Peixes Em Tocantins
Embrapa busca validar tecnologias em nutrição de tambaquis em viveiros escavados
O objetivo é validar e transferir tecnologias para aumentar a eficiência alimentar e produtiva do tambaqui e de seus híbridos nesse sistema de produção no estado.

A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) iniciou recentemente projeto na área de nutrição e alimentação de tambaqui no sistema de viveiros escavados no Tocantins. O objetivo é validar e transferir tecnologias (como taxa e frequência de alimentação para a produção da espécie em viveiros experimentais de 300 m²) para aumentar a eficiência alimentar e produtiva do tambaqui e de seus híbridos nesse sistema de produção no estado.
Ana Paula Oeda Rodrigues é pesquisadora da Embrapa na área de nutrição e alimentação de espécies aquícolas, sobretudo nativas de interesse comercial. Ela lidera o projeto, que “irá acompanhar pisciculturas representativas de cada região do estado durante dois ciclos produtivos consecutivos. No primeiro, será feita a caracterização do modelo de produção praticado por meio do levantamento de dados técnicos e econômicos. No segundo, serão propostas intervenções com o objetivo de validar algumas tecnologias, como os protocolos de alimentação gerados pela Embrapa, repetindo o mesmo acompanhamento e coleta de dados realizados no ciclo anterior”, explica.
As áreas a serem trabalhadas são: Bico do Papagaio, no extremo Norte do estado; região de Araguaína, no Norte tocantinense; e região de Porto Nacional, no Centro do estado. Estão sendo selecionadas pisciculturas representativas do modelo produtivo de tambaqui e de seus híbridos praticado no Tocantins. Esse trabalho conta com a parceria de duas instituições que atuam em assistência técnica e extensão rural: o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins); e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Tocantins (Senar Tocantins).
Até o momento, de acordo com Ana Paula, foram selecionadas quatro pisciculturas no Bico do Papagaio, três na região de Araguaína e duas na região de Porto Nacional. Essas propriedades receberão mensalmente visitas da equipe técnica para coleta de dados registrados e para acompanhamento do crescimento dos peixes. Dados sobre qualidade de água (oxigênio dissolvido, transparência, temperatura, pH, amônia, alcalinidade e dureza), sobre quantidade de ração ofertada aos animais, sobre preparo e fertilização de viveiros e sobre custos de produção serão periodicamente registrados pelos piscicultores e trabalhados pela equipe do projeto.
O foco, de acordo com a pesquisadora da Embrapa, é na piscicultura familiar. “O projeto irá trabalhar com produtores familiares de peixes redondos com perfis tecnológicos variados. É possível que os resultados possam ser aplicados para outras regiões do país, havendo similaridade entre os sistemas de produção e a espécie produzida”, comenta. Além de Ana Paula, a equipe da Embrapa Pesca e Aquicultura no projeto envolve Giovanni Moro, Luiz Eduardo Lima de Freitas, Marcela Mataveli e Andrea Muñoz, das áreas de Pesquisa e Transferência de Tecnologia da instituição.
Atividades – Além de inicialmente caracterizar o modelo de produção de tambaqui e de seus híbridos no Tocantins, o projeto proporá adequações (ajustes tecnológicos) nesse modelo produtivo. Haverá também ações de transferência de tecnologia, como dias de campo no final dos dois ciclos produtivos a serem acompanhados, e os impactos da aplicação de tecnologias serão avaliados. O projeto prevê também a realização de uma caracterização socioeconômica dos produtores participantes.
Uma das atividades técnicas é a validação, no ambiente produtivo comercial, de recomendações que a Embrapa desenvolveu em seu ambiente experimental. Em outro projeto (BRS Aqua), constatou-se que tambaquis com peso entre 90 e 350 g podem ser alimentados duas vezes ao dia com uma taxa de 3% do peso vivo. Já os tambaquis com peso de 500 a 1.200 g podem ser alimentados também duas vezes ao dia, mas com taxa de 2% do peso vivo.
A construção de um protocolo de alimentação (com taxas e frequências de ração) para o tambaqui e seus híbridos em sistema de viveiros escavados busca melhorar a viabilidade tanto técnica como econômica dessa cadeia produtiva de valor. Dessa maneira, a piscicultura poderá, de fato, ser uma alternativa eficiente de diversificação produtiva e de geração de renda para os produtores familiares tocantinenses. E, com ajustes que considerem realidades locais, poderá incrementar também a produção desse público em outras regiões do país.
“Espera-se com esse trabalho aumentar a eficiência de produção de peixes redondos no Tocantins e, consequentemente, colaborar para o desenvolvimento da piscicultura familiar no estado. Além disso, o projeto irá gerar um conjunto de indicações técnicas para a produção de peixes redondos em viveiros escavados que poderão ser aplicadas em outros estados com sistema de produção semelhante”, finaliza Ana Paula.
Os recursos financeiros do projeto são de emenda parlamentar de Filipe Martins, deputado federal por Tocantins.

Peixes
Aqua Summit BR 2025 traz programação estratégica para orientar o futuro da aquicultura no Brasil
Encontro reúne lideranças, especialistas e setor produtivo para integrar ciência, mercado e políticas públicas.

A primeira edição do Aqua Summit BR 2025 reúne, de 26 a 28 de novembro, no Palácio Araguaia em Palmas, no Tocantins, uma programação intensa que combina conhecimento, estratégia e inovação para impulsionar o futuro da aquicultura brasileira. O evento estratégico vai reunir lideranças, pesquisadores, empresários e representantes das cadeias de proteína animal e da aquicultura para planejar o futuro da produção de pescado no Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.aquasummitbr.com.br.

A abertura oficial será realizada no dia 26 de novembro, às 19 horas, com a Palestra Magna “A Força das Proteínas Brasileiras no Cenário Mundial: O que a aquicultura pode aprender com as demais proteínas”, conduzida por Celso Luiz Moretti, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, pesquisador, ex-presidente da Embrapa e atual presidente do conselho do CGIAR, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sustentabilidade agrícola, incluindo o Prêmio Norman Borlaug.
No dia 27 de novembro, às 09 horas, inicia-se o primeiro painel, “Lideranças e sua importância no desenvolvimento da cadeia”, destacando o papel estratégico da gestão e da articulação institucional para o fortalecimento do setor, com participação de Diones Bender Almeida, da Genomar Genetics Latin América, e João Manoel Cordeiro Alves, do Sindirações, sob moderação de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e presidente do IFC Brasil.
Em seguida, às 10h30, ocorre o segundo painel, “Avanços Normativos e Governança Setorial em Debate”, abordando as atribuições do governo e do setor produtivo para garantir competitividade e construir um ambiente regulatório moderno e eficiente. Participam Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, do Dipoa/Mapa, e Helinton Rocha, da Câmara Setorial.
A programação da tarde começa às 14 horas com o painel “Pacote Tecnológico Integrado: A Base da Competitividade nas Cadeias de Proteína Animal”, trazendo uma visão sobre soluções inovadoras para elevar produtividade e garantir sustentabilidade, com contribuições de Gustavo Maia, da Shrimpl, e Marcos Queiroz, da MqPack, sob mediação de Everton Krabbe, da Embrapa Suínos e Aves.

Às 15h30, o quarto painel, “Posicionamento Mercadológico e Branding Territorial”, explora estratégias de diferenciação, construção de marca e agregação de valor nas cadeias de proteína, com Tom Prado, da REI Alimentos, e Lidia Leal da Silva Lopes, da Angus Brasil, sob moderação de Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva, da SICs.
Encerrando o dia, o Flash Embrapa e Sepea apresentará uma sequência de pitches sobre tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo edição genética, inteligência de dados para aquicultura, programas de competitividade e soluções de reuso de água, com apresentações de Eduardo Varela, Manoel Pedrosa Filho, Renata Melon e Marccela Mataveli, além da participação de Thiago Tardivo, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Tocantins, destacando as condições favoráveis para investimentos no estado. “O Tocantins oferece condições ideais para o desenvolvimento da piscicultura: clima favorável, abundância de água, quatro grandes reservatórios federais, logística eficiente, incentivos fiscais e segurança jurídica para investidores. A realização da primeira edição do Aqua Summit em Palmas é uma oportunidade única para apresentar essas vantagens a investidores nacionais e internacionais, destacando o potencial do estado para impulsionar a cadeia produtiva do pescado”, destaca Tardivo.
No dia 28 de novembro, os participantes farão uma visita técnica à Embrapa Pesca e Aquicultura, onde poderão conhecer de perto pesquisas, tecnologias e estruturas que posicionam o Tocantins como referência nacional em inovação científica para o setor.
A programação do Aqua Summit BR 2025 foi concebida para integrar ciência, mercado e políticas públicas, estimulando decisões estratégicas e preparando a aquicultura brasileira para um novo ciclo de competitividade, sustentabilidade e crescimento.
Sede estratégica
A escolha de Palmas como sede é unanimemente celebrada pelas lideranças envolvidas. Para Danielle de Bem Luiz, analista e chefe da

Embrapa Pesca e Aquicultura, o Aqua Summit BR é uma oportunidade única para a cadeia do pescado refletir, aprender com o sucesso das demais cadeias de proteínas e avançar na consolidação da sua produção e na ampliação de mercados. “O evento integrará pesquisa aplicada, políticas públicas e mercado para reforçar a competitividade e o protagonismo da aquicultura brasileira”, ressalta Danielle.
Eliana Panty, diretora da Hollus Comunicação e Eventos, valoriza a realização no estado em que nasceu: “Realizar um evento no Tocantins ao lado da Embrapa e do Governo do Estado é um sonho antigo. Cresci às margens do Rio Tocantins, onde a vida sempre veio da água. Hoje, mais do que nunca, voltamos nosso olhar para essa proteína que nasce das águas. A piscicultura tem enorme potencial, mas ainda enfrenta desafios de infraestrutura, processamento, logística e mercado. Eventos como o Aqua Summit BR criam os espaços de debate necessários para transformar esse potencial em desenvolvimento real, gerando mais qualidade, mercado e consumo para o pescado brasileiro”, menciona.

Foto: Divulgação
“O Aqua Summit representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a aquicultura tocantinense, pois aproxima produtores, pesquisadores, investidores e gestores públicos em torno de um mesmo objetivo: transformar o potencial natural do Tocantins em um setor produtivo robusto e sustentável”, afirma Roberto Sahium, secretário-executivo da Pesca e Aquicultura do Tocantins.
Citando condições que o estado possui (recursos hídricos, clima favorável e localização estratégica), Sahium lembra que é preciso avançar em conhecimento técnico, em inovação e em agregação de valor. “Eventos como o Aqua Summit permitem justamente essa troca de experiências e tecnologias, estimulando a adoção de boas práticas, o empreendedorismo e a atração de novos investimentos para o setor aquícola tocantinense”, reforça.
Com grande potencial de desenvolvimento também na aquicultura, o Tocantins tem avançado nessa área. Ainda longe de transformar em realidade todas as condições que possui para uma aquicultura sustentável nos três pilares (ambiental, econômico e social), o estado atualmente é o 17° maior produtor nacional, com 18.100 toneladas de peixes no ano passado, principalmente tambaqui.
Peixes
Com carnes mais caras, consumo de tilápia dispara 32,9% no país
Com a disparada dos preços da carne bovina e suína, o pescado ganhou espaço no carrinho de compras e a tilápia se tornou a principal impulsionadora do crescimento do setor.

Em um cenário de forte inflação nas proteínas mais tradicionais, o consumidor brasileiro vem ajustando seu carrinho de compras e ampliando o consumo de pescado. Um novo estudo da Scanntech revela que o volume consumido de peixes cresceu 8,2% no acumulado de janeiro a setembro deste ano.
O levantamento analisou o comportamento de consumo em um período de aumento significativo do preço das proteínas. A carne bovina foi a mais impactada, com alta de quase 25%, seguida pela carne suína, que registrou 21,2% de aumento. Em contrapartida, o preço dos peixes subiu apenas 2,1% no mesmo período.

Foto: Divulgação
Essa disparidade de preços impactou diretamente o volume de vendas, levando o consumidor a buscar alternativas mais acessíveis. O estudo destaca que a categoria costuma apresentar maior sazonalidade na Páscoa e na Quaresma. No entanto, fora esse período, foram justamente os meses de janeiro, julho e agosto, aqueles com menor variação de preços, que registraram as maiores altas de consumo em relação aos mesmos meses de 2024. “Estamos percebendo que, em 2025, o consumidor tem revisto suas escolhas no carrinho de compras para adequar o orçamento. Quando falamos da tradicional mistura, o movimento é semelhante: a alta nos preços da carne bovina ao longo do ano levou muitos brasileiros a buscar alternativas em outras proteínas, como os pescados, ampliando o consumo de peixes, sobretudo aqueles com melhor custo-benefício”, analisa a diretora de Marketing da Scanntech, Priscila Ariani.
Tilápia lidera a mudança de hábito
Entre todas as subcategorias analisadas, a tilápia é a principal impulsionadora da alta no consumo de pescados.O estudo apontou que a espécie teve um crescimento expressivo, de 32,9%, no volume de vendas. Esse movimento foi diretamente estimulado por uma redução de -8,4% no preço médio do quilo da tilápia, tornando-a a opção mais atrativa para substituir as proteínas mais caras.
O levantamento também identificou diferenças relevantes no consumo entre as regiões brasileiras. A tilápia se manteve como a espécie mais representativa em praticamente todo o país, com exceção do Norte. As regiões Centro-Oeste e Norte foram as que registraram a maior retração no preço por quilo da tilápia e, consequentemente, os melhores resultados em volume de vendas.
As demais espécies também apresentaram comportamentos distintos entre as regiões:
- Salmão: Na contramão da categoria, o salmão apresentou queda de consumo em todo o Brasil.
- Merluza: Apresentou crescimento no Interior de São Paulo, Nordeste e região Leste (MG, ES e RJ), áreas onde a espécie já tem participação de vendas superior à de outras regiões.
- A espécie se destacou com um aumento de 42,5% no consumo em volume no total Brasil, ganhando força nas vendas em praticamente todo o país. A única exceção foi o Centro-Oeste, onde o preço médio mais elevado limitou o avanço do consumo.
- Sardinha: Mesmo apresentando o menor preço por quilo, a sardinha registrou recuo no volume de vendas em todas as regiões, com exceção de São Paulo, Nordeste e Centro-Oeste.
Peixes
Pesquisa paulista estuda genética para impulsionar criação de trutas no Brasil
Estudo do Instituto de Pesca avalia linhagens e fatores que influenciam o crescimento muscular para fortalecer a truticultura nacional.

No Brasil, a maioria das truticulturas (atividade dedicada à criação de trutas) é de pequeno porte, principalmente por conta da limitada disponibilidade de águas frias, indispensáveis para o cultivo dessa espécie. Para driblar esse desafio e ampliar a rentabilidade do setor, pesquisadores têm buscado estratégias como a agregação de valor e a diversificação de produtos.
Nesse contexto, o pesquisador Vander Bruno dos Santos, do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está desenvolvendo a pesquisa “Avaliação do crescimento muscular de linhagens de trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss)”, que busca compreender como diferentes características genéticas e fisiológicas influenciam o desenvolvimento dos peixes e como essas informações podem contribuir para o aprimoramento da produção aquícola.
Análise genética e desempenho produtivo
O estudo avalia o crescimento de linhagens de trutas com diferentes colorações de pele, uma característica que desperta interesse tanto científico, por funcionar como marcador fenotípico (um traço visível que pode refletir diferenças genéticas entre os peixes), quanto comercial, especialmente em criadouros que exploram a pesca recreativa, modalidade de lazer em que os peixes são devolvidos à água após a captura.
A pesquisa analisa aspectos como crescimento corporal, desenvolvimento das fibras musculares e expressão de genes ligados ao crescimento, entre eles IGF, mTOR e miostatina, conhecidos por seu papel no aumento e na regulação da massa muscular. Também é avaliada a influência de aminoácidos específicos, como a arginina, com importante papel no crescimento muscular das trutas.
As linhagens estudadas são obtidas a partir do cruzamento entre trutas brancas e trutas de coloração selvagem. Os peixes são cultivados em tanques com fluxo contínuo de água fria até atingirem o peso comercial de aproximadamente 350 gramas. Durante todo o processo, amostras de tecidos, sangue e músculo são coletadas para análises histológicas e bioquímicas, além de testes que investigam a atividade de genes relacionados ao crescimento e a composição de aminoácidos presentes nos tecidos.
Os dados obtidos permitirão ajustar modelos matemáticos de crescimento, como o modelo de Gompertz, que possibilita avaliar a taxa de desenvolvimento dos peixes ao longo do tempo. Também será determinado o rendimento do processamento, etapa fundamental para medir a eficiência produtiva das diferentes linhagens.
Com os resultados, a pesquisa pretende gerar informações que contribuam para o melhoramento genético e nutricional da truticultura nacional, fortalecendo a sustentabilidade e a competitividade dessa atividade no país.
De acordo com Vander, “os fatores que determinam o menor crescimento da linhagem branca dominante, quando comparada com a padrão-selvagem, azul ou amarela ainda precisam ser melhor elucidados. Isso irá refletir nas necessidades de alterações de manejo e aspectos nutricionais para se obter o melhor desempenho de cada linhagem”.



