Bovinos / Grãos / Máquinas Calculadora Pecuária de Baixo Carbono
Embrapa acelera desenvolvimento de ferramenta para redução de emissões na pecuária
Solução mede com precisão as emissões de gases de efeito estufa em sistemas de produção de leite e carne, além de quantificar os impactos da mudança no uso da terra. Calculadora Pecuária de Baixo Carbono deve ser apresentada durante a COP30, prevista para ser realizada entre os dias 10 a 21 de novembro, na cidade de Belém, no Pará.

Em contagem regressiva para a COP30, a Embrapa avança nas definições para a finalização da Calculadora Pecuária Baixo Carbono (CPBC), uma ferramenta que mede com precisão as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em sistemas de produção de leite e carne. Durante uma reunião realizada em 14 de março, em Jaguariúna (SP), especialistas das Unidades da Embrapa envolvidas – Pecuária Sudeste, Meio Ambiente e Gado de Corte – alinharam estratégias e prazos para concluir o desenvolvimento da tecnologia, que também quantificam os impactos da Mudança no Uso da Terra (MUT).
Participaram da reunião a pesquisadora Marília Folegatti, coordenadora das pesquisas sobre quantificação de carbono utilizando a metodologia de Análise de Ciclo de Vida (ACV) na Embrapa, o chefe-geral Alexandre Berndt, da Embrapa Pecuária Sudeste, Sérgio Medeiros, da mesma unidade, Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte e coordenador do PCBC, e Sophia Chamilete, bolsista Funarbe de estímulo à inovação, .

Foto: Juliana Sussai
Baseada em metodologias internacionais de ACV — técnica que avalia os impactos ambientais de um produto ou serviço — a CPBC promete tornar-se um marco na mensuração da sustentabilidade da pecuária brasileira.
A reunião foi um desdobramento da Oficina sobre Conceitos e Indicadores para Diagnóstico e Monitoramento de Pastagens nos Biomas Brasileiros, realizada em Jaguariúna, nos dias 11, 12 e 13 de março, que reuniu cerca de 70 especialistas para definir, de forma colaborativa, as bases conceituais para a avaliação das pastagens no Brasil.
O evento estruturou um sistema de classificação mensurável e verificável, contribuindo para o aprimoramento de políticas públicas, como o Plano ABC+ e o PNCPD, além de subsidiar investimentos privados em sistemas sustentáveis. A iniciativa conta com o apoio de instituições nacionais e internacionais, incluindo os ICs, o Ministério da Agricultura, a GIZ e a UNEP FI, com financiamento da União Europeia e do governo alemão.
Para Marília Folegatti, o encontro de técnicos representou um passo importante na agenda da pecuária sustentável. “O Programa de Pecuária de Baixo Carbono, que inclui a produção de leite e carne bovina, pode trazer uma enorme contribuição para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário brasileiro”, afirmou.
Ela destacou que a pecuária é um dos setores mais observados pela comunidade internacional, mas também aquele com maior potencial de redução e remoção de carbono. “A COP30 dará atenção especial à pecuária brasileira, e a Embrapa pretende apresentar seus programas de baixo carbono como uma das estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas”, disse.
A pesquisadora também enfatizou a colaboração entre os parceiros no desenvolvimento da metodologia do CPBC, destacando o apoio da bolsista Sophia Chamilete e do analista da Embrapa Pecuária Sudeste Edilson Guimarães.

Foto: Gisele Rosso
Já o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt, ressaltou a produtividade da reunião, destacando a complementaridade entre as equipes envolvidas. “Temos competências muito complementares entre as equipes da Pecuária Sudeste, que possuem amplo conhecimento sobre sistemas de produção, e da Embrapa Meio Ambiente, com expertise em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), certificação e relacionamento com outras instituições. Essas competências nos capacitam a desenvolver um protocolo mais amplo e completo para toda a produção de carne e leite, com foco na determinação do balanço e da pegada de carbono desses produtos”, ressaltou.
Ele enfatizou a complexidade da cadeia produtiva e dos cálculos envolvidos, destacando a importância de um dia inteiro de trabalho conjunto para discutir detalhes, definir protocolos e estabelecer prioridades. “Nosso objetivo é abranger toda a cadeia produtiva, desde a fabricação de insumos e alimentos até a produção animal e a etapa industrial, garantindo um produto final com indicadores bem definidos”, elencou.
Avanços na Calculadora
O CPBC passou por uma série de avanços metodológicos e tecnológicos que se tornaram mais eficientes e integrados aos sistemas de dados existentes. Edilson Guimarães da Embrapa Pecuária Sudeste, explicou as inovações, destacando as melhorias que otimizam a ferramenta e tornam mais acessíveis aos profissionais do setor agropecuário.
A principal, segundo Guimarães, foi a informatização da CPBC. “Os cálculos e registros dos dados foram desenvolvidos em uma linguagem de programação de alto nível, e os dados são armazenados em um sistema de gerenciamento de banco de dados”, afirmou.
Esse aprimoramento não apenas facilitou a inclusão de novas configurações e funções, mas também melhorou a recuperação das informações, possibilitando a geração de relatórios mais detalhados e integrados.

Foto: Marcos Tang
A construção da calculadora levou em conta as necessidades dos especialistas da Embrapa e os feedbacks dos técnicos de campo. Guimarães explicou: “Essa colaboração desenvolvida na manutenção de uma opção de entrada de dados em planilha, o que facilita o uso prático da ferramenta no campo, onde muitos profissionais já estão familiarizados com esse formato.”
Além das inovações metodológicas, Guimarães destacou a importância da colaboração entre as diversas equipes da Embrapa. “A integração entre diferentes áreas da instituição tem sido fundamental para o sucesso do projeto”, afirmou. Ele também ressaltou a importância da interoperabilidade entre a CPBC e outras ferramentas, como o ICVCalc e o BRLUC. “Essa integração permitirá a troca de dados entre os sistemas, evitando retrabalho e a duplicação de valores”, completou.
Com esses avanços, a Calculadora Pecuária Baixo Carbono se consolida como uma ferramenta ainda mais robusta, capaz de contribuir significativamente para a sustentabilidade da pecuária brasileira e para o enfrentamento das mudanças climáticas.

Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil lança certificação Carne Baixo Carbono na COP30
Nova certificação reconhece produtores que adotam práticas de baixa emissão, integra ciência e campo e posiciona o país como líder global em pecuária sustentável.

Reconhecer e valorizar os produtores rurais que adotam boas práticas agropecuárias voltadas à redução das emissões de gases de efeito estufa, conciliando produtividade e conservação ambiental: esse é o propósito do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). A certificação, lançada no dia 16 de novembro durante a COP 30, é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ) em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Entre seus pontos principais, o protocolo estabelece critérios técnicos e indicadores que permitem monitorar e certificar propriedades rurais que aplicam sistemas de intensificação sustentável — integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho produtivo, recuperação de pastagens e manejo eficiente do solo e da água.

Foto: Gilson Abreu
Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo o impacto climático da atividade pecuária e tornando o uso da terra mais eficiente, com menor pressão sobre novas áreas com vegetação nativa.
Na prática, o CBC vai garantir ao consumidor que a carne foi produzida segundo rigorosos critérios ambientais e processos auditáveis, representando uma nova referência de sustentabilidade para a cadeia da carne bovina brasileira. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+, política do governo brasileiro para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Ela destaca que os benefícios aos produtores vão além do reconhecimento ambiental e incluem “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda — com solos mais férteis e menos vulneráveis às mudanças climáticas.”
“Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor. Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
Para a presidente da estatal, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos e mensuráveis, o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa e a valorização dos produtores que adotam boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens, a integração lavoura-pecuária e o manejo eficiente do solo e da água.

Foto: José Fernando Ogura
O selo de certificação será utilizado pela MBRF, uma das maiores companhias globais de alimentos, com portfólio multiproteínas que inclui carne bovina. A empresa é responsável pelo Programa Verde+, lançado em 2020, estruturado sobre os pilares de produção, conservação e inclusão. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo para reduzir emissões, impulsionar a sustentabilidade e mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global’, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da MBRF.”
Massruhá ratifica que “a parceria entre a Embrapa e a MBRF para o desenvolvimento da Carne Baixo Carbono representa um marco na consolidação de uma pecuária mais sustentável e alinhada aos desafios climáticos globais. Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”
A expectativa dos parceiros é que, com o avanço da adoção do protocolo e a crescente adesão de produtores, o Selo Carne Baixo Carbono se consolide como um marco na transição para uma pecuária de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização do Brasil no contexto do Acordo de Paris.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Dia de Campo da Embrapa destaca tecnologias para recuperar pastagens e elevar a produtividade
Evento em São Carlos (SP) apresentará, na prática, sistemas ILP e ILPF capazes de aumentar a renda, melhorar o solo e mitigar emissões na pecuária.

Tecnologias que podem aumentar a produtividade e a rentabilidade da fazenda serão apresentadas na prática durante o Dia de Campo na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), no dia 05 de dezembro.
Técnicos e produtores terão a oportunidade de conhecer, no campo, estratégias para a conversão de pastagens degradadas por meio da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e de sistemas integrados com árvores (ILPF).

Foto: Juliana Sussai
A imersão prática faz parte da programação do X Simpósio de ILPF do Estado de São Paulo, que começa no dia 04 de dezembro.
No Dia de Campo, na manhã do dia 05, vão ocorrer demonstrações de tecnologias de grande impacto econômico e ambiental, pois esses sistemas de produção têm potencial para mitigar gases de efeito estufa (GEE) e para o sequestro de carbono. Serão três estações.
Na primeira, pesquisadores vão apresentar como converter pastagens degradadas com a ILP. Recomendações para identificar o estado de degradação da pastagem e para implantar sistemas integrados, aliando práticas de manejo conservacionista do solo, para viabilizar maior oferta de pasto em períodos críticos do ano. Como inserir a ILP nas propriedades pecuárias para proporcionar, no mesmo hectare cultivado, soja para produção de grãos e, em seguida, uma pastagem de alta qualidade. A Unidade de Referência Tecnológica para recuperação de pastagens degradadas está sendo implantada pela Embrapa Pecuária Sudeste em parceria com a Baldan Implementos Agrícolas.
Já na estação 2, serão apresentados dados econômicos do sistema ILPF de longa duração e o cultivo consorciado de milho com braquiária entre as árvores. Os especialistas também vão falar das vantagens técnicas da ILPF como estratégia de mitigação de riscos para a agropecuária brasileira. Ao implantar o modelo, o pecuarista diversifica a renda, melhora a produtividade sem aumento de área, reduz o ciclo produtivo e, ainda assim, diminui as emissões de gases de efeito estufa. É uma forma de produzir carne de forma equilibrada com o meio ambiente.
Saúde do solo e bem-estar animal serão abordados na estação 3, na qual os produtores e técnicos vão conhecer a integração da pecuária de leite com árvores. O componente arbóreo proporciona conforto térmico aos animais em comparação com os sistemas tradicionais, a pleno sol. As árvores oferecem sombra às vacas, impactando o bem-estar e a produtividade. Os sistemas mais conservacionistas, como a ILPF, ainda contribuem para um solo mais saudável. Segundo o pesquisador Alberto Bernardi, as propriedades químicas, físicas e biológicas melhoram nesses modelos, promovendo altas produtividades e melhorando o vigor da pastagem ofertada aos animais, resultando em maior produção e renda.
Ao apresentar essas estratégias sustentáveis a produtores e técnicos, a Embrapa contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2, 12 e 13, promovendo uma pecuária mais eficiente, responsável e em harmonia com o meio ambiente.



