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Duimp redesenha comércio exterior e deve gerar até R$ 40 bilhões em ganhos anuais
Com adoção integral a partir de 2026, novo modelo de importações reduz prazos, integra órgãos anuentes e prepara o país para um salto de eficiência, previsibilidade e competitividade no comércio internacional.

O comércio exterior brasileiro deve passar por uma das maiores transformações de sua história em 2026, com a consolidação da Declaração Única de Importação (Duimp) e o desligamento definitivo do Siscomex. A expectativa do governo federal é de que o novo processo reduza prazos, elimine etapas burocráticas, impulsione a competitividade e gere até R$ 40 bilhões por ano em economia para as empresas. A mudança ocorre em um momento em que o país se prepara para um salto nas importações, favorecido pela simplificação operacional e pela maior previsibilidade na chegada de mercadorias.
A migração das operações para o Portal Único de Comércio Exterior começou em 2014, inicialmente com as exportações, e agora entra na reta final na área de importações. Em 2025, a adoção da Duimp torna-se integral, e 2026 será o primeiro ano com toda a cadeia funcional operando exclusivamente no novo modelo.
O governo projeta que a simplificação das etapas e a integração dos órgãos anuentes resultarão em um salto na eficiência logística, ampliando o fluxo de bens importados e reduzindo custos associados ao tempo de carga parada.

Presidente da Fiorde Group, Mauro Lourenço Dias: “A Duimp não é apenas tecnologia, é transformação operacional. Quem entende isso estará à frente na corrida global pelo comércio exterior” – Foto: Divulgação
A experiência com as exportações mostrou o potencial do sistema. A migração do antigo Registro de Exportação para a Declaração Única de Exportação, concluída em 2018, reduziu em mais de 50% o tempo médio de desembaraço, segundo dados oficiais. Agora, o mesmo movimento deve ocorrer com as importações: o tempo médio já caiu de 17 para nove dias e pode chegar a apenas cinco dias após a consolidação total do modelo. “A redução do prazo de desembaraço não é apenas um ganho operacional, é também um ganho financeiro significativo para as empresas que dependem de importações”, afirma Mauro Lourenço Dias, presidente da Fiorde Group.
Além de eliminar etapas redundantes e reduzir a necessidade de autorizações prévias, o sistema permite que licenças de órgãos como Anvisa e Mapa sejam analisadas diretamente no momento do registro da Duimp, evitando múltiplas aberturas de carga e acelerando a fiscalização.
O governo estima que a desburocratização e a redução de custos operacionais poderão gerar impacto econômico acumulado de US$ 130 bilhões até 2040. Dias menciona que a Duimp cria uma visão compartilhada entre todos os intervenientes do comércio exterior, o que significa menos atrasos e maior previsibilidade para o planejamento estratégico das empresas. “A Duimp impacta não só as operações, mas também os fluxos financeiros. As empresas precisam ter atenção especial ao catálogo de produtos, à classificação correta e à integração de todos os sistemas”, explica.
Ele avalia que a chegada plena da Duimp representa uma mudança estrutural na forma como o Brasil administra o comércio exterior. “O Brasil possui um sistema moderno de comércio exterior e a Duimp é a evolução natural. Quem não se adapta corre risco de perder competitividade”, salienta.
Dias destaca ainda que a integração entre logística, pessoas, processos e dinheiro se torna ainda mais determinante em um ambiente em que o desembaraço antecipado e a análise conjunta dos órgãos intervenientes passam a ser a norma. “A Supply Chain é dinheiro. Se usada de forma eficiente, gera competitividade; se usada mal, gera custos”, afirma, acrescentando: “As empresas que entendem essa nova dinâmica podem reduzir estoques, otimizar o fluxo de caixa e ganhar agilidade para aproveitar oportunidades de mercado”.
Canal de conferência

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
A partir de 2026, a liberação antecipada das cargas permitirá que o canal de conferência seja conhecido na chegada da mercadoria ao país, e não dias depois. Esse fator deverá reduzir estoques, melhorar o planejamento das empresas e reforçar a previsibilidade da cadeia de suprimentos.
A expectativa é que a diminuição do tempo de liberação possa chegar a 70% em comparação ao modelo atual, fortalecendo a posição do Brasil no comércio internacional. “Quem se prepara com antecedência terá vantagem competitiva, enquanto atrasos ou falhas de integração podem gerar custos adicionais”, alerta Dias.
Para o governo e especialistas, o país inicia 2026 com condições de dar um salto quantitativo e qualitativo no volume das importações. Com processos mais simples, custos menores e maior transparência, a Duimp marca a transição para um modelo mais competitivo e alinhado às melhores práticas internacionais. “A Duimp não é apenas tecnologia, é transformação operacional. Quem entende isso estará à frente na corrida global pelo comércio exterior”, exalta Dias.

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Sem placa e sem rastro: por que roubo de máquinas agrícolas cresce no Brasil
Alto valor, fácil descaracterização e falhas na identificação transformam maquinário rural em alvo estratégico de quadrilhas.

Os roubos e furtos de maquinários agrícolas, embora muitas vezes negligenciados, têm se tornado uma dor de cabeça crescente para produtores rurais no Brasil. Com valores que podem ultrapassar seis dígitos, os equipamentos são frequentemente alvo de criminosos que os descaracterizam, removendo placas, adesivos e identificações. Em alguns casos, as máquinas são revendidas em outros estados, tornando sua recuperação um desafio ainda maior.
Em abril deste ano, o empresário Tarcízio Rodrigues, de Cariacica, Espírito Santo, foi mais uma vítima dessa onda de furtos. Durante o feriado de Tiradentes, ele perdeu um equipamento avaliado em R$ 400 mil. “É um transtorno enorme. Ficar dois meses esperando o seguro, que acabou ressarcindo um valor bem abaixo, é difícil. Os ladrões costumam agir nos finais de semana, durante a madrugada. Por isso, estamos redobrando a segurança”, relatou Rodrigues.
Tecnologia como aliada no combate ao furto
Diante desse cenário de insegurança, o setor agropecuário tem adotado novas tecnologias para combater os furtos. Um exemplo é o aplicativo SINID, relançado pela Associação Brasileira de Identificação e Rastreabilidade de Partes e Peças de Veículos, Máquinas e Equipamentos (ABIRPP). A plataforma, disponível para Android e iOS, permite que proprietários de maquinários e veículos de alto valor registrem dados detalhados sobre seus equipamentos, facilitando a identificação de peças e a recuperação de máquinas roubadas.
De acordo com Sinval Pereira, presidente da ABIRPP e perito em Identificação Veicular, a principal vantagem do SINID é suprir a falta de um sistema de registro oficial para máquinas agrícolas, que não possuem a documentação regular como veículos de passeio. “Cada equipamento recebe uma identificação única por meio de QR Code e nanopartículas, garantindo que, mesmo desmontado, o maquinário possa ser rastreado. Isso ajuda a evitar o comércio ilegal de peças e assegura que o proprietário possa comprovar a posse da máquina”, explicou Pereira.
Rastreabilidade e segurança para o setor
Entre as funcionalidades mais relevantes do aplicativo, está a possibilidade de registrar a área de circulação dos equipamentos. Isso permite que, caso uma máquina seja localizada fora da área autorizada, as autoridades possam agir de forma mais rápida e eficiente. “Nosso objetivo é tornar a plataforma um elo forte entre os proprietários de máquinas, as forças policiais e a sociedade, para enfrentar esse tipo de crime. A cerca geográfica torna mais fácil a apreensão de equipamentos furtados”, afirmou o perito.
Além disso, o SINID também permite o registro de até 200 identificadores de peças, o que reforça a rastreabilidade de tratores, retroescavadeiras e outros equipamentos frequentemente visados pelos criminosos.
Botão de pânico e agilidade na recuperação
O aplicativo também conta com uma função de “botão de pânico”, que permite ao proprietário acionar diretamente as autoridades em caso de furto, enviando fotos do equipamento e facilitando a comunicação imediata com a polícia.
Com o aumento dos furtos de maquinário agrícola, o uso de tecnologias de rastreabilidade se apresenta como uma solução inovadora para proteger os bens dos produtores. O aplicativo SINID não só facilita a recuperação dos equipamentos roubados, como também representa um avanço no combate a um problema que tem se tornado cada vez mais comum no campo.
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Seapi reforça barreiras sanitárias no litoral gaúcho durante a Operação Verão 2025/2026
Secretaria da Agricultura mobiliza 50 servidores em nove equipes de fiscalização no Litoral Norte e Sul até 31 de janeiro de 2026, com foco na defesa sanitária animal, controle do trânsito de produtos de origem animal e apoio da Brigada Militar durante a temporada de veraneio.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) integra a Operação Verão Total 2025/2026, lançada no último sábado (13), em Tramandaí, pelo governo do Estado. A Agricultura atuará com barreiras sanitárias ao longo do Litoral Norte e Sul, mobilizando 50 servidores, entre fiscais estaduais agropecuários, técnicos agrícolas e equipes administrativas, distribuídos em 9 equipes de fiscalização. As atividades se estendem até 31 de janeiro de 2026.
A ação integra o eixo de Bem-Estar Social do plano de operação e tem foco na fiscalização agropecuária e na defesa sanitária animal. Além das equipes da Secretaria, a operação contará com o apoio de guarnições da Brigada Militar durante todo o período.
O chefe da Divisão de Controle e Informações Sanitárias da Seapi, médico veterinário Paulo Coelho de Souza, destaca que as barreiras sanitárias são fundamentais para evitar a entrada e a circulação de produtos de origem animal sem procedência, garantindo a segurança sanitária no período de maior fluxo de pessoas e mercadorias no litoral. Segundo ele, a presença intensiva das equipes reforça o controle, previne riscos e orienta a população e os comerciantes sobre as normas vigentes.
Operação Verão
A Operação Verão Total reúne diversas secretarias e órgãos estaduais e busca ampliar a segurança, o bem-estar e o atendimento à população durante a temporada de veraneio. No caso da Seapi, o foco é impedir a disseminação de doenças, assegurar o cumprimento da legislação sanitária e fortalecer a vigilância em uma região que recebe grande circulação de turistas e produtos ao longo do verão.
Balanço 2024/2025
Na última edição da Operação Verão, a Agricultura realizou uma série de ações de fiscalização no litoral gaúcho, resultando em 132 barreiras de trânsito e na inspeção de 1.819 veículos. Foram verificadas 1.570 toneladas de produtos de origem animal e vegetal, com apreensão de 13,4 toneladas por irregularidades. As equipes também atuaram no combate a abatedouros clandestinos, incluindo a interdição de uma estrutura irregular na qual foram inutilizadas 12 toneladas de produtos impróprios ao consumo.
As ações abrangeram 16 municípios do Litoral Norte e Sul e incluíram orientações sanitárias relacionadas à influenza aviária para cerca de cinco mil veranistas. A Seapi também reforçou o controle sanitário na Cavalgada do Mar, vistoriando 261 equinos no trajeto entre Cidreira e Torres. As iniciativas integraram uma estratégia preventiva para garantir segurança alimentar, bem-estar animal e proteção sanitária durante o período de maior circulação de pessoas na região costeira.
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Tarifas pressionam comércio Brasil–EUA e ampliam déficit bilateral em 2025
Exportações recuam pelo quarto mês seguido, enquanto importações dos EUA avançam em ritmo recorde.

As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 2,7 bilhões em novembro, queda de 28,1% na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo a edição de novembro do Monitor do Comércio Brasil–EUA, elaborado pela Amcham Brasil. O resultado marca o quarto mês consecutivo de retração nas vendas ao principal parceiro comercial do Brasil fora da Ásia, ainda que represente uma desaceleração frente à queda recorde de outubro, quando o recuo havia atingido 37,8%.
A melhora marginal observada em novembro é atribuída, sobretudo, à retirada, em meados do mês, das sobretaxas adicionais de 40% e 50% impostas a parte dos produtos brasileiros, especialmente do setor agrícola. Ainda assim, no acumulado de janeiro a novembro, as exportações registram a maior queda do ano, com retração de 6,7%.

Foto: Divulgação
Na direção oposta, as importações brasileiras de produtos norte-americanos mantiveram trajetória de forte expansão. Em novembro, as compras somaram US$ 3,8 bilhões, alta de 24,5% na comparação anual, o maior crescimento mensal registrado em 2025.
O descompasso entre exportações em queda e importações em aceleração ampliou de forma expressiva o déficit comercial bilateral. Entre janeiro e novembro, o saldo negativo alcançou cerca de US$ 8 bilhões, o segundo maior da última década para o período e quase dez vezes superior ao registrado no mesmo intervalo do ano anterior. O desempenho evidencia o impacto das distorções provocadas pelas tarifas sobre a competitividade dos produtos brasileiros e sobre o equilíbrio da corrente de comércio entre os dois países.
Para Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, há espaço político para reverter esse quadro. Segundo ele, o recente telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump sinaliza uma janela de oportunidade para a retomada do diálogo bilateral. “É uma oportunidade que precisa ser aproveitada para a construção de um acordo comercial mutuamente benéfico e para a correção das distorções geradas pelas tarifas adicionais de 40% e 50%”, afirma.
Petróleo lidera retração das exportações
Mais uma vez, os óleos brutos de petróleo exerceram forte pressão negativa sobre o desempenho exportador. Em novembro, as vendas do produto aos Estados Unidos recuaram 65,9% na comparação anual, refletindo a menor demanda das refinarias norte-americanas. O movimento explica, em grande medida, a queda de 53,2% nas exportações de bens isentos de taxação no mês.

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
No grupo de produtos sujeitos às tarifas adicionais, as exportações caíram 18,3% em novembro frente ao mesmo período de 2024. Embora o resultado represente a menor retração desde o início da aplicação das sobretaxas, os bens ainda submetidos às alíquotas mais elevadas, de 40% e 50%, majoritariamente industriais apresentaram desempenho mais fraco, com queda de 27,8%.
No acumulado do ano, esse grupo também concentra o pior resultado, com retração de 4,5%, evidenciando que os efeitos das medidas tarifárias seguem limitando o acesso de produtos brasileiros ao mercado norte-americano.
Os dados integram a edição de novembro do Monitor do Comércio Brasil–EUA, publicação trimestral da Amcham Brasil que acompanha a evolução do comércio bilateral e seus impactos econômicos. Se quiser, posso ajustar o texto para uma versão mais curta, no formato de nota de mercado, ou reforçar ainda mais a análise macroeconômica e setorial.




