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Doenças respiratórias na terminação e o impacto econômico das condenações

Médico-veterinário e especialista em sanidade e manejo na suinocultura, Luis Gustavo Schütz apresenta dados e análises fundamentais para compreender como as condições de saúde dos animais influenciam não apenas na produtividade da indústria, mas também na economia como um todo.

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Durante o Encontro Regional Abraves, realizado em meados de março, em Toledo, no Paraná, o médico-veterinário e especialista em Sanidade e Manejo na Suinocultura, Luis Gustavo Schütz, falou sobre o impacto econômico das enfermidades na fase de terminação dos suínos. Ele apresentou dados e análises fundamentais para compreender como as condições de saúde dos animais influenciam não apenas na produtividade da indústria, mas também na economia como um todo.

Médico-veterinário especialista em sanidade e manejo na suinocultura, Luis Gustavo Schütz, no Encontro Abraves, em Toledo (PR) – Foto: Francieli Baumgarten

Schütz compartilha sua experiência na indústria agropecuária e ressalta a importância dos modelos matemáticos como ferramenta essencial para avaliar o desempenho dos planos de ação e compreender os fatores subjacentes aos resultados obtidos. Ele cita um estudo realizado nos Estados Unidos que revela o impacto dos agentes na questão do isolamento. “Mostra que uma carcaça positiva para influenza apresentou diferença de 3,3 quilos a menos do que numa carcaça negativa. E com mycoplasma, uma diferença de 14 quilos”, relata.

O palestrante também compartilhou resultados de um trabalho realizado durante seu período de estágio, no qual acompanhou suínos desde o nascimento até o abate, analisando a relação entre peso ao nascer, incidência de desvios e ocorrência de pleurisia. “Pude observar uma relação de pleurisia de 7,9%, enquanto que, de desviados, foram 12%”, conta. “Tivemos animais com pleurisia com uma carcaça média de 80,22 quilos, para quem não tem pleurisia, isso dá uma diferença de 4,41 quilos. Sobre a porcentagem de carne magra, observamos 2,45 quilos a menos, ou seja, animais que passam por um processo de complexo respiratório terão problema de performance”, explica o especialista.

Para ilustrar o impacto econômico das enfermidades na terminação suína, Luis Gustavo destaca a necessidade de calcular o custo de uma carcaça saudável, levando em consideração não apenas o valor da carne, mas também o aproveitamento das vísceras. “Uma carcaça saudável tem vísceras que valem bastante no mercado. Para saber quanto custa a víscera, temos o processo de triparia, onde a mucosa vai custar R$ 2,00, a tripa R$11,50. Isso é muito importante para fechar a conta do frigorífico”. Ele complementa ainda que: “hoje uma carcaça desmontada vai custar, se fizermos todo o desmonte dela e fizermos a soma por quantos quilos deu de rendimento e, quanto que custou, dentro da indústria, teremos uma somatória de R$ 845”, calcula.

Ele demonstra como as carcaças condenadas por problemas de saúde têm seu valor substancialmente reduzido devido à impossibilidade de aproveitamento das vísceras, resultando em prejuízos significativos para a indústria. “Uma carcaça que foi desviada, seja por Pleurisia ou problema de transporte, as vísceras são condenadas, e não se terá esse ganho de R$ 35. Coloco um preço médio de R$ 8,50 para uma carcaça de 93 quilos, e ela valerá R$ 795. Se ela é saudável, mais a mucosa, mais víscera, mais tripa, teremos uma carcaça de R$ 830”, exemplifica.

Inspeção

Além disso, Schütz discute a importância da análise econômica para avaliar os programas sanitários na indústria de carne suína. Ele ressalta a importância da inspeção federal como uma ferramenta valiosa para monitorar a saúde do rebanho e identificar possíveis problemas. “É um excelente termômetro para a gente ver se está indo bem ou se está indo mal. Se está indo mal aonde que está o problema, se está indo bem, serve para reforçarmos isso”, evidencia. “No sistema de inspeção federal, temos a linha normal, o animal passará por processo de inspeção, toda a carcaça é inspecionada. Se o fiscal tem alguma dúvida, ele desvia ela para o DIF. Desviando para o DIF, se tem graxaria, que vai pagar 1% daqueles R$ 8,50, e pagará 15% se for para o processo de banha”, complementa o médico-veterinário.

Uma das principais questões abordadas é a análise do destino das carcaças inspecionadas. O especialista detalha um modelo matemático desenvolvido pela Embrapa para avaliar o impacto econômico de condições como pleurites e pericardites na qualidade das carcaças suínas. “O modelo mostra que uma carcaça com pleurite pode ser liberada, mas não exportada. Pode ter condicionamento parcial que vai pagar os 50%, como pode ir para graxaria que vai pagar 1%. Vai depender da resposta desse animal para o teu programa de sanidade”, revela Luis Gustavo.

“De 2010 a 2014, em uma somatória de três milhões de carcaças, Nelson Mores mostra que os desviados para o DIF, por aderência, foram num total de 7% de pleurisia”, frisa o palestrante. Esses dados históricos revelam as tendências ao longo do tempo e permitem uma análise mais precisa do impacto econômico. “Ele mostra quais foram as carcaças desviadas e liberadas, quantas foram para conserva e quantas foram para graxaria. Faz um modelo matemático, mostrando quanto isso impactaria. Nessa relação de peso, quanto foi pago por essas carcaças, tem-se um prejuízo de R$ 31 milhões. Ou seja, uma média de R$ 8,93 por carcaça de prejuízo”.

Além disso, o especialista aponta a questão da performance das carcaças, enfatizando a diferença de peso entre carcaças liberadas e desviadas. “Se eu sei que a perda por destino serão as carcaças condenadas por inspeção, com aproveitamento parcial, também tenho uma perda de performance. E sei que essa carcaça vai pesar menos do que uma carcaça liberada”. Essa diferença de peso, juntamente com os diferentes destinos das carcaças, é fundamental para calcular o potencial de perda econômica. “Mais a tripa, mucosa e reto, a gente consegue fazer um modelo matemático que vai mostrar quanto que vai ser isso de prejuízo”.

Impactos nas operações dos frigoríficos

Schütz também analisa os impactos econômicos das operações de frigoríficos. Com dados concretos e modelos matemáticos elaborados, ele salienta os desafios e oportunidades enfrentados pela indústria. “Se você for no frigorífico de inspeção federal e pedir um relatório, ele vai te dar o relatório de todo abate diário e ele vai ser imenso”, destaca. “Por exemplo, um deles tem 130 mil linhas. Então, para você fazer essa análise, é um pouco complexo”. O foco da análise está em compreender os destinos finais das carcaças e os possíveis impactos econômicos associados a esses destinos. “Se você somar o quilo de carcaça por destino que foi embutido, cozido, graxa, banha, pelo preço da carcaça, menos o total que foi pago teremos um potencial de perda por destino”, explica o palestrante.

O palestrante também apresenta uma análise detalhada da performance das operações do frigorífico, considerando tanto as carcaças desviadas, quanto aquelas que retornaram à linha de produção. “Esse cálculo se faz da seguinte forma: tenho então, uma diferença de peso de carcaça de 3.87. Vezes os R$ 8,50, cada carcaça seria R$ 32”, acrescenta. Ele fala ainda sobre o aumento significativo nas perdas econômicas ao longo dos anos. “Se dividir 1,4 milhões pelo número de carcaças, teremos R$ 5,90. Lembrando que, há dez anos atrás a média por carcaça era de R$ 8”, assinala.

Infraestrutura e manejo

A correlação entre o tamanho crescente das unidades de produção e o aumento das taxas de pleurisia também é discutida. “Isso mostra que as interações que a temos tido, unidades de granja cada vez maiores, temos sim uma interação de agentes, e isso aqui está impactando na questão de pleurisia, que está impactando na questão econômica do frigorífico”, enfatiza Luis Gustavo.

Além do impacto econômico, o médico veterinário também ressalta as implicações para a saúde pública. Ele cita um estudo dos Estados Unidos que mostra uma correlação entre condições como pleurisia e a presença de Salmonella nas carcaças, destacando a importância de abordagens proativas para garantir a segurança alimentar. “A carcaça que tem pleurisia, tem 22% a chance de ter Salmonella, ou seja, 90% a mais de chance de ter Salmonella. E a cada 1% de aderência, você aumenta 5% a presença de Campylobacter”. Ao finalizar sua apresentação, Schütz faz uma importante observação. “Lembrando que, quanto mais demora o carregamento, mais aumenta a questão de Campylobacter, impactando a saúde pública”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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