Avicultura
Doença de Gumboro desafia as aves e o ambiente
Ocorrência das doenças imunossupressoras exerce efeito devastador nos resultados zootécnicos dos lotes de aves comerciais
Artigo escrito por Eduardo Muniz, gerente de Serviços Técnicos de Aves da Zoetis
A função do sistema imune é proteger o corpo das infecções expulsando ou contendo os patógenos nas superfícies corporais, pele, vísceras e mucosas, limpando ou processando as células danificadas e incitando a reparação tissular. Para realizar sua função, o sistema imunológico da ave utiliza diferentes linhagens celulares, moléculas de reconhecimento dos agentes, fatores solúveis de sinalização, direcionamento e modulação da resposta imune, bem como interage com outros sistemas, por exemplo, sistema neuroendócrino e circulatório e com as mucosas do trato digestório e respiratório.
A ocorrência das doenças imunossupressoras exerce efeito devastador nos resultados zootécnicos dos lotes de aves comerciais, pois no moderno sistema de produção, onde os animais são criados em alta densidade populacional, as aves dependem constantemente da integridade do sistema imune para defender-se dos diversos agentes infecciosos presentes no ambiente.
Dentre as diversas doenças infecciosas imunossupressoras das aves, como Marek, Reticuloendoteliose, Leucose Linfoide, Anemia Infecciosa das Galinhas, Reovirose e Criptosporidiose, talvez a Doença Infecciosa da Bursa (DIB), ou mais conhecida como doença de Gumboro, seja a enfermidade que mais tenha recrutado os recursos técnicos e econômicos da indústria avícola para seu controle e prevenção. Isso decorre do fato da DIB atingir diretamente um importante órgão linfoide primário, a bolsa de Fabrícius, e, portanto, comprometer significativamente a importante resposta imune mediada pelos linfócitos B através da produção de anticorpos.
As aves afetadas com o vírus de Gumboro sofrem imunossupressão, respondem deficientemente às vacinações, assim como desenvolvem maior suscetibilidade contra todo tipo de doença infecciosa. Isso repercute em prejuízos econômicos significativos para a indústria avícola, como perda em desempenho zootécnico, elevação da mortalidade e aumento de condenações no frigorífico. Portanto, onde a doença está presente, a vacinação é essencial.
Além disso, a característica de alta capacidade de resistência do vírus de Gumboro e sua persistência no ambiente nos obriga a pensar em uma estratégia de imunização que leve em consideração não somente a proteção da ave, mas também atuar na redução da pressão de infecção. Sendo assim, a função da vacinação, além de prevenir contra a doença, também deve ser a de reduzir a replicação do vírus de campo, diminuindo o desafio nos galpões de criação. Isso significa vacinar não somente a ave, mas vacinar também o ambiente.
Qual é a melhor estratégia de controle?
Os anticorpos maternais exercem efeito neutralizante sobre a cepa vacinal, limitando a eficácia das vacinas convencionais. Além disso, o nível de imunidade passiva varia consideravelmente de uma ave a outra em um mesmo lote, dificultando a escolha do produto e do momento ideal para a imunização das aves. Por um lado, essa imunidade materna desempenha importante papel de proteção às aves nas primeiras semanas de vida, mas, por outro, dificulta a imunização ativa pelas vacinas.
Com a intenção de induzir imunidade uniforme no lote, os programas tradicionais normalmente implicam na administração de múltiplas doses de vacinas. Por esta razão, a idade das aves e a seleção da cepa são críticos para desenhar um efetivo programa de vacinação.
Em função das tecnologias disponíveis atualmente em equipamentos de vacinação in ovo e mesmo em vacinas (complexo antígeno-anticorpo ou recombinantes) para o controle do Gumboro, cada vez mais as indústrias produtoras têm concentrado a vacinação das aves no incubatório, deixando as vacinações de campo para casos onde é necessário dose de reforço.
Com a intenção de melhorar e tornar mais simples os programas de vacinação, a tecnologia do imuno-complexo tem sido amplamente adotada. A vacina do tipo imuno-complexo é produzida pela mixagem, em proporções bem definidas, da cepa vacinal com anticorpos específicos contra a doença de Gumboro, produzidos em aves SPF para uso no incubatório tanto por via in ovo quanto subcutânea.
Há diferenças significativas entre as vacinas disponíveis no mercado brasileiro. A cepa V877, por exemplo, é considerada uma cepa forte em função do grau de atenuação da estirpe de IBDV selecionada. Além de apresentar alta eficácia no controle do desafio de campo, testes com esta cepa demonstraram que a V877 possui elevada capacidade de disseminação lateral. Dessa forma, além da vacina imunizar a ave, ela também é eliminada no ambiente e produz um efeito conhecido como “esfriamento do galpão” após a vacinação de sucessivos lotes. Este efeito somente é possível em vacinas com vírus vivo, pois o vírus de campo vai sendo substituído pela cepa vacinal resultando no que se denomina “esfriamento do galpão”.
Dessa forma, o controle efetivo das doenças imunossupressoras, como a doença de Gumboro, envolve o uso inteligente da imunidade materna nas primeiras semanas de vida da ave e a eficaz e adequada imunização ativa para uma proteção completa do lote. A prevenção da doença de Gumboro e da doença de Marek são passos importantes para a preservação da integridade imune visando evitar imunossupressão, mortalidade e prejuízos econômicos em aves comerciais.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
