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Efeitos e soluções para a cadeia produtiva

Micotoxicose apresenta grande importância do ponto produtivo e de sanidade animal, sem deixar de lado a perspectiva da saúde pública

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Artigo escrito por Jorge Benitez Belon, diretor Comercial Internacional da Tectron

As micotoxinas têm sido e serão responsáveis por muitos casos de declínio da produtividade em diferentes espécies zootécnicas. Na suinocultura, as micotoxinas, seja na forma isolada ou mascarada pela associação com outras doenças ou até mesmo por falhas de manejo, tornam-se um tema de interesse atual. Há ocorrido um importante aumento na presença de Fusarium toxinas em matérias primas utilizadas para nutrição animal a nível mundial, o que está relacionado às variações climáticas.

Em uma visão geral, o termo Micotoxicose identifica um conjunto de entidades patológicas produzidas por derivados do metabolismo fúngico secundário, conhecidos como micotoxinas. A Micotoxicose apresenta grande importância do ponto produtivo e de sanidade animal, sem deixar de lado a perspectiva da saúde pública. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, 1993) classifica as Aflatoxinas (B1 e M1 em leite) e a Fumonisina B1 como possivelmente carcinogênicas.

O termo micotoxina foi estabelecido pela primeira vez em 1960, após a morte de mais de 100 mil perus, devido ao consumo de alimento que continha farinha de amendoim contaminada com aflatoxinas. Desde então, foram descritas cerca de 300 micotoxinas. Por ora, de nosso interesse são Aflatoxinas, Ocratoxinas, Tricotecenos (Toxina T-2, Nivalenol, Desoxinivalenol (DON) e Diacetoxiscirpenol), Zearalenona, Fumonisina e Alcaloides ergóticos.

Efeitos gerais relacionados às micotoxinas

Hepatotoxinas: degeneração gordurosa, hemorragia e necrose do parênquima hepático, hiperplasia de ductos biliares. Em casos agudos, é possível observar icterícia, anemia hemolítica e elevação dos níveis plasmáticos de enzimas hepáticas.

Nefrotoxinas: Produzem danos tubulares e provocam sinais e lesões característicos de necrose tubular tóxica. Por exemplo: Fumonisina.

Alterações na medula óssea, eritrócitos e endotélio vascular: clinicamente é possível observar hemorragias difusas, hematomas, debilidade, anemia, leucopenia, aumento da susceptibilidade à infecção. Por exemplo: Aflatoxina (imunossupressão).

Irritação direta: necrose da pele e ulceração, necrose oral. Hemorragias gastrointestinais são comumente encontradas. Por exemplo, várias fusariotoxinas.

Alterações na função respiratória: quadros de edema pulmonar agudo são observados. Por exemplo: Fumonisina.

Outras considerações

Uma única espécie de fungo pode produzir mais de uma micotoxina, e nenhum efeito sinérgico entre elas é excluído, como o caso de Zearalenona, T-2 e Desoxinivalenol. A ingestão de alimentos contaminados com Aflatoxinas ou Tricotecenos produz efeitos imediatos e a substituição por alimento não contaminado os suprime de forma quase imediata.

A ingestão de alimentos contaminados com Zearalenona é muito mais grave, pois é responsável por falhas reprodutivas visíveis semanas ou meses após o consumo, ainda que este tenha ocorrido por poucos dias. É importante considerar que os fungos produtores de Micotoxinas atuam em diferentes períodos da cadeia de produção de cereais. Dessa forma:

– Fungos de campo – Fusarium
– Penicilium
– Fungos de armazenamento – Aspergillus
– Penicilium
– Fungos de deterioração avançada – Aspergillus

De outra forma:

Aflatoxinas (B1, B2, G1, G2)

– <100 ppb para suínos reprodutores.
– <200 ppb para suínos em terminação (>120 lb de peso corporal)
– Carcinogênicos e imunossupressão.
– Sinais agudos: anorexia, depressão, ataxia, epistaxe.
– Sinais crônicos: menor eficiência alimentar zootécnica
– A presença de Aflatoxinas diminuiu na última década. 
– Absorção em suínos: 80 %

Zearalenona

– < 1 ppm para suínos em crescimento.
– < 2 ppm para reprodutores.
– < 3 ppm para suínos em terminação e cachaços jovens e velhos.

A Zearalenona é a mais prejudicial das micotoxinas em suínos, com algumas propriedades do hormônio sexual feminino (estrogênio). Muitos fungos do tipo Fusarium a produzem nos grãos, principalmente em amendoim cultivado em zonas frescas e úmidas. O fungo cresce no grão, antes da colheita, quando há muita precipitação pluvial e predominante dano por insetos (pragas), no entanto, o armazenamento em condições de frio e umidade logo após a colheita aumenta o perigo. Quando em fêmeas de engorda, a Zearalenona causa inflamação e rubor da vulva, semelhante ao que se vê durante o cio natural. Essa situação pode progredir a um rompimento e prolapso do reto e vagina. A Zearalenona também gera um leve aumento dos tetos e ocasional rompimento do prepúcio dos machos. Uma descoloração púrpura escura ou pontos rosados no milho podem ser indício de infecção com Fusarium graminerium produtor de Zearalenona, mas também pode estar presente na soja por efeito das variações climáticas. Sua incidência está aumentando na América do Norte e na América do Sul.

Diagnóstico

Efeitos estrogênicos. Vulvas inflamadas, prolapsos vaginais ou retais nas fêmeas em pré-puberdade. Útero aumentado. Atrofia do ovário. Atrofia testicular em cachaços. Hipertrofia da glândula mamária. Diminuição da fertilidade. Reabsorção embrionária. Aumento dos dias de espera. Anestro e Splay leg (membros abertos).

Desoxinivalenol (DON)

– É produzida simultaneamente com T-2 e Ácido Fusárico.
– < 5 ppm em grãos e subprodutos cereais. Alimentos contaminados com DON não devem exceder 20% da dieta.
– < 1 ppm em alimentos completos.

Redução do consumo de alimento e de ganho de peso inversamente proporcional a concentração de DON.
As concentrações elevadas causam rejeição, imunossupressão, inflamação e aumento da permeabilidade intestinal e estresse oxidativo.
Absorção em suínos: 55 % 

Fumonisina

– < 10 ppm.
– Carcinogênico em ratos de laboratório.
– Associado com edema pulmonar agudo em suínos.
– Na presença de DON os efeitos nocivos são potenciados
– Absorção em suínos:  3 %

Ácido Fusárico

– É produzida simultaneamente com Fumo e DON.
– Potencializador dos efeitos negativos sobre o TGI.

Controle do crescimento de fungos

– Baixa umidade no alimento
– Manter o alimento fresco
– Manter os equipamentos limpos
– Manter o grão intacto até a secagem adequada
– Utilizar inibidores de fungos

Os pontos que devem ser controlados são qualidade dos ingredientes (baseada em análise física), condições (pó, temperatura e umidade) durante o armazenamento dos grãos e do alimento, condições dentro da planta de fabricação do alimento, especialmente dos equipamentos de produção e na granja e uso de um desintoxicante holístico de micotoxinas eficaz e comprovado.

Quando as micotoxinas já se encontram presentes, uma boa alternativa consiste na utilização de um produto de amplo espectro com propriedades desintoxicantes, regulador nutricional que mitigue o efeito das micotoxinas. Adsorventes/argilas tais como bentonitas e aluminosilicatos têm sido utilizados em alimentos com alto teor de micotoxinas para evitar a absorção intestinal das toxinas. No entanto, estes compostos são tipicamente eficazes quando se utiliza altas taxas de inclusão.

Existe uma vasta gama de adsorventes no mercado, muitos dos quais não foram adequadamente avaliados e estes agentes podem ser eficazes apenas contra uma micotoxina específica, tal como a Aflatoxina, mas não são eficazes com Fusariotoxinas.

Adsorventes orgânicos como o polímero de glucomanano são utilizados. Este adsorvente orgânico tem a vantagem de ser eficaz contra uma variedade de micotoxinas polares. Ao selecionar um produto para o controle das micotoxinas é importante considerar as informações publicadas que demonstrem eficácia na espécie animal a ser tratada. Também é desejável uma baixa taxa de inclusão eficaz, de modo a não interferir com qualquer matriz dietética ou que não adsorva vitaminas e minerais.

Caracteristicas de um desintoxicante holístico de micotoxinas

– Eficaz contra uma ampla gama de micotoxinas, polares, apolares e anfipáticas.

– Econômico/custo-benefício

– Não gerar produtos atóxicos

– Não afetar a palatabilidade nem as propriedades nutricionais do alimento

– Pouca ou nenhuma afinidade por promotores de crescimento, vitaminas, minerais e aminoácidos sintéticos.

Conclusões

– Utilizar grãos não contaminados;
– Enfatizar a importância dos tipos de micotoxinas que estão presentes nos alimentos e que afetam o animal;
– Utilizar um desintoxicante holístico que permita o manejo integrado da micotoxicose;
– Rentabilidade;
– Como ponto de reflexão é importante considerar o impacto das Micotoxinas sobre a saúde pública. Apesar de as pesquisas nesta área não serem extensas, já é bem suportado o fato da relação entre o consumo de alimentos derivados de cereais com o aparecimento de diferentes patologias, como imunossupressão, alergias, problemas digestivos e câncer, entre outros. Nossa responsabilidade é fornecer alimentos derivados de produção animal segura e sustentável.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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