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É possível eliminar os odores nas granjas

Técnicas avançadas de manejo e a utilização de produtos adequados eliminam praticamente todo o odor existente nas criações de suínos

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Arquivo/OP Rural

Quando o assunto é a criação de suínos uma característica logo vem a mente das pessoas: o considerável odor exalado dos chiqueiros. E, não apenas os cheiros que são perceptíveis, mas, também, moscas, vermes, poluição e outros indesejáveis que aparecem. O tema impacta diretamente o homem do campo, desde a saúde animal, ambiental e econômica da propriedade até a qualidade de vida dos trabalhadores, vizinhos e centros urbanos, que hoje estão próximos das propriedades, tornando-se assim, também, uma questão de saúde pública.

O cheiro forte dentro dos chiqueiros vem dos dejetos que ficam armazenados embaixo do assoalho ou no assoalho. E são ocasionados, principalmente, pelas fezes e urina dos suínos, os quais possuem compostos voláteis que são liberados e ficam retidos dentro das instalações. “Algumas pesquisas apontam que existem mais de 200 compostos odorantes responsáveis pelo mau cheiro. Além disso, o processo de decomposição anaeróbio, que se inicia já dentro dos chiqueiros, gera subprodutos que causam maus odores, como é o caso, principalmente, da amônia e dos compostos de enxofre (sulfeto de hidrogênio). Outros gases também são gerados neste processo, como é o caso do dióxido de carbono, do óxido nitroso e o metano, que mesmo não gerando odores consideráveis, causam diversos problemas ao homem e aos animais” informa a bacharel em Química, Patrícia Schumacher, responsável técnica da Embio Biotecnologia, de Marechal Cândido Rondon, PR.

Existem dois tipos de poluição, a que é ocasionada pelos dejetos na forma líquida e as consequências geradas pela presença de odores (gases) dentro e fora das instalações. “Os dejetos líquidos não tratados causam diversos tipos de poluição ambiental. Nos solos podem causar acúmulo de elementos tóxicos, desequilíbrio de nutrientes, salinidade, impermeabilização, contaminação por patógenos afetando as plantas entre outros. Nas águas, causam desequilíbrio ecológico, morte de peixes, eutrofização, contaminação de lençóis freáticos entre outros. Além disso os dejetos são responsáveis por atrair diferentes tipos de vetores, como as moscas, por exemplo”, salienta.

A profissional informa que os maus odores estão ligados diretamente ao ambiente interno – onde estão os animais -, e ao externo – as esterqueiras – e seu entorno e as áreas de aplicação do dejeto no solo. “Os odores podem ser um dos vilões da saúde animal e humana (vizinhos e trabalhadores das granjas), causando problemas respiratórios, tosses, irritação e por consequência, nos animais, menor conversão alimentar. Alguns pesquisadores associam que a inalação dos gases de dejetos suínos pode desencadear doenças em humanos, como alergias, aperto no peito, doenças pulmonares, irritações nos olhos, aumento da fadiga, confusão mental, irritação e até depressão, entre outros problemas relacionados. Além disso, há gases que são responsáveis pela chuva ácida e pelo aquecimento global”, destaca.

Como diminuir os danos

Ainda que os odores sejam excessivos e os danos consideráveis, é possível diminuir sua intensidade através de tratamentos já existentes. A maior parte das técnicas de tratamento combinam processos físicos e biológicos, que são alterativas sustentáveis e que agregam cuidado com ao meio ambiente. “É fundamental lembrar que os odores estão presentes em ambientes diferentes da propriedade, por isso o ideal é que o tratamento inicie nas baias e continue até o momento da fertirrigação, com a finalidade de melhorar o ambiente como um todo. Uma solução simples (este para dentro das baias) é eliminar a fonte geradora do odor, removendo os dejetos dos chiqueiros e mantendo as superfícies sempre secas e limpas. No entanto, nem sempre é possível retirar esse material tão rapidamente, diante disso, existem algumas opções que podem contribuir com a melhoria da ambiência dentro dos chiqueiros”, diz Patricia Schumacher.

A dieta dos animais também tem importância em todo o processo. Trabalhos de pesquisa de diferentes países concluem que, melhorando a característica da dieta, os odores são minimizados e melhoram a características das excretas do animal. Existem, também, moléculas que têm ação comprovada de neutralização de odores de dejetos suínos. “Elas são produzidas pela extração de essências de plantas e suas partículas são iônicamente carregadas. Apresentam afinidade pela partícula de odor e a envolvem, neutralizando o cheiro forte”, relata.

Para a bacharel em química, as enzimas e microrganismos são grandes aliados no tratamento dentro dos chiqueiros, pois alteram os tipos de gases emitidos pela degradação da matéria orgânica no processo de fermentação. “Eles ajudam a degradar os compostos orgânicos em moléculas simples e estáveis, evitando a formação de gases com forte odor. Também podem ser empregados sistemas físicos de ventilação e biofiltros, que são aliados na redução dos maus odores”, informa. No que tange a formação do biogás, os tratamentos existentes podem afetar a produtividade. “Alguns podem diminuir a emissão biogás, já outros podem ter uma ação no odor, mas não afetar o biogás que será gerado. Por isso é importante entender o modo de ação de cada tratamento”, afirma.

Outro processo tem a ver com os sistemas de armazenamento. Neste contexto, uma maneira bastante efetiva e economicamente viável é realizar a aeração intermitente das esterqueiras. “Este procedimento tem o objetivo de acelerar o processo de decomposição da matéria orgânica, atuar no ciclo do nitrogênio diminuindo os compostos de amônia e gerar um subproduto composto de moléculas simples e estáveis. O processo de aeração, pode ser ainda mais eficaz quando combinado com microrganismos ou enzimas de degradação específicas”, diz.

Os biodigestores degradam a matéria orgânica de forma anaeróbia e formam como subproduto o biogás e o dejeto líquido. “Este subproduto líquido tem menos odores do que o dejeto cru, todavia, sua eficácia depende da eficiência do biodigestor, visto poder restar algum material a ser degradado ao final do processo (uma alternativa é realizar o tratamento aeróbico na lagoa logo após o biodigestor). Além do mais, uma outra opção para reduzir os odores dos sistemas de armazenamento abertos são membranas oleosas compostas de molécula neutralizadora de odores. Este procedimento não trata os dejetos, mas é uma opção para segurar a emissão de odores das esterqueiras” alerta a profissional, salientando que “as enzimas e os microrganismos, são combinações excelentes para os tratamentos aeróbios e anaeróbios. A função deles é catalisar as reações de degradação, ou seja, acelerar o processo de decomposição”.

Os métodos citados também podem ser utilizados logo após um processo de separação física, das fases sólida e líquida dos dejetos. “A parte sólida vai para compostagem e o produto é um fertilizante orgânico. A parte líquida é tratada com diferentes técnicas, incluindo as já citadas”, cita.

Como ficam os dejetos que serão jogados nas lavouras

Informa a bacharel em química que nas análises em que se comparam os dejetos tratados com o dejeto cru, detecta-se uma diminuição na maioria dos nutrientes, mas não pode-se considerar essa diferença como uma perda de fertilização ou de eficiência no solo, uma vez que o dejeto cru, se colocado no solo, é toxico. “A transformação da matéria orgânica, que ocorre durante os processos de tratamento, é muito positiva e vai deixando os nutrientes, presentes no dejeto, mais disponíveis para serem assimilados pelas plantas. Uma boa parte do dejeto que vai para o solo serve também como alimento para a microbiota que está ali presente, esta microbiota, juntamente com os ácidos orgânicos gerados no processo, trabalha em favor das plantas, dispondo nutrientes, fixando nitrogênio e liberando fósforo”, ressalta.

O tratamento dos dejetos não dispensa em momento algum a aplicação de forma consciente no solo. Existem legislações que dão as orientações e os pareceres sobre a disposição no solo, que levam em conta a característica do dejeto e qualidade do solo que irá recebê-lo. Esta etapa configura um cuidado importante para que se mantenha o solo saudável e a sustentabilidade da atividade agrícola.

Entidades atuam para ajudar

Para que os processos não sejam danosos ao entorno, existe a atuação de órgãos ambientais que de um modo geral buscam soluções para estes problemas. É o caso da Emprapa, das universidades federais e estaduais, IAT, Emater, prefeituras e secretarias de meio ambiente a nível nacional e local. Existe também um movimento das associações de suinocultores e cooperativas que junto com empresas se dedicam a estudar, entender e oferecer soluções para estas questões.

Para Patricia Schumacher, o tema é muito relevante. “Ressalto que são inúmeros os aspectos que envolvem os estudos sobre os impactos e formas de tratamento dos odores gerados pela criação intensiva de suínos. Foram relatados aqui, os tratamentos mais comumente encontrados. Porém no Brasil e no mundo são realizadas inúmeras pesquisas que visam aprimorar as formas tratamento, de redução os odores, de tratar mais rápido, eficaz e aproveitar de formas ainda melhores a carga de nutrientes que estes dejetos apresentam”, aponta.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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