Conectado com

Colunistas Artigo

Eleições e segurança alimentar

A condição de segurança alimentar é uma conquista coletiva. O agro está fazendo a sua parte.

Publicado em

em

Presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo: "

A agricultura brasileira é pauta imprescindível nos planos econômicos dos candidatos às eleições presidenciais deste ano. Há uma ênfase especial, neste ano, por conta de uma série de fatores que deixaram o mundo em alerta na questão da produção de alimentos. Graves intempéries ocorrem em todos os continentes – no Brasil, inclusive – afetando a produção e ameaçando agudizar o drama da fome que já vergasta milhões de pessoas.

Expressão máxima do setor primário da economia, a agricultura e a agroindústria – o agronegócio como um todo – tornou-se um setor avançado, de intenso emprego de tecnologia, de contínuo aumento da produção e da produtividade e de forte protagonismo na balança comercial do País, onde produz um extraordinário superávit superior a 100 bilhões de dólares por ano.

Entretanto, por ser um setor sensível e vulnerável (a agricultura é uma indústria a céu aberto), necessita de políticas específicas de apoio e proteção a fim de que possa cumprir com seu desiderato de proporcionar a segurança alimentar que o País necessita – e sem a qual pode até entrar em convulsão social.

Graças à pujança da agricultura verde-amarela, o brasileiro consome, de regra, alimentos a custos acessíveis, mas essa relação se altera quando o mercado fica à mercê de disfunções que causam inflação no preço desses alimentos. E as causas são múltiplas: estiagens prolongadas ou excesso de chuvas, pragas, doenças nas lavouras, epizootias nos rebanhos, escassez de insumos (fertilizantes, sementes), barreiras alfandegárias e não alfandegárias no comércio mundial, políticas tributárias dos Estados, guerras etc.

Recentemente, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontou  fatores que impactam na segurança alimentar. O aumento da eficiência da agricultura depende de inovações tecnológicas que a Embrapa, as agroindústrias e as universidades geram e disponibilizam.

Uma política pública pode tornar essas tecnologias acessíveis e, assim, elevar a produtividade.  Aperfeiçoar os insumos é outro reflexo. Preservar a sanidade é prioridade absoluta, eis que o Brasil permanece livre das doenças que devastaram imensos plantéis em outros países. O crescente emprego da irrigação também deve ser estimulado.

O uso de tecnologia exige o aumento da conectividade no campo. Máquinas e equipamentos da agricultura de alta precisão requerem internet e comunicação satelital de qualidade. Em Santa Catarina, onde o agro responde por 70% das exportações, estamos avançando nessa área.

Ampliar a produção nacional de fertilizantes é outra meta urgente que se impõe para reduzir nossa preocupante dependência externa, como revelou o conflito militar Rússia/Ucrânia. O pesado custo-Brasil, que  transferiu para outros países muitas atividades industriais, precisa ser revisto e estímulos vigorosos para viabilizar projetos de novas fábricas de fertilizantes devem ganhar prioridade.

Condicionantes externos também impactam na segurança alimentar, como a logística e a infraestrutura de transportes. Rodovias federais e estaduais em mal estado de conservação, a falta de ferrovias e hidrovias e, ainda, a insuficiência de portos, armazéns, aeroportos encarecem a operação de transferência da produção aos centros de consumo e aos pontos de embarque para o exterior.

É um custo que anula parte da competitividade do produto brasileiro no mercado mundial. No plano internacional, a diplomacia oficial deve cooperar com o esforço de abertura de novos mercados, com a competente discussão de novos acordos, promoção comercial, fortalecimento da imagem do setor – enfim, com a defesa do agro brasileiro no planeta.

Do ponto de vista do consumo, é conveniente aumentar a eficiência dos programas sociais e criar mecanismos de reinserção das famílias no mercado de trabalho, assegurando-lhes as condições para o acesso regular ao consumo de alimentos.

A condição de segurança alimentar é uma conquista coletiva. O agro está fazendo a sua parte.

Fonte: Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).

Colunistas

O jovem e o cooperativismo

Jovens podem ingressar no mundo do trabalho e no ambiente de negócios através da cooperativa; as cooperativas podem ampliar, fortalecer e renovar seus quadros sociais com a admissão de jovens. 

Publicado em

em

Presidente da OCESC, Vanir Zanatta - Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

A sociedade contemporânea precisa entender que o cooperativismo, embora tenha surgido em 1844, na cidade de Rochdale (Manchester), no interior da Inglaterra, é um movimento absolutamente moderno e incrivelmente inovador, capaz de estimular ecossistemas produtivos e acelerar o desenvolvimento de municípios e de microrregiões.

Os empresários, os empreendedores, os trabalhadores do campo e da cidade, os profissionais liberais, todos enfim, que participam de uma cooperativa encontram, nesse modelo de associativismo, um caminho para o crescimento.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Essa verdade precisa tocar a mente e o coração dos jovens. E isso, teoricamente, não é uma tarefa difícil porque os princípios e os postulados do cooperativismo universal estão harmonizados com os ideais e o pensamento dos jovens. Valores como inclusão, diversidade, sustentabilidade, justiça social e equidade de gênero, que estão na pauta dos jovens, são temas do cotidiano das cooperativas.

Jovens e cooperativas são dois polos que podem se atrair mutuamente, com vantagens para ambos. Os jovens podem ingressar no mundo do trabalho e no ambiente de negócios através da cooperativa; as cooperativas podem ampliar, fortalecer e renovar seus quadros sociais com a admissão de jovens.

Os dirigentes de cooperativas de todos os ramos devem colocar, entre suas prioridades, a conquista dos jovens. Para isso, devem estar sintonizados com os desafios dos novos tempos. No esforço para prepará-los, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Santa Catarina (SESCOOP/SC), promove anualmente o Fórum Catarinense de Dirigentes Cooperativistas para atualizar a compreensão dos cenários de desafios pelos quais passa a sociedade brasileira.

As informações se transformam em conhecimento e orientam para a ação. Todos os líderes e, em especial, os presidentes precisam de contínua interpretação dos processos sociais em curso para que a ação cooperativista seja a grande impulsionadora das mudanças e transformações reclamadas pela sociedade.

A face mais valorizada do cooperativismo barriga-verde consiste na seriedade de gestão, eficiência gerencial e sintonia com os desafios dos novos tempos. A eficiência gerencial vem sendo perseguida tenazmente através de arrojados programas de treinamento e capacitação de técnicos e dirigentes, financiados pelas próprias cooperativas, diretamente ou via SESCOOP. A sintonia com os novos tempos exige uma permanente leitura das mudanças e transformações no Brasil e no mundo, conhecimento e contato com outras realidades culturais, seminários e viagens de estudo.

Em Santa Catarina temos uma forte vocação para o cooperativismo. Nossas 250 cooperativas reúnem mais de 4,2 milhões de associados dos ramos agropecuário, consumo, crédito, saúde, infraestrutura, trabalho, produção de bens e serviços e transporte e geram um movimento econômico de R$ 85,9 bilhões por ano. Mais da metade da população está direta ou indiretamente ligada às cooperativas. (No Brasil são 4.509 cooperativas com 23,4 milhões de cooperados, com movimentação financeira de R$ 692 bilhões)

A OCESC atua para defender, proteger e fortalecer o sistema cooperativista catarinense. Atrair o jovem é parte dessa tarefa e do compromisso de manter e aperfeiçoar essa estrutura que garante trabalho, renda e qualidade de vida para as famílias. Nosso propósito em 2025, proclamado pela ONU como o Ano Internacional das Cooperativas, com o lema “Cooperativas constroem um mundo melhor”, deve ser precisamente este: atrair os jovens para o cooperativismo.

Fonte: Por Vanir Zanatta, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
Continue Lendo

Colunistas

Do crime culposo da civilização ao caráter doloso dos incêndios rurais

É urgente que as autoridades investiguem e punam esses crimes com rigor, enquanto soluções para o aquecimento global e compromissos climáticos, como os da COP 30, se tornam cada vez mais necessários para enfrentar essa crise ambiental.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Os incêndios no campo, que assolam numerosos municípios brasileiros, em vários estados, são provocados por duas graves causas. Uma delas resulta da exploração inadequada dos recursos naturais e da poluição ao longo dos séculos, numa paulatina degradação do meio ambiente e aquecimento global, provocando secas que tornam a vegetação mais suscetível às chamas. A outra é a prática de crimes dolosos, pois se constatou a ação de criminosos ateando foco em propriedades agrícolas, com a clara intenção de destruir as plantações.

A terrível ação desses bandidos precisa ser devida e rapidamente apurada e punida com o rigor da lei, para se evitar sua continuidade e desestimular esse grave crime, que mata pessoas, afeta a segurança alimentar, a produção de commodities e biocombustíveis, impõe imensos prejuízos aos produtores, provoca desemprego e causa sérios danos econômicos e ecológicos. É uma ação de extrema violência e intolerável.

Não é mera coincidência ou algo resultante de motivação pontual a eclosão de tantos incêndios, alguns deles já com autores confessos e outros presos em flagrante, em distintos pontos do território nacional, da Amazônia a São Paulo, passando pelo Planalto Central, até o Pantanal. Parece haver uma ação orquestrada. É necessário descobrir qual é a intenção real por trás desses crimes, para coibi-los de modo eficaz e duradouro.

Já é bem grave o risco permanente de incêndios resultante das secas prolongadas provocadas pelas mudanças climáticas. Estamos pagando um alto preço pelo “crime culposo” da nossa civilização na construção de uma economia baseada nos combustíveis fósseis. Quando esse modelo de desenvolvimento iniciou-se, ainda na era pré-industrial, nem havia condições de prever o aquecimento da Terra e suas consequências terríveis.

Hoje, apesar da plena consciência sobre o problema, ainda não se encontraram soluções adequadas, que esbarram na falta de vontade política dos governos e no descumprimento do Acordo de Paris, que limita a 1,5 grau Celsius a elevação da temperatura do planeta. Uma nova perspectiva surge por ocasião da COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que se realizará em Belém do Pará, em novembro de 2025, na qual os países deverão avaliar, renovar e/ou ampliar seus compromissos referentes à contenção do aquecimento.

Enfrentar essa causa de secas, incêndios, enchentes e cataclismos cada vez mais frequentes é um dos maiores desafios da humanidade na área ambiental, na segurança alimentar, na transição para combustíveis limpos e renováveis, na economia e na viabilização do amanhã. O combate ao crime doloso dos incêndios de plantações e matas é uma prioridade absoluta e urgente, pois se trata de um atentado absurdo contra o meio rural e nossos ecossistemas, ferindo de modo grave toda a população de nosso país. A segurança no campo é decisiva para o presente e o futuro deste Brasil protagonista do agronegócio mundial.

Fonte: Por João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro, empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura
Continue Lendo

Colunistas

Saiba quais são os principais desafios do agronegócio em relação à governança

Responsável por 25% do PIB do Brasil, setor enfrenta desafios em governança corporativa. Práticas robustas podem ampliar sua competitividade e sustentabilidade. 

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos e estratégicos para a economia brasileira, representando cerca de 25% do PIB nacional. No entanto, apesar de seu potencial, o setor enfrenta desafios significativos quando o tema é governança corporativa. A implementação de práticas robustas de governança pode ser a chave para aumentar a competitividade e a sustentabilidade a longo prazo.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Muitas empresas do setor agro ainda operam sob uma gestão familiar ou informal, o que dificulta a implementação de uma governança estruturada. A falta de transparência e de processos decisórios claros pode levar a conflitos internos e prejudicar o crescimento. A profissionalização da gestão, com a criação de conselhos de administração e a adoção de políticas de compliance, é um passo essencial para superar esse obstáculo.

O agronegócio está cada vez mais pressionado a adotar práticas sustentáveis, não apenas pela sociedade, mas também pelo mercado financeiro. A governança corporativa precisa estar alinhada com uma gestão responsável dos recursos naturais e com o desenvolvimento socioambiental das comunidades. Empresas que não conseguem integrar esses princípios enfrentam riscos reputacionais e financeiros significativos.

A modernização do agronegócio depende da adoção de novas tecnologias que melhorem a produtividade e reduzam o impacto ambiental. No entanto, a resistência à inovação e a falta de governança tecnológica podem limitar esse avanço. A governança corporativa deve incluir estratégias para fomentar a inovação, garantindo que investimentos em tecnologia sejam bem aplicados e alinhados com os objetivos estratégicos.

A conformidade com padrões internacionais de qualidade e sustentabilidade é essencial para o acesso a mercados externos. A governança corporativa deve garantir que todos os processos internos da empresa estejam em conformidade com as exigências internacionais, o que inclui desde a rastreabilidade dos produtos até práticas trabalhistas éticas.

O setor agro está sujeito a riscos específicos, como variações climáticas, flutuações de preços e mudanças regulatórias. A implementação de uma governança corporativa robusta permite a criação de estratégias de mitigação de riscos e planos de continuidade do negócio, fundamentais para a resiliência das empresas.

Para superar esses desafios, é essencial que as empresas do agronegócio invistam na profissionalização de sua gestão e na adoção de práticas de governança corporativa que proporcionem transparência, responsabilidade e sustentabilidade. Somente assim o setor poderá consolidar seu papel estratégico na economia brasileira e contribuir para um desenvolvimento econômico equilibrado e sustentável.

Fonte: Por Luize Calvi Menegassi Castro, advogada, mestre em Direito Agroambiental e especialista em Direito Civil e Processual Civil
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.