Suínos
E o nosso Biogás?
Apesar de a aplicação do biogás não estar acontecendo em algumas propriedades do Condomínio de Agroenergia da Linha Ajuricaba há pelo menos meio ano, CIBiogás afirma que o objetivo ambiental e social do projeto pioneiro já foi alcançado
Durante dois anos e meio, seo Eldo Matte deixou de usar o forno elétrico para assar o pão feito em sua propriedade. Há dois anos e meio, ele começou a concretizar um de seus principais sonhos: deixar algo de bom para as gerações futuras. Ele, junto da esposa, fazem parte do grupo de 33 pequenos suinocultores e bovinocultores que acreditaram e apostaram no projeto do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar Ajuricaba, localizado no interior de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, onde a biomassa residual produzida é tratada nas propriedades por meio de biodigestores de lagoa coberta ou rígido, onde se produz biofertilizante e biogás. “Por mais que muitos produtores diziam que o projeto não vingaria, eu sempre tive aquela fé e estou torcendo muito para que volte a funcionar”, diz.
Volte a funcionar porque, segundo o produtor, há cerca de oito meses o potencial produtivo de gás de sua propriedade está “indo para o céu”. O compressor responsável por mandar o gás para o forno de seo Eldo foi retirado para manutenção há, pelo menos, seis meses e até agora não voltou. “Está sendo jogado fora. O dejeto está sendo tratado, mas o gás não está indo para a central, nem para o nosso fogão”, explica. “Não posso afirmar por qual motivo o incentivo e a assistência parou, porque para mim nunca faltou nada, eu sempre mandava o gás para a central dando despesa ou não, mas de um meio ano para cá está sendo deixado de lado”, complementa.
Eldo, que possui cerca de 650 suínos e algumas vacas leiteiras, já conhecia o sistema por ter visitado uma granja no Triângulo Mineiro que adotou e colhia os resultados do investimento. “Eles me disseram para apostar, pois é o passo certo para a funcionalidade da produção de suínos aliada à conservação do meio ambiente”, menciona. Para o produtor, no período em que o biogás era utilizado na propriedade, não havia coisa melhor, pois a comida cozinhava na metade do tempo. Ele mensura que, somente com os dejetos produzidos em sua propriedade, era possível produzir gás suficiente para preencher de três a sete botijões por dia, dependendo do clima. “Não tinha nenhum retorno financeiro porque não havia venda da energia, somente armazenamento na central, mas e o benefício disso para o meio ambiente? Para mim, se o sistema voltasse a funcionar como há oito meses já teria muito benefício, porque, em vez de ficar estragando a atmosfera, que amanhã os netos e bisnetos vão sentir o impacto, estamos eliminando de forma ecológica e dando um bom uso”, reafirma.
Unidades de Produção
Apesar de a realidade de seo Eldo ser a mesma de, pelo menos, outros dez agricultores que participam do projeto, a paralisação momentânea de aplicação do biogás tem uma boa explicação. O projeto entrará em uma nova fase, saindo da demonstração e partindo para uma unidade de produção. “Serão realizadas adequações nas propriedades com o objetivo de maximizar a produção de biogás, terminar as regularizações e adequações em nível de central termelétrica para trazer o resultado econômico que era almejado desde o início do projeto”, afirma o engenheiro eletricista do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e gerente do projeto do Condomínio de Agroenergia da Linha Ajuricaba, João Carlos Zank. Com investimento na casa dos R$ 2,8 milhões por parte da Itaipu Binacional e da Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, o projeto do Condomínio da Linha Ajuricaba, iniciado há cerca de sete anos, trouxe uma nova metodologia de abordagem na questão de tratamento de resíduos, de produção de biogás e de arranjo técnico-econômico para a utilização de biogás.
“Desde o início, o projeto teve um caráter de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e também de viabilizar resultados ambientais e sociais, mas que não deixa de ser um laboratório a céu aberto para o desenvolvimento de tecnologias da área de biogás”, afirma Zank. O potencial produtivo da central termelétrica, onde o biogás gerado nas propriedades é concentrado, possui uma conexão para 100 ampere, podendo gerar durante dez horas de operação aproximadamente 350 quilowatt-hora. Ele afirma que o sistema passou por um período de obras para remanejar a estrutura interna na parte de gasodutos e, agora, na questão de armazenamento, ou seja, os gasômetros estão sendo regularizados em um novo formato para garantir o fornecimento de gás. “Nós experimentamos várias tecnologias que seriam de um custo menor, mas que era necessário que fossem testadas para verificar sua real eficiência. Agora, com esse aprendizado, estamos desenvolvendo um novo modelo de armazenamento que está sendo implementado, então voltamos à questão de pesquisa e desenvolvimento para o funcionamento do sistema”, completa Zank.
As modificações e melhorias contínuas no sistema, explica, são feitas já que nos primeiros cinco anos do projeto o trabalho foi realizado para uma unidade de demonstração, isto é, o início do projeto tinha como objetivo demonstrar a possibilidade de produzir biogás, de concentrá-lo em um único ponto pelo gasoduto e de aplicação e utilização em um único ponto: a central termelétrica. “O tratamento do dejeto na propriedade não parou, o que parou foi a aplicação de biogás e nós estamos fazendo essas intervenções visto que os sistemas das propriedades já têm mais de cinco anos de utilização. Nessas adequações, como houve modificações nas normas para comercialização de energia elétrica e restrições, agora o mercado está melhor e a regulamentação mais favorável”, ressalta.
Resultados
Por mudanças na legislação para venda da geração de energia elétrica distribuída, não houve mais a possibilidade de venda da energia produzida na microcentral termelétrica e somente compensação, ou seja, aquilo que é gerado é jogado na rede distribuidora e, quando é necessário o uso, a energia volta e o relógio roda para frente e para trás. Contudo, a venda de energia não foi o principal cunho do projeto, mas, sim, os ganhos ambientais e sociais. Neste sentido, Zank afirma que hoje o Condomínio da Linha Ajuricaba viabiliza o uso do biodigestor na propriedade com aplicação do gás no aquecimento de fogões e esterilização de ordenhas para os bovinocultores, por exemplo. Além disso, muitos agricultores reduziram os custos com a aplicação de biofertilizante nas lavouras. “Antes as esterqueiras já armazenavam o material para fazer aplicação, mas como o tratamento não era aneróbio, que é a forma do biodigestor, nutrientes como nitrogênio, potássio e fósforo acabavam se volatilizando por ser um tratamento aeróbio, a céu aberto. Hoje o material para aplicação na propriedade é muito melhor do que eles tinham antigamente”, ressalta.
Ainda assim, além dos ganhos nas propriedades, o sistema de compensação do uso da energia elétrica funciona, já que a conta de luz do Condomínio Ajuricaba está em nome da prefeitura, ou seja, a energia excedente gerada no Condomínio é compensada nas contas do Poder Público, visto que o município é parceiro do projeto, com investimentos de aproximadamente 30% do valor inicial.
Zank ressalta que agora, com alterações das resoluções normativas 482 e 687 para geração de energia elétrica distribuída, há a possibilidade do uso consorciado de energia. Com a mudança, forma-se um consórcio entre produtores, prefeitura, CIBiogas e outras entidades envolvidas no projeto, sendo que cada um coloca sua parte de investimento em operação, manutenção e, consequentemente, os resultados de produção de biogás na central termelétrica e na propriedade voltam para cada um dos envolvidos. “Aqui coloca-se a parte cabível de energia para cada um dos envolvidos no projeto em nível de consórcio, sendo que todos participam das demandas e dos resultados”, relata.
Novo Incentivo
Pelo projeto inicial trazer a expectativa de venda de energia para a rede da Companhia Paranaense de Energia (Copel), com as mudanças na legislação, o diretor de Meio Ambiente da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Marechal Rondon, Urbano Mertz, acredita que houve uma desmotivação dos produtores, já não haveria mais a venda de energia e o retorno financeiro direto, mas somente a compensação.
Todavia, uma aposta do município promete trazer novos ares ao Condomínio da Linha Ajuricaba. “A Copagril está acreditando no projeto e estamos viabilizando a venda do gás filtrado para o aquecimento das caldeiras da Unidade Industrial de Aves”, afirma Mertz. Segundo o diretor de Meio Ambiente, os gasodutos já estão instalados no frigorífico e passam por testes com equipamentos para verificar a funcionalidade do sistema. “Ainda estão em fase de adequações, porém acredito que nos próximos meses a parceria deve estar fechada e começará a operação e venda de biogás para a Copagril”, expõe, dizendo que o sistema de pagamento para os produtores ainda está em discussão. Para Mertz, a alternativa é extremamente interessante por ser mais compensadora aos produtores. “A energia tem um custo de mercado de aproximadamente R$ 0,15 o kW/h e, levando em consideração que o custo é o mesmo de uma usina do porte da Itaipu, por exemplo, o microgerador tem um custo bem maior, por isso não é lucrativo somente jogar energia na rede”, conclui.
Fonte: O Presente

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
