Notícias Chuvas irregulares
Elevação da temperatura nos últimos anos deve impactar clima de 2019
Pesquisadores trabalham no monitoramento de eventos climáticos a fim de aplicar melhor essas informações na atividade agrícola
A ocorrência de eventos climáticos extremos, como fortes temporais, ondas de calor ou frio intenso e o aumento do período de estiagem tem desafiado os agricultores brasileiros nos últimos anos. Ás vésperas do Dia Mundial da Meteorologia, celebrado neste sábado, 23 de março, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), alerta que a tendência neste ano de 2019 é de que se repitam irregularidades climáticas. “Quando as temperaturas estão mais elevadas como está acontecendo, isso provoca maior instabilidade na atmosfera. E, consequentemente, faz com que haja fenômenos meteorológicos mais intensos”, alerta Francisco de Assis, diretor do instituto.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), os anos de 2015, 2016, 2017 e 2018 foram os mais quentes registrados até hoje. O relatório mais recente da organização mostra ainda que, no ano passado, a temperatura média global foi 1°C acima da base pré-industrial (1850-1900). “Devido à dimensão territorial, o Brasil também sofre essas variações de padrões atmosféricos, o que muda o comportamento climático e faz com que haja alta irregularidade na precipitação em determinadas regiões do país. As estiagens que aconteciam normalmente de 10 a 15 dias estão mais prolongadas e mais frequentes”, explica Assis.
O diretor acrescenta que as regiões mais afetadas são produtoras de grãos como o Sul, Sudeste, o norte de Minas Gerais, Espírito Santo e parte da Bahia. Ele lembra que este ano já ocorreu estiagem no Paraná, no Mato Grosso do Sul, no norte de Minas, afetando parte de Goiás e do Distrito Federal. “A agricultura tem aplicado muito o desenvolvimento tecnológico, novas variedades (de culturas), mais resistentes às condições das variações e às estiagens mais prolongadas. Mesmo assim, tem sido muito afetada”, ressalta.
Agrometeorologia
A forte dependência das práticas agrícolas, como plantio, adubação, irrigação, colheita, em relação às condições de tempo tem aumentado a demanda pela utilização de dados climáticos para a produção agropecuária. Estas informações servem para na tomada de decisão das propriedades rurais e podem evitar perdas na produção de alimentos.
Em fevereiro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu um grupo de trabalho de agrometeorologia para fazer diagnóstico dos serviços de meteorologia agrícola do Governo Federal. O grupo é formado por representantes do Mapa, Inmet, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Federação Nacional de Seguros Gerais e Federação Nacional das Empresas de Resseguros. o prazo final para apresentar todas as propostas é 7 de maio.
As informações meteorológicas e climatológicas compõem as políticas agrícolas como o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), Seguro da Agricultura Familiar (Seaf), Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), Garantia Safra (GS) e Zoneamento Agrícola de Risco Climáticos (Zarc), que oferecem ao produtor a possibilidade de mitigar riscos das perdas decorrentes de intempéries climáticas adversas.
Parcerias
Uma das regiões brasileiras que tem apresentado forte demanda por informações climáticas é o oeste da Bahia, grande produtora de grãos e fibras. Sob predomínio do cerrado semiárido, a região é muito vulnerável a condições de tempo consideradas limitantes. Para melhorar a percepção sobre as implicações das alterações climáticas na produção agrícola no estado, a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) firmaram parceria com a Embrapa Territorial.
O objetivo é desenvolver uma plataforma com dados agroclimáticos gerados em tempo real que auxilie os agricultores da região a terem acesso antecipado a fatores climáticos que interferem no plantio, pulverização e colheita. A expectativa é facilitar as decisões dos agricultores e reduzir custos do processo produtivo. Os dados captados das estações meteorológicas serão disponibilizados para os usuários em portal e aplicativo de celular.
“Uma vez que estes produtos estejam funcionando adequadamente no oeste da Bahia, a intenção é expandir para outras áreas. A gente espera que em médio prazo consiga colocar todos esses produtos on line para o Brasil inteiro”, afirmou Paulo Barroso, supervisor do grupo de monitoramento estratégico da Embrapa Territorial.
Segundo o engenheiro agrônomo, os produtores rurais poderão acessar as informações sobre condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das principais doenças que atingem as plantações de soja e algodão, como a ferrugem asiática e a mancha de ramulária, respectivamente.
Outro tipo de informação que ficará disponível na plataforma é o índice de evapotranspiração do local para apoiar a análise da necessidade de irrigação de diferentes culturas, entre outros dados meteorológicos. “Nós vamos disponibilizar também estimativas de biomassa, que podem ser utilizadas como parâmetro para saber o nível de desenvolvimento da lavoura e comparar com anos anteriores”, completou Barroso.
Outras unidades da Embrapa também desenvolvem pesquisas para encontrar soluções a problemas enfrentados pela agricultura e instrumentos de análise de risco climático. A Embrapa Informática Agropecuária desenvolveu um sistema de monitoramento agrometeorológico, o Agritempo. A base de dados do sistema é formada a partir da articulação entre uma rede física de sensores que enviam dados para uma rede de tecnologia de informação e comunicação e outra rede de instituições e especialistas que compartilham informações.
Sisdagro
Atualmente, o Inmet também oferece a agricultores, engenheiros agrônomos e outros profissionais que atuam no campo serviços e aplicativos de consulta às informações meteorológicas, como o AgromaisClima e o Sisdagro (Sistema de Suporte à Decisão Agropecuária).
O Sisdagro permite acesso às condições agrometeorológicas registrados até a data da consulta e dos próximos cinco dias. Pelo sistema, os produtores acessam ferramentas com informações sobre balanço hídrico e perda de produtividade, índice de vegetação, alerta sobre a ocorrência de geada, possibilitando a análise das datas mais propícias para preparo do solo, plantio e colheita e da necessidade de irrigação.
“Isso vem crescendo no país. Há uma discussão bastante forte, inclusive com a criação do grupo de trabalho pelo Ministério da Agricultura, para que se tenha cada vez mais informações e produtos para o agricultor ter maior capacidade de gerenciar danos causados por eventos climáticos e melhor gerenciamento do processo produtivo”, ressaltou Barroso.
Para o especialista, a perspectiva é de que no curto prazo o país tenha uma variedade maior de recursos com informações meteorológicas desenvolvidos por várias instituições, inclusive privadas. “O Brasil acordou para a importância da agrometeorologia para gerenciamento das atividades agrícolas das diferentes áreas”.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.