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Eficiência no pasto eleva margens e produtividade na bovinocultura de corte

Estudo com propriedades de recria e engorda revela que o equilíbrio entre oferta e demanda de forragem melhora o desempenho zootécnico e financeiro dos sistemas a pasto.

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Foto: Claudia Rezende

A produção de bovinos de corte no Brasil é altamente dependente do uso de pastagens como base alimentar. Por isso, o bom planejamento de sistemas de pastejo é fundamental para alcançar maior eficiência na produção de carne bovina, fator chave para garantir a competição da bovinocultura de corte com outros usos da terra.

Foto: Carlos Maurício

A otimização da taxa de lotação das pastagens, respeitando a capacidade de suporte da área, contribui para ganhos produtivos. Entretanto, alcançar pontos ótimos de produção exige análises minuciosas de cada sistema, sendo necessário planejar os investimentos com foco na viabilidade financeira.

O emprego de técnicas de manejo de pasto deve ser realizado de maneira assertiva, visando acúmulo de forragem e proporcionando também alta eficiência de pastejo, de forma a elevar a capacidade de suporte da área.

No intuito de demonstrar o impacto da gestão da capacidade de suporte sobre os resultados produtivo e financeiro de propriedades de recria e engorda, foram estabelecidas correlações entre a disponibilidade e exigência de matéria seca (MS), índices zootécnicos (taxa de lotação, produção de arrobas por área e ganho de peso médio diário) e a margem bruta (MB) obtidos dentro dos sistemas. Para isso, foram utilizados dados do Projeto Campo Futuro, uma parceria entre o sistema CNA/Senar e o Cepea, de propriedades de recria e engorda amostradas entre 2018 e 2024, e seus resultados financeiros em março de 2025.

Para o cálculo de estimativa de produção de Matéria Seca (MS) das pastagens, considerou-se uma

Foto: Pixabay

produção basal de 2,5 toneladas de MS de folhas (porção das plantas forrageiras consumida pelos animais) por hectare ano. Os efeitos decorrentes da aplicação de fertilizantes (como ureia e formulados) foram incorporados por meio de acréscimos produtivos por área, determinados conforme os níveis de adubação realizados em cada propriedade.

Para as estimativas de demanda de MS pelos animais de cada sistema, utilizou-se o parâmetro de consumo definido pela Embrapa (1), que considera o peso médio e o ganho médio diário (GMD) de cada categoria animal. Vale destacar que, para evitar o efeito substitutivo no balanço de MS do sistema, foram excluídas da análise as propriedades que forneciam concentrado aos animais.

Ao analisar o balanço entre produção e demanda de MS pelos sistemas, observou-se que 15% das propriedades apresentaram um balanço negativo, ou seja, obtiveram uma produção de MS abaixo da demanda exigida pelo sistema (Gráfico 1). Por outro lado, 50% das propriedades apresentaram uma produção teórica excedendo em mais de 20% a demanda estimada nos sistemas.

Gráfico 1. Balanço de Matéria Seca (MS) – relação entre produção e demanda – de propriedades de Recria e Engorda
amostradas pelo projeto Campo Futuro.
Fonte: Projeto Campo Futuro – Sistema CNA/Senar.
Elaboração: Cepea – ESALQ/USP, Sistema CNA/Senar.

Ao correlacionar o balanço de MS com a taxa de lotação apresentada pelo sistema, ficou evidente que propriedades que se encontravam em déficit de produção de MS demonstravam tendência de apresentar taxa de lotação (UA/hectare) mais alta (Gráfico 2). Em contrapartida, propriedades em superávit de produção de MS tendiam a taxas de lotação mais baixas.


Propriedades que mantiveram um melhor aproveitamento de colheita de pasto apresentaram lotação média próxima a 1 UA/hectare, indicando que existe espaço para melhora desse índice. Uma colheita de pasto mais eficiente possibilitaria o escalonamento da produção na propriedade e evitaria problemas como o acamamento do pasto.

Foto: José Fernando Ogura

Para analisar a relação entre a gestão produtiva e o resultado financeiro dos sistemas, as propriedades foram agrupadas de acordo as margens brutas (MB) obtidas. Assim, as 20 propriedades presentes na análise foram distribuídas em quatro grupos. O grupo 1 representa as 25% com as maiores MB (R$/hectare), enquanto o grupo 4 corresponde aos 25% com as MB (R$/hectare) mais baixas.

Ao correlacionar a MB por hectare com o balanço de MS, observou-se que os grupos 1 e 2 obtiveram as MB mais altas e, também, um balanço de MS mais próximo do ideal (faixa de 100%). Por outro lado, os grupos 3 e 4, além de apresentarem as MB menores, demonstraram um balanço de MS com maior excedente de forragem (Gráfico 3).

A correlação ilustrada no gráfico 3 indica que uma colheita de pasto eficiente pode contribuir com melhores margens, o que é evidenciado ao relacionar a MB com a produtividade (arrobas por hectare) de cada grupo (Gráfico 4).

A partir disso, fica claro que as propriedades dos grupos 1 e 2 apresentaram produtividades superiores às dos grupos 3 e 4. Nesse contexto, a relação entre a eficiência de colheita da forragem com a produtividade pode ser avaliada por meio de índices produtivos que têm influência direta sobre a produção de arrobas por hectare, como o ganho de peso diário e a taxa de lotação, e sua correlação com a MB da atividade (Gráficos 5 e 6).

Diante dos resultados observados, nota-se que os grupos 1 e 2 conseguiram manter taxas de lotações relativamente mais altas (acima de 1 UA/ha) sem comprometer o desempenho individual dos animais. Enquanto os grupos 3 e 4 operaram com lotações mais baixas e apresentaram GMD significativamente inferiores.

Os analistas do Cepea ressaltam ainda que a quantidade de arrobas produzidas por área é um

Foto: Gisele Rosso

importante parâmetro para analisar o potencial de produção de um sistema a pasto, visto que a receita da atividade é dependente da quantidade arrobas entregues. Assim, um melhor aproveitamento de colheita do pasto pode impactar positivamente no ganho de peso diário e, consequentemente, a MB.

Propriedades que apresentaram um saldo de forragem mais ajustado à sua lotação (grupos 1 e 2) obtiveram, no geral, melhores resultados, alcançando maiores níveis de produtividade e, com isso, margens brutas mais elevadas. Nos cenários observados nos grupos 3 e 4, a má gestão dos recursos limitou os ganhos produtivos e, portanto, penalizou a margem bruta das propriedades. Nesse sentido, a orientação técnica na busca por alternativas tanto para gerenciamento das áreas de pasto quanto no emprego de suplementos alimentares é fundamental para a garantia de melhores resultados.

Portanto, é essencial que propriedades que utilizam a pastagem como base da nutrição do rebanho realizem o dimensionamento da produção de massa de forragem em relação à demanda exigida pelo sistema ao longo do ano.

Foto: Alf Ribeiro

Dessa forma, além de garantir boa produção de forragem e uma taxa de lotação adequada, também será possível otimizar a eficiência de colheita, evitando faltas e desperdícios – o que proporciona maiores ganhos produtivos e econômicos para o sistema.

Técnicas como o manejo por altura de pasto e o pastejo rotacionado podem trazer diversos benefícios para o sistema, como a produção de forragem de maior qualidade, melhor eficiência de colheita e, inclusive, favorecer a recuperação do pasto após o pastejo. Os analistas do Cepea ainda destacam que, entre as propriedades analisadas, muitas não realizam nenhum tipo de manejo de manutenção anual em suas áreas, o que pode ter limitado a produção de massa de forragem, impedindo o aumento da escala produtiva da fazenda.

Por fim, conclui-se que o manejo adequado das pastagens é um fator crucial para alcançar resultados satisfatórios. Essa prática impacta diretamente no melhor escalonamento da produção, permitindo uma taxa de lotação anual mais elevada. Quando aliada a uma colheita eficiente da forragem, também contribui para o aumento do ganho individual dos animais. Esses elementos, em conjunto, impulsionam a produtividade geral da propriedade e podem resultar em melhores margens financeiras.

Fonte: Assessoria Cepea

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Caso de raiva em bezerro reacende alerta sanitário no Paraná

Morte registrada em Ortigueira impulsiona reforço na vacinação e na vigilância, enquanto o Estado já soma 218 casos confirmados da doença em 2025.

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Foto: Adapar

A morte de um bezerro diagnosticado com raiva em Ortigueira, nos Campos Gerais, reacendeu nesta semana o alerta para o enfrentamento da doença no Paraná. Considerada uma das zoonoses mais perigosas, a doença representa um grave risco tanto para a saúde pública quanto para a economia agropecuária do Estado, mobilizando órgãos oficiais a intensificarem as ações de vigilância e prevenção.

O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e é letal para os animas e para os humanos. O ciclo é este: o morcego morde o animal para chupar o sangue e transmite a raiva; outros animais e o ser humano contraem o vírus por meio de contato com o animal doente e a raiva se espalha e contamina os demais.

Foto: Arnaldo Alves

A presença da doença no Paraná é controlada: no ano passado, foram 258 casos de raiva comprovados em herbívoros; em 2025, foram mais de 400 investigados, sendo 218 casos confirmados até agora.

A vacina antirrábica é a única defesa eficaz contra a doença. “É uma vacina de baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. Isso precisa ser feito de maneira preventiva, porque depois que o animal já apresenta sinais clínicos não adianta mais”, salienta Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).

Segundo ele, pela portaria nº 368/2025 da Adapar, 30 municípios no Estado têm obrigatoriedade de vacinar contra a raiva. O que não significa que a vacinação não seja necessária em outras regiões.

Estão na lista da portaria os municípios de Boa Vista da Aparecida, Braganey, Campo Bonito, Capanema, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Diamante D’Oeste, Foz do Iguaçu, Guaraniaçu, Ibema, Itaipulândia, Lindoeste, Matelândia, Medianeira, Missal, Planalto, Pérola D’Oeste, Quedas do Iguaçu, Ramilândia, Realeza, Rio Bonito do Iguaçu, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Vera Cruz do Oeste.

A medida obriga a vacinação em herbívoros domésticos com idade a partir de três meses, incluindo búfalos, cavalos, bois, asnos, mulas, ovelhas e cabras.

Agilidade no controle e conscientização

A agilidade no controle de uma zoonose é crucial. Nesse quesito, o Paraná é pioneiro no uso de técnica molecular para diagnóstico de raiva em herbívoros. Isso é feito através do Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti, da Adapar, primeiro laboratório da Rede Nacional de Agricultura a usar esse tipo de tecnologia. “Antes, levava alguns dias para comprovarmos um diagnóstico de raiva; agora conseguimos o resultado em menos de 24 horas”, conta Dias.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Mas a verdadeira barreira para conter o surto da doença passa primeiramente pelo cuidado com o rebanho ainda no campo. Essa conscientização dos pecuaristas – no que tange à vacinação e atenção aos sintomas – é muito importante. Além de ser letal para animais e humanos, a raiva impacta em uma grande cadeia produtiva, que envolve exportações, produção e consumo interno.

Por isso, o produtor deve comunicar a Adapar imediatamente sempre que os animais apresentarem sinais neurológicos como isolamento, andar cambaleante, perda de apetite, algum tipo de paralisia e salivação abundante.

Fonte: AEN-PR
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Brasil precisa negociar com mercados externos como cadeia, não como elo, defendem entidades da pecuária

Setor reforça que articulação conjunta é fundamental para atender às novas exigências internacionais, como a lei antidesmatamento da União Europeia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Segundo maior produtor de carne bovina do mundo, o Brasil lida com compradores externos cada vez mais exigentes. Uma alternativa para equalizar as regras entre exportadores e importadores é realizar as negociações em cadeia, para evitar que os elos envolvidos tenham maior ou menor impacto.

O tema foi debatido na última quinta-feira (06), durante o evento online “Diálogo Inclusivo – Sustentabilidade na Pecuária: como produzir mais e melhor frente às novas exigências do mercado internacional”, promovido pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e a Fundação Solidaridad. “A Mesa está aqui para dialogar como cadeia. Levar o Brasil ao papel de protagonista e fazer com que essa pecuária sustentável seja aliada do clima e da segurança alimentar”, disse a gerente executiva da entidade, Michelle Borges.

Foto: Divulgação

Ela ressaltou que a entidade realizou uma série de diálogos às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que ocorre em Belém (PA) neste mês, e formulou um documento que mostra como a pecuária brasileira pode ser uma atividade de impacto positivo para o mundo.

Especificamente sobre as exigências de compradores externos, João Paulo Franco, líder da área de produção animal da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também defendeu o diálogo conjunto. “Precisamos sentar à mesa para fazer a negociação e a gente precisa ir como cadeia, como corrente, e não como elo, pois o elo perde força de barganha quando vai sozinho”,  pontuou.

Thiago Rocha, assessor técnico do Sistema FAESP/SENAR-SP, destacou que uma das principais exigências de compradores internacionais é a lei antidesmatamento da União Europeia, conhecida como EUDR.

Quando entrar em vigor, a legislação vai impedir que países do bloco europeu importem e comercializem produtos provenientes de áreas com desmatamento ou degradação florestal a contar de 31 de dezembro de 2020. A regra se aplicará a todos os países fornecedores.

Franco, da CNA, afirmou que trata-se de uma regra importante, vinda de um parceiro relevante para as exportações brasileiras, capaz de promover evoluções na pecuária ao longo do tempo. Para ele, é possível que o cenário se assemelhe ao que ocorreu quando surgiu a demanda da China de forma mais contundente pela carne bovina brasileira. “A China tinha uma demanda por carne vinda de animais precoces e colocou um prêmio para isso. Com o passar do tempo, o mercado se adequou a esse tipo de produção”, disse.

Ainda que nem todos os produtores consigam se adequar de imediato às exigências da EUDR, pois o desmatamento em áreas legais é permitido no Brasil, a carne ainda teria vazão no mercado interno e para outros compradores internacionais. “Cerca de 70% dos animais abatidos ficam no mercado interno, 30% são exportados e uma parte disso vai para a Europa. Cada país tem sua regra, a China olha de um jeito, a Europa de outro, os Emirados Árabes de outro”, comentou o representante da CNA.

Assista ao diálogo na íntegra clicando abaixo.

Fonte: Assessoria Mesa Brasileira
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Brasil apresenta na COP30 ações que unem produtividade e redução de metano na pecuária

Iniciativas do Mapa destacam inovação, assistência técnica e parcerias internacionais para ampliar tecnologias sustentáveis e fortalecer a pecuária de baixa emissão.

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Foto: Shutterstock

Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou, nesta segunda-feira (17), na Blue Zone da COP30, as principais ações brasileiras que associam ganho de produtividade à redução das emissões de metano na pecuária. A agenda reuniu representantes de financiadores como Global Methane Hub e Environmental Defense Fund (EDF), além de organizações multilaterais como a FAO, a Climate and Clean Air Coalition (CCAC) e a Clean Air Task Force (CATF).

O Mapa foi representado por Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável, que destacou a integração entre inovação, assistência técnica e práticas sustentáveis para acelerar a transição climática no campo.

Foto: Mapa

Segundo ele, a adoção de tecnologias alinhadas ao Plano ABC+ e a estratégias de intensificação sustentável reforça o papel do Brasil como referência global em pecuária de baixa emissão. “A experiência brasileira demonstra que o ganho de produtividade na pecuária é uma medida efetiva na redução da intensidade de emissões de metano, conciliando sustentabilidade e renda para o produtor rural”, destacou Bruno Brasil.

Durante o encontro foram discutidas possibilidades de financiamento para serviços de ATER digital com foco em ampliar o acesso de produtores a soluções tecnológicas e sustentáveis. As instituições presentes reforçaram a importância de parcerias internacionais para fortalecer iniciativas que apoiam a redução do metano e a adaptação climática na agropecuária.

Fonte: Assessoria Mapa
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