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Em queda, preço do suíno vivo reduz poder de compra de suinocultor frente ao milho
Pressão do mercado vem da oferta elevada e da demanda final enfraquecida, contexto que afastou frigoríficos da aquisição de lotes de animais

O poder de compra de suinocultores paulistas vem caindo frente ao milho, mas aumentando sobre o farelo de soja, em janeiro – os dois produtos são os principais insumos utilizados na atividade suinícola.
Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto os preços do suíno vivo acumulam expressiva queda no mercado independente, as cotações do milho se sustentam no balanço do mês, embora tenham perdido força nos últimos dias.
O farelo, por sua vez, tem se desvalorizado ainda mais que o animal vivo na parcial de janeiro, o que explica a melhora na situação do suinocultor paulista.
No caso do suíno, a pressão vem da oferta elevada e da demanda final enfraquecida, contexto que afastou frigoríficos da aquisição de lotes de animais – em alguns casos, unidades chegaram a cancelar carregamentos de cargas, conforme relatam colaboradores consultados pelo Cepea.

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Paraná lidera crescimento da produção de carne suína no terceiro trimestre de 2025
Estado alcançou volume recorde de 321,9 mil toneladas entre julho e setembro com avanço nos abates aumento das exportações e maior disponibilidade interna desde 1997.

No terceiro trimestre de 2025, o Paraná registrou o maior crescimento absoluto da produção de carne suína entre os estados brasileiros na comparação com o mesmo período de 2024. As informações constam na Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e são analisadas no Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral).
Entre julho e setembro de 2025, a produção paranaense alcançou o volume recorde de 321,94 mil toneladas, um aumento de 21,72 mil toneladas, equivalente a 7,2% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. No ranking nacional de crescimento absoluto, Minas Gerais aparece na segunda posição, com acréscimo de 20,13 mil toneladas (+12,9%), seguido pelo Rio Grande do Sul (+17,53 mil toneladas; +6,9%) e pelo Mato Grosso do Sul (+15,47 mil toneladas; +22,4%).
De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária, o avanço da produção no Paraná foi sustentado por um número recorde de abates no período. Ao todo, foram abatidos 3,34 milhões de suínos, o maior volume já registrado para um trimestre no Estado. Em comparação com o mesmo período de 2024, isso representa um aumento de 177,7 mil cabeças, alta de 5,6%. Nesse indicador, Minas Gerais liderou o crescimento absoluto, com mais 202,49 mil suínos abatidos (+11,8%), seguido pelo Paraná e pelo Mato Grosso do Sul, que registrou incremento de 152,07 mil cabeças (+20,4%).
No comércio exterior, o desempenho também foi expressivo. Conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), analisados pelo Deral, entre julho e setembro de 2025 o Paraná destinou 19,4% de sua produção de carne suína ao mercado internacional, totalizando 62,31 mil toneladas — o maior volume exportado pelo estado em um único trimestre. Na comparação com o mesmo intervalo de 2024, as exportações cresceram 9,24 mil toneladas, avanço de 17,4%.
Com esse resultado, o Paraná ocupou a segunda colocação entre os estados que mais ampliaram as exportações de carne suína em termos absolutos no período, atrás apenas do Rio Grande do Sul, que registrou aumento de 16,79 mil toneladas (+21,3%).
Segundo o Boletim de Conjuntura Agropecuária, apesar da forte expansão das vendas externas, o crescimento da produção foi ainda mais intenso, o que levou o Estado a alcançar a maior disponibilidade interna de carne suína já registrada em um trimestre desde o início da série histórica, em 1997. O cenário reforça o papel do Paraná como um dos principais fornecedores de carne suína para o mercado interno brasileiro, ao mesmo tempo em que mantém presença relevante no comércio internacional.
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Suinocultura de Santa Catarina lidera exportações e responde por 25% do PIB estadual em 2025
Estado manteve a liderança nacional na produção e nas vendas externas de carne suína, com crescimento da receita, ampliação do consumo interno e projeções positivas para 2026, apesar dos desafios de custos e infraestrutura.

A suinocultura industrial de Santa Catarina manteve, em 2025, a posição de maior produtor e exportador de carne suína do Brasil, com decisiva contribuição ao desenvolvimento econômico do Estado. Consolidou-se como segmento essencial do agronegócio catarinense, representando cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Ao fazer a avaliação do ano, o presidente do Sindicado das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, destacou o desempenho da cadeia produtiva barriga-verde. A liderança catarinense está expressa no fato de representar 51,2% de todo o volume exportado pelo Brasil e 51,9% da receita de exportações, tendo como principais mercados Japão, Filipinas, China, México e Chile. Para obter esses resultados, ampliou o volume da produção em 5,9% em relação a 2024. Dessa forma, a receita foi a melhor da série histórica: teve alta de 12,5%. Os custos de produção, porém, também cresceram (6,1%).

Presidente do Sindicado das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior: “Nosso maior mérito é garantir o pleno abastecimento do mercado interno e exportar o excedente” – Foto: Divulgação
A dimensão da cadeia de suínos de Santa Catarina ganha expressão frente ao cenário nacional. A produção brasileira está estimada em até 5,550 milhões de toneladas em 2025, crescimento de 4,6% em relação ao volume registrado em 2024, que foi de 5,305 milhões de toneladas. Para 2026, espera-se nova elevação, com produção estimada em até 5,700 milhões de toneladas, incremento de 2,7% sobre o ano anterior.
Citando dados da ABPA, Ribas mostra que o Brasil acompanha a trajetória catarinense e projeta até 1,490 milhão de toneladas exportadas em 2025, volume 10% superior ao total de 1,353 milhão de toneladas embarcadas em 2024. Para 2026, o número pode chegar a 1,550 milhão de toneladas, com nova alta de 4%.
“Nosso maior mérito é garantir o pleno abastecimento do mercado interno e exportar o excedente”, assinalou o presidente do Sindicarne. A disponibilidade interna da proteína deverá crescer até 2,7% neste ano, com cerca de 4,060 milhões de toneladas projetadas para 2025. Para 2026, a expectativa de crescimento é de 2,2%, com 4,150 milhões de toneladas. O consumo per capita deve subir 2,3% em 2025 para 19 quilos. Em 2026, o consumo per capita crescerá mais 2,5%, passando a 19,5 kg/habitante/ano.
Desafios
As previsões para 2026 são moderadamente otimistas porque, na prospecção do Sindicarne, o próximo ano deverá transcorrer em meio a um cenário de custos adequados e demanda sustentada pelos produtos, tanto no mercado interno quanto internacional.
Apesar disso, o setor continuará enfrentando um ambiente de negócios hostil em razão do “custo Brasil” na forma da elevada carga tributária, das deficiências logísticas, da burocracia e do excesso de normas que regulam a extensa cadeia produtiva da suinocultura industrial brasileira em todas as etapas do processo – produção a campo, industrialização e comercialização.
“Um dos pontos de atenção para 2026 é a preservação do status sanitário porque estão surgindo muitos casos de peste suína africana (PSA) na Europa e isso pode representar a abertura de novos mercados para o Brasil”, observou o dirigente.
José Ribas lembrou que o Sindicarne, historicamente, reivindica a recuperação das rodovias federais com duplicação ou construção de terceiras faixas, a ampliação dos portos marítimos, a conclusão dos projetos de ferrovias para a construção e pelo menos duas vias férreas essenciais.
A situação mais crítica localiza-se no oeste catarinense, principal região produtora, que necessita da duplicação da BR-282, da recuperação da BR-163 e de toda a malha rodoviária estadual (destaque para a crítica situação da SC-283), da construção de novos sistemas de suprimento de água, de novas subestações de energia elétrica e novas redes de distribuição. Além disso, precisa de gasoduto para gás de uso industrial, da qualificação dos aeroportos, do novo centro de pesquisa da Embrapa (para área de pastagens) e das ferrovias Norte-Sul (Chapecó-Cascavel, braço da Ferroeste) e Leste-Oeste (São Miguel do Oeste-Itajaí).
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Demanda sazonal eleva preços dos principais cortes suínos
Com a proximidade das festas de fim de ano, maior procura por pernil e lombo impulsiona as cotações no mercado atacadista.

A demanda por alguns cortes suínos tipicamente consumidos nas festas de final de ano tem se aquecido no mercado atacadista, elevando as cotações, conforme levantamentos do Cepea.
Segundo o Centro de Pesquisas, a média do pernil negociado no atacado do estado de São Paulo na parcial de dezembro (até o dia 16) está em R$ 14,11/kg, 2,3% acima da registrada em novembro.
Entre os outros cortes tradicionalmente mais demandados neste período, o lombo também vem se destacando, conforme pesquisas do Cepea.



