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Eletrolítico: ferramenta essencial no combate a diarreias
A criação de bezerra é uma fase de grandes desafios, e dentre eles a sanidade tem grande relevância, com grande impacto em desempenho e mortalidade.

A criação de bezerras é uma fase de grande importância na atividade leiteira, pois o sucesso ou insucesso impactará diretamente na disponibilidade de animais de reposição. Também é uma fase de grandes desafios, e dentre eles a sanidade tem grande relevância, com grande impacto em desempenho e mortalidade.
Apesar de assustador, taxas de mortalidade superiores a 10% em bezerras em aleitamento ocorrem com frequência, embora não devessem. Com a mortalidade, além da perda econômica direta do que já foi investido na bezerra, há uma perda econômica indireta, de impacto financeiro muito maior em razão de, no futuro, não haver uma novilha disponível para comercialização, ou uma vaca em lactação para ocupar uma estrutura ociosa.
Ao adentrarmos na questão sanitária das bezerras em aleitamento e analisarmos as causas de morbidade e mortalidade, encontramos como grande vilã a diarreia. Esse rótulo a ela é dado pois é a doença de maior incidência, correspondendo a aproximadamente 40% das doenças que ocorrem nessa fase, representando mais de 30% das mortes.
As diarreias são causadas principalmente por patógenos, havendo uma grande variedade de espécies de vírus, bactérias e protozoários. Uma característica muito importante é que, independentemente da causa e do mecanismo de ação, há dois fatos muito importantes:
– A membrana das células intestinais será afetada, comprometendo os mecanismos de controle da entrada e saída de eletrólitos, glicose, bicarbonato e água.
– Como ferramenta de tratamento, o fornecimento de solução eletrolítica oral, também conhecida como eletrolítico, propicia grandes benefícios.
Impactos da diarreia
Os impactos diretos da diarreia no organismo da bezerra são vários, podendo ser destacados:
– Menor absorção e consequente maior perda de eletrólitos, principalmente Na+, K+ e Cl-
– Maior perda de bicarbonato
– Ocorrência de acidose metabólica
– Menor absorção de glicose
– Maior perda de água
– Desidratação
– Inapetência
– Balanço energético negativo
A disfunção da absorção compromete o aproveitamento de alimentos e, consequentemente, a bezerra não estará bem nutrida, o que resulta em menor desempenho, além de favorecer o estresse oxidativo, comprometendo o sistema imune e aumentando a mortalidade.
A associação das alterações e suas consequências resultará em menor desempenho e aumento de mortalidade.
Eletrolítico
Os eletrolíticos surgem justamente como recurso para corrigir os desequilíbrios causados pela diarreia. Isso se dá, pois:
– São fonte de eletrólitos que repõem o déficit gerado pela maior perda e menor absorção;
– Fornecem agente alcalinizante para correção da acidose metabólica;
– Disponibilizam energia para suprir o déficit energético causado pela menor absorção de glicose, menor consumo e menor digestão;
– Potencialmente possibilitam a maior ingestão de água, melhorando a hidratação.
Em função disso, o seu uso é amplamente recomendado. Apesar da recomendação de utilização ser quase unânime, a grande questão é o que avaliar na composição de um eletrolítico. Vários fatores são considerados, como:
– Concentração de Na+, K+ e Cl-,
– Teor de energia,
– Razão entre Na+ e glicose,
– Osmolaridade,
– Diferença de íons fortes (SID) e agente alcalinizante.
Independentemente do que está sendo avaliado, o ditado “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose” (ou seja, na concentração) é extremamente válido, pois em eletrolítico não existe “quanto mais melhor”, mas sim “o ponto chave é o equilíbrio”.
Variáveis de composição
Como exemplos das variáveis de composição correlacionadas ao equilíbrio, temos:
– Concentração de Na+ baixa não atende ao déficit. Por outro lado, se fornecida em quantidade excessiva, grande volume de água pode ser atraído para o lúmen intestinal, agravando um quadro de diarreia;
– Baixa concentração de energia não supre o déficit energético. Porém, se a concentração for muito alta, a osmolaridade ultrapassa o limite superior, aumentando o risco de empanzinamento, além de impossibilitar o fornecimento junto ao leite. O fornecimento de alta quantidade de Cl- irá reduzir o SID, comprometendo o controle da acidose metabólica.
As matérias primas utilizadas também são de grande importância. Além possuir alta qualidade, para não comprometer o equilíbrio devem apresentar constância na composição. Quando possibilitam o fornecimento junto ao leite ou sucedâneo, não restringindo apenas à água, tornam o uso mais amplo. Além disso, ocorre interação entre os componentes com impacto na absorção.
Alta quantidade de Cl- reduz o SID, comprometendo o controle da acidose metabólica.
Estudos: uso de eletrolíticos em bezerras com diarreia
Pesquisadores avaliaram o uso de eletrolíticos em bezerras com diarreia. Foi avaliado o fornecimento:
– De apenas leite,
– Leite com eletrolítico preparado em água, ou
– Eletrolítico preparado em leite.
O eletrolítico preparado em água resultou em maior volume plasmático, já o preparado em leite melhorou a osmolaridade plasmática e foi efetivo em corrigir a acidose metabólica. Ambas as formas de administração foram efetivas em aumentar a concentração sanguínea de Na+.
Quando fornecido junto ao leite também foi efetivo em corrigir a acidemia através da elevação do pH sanguíneo.
Outros estudiosos comparam o uso de eletrolítico oral e fluidoterapia intravenosa e subcutânea. O eletrolítico apresentou maior eficiência na correção da acidose metabólica e no aumento da concentração de glicose no sangue.
Os resultados encontrados reforçam os benefícios do uso de eletrolíticos.
Eletrolítico em leite
Mesmo sendo claro o nível de impacto negativo da diarreia na saúde das bezerras e o quanto o eletrolítico tem papel fundamental na recuperação dos animais, muitas vezes o eletrolítico não é utilizado por dificuldades de adequação ao manejo e à mão de obra da fazenda.
Isso ocorre, principalmente, quando o eletrolítico requer exclusivamente a diluição em água, o que obriga a oferta do produto entre duas e seis horas após o fornecimento do leite.
Apesar de diluição em água proporcionar maior hidratação, a utilização de um eletrolítico que também possa ser fornecido junto ao leite, ou sucedâneo, tem como vantagem a maior aplicabilidade e flexibilidade de uso, garantindo: reposição de eletrólitos, correção da acidose metabólica e fornecimento de energia a um maior número de bezerras.
Além do papel preventivo, o uso de um eletrolítico que seja flexível para atender às particularidades de manejo de cada fazenda possibilita seu emprego em ampla escala.
Também permite que seja equilibrado e produzido com adequados ingredientes. E, quando associado à detecção e ação precoce nos quadros de diarreia, certamente refletirá em superação dos desafios com maior sucesso.
Como resultado, obteremos bezerras com maior desempenho, menor taxa de mortalidade, contribuindo para o sucesso econômico da fazenda.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: priscila.guimaraes@agroceres.com.
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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira
Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.
Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.
Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.
Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.
O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.
Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.
Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.
O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.
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Mercado do leite volta a cair em novembro e mantém pressão sobre o produtor
Demanda mais fraca e custos elevados sustentam pressão negativa sobre o preço ao produtor.

O preço médio nacional do leite ao produtor fechou novembro de 2025 em R$ 2,44 por litro, conforme o boletim Indicadores Leite e Derivados, elaborado pelo Cileite/Embrapa. O valor representa queda de 3,8% na comparação mensal e recuo de 14,8% em 12 meses, consolidando um ano de forte retração para o setor.
A análise regional mostra que todos os estados acompanhados registraram variações negativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As barras do gráfico destacam uma tendência comum de queda, com redução próxima a 4%.
Derivados também caem

Foto: Sistema Faep
Os preços dos lácteos seguiram o mesmo movimento. O boletim indica retração de 1,0% no conjunto de “Leite e Derivados” e queda de 0,2% em outro agrupamento de produtos monitorados. Entre os itens acompanhados individualmente, o leite UHT apresentou variação negativa mais intensa, acompanhado por baixas em queijos, manteiga, creme de leite e leite condensado — todos com índices de redução destacados na coluna “Em 12 meses”.
Consumo interno não reage
O relatório também traz a evolução do ticket de compra de lácteos no varejo, mostrando oscilações ao longo de 2023, 2024 e 2025. A curva referente a 2025 revela leve recuperação no segundo semestre, mas ainda distante dos patamares observados em anos anteriores. Segundo o boletim, o consumo interno não tem acompanhado a oferta, o que contribui para a continuidade da pressão sobre os preços ao produtor.
Cenário segue desfavorável ao produtor
Com custos ainda elevados em várias regiões e baixa capacidade de repasse pela indústria, o momento permanece desafiador para a cadeia produtiva. A retração em praticamente todos os indicadores reforça o ambiente de margens apertadas e de incerteza para o início da temporada 2026.
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Mato Grosso institui Passaporte Verde e eleva padrão socioambiental da pecuária
Nova lei, que entra em vigor em 2026, estabelece critérios socioambientais e rastreabilidade completa do rebanho para atender às exigências dos mercados internacionais.

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em duas votações, na última quarta-feira (19), o projeto de lei que institui o Programa Passaporte Verde, iniciativa que coloca o Estado na vanguarda da pecuária sustentável no Brasil. A nova legislação entra em vigor em janeiro de 2026 e estabelece critérios socioambientais para todo o monitoramento de rebanho bovino e bubalino mato-grossense, com o objetivo de atender às exigências dos mercados internacionais mais competitivos.
O Passaporte Verde, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o Governo do Estado e o setor produtivo, propõe o monitoramento socioambiental completo da cadeia da carne, desde o nascimento do animal até o abate. O programa prevê etapas de implantação para incluir propriedades de todos os portes, oferecendo suporte técnico e orientação aos produtores.
Entre os objetivos dessa política de sustentabilidade estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão e consciência produtiva, o acesso ao mercado global, qualidade e monitoramento, incentivo de parcerias do setor privado com entidades públicas, a valorização de serviços ambientais, além do estímulo do ambiente de concorrência equitativa na cadeia produtiva.
A iniciativa reforça o compromisso de Mato Grosso com a produção responsável, rastreabilidade, transparência e conservação ambiental, critérios cada vez mais valorizados pelos importadores e consumidores globais. Países da Europa e da Ásia, por exemplo, têm adotado políticas que priorizam produtos com comprovação de origem sustentável e desmatamento zero. “Mato Grosso se consolida como pioneiro em sustentabilidade com o Passaporte Verde. Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Esse programa será uma vitrine da pecuária moderna, transparente e comprometida com o futuro do planeta”, comemorou o presidente do Imac, Caio Penido.



