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Suínos Saúde Animal

É preciso conhecer fatores desencadeantes para tratar necrose de cauda em suínos

Dependendo da gravidade é possível acontecer o descarte do suíno ou a condenação no momento do abate

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Artigo escrito por Augusto Heck, médico veterinário, Sc e gerente Técnico Comercial para Suínos da Biomin

A necrose de cauda é um quadro comum que acontece de forma imprevisível e pode comprometer o desempenho tanto de leitões com poucos dias de vida até animais na fase de terminação. Dependendo da gravidade é possível acontecer o descarte do suíno ou a condenação do mesmo no momento do abate.

A cauda de um leitão varia bastante no comprimento, tendo como média 9 cm e uma amplitude entre 5 e 13 cm. Em leitões novos ela inicia como um anel constritor de tecido morto em qualquer parte da cauda que inviabiliza o suprimento sanguíneo desse ponto em diante, até a extremidade. A cauda apresenta uma ferida de cor marrom, rígida, retraída e quebradiça, rompendo facilmente. Outra apresentação de início desse tecido necrosado pode ocorrer na ponta da cauda, seja ela cortada como prática de manejo ou não, e gradualmente indo em direção a sua inserção.

Em muitos casos a ocorrência da necrose de cauda está associada com uma dermatite bacteriana como as provocadas por Staphylococcus hyicus, Streptococcus β hemolítico e Erysipela sp. Um desses agentes penetra na pele, gera inflamação que pode bloquear a circulação sanguínea para as extremidades e, consequentemente, a morte tecidual. Associado à contaminação bacteriana secundária existe uma lesão primária que pode ser originária de: abrasividade de pisos quando da busca do mamilo na lactação; lutas e ferimentos delas advindos uma vez que os dentes dos leitões são como agulhas que podem inocular bactérias da cavidade oral como da superfície corporal; corte da cauda por equipamentos contaminados ou má cauterização do coto remanescente permitindo uma solução de continuidade.

Em suínos maiores a necrose das extremidades é uma sequela comum de infecções sistêmicas, pelo dano arterial que diminui o suprimento sanguíneo ou pode ocorrer como uma reação de hipersensibilidade tipo III, com acúmulo de complexos antígeno/anticorpo que ocluem os capilares. Tais lesões geralmente ocorrem depois um surto da doença e podem ser vistas na convalescência. Esses tipos de lesões são observados em associação com Erisipela sp., Haemophilus parasuis e infecções sistêmicas por Salmonella sp., mas também podem ocorrer como parte da síndrome de dermatite e nefropatia suína provocada pelo Circovírus Suíno tipo 2.

Fatores ambientais também podem explicar a ocorrência de necrose de orelha. Umidade relativa do ar, pequenos ferimentos ocasionados pelo piso ripado, resíduo de desinfetantes alcalinos nas instalações são alguns exemplos.

Manejo

Em relação ao manejo, os suínos podem pisar ou morder a cauda por falta de interação com materiais fibrosos ou enriquecimento ambiental. Elevada densidade, competição por espaço também desempenham um papel, potencialmente em resposta ao desconforto causado pela temperatura ambiente muito baixa ou muito alta, presença de correntes de ar ou disputa por acesso ao comedouro. A transferência de animais e outros estressores ambientais podem gerar a frustração e, na sequência, a mordedura da cauda.

Densidade

A densidade elevada ajuda a reduzir os níveis de anticorpos em suínos, afetando o colostro e a produção de leite de porcas, podem aumentar ainda mais o problema. Os leitões também ingerem endotoxinas do leite da mãe e isso também foi descoberto pelos pesquisadores como responsáveis pela inflamação e necrose nas orelhas e caudas dos leitões.

A prevalência de endotoxinas também tende a deprimir as funções hepáticas e renais. Um efeito disso é que a eficiência da coagulação sanguínea é reduzida, o que, por sua vez, agrava mais o sangramento de áreas necróticas e, portanto, possivelmente aumento do interesse em morder por parte dos suínos.

Dieta

Uma dieta desequilibrada, faltando biotina, triptofano, sal, proteína ou alguns outros aminoácidos específicos pode favorecer à necrose da cauda. O excesso de energia e o desconforto intestinal também podem ser fatores contribuintes. Por outro lado, o excesso de proteína associado à falta de fibra também pode favorecer a ocorrência do quadro, pois o peristaltismo e a acidez intestinal diminuem e isso favorece o crescimento de bactérias gram-negativas.

A falta de água ou a contaminação da mesma também favorecem a ocorrência. Esses desbalanços nutricionais favorecem o aumento da produção de subprodutos de degradação microbiana, como lipopolissacarídeos. Esses últimos provocam um quadro inflamatório que leva à redução do suprimento de sangue. A cauda e outras extremidades ficam dolorosas, irritadas e finalmente necróticas.

Micotoxinas como a Aflatoxinas, Tricotecenos e Alcalóides de Ergot tem associadas à sua ocorrência no alimento dos suínos com episódios de necrose de cauda e precisam, portanto, ser monitoradas e, quando em quantidade tida como de risco, combatidas com produtos adsorventes e inativadores enzimáticos.

Aminas biogênicas, frutos da degradação das proteínas ou até mesmo da putrefação de farinhas de origem animal eventualmente presentes na ração podem gerar o quadro.

Abordagem terapêutica

A abordagem terapêutica consiste em separar os suínos afetados para baias de enfermaria, limpar a lesão, aplicar cicatrizantes/repelentes tópicos e antibiótico parenteral para evitar a infecção pela contaminação ambiental.

A prevenção da necrose da cauda depende da identificação e retificação dos fatores desencadeantes potenciais presentes nas granjas.

Como pudemos constatar a necrose de cauda, seja em leitões novos ou próximos do abate é um quadro com diversas explicações que passam por instalações, manejo, nutrição e agentes infecciosos. Para mitigar o seu impacto é fundamental realizar uma investigação profunda e abrangente para detectar quais fatores desencadeantes estão presentes e atuando para retirá-los e dessa forma conseguir o referido objetivo.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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