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Em Porto Alegre, diretora geral da OIE defende redução no uso de medicamentos

Líder da Organização Mundial da Saúde Animal participou do Congresso Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat)

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Uma das mais badaladas presenças no Congresso Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat) 2016, que aconteceu no fim de novembro, em Porto Alegre, RS, foi a diretora geral da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), Monique Eloit. Em sua palestra sobre as estratégias globais de enfrentamento a enfermidades animais, ela sugeriu a redução no uso de medicamentos para evitar a resistência aos mais diferentes patógenos, tema que inquieta a indústria de carnes do Brasil e no mundo. Para Eloit, o uso indiscriminado faz com que a produção de proteína animal acumule perdas progressivas de suas ferramentas terapêuticas.

“Hoje corremos riscos de perda dos instrumentos terapêuticos, como os antiparasitários, antibióticos e antimicrobianos, por conta da biorresistência. Isso pode se desenvolver naturalmente, mas o mau uso ou o abuso acelerou fortemente o desenvolvimento de resistência aos medicamentos”, disse a diretora geral da OIE para uma plateia de produtores, técnicos e líderes do agronegócio brasileiro. “Algumas infecções que antes matavam hoje são banais, mas outras patologias que antes eram facilmente tratadas se tornaram mais difíceis de controlar. Por isso é importante preservar a eficácia desses remédios”, ampliou.

De acordo com Eloit, a indústria precisa usar com prudência os medicamentos hoje existentes e não buscar novas soluções farmacêuticas a todo instante. “Não dá para pensar em novas moléculas da indústria farmacêutica, mas sim lutar contra a resistência aos agentes microbianos”, avaliou.

De acordo com a diretora da OIE, um dos maiores erros ainda persistentes é a aplicação de doses medicamentosas maiores que as necessárias e que isso ocorre muito por conta da falta de acompanhamento de profissionais especializados, como os médicos veterinários. “Cada um de nós tem responsabilidade no desenvolvimento da biorresistência. Precisamos acabar com as doses equivocadas. Hoje, muitos países não têm ou têm fracas legislações de proteção de medicamentos veterinários. Nesses casos, a OIE tenta ajudar esses países, recomendando o uso prudente de medicamentos e antibióticos”, frisou.

Economia

De acordo com Monique Eloit, são muitos os prejuízos causados por doenças na produção animal, não somente sanitários, mas também financeiros. “É melhor investir em prevenção antes que crise chegue”, disse, dando como exemplo os problemas da Influenza Aviária nos Estados Unidos. Os norte-americanos tiveram um prejuízo de US$ 6 bilhões com o surto há poucos meses. “Surtos podem desestabilizar a economia do país. As doenças podem causar até 20% de perdas da produção. Por isso é necessário otimizar as ações, melhor alocar recursos para ações de saúde animal”, destacou.

Conforme a diretora da OIE, o setor de criação é o que mais cresce no seio do agronegócio mundial, responsável por 40% do PIB mundial. Segundo ela, é um fator decisivo para enfrentar a extrema pobreza no planeta. “A criação de animais é importante para lidar com a extrema pobreza, para promover a segurança alimentar, pois nosso primeiro desafio é alimentar o planeta. (A pecuária) gera saúde e desenvolvimento econômico”, frisou.

Segundo Eloit, o poder de compra cada vez maior das pessoas direciona o consumo para as proteínas de origem animal. “Hoje vemos aumentar o consumo de proteína animal, apesar do vegetarianismo, muito por conta do melhor poder de compra, que dirige (o consumo) essencialmente para aves, ovos e leite”, apontou.

“O segundo desafio é a globalização da doença. Os animais viajam mais rápido que o tempo de incubação da doenças, o que é um fator de risco importante. Mas não só animas vivos. Temos que estar atentos até aos restos de comida”, ampliou.

Público e Privado Contras as Doenças

Para Eloit, um dos maiores desafios na promoção da sanidade é conciliar as ações públicas e privadas, o que ocorre com muitas falhas em grande parte do planeta – incluindo o Brasil. “O governo tem que prestar atenção nos produtores e vice-versa, incluindo o setor farmacêutico. As parcerias público privadas são indispensáveis. De vez em quando (publico e privado) não se entende bem, mas independente da dificuldade, é preciso trabalhar para proteger o bem público. Não podemos pensar em um setor público eficaz sem relação com setor o privado. E o setor privado não se desenvolve sem um setor público forte”, orientou.

Para Eloit, “três elementos são importantes para se preparar contra doenças”. “Primeiro é a noção de bem público, que é importante para manter investimentos públicos. O segundo conceito é de uma só saúde, com a cooperação dos setores veterinários com a saúde pública, e o terceiro é uma boa governança sanitária, com reformas constantes de reforços sanitários, legislação adaptada e ligação entre serviços veterinários federal e regionais”, comentou. “O elemento chave desses três conceitos é a parceria público privada, em que cada um tem sua missão, tem sua independência, mas compartilha responsabilidades por razão de um bem comum”, enfatizou.

Mudanças no Mundo

Para Eloit, além da globalização das doenças, mudanças climáticas e nos ecossistemas também podem interferir nas questões sanitárias da pecuária. “Sabemos do impacto que pode ter a mudança climática sobre questões de saúde animal. Estudos revelam que há inter-relação entre a saúde dos homens, dos animais e das plantas com o clima”, disse. “As mudanças de ecossistemas apresentam também riscos. Os patógenos se adaptam a meios que não eram originalmente deles. Por vezes saltam a outras espécies animais. No Brasil, um dos exemplos maiores são as doenças vetoriais”, apontou a diretora da OIE.

Brasil no Rumo Certo

No dia anterior à palestra, Eloit esteve com o presidente Michel Temer e o ministro da Agricultura Blairo Maggi. No encontro, foi firmada parceria com o fundo dinanceiro da OIE, que repassou 1 milhão de euros para o país investir em estratégias de enfrentamento a doenças. No evento em Porto Alegre, ela valorizou as ações do Brasil em busca de segurança sanitária, dando como exemplo a primeira compartimentação para Doença de New Castle e Influenza Aviária, da empresa Cobb, em Santa Catarina.

Disse também que a América do Sul está no caminho certo na erradicação da febre aftosa. “A gente observa bem que todos os países propõem soluções que vão ao encontro da erradicação da doença”, comentou. Para ela, mais importante que encontrar um momento ideal para parar de vacinar contra a aftosa, é preciso guardar dinheiro para vigilância e possível erradicação caso ocorra.

Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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