Empresas Bovinos
É preciso estratégia para tratar a mastite e garantir a sanidade do gado
O tratamento da doença deve ser uma combinação efetiva de sanidade e medicação correta, para garantir a qualidade do produto final

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil figura entre os dez maiores produtores de leite do mundo e o produto está diariamente presente na vida dos brasileiros. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou, em 2019, um estudo indicando que o consumo médio de leite por habitante em 2018 foi de 166,4 litros.
Para se ter sucesso nesse mercado é fundamental assegurar a sanidade do rebanho, garantindo um produto de melhor qualidade e mais produtividade dos animais. “O mercado de leite e seus derivados é um importante setor econômico do agronegócio e para que um produto seja considerado apto para o consumo das pessoas os produtores precisam seguir protocolos cada vez mais assertivos de sanidade e bem-estar animal”, afirma Vanessa Masson, gerente técnica Pecuária da MSD Saúde Animal.
O desafio da mastite
Entre os muitos desafios enfrentados pela pecuária leiteira, a mastite bovina certamente é um dos principais. A doença, que acomete o tecido das glândulas mamárias das vacas, pode ocorrer por uma série de fatores: traumas, lesões, agressões químicas e, na maioria das vezes, por contaminação de micro-organismos, principalmente as bactérias.
A percepção da doença é de extrema importância quando se fala do combate à mastite bovina. De acordo com dados da Embrapa, há, pelo menos, 100 tipos diferentes de bactérias que podem causar a mastite, que se manifesta de duas formas: a clínica – quando o úbere fica perceptivelmente inflamado, apresentando mudanças de aparência física e também no leite – e a subclínica – mais difícil de identificar por não ser aparente, sendo necessária a realização de testes clínicos adicionais para detectar o problema.
A fim de garantir que o tratamento da enfermidade seja efetivo, é indispensável haver um planejamento de execução de protocolos preventivos adequados. Mesmo assim, é quase inevitável que a doença traga impactos para a produção leiteira. Quanto mais o produtor demorar a identificar e iniciar o tratamento, mais danos ela pode causar, especialmente quando não se conhece o agente causador.
Além disso, a doença causa um grande desconforto ao animal, alterando sua alimentação, produtividade e comportamento. Os animais infectados pelos dois tipos de mastite têm perdas substanciais de capacidade de produção leiteira. Quanto maior o número de animais contaminados no rebanho, maior os prejuízos trazidos pela mastite, que pode corresponder até 30% da produtividade total .
“Temos observado, nos rebanhos de nossos parceiros, que a identificação precoce dos primeiros animais contaminados – antes que se espalhe para outros indivíduos – e o tratamento correto da mastite, ajudam a minimizar as perdas financeiras e ensinam, na prática, uma das lições mais valiosas para o pecuarista: a importância da prevenção”, relata.
Mesmo com todos os cuidados, a incidência da mastite bovina ainda é muito alta nos rebanhos porque as bactérias responsáveis pela doença estão presentes no solo, esterco, barro, na água, equipamentos, mão dos ordenadores. É muito comum que, quando um caso de mastite chega a ser notificado no rebanho, muitos outros animais já estejam contaminados, pois alguns tipos de bactérias possuem um comportamento contagioso, passando de um animal para o outro durante o processo de ordenha.
Identificando a mastite
A contagem de células somáticas é uma das formas de avaliar se o rebanho está contaminado. Mas, mesmo antes de realizar esse teste, a simples observação de fatores do dia a dia já pode servir para uma previsão de diagnóstico da doença. Verificar a efetividade dos processos de limpeza dos ambientes, se o manejo de ordenha está sendo feito da forma mais correta e asseada possível e se a temperatura do local está confortável para os animais são alguns dos pontos a serem avaliados.
A doença prejudica não apenas a produtividade, mas também a qualidade do leite “A nossa equipe de suporte e prestação de serviços aos pecuaristas sempre os orienta a manterem as melhores práticas do rebanho para a prevenção de doenças, inclusive instruindo e treinando os ordenhadores com medidas práticas para notar esses sinais de alerta”, conta Vanessa.
Tem solução?
Seguir à risca as orientações sanitárias, de instalações e de manejo dos animais é premissa básica para quem quer minimizar as perdas. Soma-se a isso a identificação precoce da infecção, a fim de evitar que ela se alastre no rebanho. Mas, uma vez estabelecida a doença, os esforços devem se concentrar em evitar que se torne algo crônico entre os animais.
O tratamento correto, com auxílio de um médico-veterinário, é imprescindível para obter êxito nessa empreitada. A principal estratégia é ter diferentes frentes de atuação prontas para serem utilizadas nos momentos oportunos, cuidando dos animais doentes sem expor os sadios nem descuidar da prevenção da doença. “É preciso que o profissional olhe para a questão como um todo, não apenas para um ou outro animal infectado, mas para o ambiente e o comportamento dos demais indivíduos no rebanho; a aplicação de um medicamento eficiente e que previna a reincidência da doença também é de extrema importância”, finaliza.

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Brasil passa a ter banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa
Repositório de antígenos garante fornecimento rápido de vacinas em caso de surto de febre aftosa; investimento é fundamental para garantia do status sanitário de país livre sem vacinação.

O Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, assinou nesta quinta-feira (18/12), um contrato com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a criação do primeiro banco brasileiro de antígenos e vacinas contra febre aftosa, um estoque estratégico de insumos para a formulação rápida de vacinas em eventuais casos de surto localizado da doença.
O Tecpar, por sua vez, firmou um acordo de cooperação tecnológica com a Biogénesis Bagó, em março de 2025, para a transferência e internalização de tecnologia para a criação do banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa. A companhia se tornou o braço tecnológico do Tecpar para a produção das vacinas, bem como para o controle de qualidade e armazenamento dos antígenos.
O banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa tem como objetivo ser um estoque estratégico de insumos para a rápida formulação de uma vacina em caso de surto. O contrato assinado em Brasília prevê a criação do banco com 10 milhões de doses de antígenos de dois sorotipos do vírus de febre aftosa que mais circularam no Brasil. O contrato de 10 anos prevê ainda o fornecimento imediato de até 10 milhões de doses da vacina para o Ministério, em casos de eventuais surtos.
Hoje, o Brasil é um país livre de febre aftosa sem vacinação animal, status reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e a criação do banco de antígenos é uma das formalidades exigidas.
“Trata-se de mais um passo histórico no fortalecimento da pecuária brasileira e do nosso sistema sanitário. O Brasil tornou-se uma referência sanitária para o mundo. Faz parte do processo de conquista de mercados ter sanidade e garantia de produtos seguros para o fornecimento, tanto para a população brasileira como também para a exportação. Estamos fazendo a nossa parte ao investir no banco de antígenos, juntamente com o Tecpar, do Paraná, que é uma referência e parcerias internacionais com a empresa argentina Biogénesis Bagó. Estou muito feliz por termos encontrado parceiros competentes e dedicados, que vão ajudar o Brasil a manter esse status que foi conquistado com muito suor, muita dedicação e investimento, mas que agora requer uma atenção ainda muito maior. Então é um dia histórico de preparação para um futuro tranquilo para a nossa pecuária”, declara o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Para o Country Manager da Biogénesis Bagó, Marcelo Bulman, num momento em que o Brasil assume pela primeira vez a liderança mundial na produção de carne bovina, superando os EUA, com 12,35 milhões de toneladas este ano, a criação do banco de antígenos e vacinas contra febre aftosa traz mais tranquilidade ao setor produtivo. “A Biogénesis Bagó é a responsável pelo banco de antígenos da Argentina desde 2000, dos EUA e Canadá desde 2006, além de países como Taiwan e Coreia do Sul. Ou seja, as principais potências produtoras de carne bovina do mundo têm o status sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação de seus rebanhos aos cuidados da Biogénesis Bagó. Para nós, é um orgulho e uma grande responsabilidade sermos responsáveis pela segurança do status sanitário do rebanho brasileiro”.
“A criação do banco de antígenos no Brasil por meio da parceria da Biogénesis Bagó com o Tecpar consolida a trabalho da companhia de contribuir para a segurança do status sanitário dos rebanhos das Américas, de Norte a Sul. Para isso, a companhia investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento para avaliar as diferentes necessidades de acordo com cada tipo de emergência”, salienta o gerente de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Biogénesis Bagó Brasil, Fabrício Bortolanza.
Empresas Vínculo com a comunidade
Evonik celebra 10 anos da primeira produção em Castro e destaca trajetória da unidade no Paraná
Solenidade reuniu autoridades municipais, lideranças da empresa e parceiros locais

No último dia 12 de dezembro, a Evonik realizou uma solenidade para marcar os 10 anos da primeira produção de sua unidade fabril localizada em Castro, no Paraná, dedicada ao mercado de nutrição animal. O encontro reuniu autoridades municipais, lideranças da empresa e colaboradores em uma programação voltada ao reconhecimento do marco e da trajetória da operação.
A programação incluiu o descerramento de placa alusiva ao marco da primeira produção local, em dezembro de 2015, visita guiada às instalações e um almoço com os convidados. Os pronunciamentos destacaram a relevância da unidade para a cadeia de nutrição animal, setor em que o Paraná ocupa papel estratégico no cenário nacional e internacional.
Estiveram presentes autoridades municipais de Castro, entre elas o secretário de Governo, Ricardo Cardoso Filho; o secretário de Planejamento e Patrimônio, Rodrigo Moraes da Silva; o secretário de Saúde, Dr. Matilvani Moreira; o secretário de Infraestrutura do Interior e Logística, Eleandro Pereira; o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Kasciano Morais; e o comandante da Polícia Militar, 1º Tenente Bruno Araujo. A presença das autoridades, moradores e empresários locais reforçou a parceria contínua entre a empresa, o poder público e a comunidade desde a implantação da unidade, relação que contribui para o desenvolvimento da região.
Representando a Evonik, participaram Marcio Araki, vice-presidente de Operações América Central e do Sul; Paulo Teixeira, vice-presidente de Animal Nutrition Américas; e Miguel Menezes, diretor industrial de Animal Nutrition em Castro, além de colaboradores da unidade. A cerimônia também contou com a presença de profissionais da Cargill que atuam no site de Castro, reforçando a cooperação estabelecida entre as duas empresas, considerada fundamental para a rotina operacional da unidade.
Sustentabilidade, cooperação e atuação global
Ao longo da última década, a fábrica instalada em Castro ampliou sua contribuição para os mercados atendidos pela empresa, incluindo países da América Latina, África e Europa. Nesse período, foram implementadas melhorias contínuas em processos e práticas de sustentabilidade, com atenção especial à redução da pegada de carbono dos produtos (PCF – Product Carbon Footprint) e à eficiência energética.
A unidade produz Biolys®, fonte concentrada de L-lisina utilizada como aditivo essencial na nutrição animal. O processo produtivo é baseado em fermentação a partir de substratos renováveis derivados do milho. Integrada ao complexo industrial da Cargill, a fábrica recebe desta a dextrose fabricada a partir de milho de fornecedores locais, o que favorece eficiência logística e reduz transportes de longa distância. Operando com biotecnologia de alta eficiência e processo livre de resíduos, supre 100% de suas necessidades de energia elétrica com fontes renováveis. Desde 2021, registra redução consistente nas emissões de CO2 associadas à produção do Biolys®, aproximando-se da neutralidade de carbono.
Além dos avanços operacionais e ambientais, a unidade também mantém um trabalho contínuo de integração com a comunidade local. Desde sua implantação, a Evonik desenvolve iniciativas sociais em parceria com instituições da região, incluindo apoio a escolas, melhorias em espaços comunitários e doações para organizações de acolhimento e assistência social. Segundo a empresa, essas iniciativas refletem o vínculo construído com a comunidade ao longo dos anos.
A celebração reforçou a importância da unidade de Castro para a operação global de nutrição animal da Evonik e para o ecossistema produtivo do Paraná, além de reconhecer a contribuição das equipes e das parcerias locais ao longo desses 10 anos.
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Brasileiro deve consumir mais carne suína nas festas deste fim de ano
Ações que vêm ocorrendo nos últimos anos, desmistificando preconceitos antigos e promovendo a proteína como uma opção saudável, versátil e acessível vem sendo fatores que contribuem para popularizar a carne.

O consumo de carne suína no Brasil deve manter a tendência de crescimento neste mês de dezembro, sustentado por fatores sazonais, econômicos e culturais. A expectativa é de alta nos níveis de demanda, com perspectiva de manutenção do consumo per capita próximo ao recorde de 19,5 kg/habitante registrado em 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do IBGE.
“A sazonalidade positiva típica do fim de ano, marcada pelas festas natalinas reforça o apelo da proteína suína, especialmente em cortes como pernil, lombo e leitão”, afirma Gabriel Villela Dessimoni, doutor em nutrição e produção animal e nutricionista da Quimtia Brasil. Segundo ele, esses produtos têm presença tradicional nas ceias de fim de ano e concentram parte relevante das vendas do setor no último bimestre.
Ainda para o especialista, o mercado de suinocultura nacional vem se antecipando à alta de demanda com planejamento específico de produção e distribuição. De acordo com ele, ajustes no manejo reprodutivo e no ritmo de abates têm garantido a oferta dos cortes mais procurados.
“Além do apelo sazonal, a aposta para esse fim de ano é que o período se torne uma janela estratégica para ampliar o consumo per capita”, afirma. A previsão, segundo o especialista, é que a experimentação de novos cortes e preparações durante as festas acabe se convertendo em hábito de consumo ao longo do próximo ano, o que deve consolidar a presença da carne suína na rotina alimentar do brasileiro.
Muito além do fim do ano
Embora a carne de frango siga como a proteína mais consumida no país, com cerca de 45 kg per capita, a carne suína vem ganhando cada vez mais espaço. Para Gabriel, a combinação entre preço competitivo e valorização cultural tem ampliado sua participação no mercado interno, sendo amparada por mudanças nos hábitos alimentares e por ações de reposicionamento do setor.
“Nos últimos anos, o setor tem realizado esforços contínuos e estratégicos para popularizar o consumo da carne suína, que vão além da sazonalidade de fim de ano. E aspectos como a desmistificação de preconceitos antigos, como a crença de que a carne suína é ‘gorda’ ou ‘suja’, além da promoção da proteína como uma opção saudável, versátil e acessível também vem sendo fatores que contribuem para popularizar a proteína em ocasiões de consumo em que ela tradicionalmente não era a primeira opção”, conclui Gabriel Dessimoni.




