Suínos / Peixes
Doutora da UFMG acredita que criação de animais inteiros não é viável
Em sua opinião, o suinocultor vai continuar usando a castração cirúrgica ou a imunocastração em seu processo produtivo, visto que nem a indústria nem a legislação querem os animais inteiros
Há profissionais que não acreditam que neste primeiro momento o Brasil possa passar a adotar a criação de animais não castrados como opção. De acordo com a médica-veterinária Fernanda Almeida, doutora em Reprodução de Suínos e professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa técnica torna a suinocultura inviável no Brasil. Em sua opinião, o suinocultor vai continuar usando a castração cirúrgica ou a imunocastração em seu processo produtivo, visto que nem a indústria nem a legislação querem os animais inteiros. O jornal O Presente rural ouviu a opinião da especialista, que afirma categoricamente: “O produtor deve utilizar a técnica que mais se adequa à rotina de sua granja, seja castração cirúrgica ou imunocastração. O importante é assegurar a produção de carne de qualidade.
O Presente Rural (OP Rural) – Qual a sua posição sobre a produção de machos inteiros?
Fernanda Almeida (FA) – Acredito que o abate de machos inteiros seja inviável em função da produção, pelos varrões, de dois compostos que levam a odores facilmente percebidos no ato de cozimento da carne: androsterona (5α-androst-16-ene-3-ona) e escatol (3-metil indol). Tais compostos, quando associados à gordura, desencadeiam cheiros desagradáveis semelhantes à urina e fezes. Assim sendo, a carne oriunda de machos inteiros seria extremamente repugnante ao consumidor.
OP Rural – Além dos machos, atualmente as fêmeas estão sendo castradas. Como e por quais motivos?
FA – Sabe-se que o estro é um período no qual o consumo voluntário de ração pelas fêmeas diminui e consequentemente o ganho de peso. Assim sendo, o controle do cio pode ser uma ferramenta para melhoria de parâmetros de crescimento e consumo. Em fêmeas, a castração cirúrgica seria inviável. No entanto, existe a possibilidade de se usar a imunocastração como uma importante ferramenta para se suprimir o aparecimento do cio.
OP Rural – Quais as vantagens da criação de animais não castrados?
FA – Em função da presença do hormônio testosterona, produzido pelos testículos, os machos apresentam melhor desempenho em termos de ganho de peso, conversão alimentar e deposição de carne magra. A ausência do hormônio testosterona, em virtude da remoção dos testículos, favorece maior deposição de gordura, interferindo na qualidade da carcaça.
OP Rural – Quais as desvantagens desse modelo?
FA – Acredito que seja o custo. No entanto, deve-se fazer cálculos de custo de produção para se avaliar o custo/benefício do emprego dessa tecnologia (imunocastração).
OP Rural – A indústria já tem capacidade para vencer o desafio do odor na carne?
FA – Sem a utilização de tecnologias que impeçam a formação das substâncias androsterona e escatol, como por exemplo o uso de imunocastração, seria muito difícil.
OP Rural – Hoje o abate de animais não castrados é proibido no Brasil, exceto no Paraná. A nova legislação que está sendo criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve permitir o abate de animais não castrados? Por que?
FA – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com a Informação Diversa Nº 061/2007/DICS/CGI/DIPOA de 23 de abril de 2007 – Brasília/DF, estabelece as diretrizes e exigências para abate de suínos machos inteiros, imunocastrados por meio do uso de vacina. Todos os animais submetidos à imunocastração e abatidos em estabelecimentos sob inspeção do Serviço de Inspeção Federal – SIF devem seguir os processos e métodos da lei supracitada (MAPA, 2007).
OP Rural – O que muda para o produtor, seja com relação a custos, lucros, manejo, nutrição?
FA – A melhoria do bem-estar dos animais, aliando a isso a garantia de redução dos odores sexuais nas carcaças de machos motivaram o desenvolvimento da tecnologia de castração imunológica. Assim, o produtor deve se atentar aos custos do uso dessa tecnologia.
OP Rural – A castração cirúrgica deve ser uma prática cada vez menos comum? Por que?
FA – A castração cirúrgica de leitões machos destinados ao abate submete estes animais a uma situação dolorosa e extremamente estressante. Além disso, complicações pós-castração podem surgir, tais como infecções, incidência de hérnia escrotal, dentre outras. Estas consequências poderão favorecer o menor uso da castração cirúrgica ao longo do tempo.
OP Rural – Caso produtores venham adotar a criação de animais inteiros, quem não quiser, pode continuar a criar animais castrados?
FA – Certamente. O produtor deve utilizar a técnica que mais se adequa à rotina de sua granja, seja castração cirúrgica ou imunocastração. O importante é assegurar a produção de carne de qualidade.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural
Suínos / Peixes
Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta
ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas
A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.
Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.
Posicionamento da ACCS
O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.
Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.
Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.
A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.
Suínos / Peixes
Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul
Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.
Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.
As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.
Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.
O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.
O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.
Suínos / Peixes
Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína
Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.
Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.
Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.
Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.