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Suínos / Peixes

Doenças não infeciosas: como diagnosticar e prevenir

O fato de o Brasil ser um país tropical contribui para o surgimento e aumento destas enfermidades

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O 12º Encontro Regional da Associação de Médicos Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves-PR), que aconteceu nos dias 16 e 17 de março, no município de Toledo (PR), apresentou renomados palestrantes para falar sobre as atualizações do setor suinícola. Entre os palestrantes esteve o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Guedes, que falou de agentes não infecciosos ou doenças não infecciosas. O Presente Rural aproveitou para falar com professor sobre o assunto.

Ao falar de doenças não infecciosas, aquelas que, no atual do conhecimento clínico e fisiopatológico, não se relacionam com uma invasão do organismo por outros seres vivos parasitários, o professor prefere chamar de condições que impactam na integridade intestinal dos animais. Ele destaca que no Brasil essas doenças estão subdiagnosticadas e subdetectadas. Segundo Guedes, existe uma grande dificuldade de detecção das mesmas, que muitas vezes demoram a aparecer e podem acontecer em diferentes estágios e fases da vida produtiva do animal. “É muito mais fácil você detectar um agente infeccioso do que um agente não infeccioso” destaca o professor.

Segundo Guedes, é muito difícil para o produtor ou ao profissional do campo detectar a presença desses agentes não infecciosos a olho nu, necessitando de análises laboratoriais. “Esses agentes estão relacionados diretamente à dificuldade de detecção, mas os dois principais reflexos clínicos ou detectáveis são impacto no ganho de peso e diarreia, que também tem muitas causas e dentre elas pode ser a infecciosa. Então sendo as infecciosas as mais fáceis de serem detectadas normalmente são feitas as triagens para agentes infecciosos. Ou seja, secundariamente não sendo detectado um agente infecioso, você não pode esquecer de maneira alguma das condições não infecciosas como causadoras da doença“, enfatiza o professor.

“Hoje nós estamos chegando em um grau de produção de carne no Brasil que não dá espaço para amadorismo, pois estamos lidando com granjas de grande produção. A tomada de decisão vai refletir em valores de montantes muito grandes. Então você tem que tomar decisões com maior embasamento e resultados concretos, por isso os administradores, funcionários da granja e profissionais do campo precisam de uma ajuda laboratorial, seja para análise de insumo ou para outras análises”, alerta Guedes.

Para o profissional, o fato de o Brasil ser um país tropical contribui para o surgimento e aumento destas doenças não infecciosas. “Pelo Brasil ser um país tropical, ele está particularmente suscetível a problemas relacionados a doenças não infecciosas, especialmente as micotoxinas. Temperaturas elevadas e alta umidade propiciando então aos grãos armazenados o desenvolvimento e proliferação do fungo e produção da toxina que incorpora nos grãos e consequentemente vai contaminar as rações. Essa é uma realidade que a gente no Brasil lida todo o ano”, explica.

No Brasil, segundo o professor, as micotoxinas têm sido umas das causas de doenças não infecciosas mais frequentes e que têm gerado grandes consequências. O que contribui para essas grandes perdas é também o fato de ela não aparecer de um dia para o outro. “ A lesão causada por micotoxina não é uma coisa que acontece assim rapidamente, não é com o consumo da ração de um ou dois dias. Existe uma demonstração que este consumo, esta ingestão de ração contaminada, tem que acontecer num período de sete a dez dias até que comece então a se observar estas alterações, essa diminuição de integridade intestinal, que pode culminar, além da diminuição da absorção de nutrientes, em um favorecimento da colonização e translocação de bactérias do lúmen para o interstício, produzindo consequências deletérias outras para o animal e para o lote”, relata Guedes.

Para que o produtor não seja pego de surpresa por estes agentes não infecciosos, principalmente as micotoxinas, é preciso que ele tenha muita atenção na compra dos insumos. “Como o produtor trabalha com o custo de produção, então ele sempre busca a matéria prima ou insumo de menor preço possível. Mas nem sempre esse insumo de menor preço possível é o melhor para o animal. Isso pode então gerar secundariamente vários outros problemas não só entéricos, mas principalmente ictéricos relacionados com esse insumo que ele comprou a baixo custo”, alerta o professor.

E como estes agentes não são infecciosos, não há nada que possa ser feito com o uso de antibióticos. “Então, é fundamental e impreterível que se descubra o que está ocasionando o problema para poder saná-lo da forma correta. Nesse caso é importante ficar bem atento aos acontecimentos dentro da granja”.

 

Mais informações você pode encontrar na edição impressa de Suínos e Peixes de maio/junho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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