento. Esses números confirmam que a biotecnologia deixou de ser apenas uma alternativa e passou a ocupar papel central nas estratégias de manejo do solo e de controle de nematoides no agronegócio brasileiro.
Quando adotamos práticas integradas e combinamos biotecnologia com as recomendações científicas, damos passos importantes para preservar a produtividade e a sustentabilidade do agro. Em um cenário de custos crescentes de insumos, pressão por sustentabilidade e exigência de maior eficiência, deixar de lado esses inimigos invisíveis também significa renunciar margens que fazem diferença no resultado da safra.
A boa notícia é que hoje temos conhecimento científico e tecnologias biológicas robustas para transformar esse desafio em oportunidade. O futuro do agronegócio passa pela capacidade de unir ciência, inovação e sustentabilidade. Não se trata apenas de controlar patógenos, mas de preservar o potencial produtivo de cada hectare, garantindo alimento de qualidade e competitividade para o Brasil no cenário global.
Notícias 02, 03 e 04 de dezembro
Dia de Campo da C.Vale estreia formato antecipado em dezembro
Mudança busca evitar conflito com a colheita de soja e reforça a participação dos produtores.

Para evitar a coincidência com o início da colheita de soja no Oeste do Paraná, a C.Vale decidiu antecipar seu principal evento técnico. A primeira edição do Dia de Campo no novo formato será realizada nos dias 02, 03 e 04 de dezembro, no Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR).
A programação inclui lançamentos de máquinas e implementos com condições diferenciadas de compra, além da apresentação de novilhas leiteiras, gado de corte, caprinos e ovinos. O evento também mostrará resultados de trabalhos técnicos conduzidos no local. Entre as novidades estão concurso de receitas, maior interação com o público, ações ampliadas das empresas parceiras e mais áreas de sombra para quem aguarda o deslocamento nos ônibus internos.
A edição realizada em janeiro de 2025 reuniu 12 mil visitantes nas proximidades do complexo agroindustrial da C.Vale.
Antecipação estratégica
A decisão de mudar o calendário para dezembro ocorreu porque o plantio mais cedo das lavouras vinha aproximando o início da colheita da soja do período tradicional do evento, em meados de janeiro. A sobreposição afetava a participação dos produtores, levando a cooperativa a estabelecer, a partir de 2025, a realização do Dia de Campo sempre no último mês do ano.
Raio X – Dia de Campo 2025/26
147 empresas participantes
45 cultivares de soja
58 híbridos de milho
16 cultivares de mandioca
65 parcelas de agroquímicos
17 parcelas de produtos biológicos
63 parcelas de programas nutricionais
17 parcelas com tratamento de sementes
14 parcelas de tecnologia de aplicação
16 espécies forrageiras
9 parcelas de plantas de cobertura de solo
4 instituições de pesquisa
1 instituição de ensino
4 instituições financeiras



