Avicultura
Embrapa amplia recomendações para biosseguridade em granjas de postura
Ações elaboradas ou validadas pela pesquisa estão disponíveis na cartilha Requisitos básicos de biosseguridade para granjas de postura comercial, divulgado recentemente pela Embrapa
Isolamento da área de produção, instalação de telas, uso de um único acesso às granjas e áreas de desinfecção na entrada são algumas das ações recomendadas por pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, SC, para que a produção de ovos fique livre de doenças e possíveis contaminantes. A biosseguridade é questão fundamental para a qualidade e segurança da produção, para a viabilidade econômica e para a garantia da competitividade das granjas de postura comercial. As ações elaboradas ou validadas pela pesquisa estão disponíveis na cartilha Requisitos básicos de biosseguridade para granjas de postura comercial, divulgado recentemente pela Embrapa.
As ações reforçam e ampliam as recomendações da legislação brasileira estabelecidas pelo Programa de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O PNSA estabelece as normas de regulamentação da produção avícola nacional e de vigilância epidemiológica e sanitárias para a Doença de Newcastle (DNC), Influenza Aviária (IA), salmoneloses e micoplasmoses, consideradas as principais doenças aviárias. “A proposta do nosso trabalho foi contribuir com a adoção das medidas previstas na legislação e acrescentar algumas recomendações, propiciando maior biosseguridade nas granjas e visando a prevenção de outros possíveis patógenos”, destaca a pesquisadora da Embrapa Sabrina Castilho Duarte, uma das autoras da publicação.
“A adoção de medidas que fortaleçam a sanidade na produção permite a obtenção de um produto seguro, não apenas quanto à saúde do plantel, mas também para garantir a inocuidade à saúde dos consumidores, fortalecendo assim a competitividade da produção. Essas medidas devem ser adotadas em todo o ciclo de produção”, enfatiza a cientista.
Da instalação da granja aos procedimentos de rotina
A orientação dos pesquisadores na publicação inclui desde a localização e as distâncias necessárias de construção do aviário, passando por medidas de prevenção estrutural, procedimentos de rotina e de final de lote, até a gestão da biosseguridade. “Para manter a produção protegida é preciso adotar as medidas e procedimentos e ainda verificar continuamente quais são os fatores de risco e em quais aspectos o processo deve ser revisto e melhorado. Assim, tudo precisa estar anotado, padronizado e internalizado por todos os envolvidos nos trabalhos na granja”, destaca Duarte.
Isolamento é fundamental
De acordo com os pesquisadores, a biosseguridade promove maior isolamento do aviário frente às ameaças, propiciando prevenção de doenças no plantel. A construção deve estar o mais isolada possível, longe de outras criações, e ter um único portão de acesso, evitando o trânsito de pessoas, veículos e animais no interior da produção. Também é importante que toda a instalação seja delimitada por cerca de isolamento. “O isolamento minimiza o acesso de pessoas e animais”, reforça.
A desinfecção na portaria de acesso à granja tem que ser respeitada também. As opções para a instalação de um sistema podem variar desde um arco de desinfecção, bomba de aspersão motorizada ou outro método capaz de garantir a higienização e desinfecção de veículos. A mesma recomendação de desinfecção é feita para a entrada do aviário. Nesse caso, de acordo com a pesquisadora, pode ser instalado um pedilúvio e realizar a troca de calçado ou colocação de propé (sapatilha descartável que envolve o calçado) antes de ter acesso à granja, logo no escritório de acesso. Para o abastecimento de ração, a recomendação é de que seja instalado um silo no lado externo, próximo à cerca de isolamento, evitando que o caminhão circule na granja.
Telas
O analista João Dionísio Henn, que participa da autoria da publicação e lidera o projeto de Boas Práticas de Produção na Avicultura de Postura Comercial (BPP Ovos), destaca que o telamento dos aviários é outra importante medida de biosseguridade nas granjas. De acordo com ele, a entrada de pássaros, animais domésticos e silvestres no interior do aviário possibilita a disseminação de diversas doenças que causam impactos econômicos muito grandes. Segundo o especialista, pode ocorrer também contaminação da ração e da água, transporte de ácaros e de piolhos, e disseminação aérea de microrganismos. “A tela é uma importante ferramenta, mas não podemos cometer o erro de telar o aviário e esquecer as demais medidas. A tela não evita contato com roedores, moscas, pássaros muito pequenos, e outras fontes de contaminação e disseminação de doenças”, lembra João Dionísio.
Rotina
A recomendação, então, é a de que os procedimentos de rotina da granja estejam relacionados em um programa de biosseguridade. “Esse programa é constituído por um conjunto de medidas de higienização, imunoprofilaxia e monitoramento das aves, com o objetivo de assegurar a saúde dos plantéis e a qualidade da produção”, ressalta a pesquisadora da Embrapa, Fátima Jaenisch, que também participa do trabalho. Isso significa que os produtores devem estar atentos para contemplar, além das medidas estruturais já citadas, vacinações, controle de acesso de pessoas, veículos e materiais, limpeza e higienização do ambiente de produção, adequado controle de pragas, descarte correto de aves mortas, dejetos e ovos não aproveitáveis, vazio sanitário adequado, treinamento dos colaboradores, entre outros aspectos.
Gestão da biosseguridade
Ao produzir quaisquer animais de produção, é preciso estar ciente da necessidade de adoção das medidas de biosseguridade. “O programa estabelecido deve ser constantemente planejado, revisado e inspecionado”, enfatiza Sabrina. Todas as granjas devem ter um responsável, que garanta a aplicação correta dos procedimentos.
A procedência das aves é outro fator que impacta na biosseguridade das granjas. “É importante garantir que as aves sejam provenientes de fornecedores idôneos, com registro de qualidade sanitária das aves”. Em caso de ocorrência de enfermidades contempladas no PNSA, a notificação ao Serviço Veterinário Oficial deve ser realizada imediatamente.
Postura no Brasil
A atividade avícola de postura é hoje uma parcela significativa da produção no país. Em 2017, a produção nacional aumentou 1,8% em relação ao ano anterior e foram alojadas cerca de um milhão de matrizes de postura, com 39,9 bilhões de unidades produzidas. O consumo per capita foi de 192 ovos. Com esses dados, a manutenção do status sanitário das ganjas de postura comercial é cada vez mais importante e os produtores não podem abrir mão da biosseguridade, reforça a Embrapa.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
