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Doença da Vaca Louca: a certeza de que o caso era atípico

Tínhamos certeza de que a carne brasileira é saudável, nutritiva e saborosa

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

As alegrias do sábado de carnaval para os pecuaristas brasileiros foram suspensas com a divulgação de um caso positivo para BSE, ou Encefalopatia Espongiforme, conhecida popularmente como Doença da Vaca Louca.

Quando se há a suspeita da doença, é realizado no Brasil um exame utilizando-se o teste de Elisa e, em caso de reação positiva, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) é notificada e a amostra é enviada para um laboratório de referência da entidade.

Neste caso, foi enviada para o Canadá, para que fosse feita a diferenciação entre a doença em sua forma Típica, ou Clássica, e a Atípica.

Além do mais, seguindo um acordo firmado entre o Brasil e a China em 2015, é o nosso país quem embarga as exportações no momento da notificação e o seu retorno fica a critério do país importador.

Mas o que tem de diferente os tipos de BSE e por que a sua tipificação é tão importante?

Em que pese os sintomas sejam os mesmos, diferenciá-las é fundamental para a garantia da saúde humana e animal. No caso da clássica, os animais se contaminam quando têm, na composição das suas rações, produtos de origem animal que, quando são ingeridos em até dois anos, desenvolvem a enfermidade.

No caso da atípica, que é a que aconteceu no carnaval e nos anos de 2021, 2019 e 2012, a doença acomete naturalmente os animais velhos. Eles são identificados, seja no abatedouro, ou em diagnóstico diferencial para raiva (outra enfermidade que acomete os bovinos e que causa sintomas semelhantes).

No caso da clássica, acontecem em lotes de confinamento, ou rebanhos leiteiros de alta produção tratados com rações.  E por que tínhamos certeza de que esse caso era atípica?

São vários os motivos! Em primeiro lugar, 85% dos nossos animais são criados exclusivamente a pasto. Os demais são alimentados com rações oriundas de produtos vegetais, pois, além de sermos os maiores produtores de soja, milho, algodão, girassol, cevada, e citros – bases das nossas rações -, a utilização de produtos de origem animal é proibida para ruminantes no Brasil.

Em 2012, 2019 e os dois casos de 2021 foram oriundos de animais velhos, identificados em frigorífico e as carcaças imediatamente destruídas. As fazendas de origem, inspecionadas. No caso deste ano, foi de um touro de 9 anos de idade que foi necropsiado na fazenda que cria animais a pasto, onde se suspeitou de raiva e, no resultado negativo, se encaminhou para pesquisa de BSE, agora descartada a clássica.

Mas o que o Brasil já faz? Em caso de animais com qualquer sintomatologia nervosa que seja abatido ou venha a óbito no campo, sua carcaça é incinerada. Portanto, não há risco de contaminação humana. E em que precisamos evoluir?

É preciso ter um laboratório de referência da OMSA no Brasil, para que se faça a diferenciação com mais rapidez.  Rever os protocolos para que questões sanitárias não sejam utilizadas como barreiras às exportações. O Brasil tem mais de 70% da sua produção para atender o mercado interno e o restante é exportado para mais de 130 países, tendo sua carne inspecionada pelo Ministério de Agricultura, entidade com mais de 100 anos de criação.

Por isso, tínhamos certeza de que a carne brasileira, presente na mesa dos brasileiros e de mais de uma centena de milhões de consumidores mundo afora, é saudável, nutritiva e saborosa.

Fonte: Por Francisco Manzi, médico-veterinário, pecuarista e diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso.

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A importância dos dados ambientais na mitigação das emissões de gases de efeito estufa nas operações agrícolas

Agronegócio é responsável por 74% das emissões de gases do efeito estufa do país.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas, a agricultura surge como uma peça-chave na busca por soluções sustentáveis. No entanto, compreender e mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes das operações agrícolas requer uma abordagem baseada em dados ambientais precisos e abrangentes. Esses números não apenas ajudam na avaliação das emissões, mas também orientam estratégias eficazes de adaptação.

Os dados ambientais nos fornecem uma visão detalhada das práticas agrícolas, condições do solo, uso da terra e padrões climáticos, que são todos determinantes nas emissões de GEE. Por exemplo, a aplicação de fertilizantes pode levar à emissão de óxido nitroso (N2O), enquanto a decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos pode resultar em emissões de metano (CH4). Sem dados precisos sobre esses processos, é impossível desenvolver estratégias eficazes de mitigação.

Vejo os dados ambientais como essenciais para identificar áreas de risco e pontos críticos de emissão. Com o monitoramento contínuo do ambiente agrícola, podemos detectar padrões sazonais, tendências de longo prazo e pontos de emissões específicos que exigem atenção. Isso permite uma abordagem mais direcionada na implementação de medidas de mitigação, maximizando o impacto positivo das ações tomadas.

A agropecuária que usa sistemas integrados e outras práticas de baixo carbono é a única atividade produtiva que remove carbono em seu ciclo e deve ser a melhor ferramenta para contribuir para a mitigação de eventos climáticos, principalmente no Brasil. Conhecer as informações de emissões nas operações ajuda a direcionar e planejar a prioridade dos investimentos em descarbonização.

No entanto, é importante reconhecer que a mitigação das emissões de GEE na agricultura não é uma tarefa fácil. Requer uma abordagem colaborativa que envolva agricultores, pesquisadores, governos e a sociedade como um todo. Creio que os dados ambientais não são apenas uma ferramenta técnica, mas também uma fonte de informação que pode influenciar políticas, incentivar práticas sustentáveis e promover uma mudança cultural em direção a uma agricultura mais verde e resiliente.

Além disso, os dados ambientais alimentam modelos de emissões de gases de efeito estufa, fornecendo previsões precisas sobre os impactos de diferentes práticas agrícolas e cenários climáticos. Acredito que esses modelos ajudam os agricultores a tomar decisões sobre estratégias de mitigação, como o uso de técnicas de cultivo de baixo carbono, gestão eficiente de fertilizantes e captura de biogás a partir de resíduos agrícolas.

Ao investir em tecnologias de monitoramento e análise de dados, os agricultores podem reduzir suas emissões de GEE e também contribuir significativamente para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.

Fonte: Por Mariana Caetano, agro ambientalista, cofundadora e CEO da Salva.
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Inovação e eficiência no campo: o papel crucial da transformação digital no aumento da competitividade

Desde a década de 70, o agronegócio no Brasil se destacou por adotar a prática de duas safras anuais, um marco inicial em sua trajetória de inovação. Essa evolução não se deu apenas pelo avanço no maquinário, mas também pelo significativo investimento em pesquisa e desenvolvimento, culminando em um impressionante aumento de 59% no valor bruto da produção agrícola. 

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

No limiar entre tradição e inovação, o setor do agronegócio confronta-se com a urgência de uma transformação que é tanto cultural quanto tecnológica. A digitalização, longe apenas de deixar mais moderno os processos estabelecidos, representa a reinvenção da produtividade agrícola. Estamos testemunhando uma era onde a inteligência artificial, o big data e a internet das coisas (IoT) não são mais termos reservados para o lado urbano das cidades, mas são, de fato, a nova realidade do campo.

Segundo o Banco Mundial, o setor é responsável por 10% do PIB dos países da América Latina. Só no Brasil, já representa 24,4% do PIB, estimado em R$ 2,63 trilhões (Cepea/CNA). E parte desse resultado pode ser atribuído à inovação.

Desde a década de 70, o agronegócio no Brasil se destacou por adotar a prática de duas safras anuais, um marco inicial em sua trajetória de inovação. Essa evolução não se deu apenas pelo avanço no maquinário, mas também pelo significativo investimento em pesquisa e desenvolvimento, culminando em um impressionante aumento de 59% no valor bruto da produção agrícola.

A ascensão é marcada por um incremento médio anual de 1,4% na eficiência (Brasil, 2021), resultado principalmente da redução do uso do solo e da incorporação intensiva de tecnologias avançadas.

Digitalização e produtividade agrícola

O agronegócio está vivenciando uma era de disrupção tecnológica, a digitalização, embora inicialmente possa parecer distante do contexto rural, tem demonstrado um alinhamento natural com as necessidades do campo. Implementações digitais estratégicas têm proporcionado um aumento médio de 20% na eficiência operacional, enquanto a otimização de recursos tem levado a uma redução de custos que pode chegar a 30%, segundo projetos recentes em que eu tive a oportunidade de participar.

Com o emprego de ferramentas avançadas, o setor tem testemunhado melhorias notáveis tanto em termos de produção quanto na gestão sustentável de recursos.

Projetos de implementação de sistemas de monitoramento de combustível baseados em IoT, por exemplo, têm mostrado ganhos significativos na eficiência do uso de recursos que resultam em uma redução de 25% no consumo de combustível por meio de otimização logística e prevenção de desperdícios. Uma boa taxa de economia, considerando que o combustível é um dos maiores custos variáveis na operação agrícola.

Impacto na redução de custos

Mas nem tudo são flores. O agronegócio enfrenta desafios únicos em termos de conectividade e acesso a informações em tempo real. De acordo com o Agtech Report 2023, 73% das propriedades rurais brasileiras não têm acesso à internet.

Por isso, soluções como aplicativos assíncronos que funcionam offline, por exemplo, atuam bem neste cenário. Estes, não só permitem o acesso a informações críticas e gestão de tarefas, como também aprimoram a comunicação entre as frentes de trabalho, resultando em melhor planejamento e execução das operações agrícolas.

Atualmente, existem, por exemplo, projetos que envolvem soluções de pagamento digital integrado e sistemas de crédito simplificados que permitiram às operações agrícolas uma diminuição em seus ciclos de pagamento e recebimento em 35%, aumentando a liquidez e reduzindo a necessidade de capital de giro. Essas plataformas também têm proporcionado uma economia direta em taxas de transação e custos administrativos, com relatórios apontando uma diminuição de até 40% nestes itens.

Os dados não mentem: a digitalização não é apenas um complemento ao agronegócio — ela é um componente crítico, um verdadeiro divisor de águas que amplia horizontes e abre caminho para um futuro onde eficiência e sustentabilidade caminham lado a lado.

Com ganhos expressivos em redução de custos e melhorias de eficiência, a transformação digital se estabelece como a chave para um agronegócio resiliente, próspero e mais competitivo.

É um convite à mudança de paradigma, uma revolução que transcende as barreiras tradicionais do campo. No centro dessa revolução, existe a possibilidade de uma conectividade sem limites, uma rede de informações que permeia cada hectare, cada operação, cada decisão. Enquanto avançamos em direção a esse futuro, o tempo de resistência ficou para trás; é hora de alavancar a mudança, de liderar a evolução. Este é um ponto de virada para a transformação.

Fonte: Por Luciana Miranda, VP e CMO da AP Digital Services.
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Missão cumprida!

Luiz Vicente Suzin presidiu de 2016 a 2024 o Sistema Ocesc/Sescoop-SC, atualmente preside a Coopervil e o Sicoob Vale do Vinho.

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Foto: Caroline Lorenzetti/MB Comunicação

Foi com o gratificante sentimento de dever cumprido que transmiti, na última semana, a presidência do Sistema Ocesc/Sescoop-SC para meu sucessor, o cooperativista Vanir Zanatta, presidente da Cooperja, de Jacinto Machado, sul catarinense.

Com a inestimável cooperação de dirigentes cooperativistas, associados e, principalmente, com o apoio do admirável corpo técnico da Ocesc e do Sescoop, sob a coordenação do competente superintendente Neivo Luiz Panho, concluímos uma jornada de oito anos à frente da principal instituição de representação e defesa do cooperativismo barriga-verde.

Foi um período intenso, repleto de grandes desafios, entre eles, o de superar a pandemia do novo coronavírus que assolou todos os continentes. Foi um período em que as cooperativas foram desafiadas – em meio às imperiosas restrições ditadas pela emergência sanitária – a continuar atendendo as necessidades de seus associados. Elas não só cumpriram com esse desafio, como deram extraordinária contribuição ao Poder Público, colaborando com milhares ações de apoio aos programas oficiais que buscavam socorrer os atingidos pela pandemia.

Num primeiro momento foram ações emergenciais, de natureza médico-sanitária, para proteger a vida. Mais à frente foram ações de apoio técnico e financeiro, para proteger a economia.  Nesse capítulo particularmente difícil da vida brasileira, as cooperativas mostraram a força e a consistência de sua doutrina e de seus valores.

Apesar da pandemia e seus efeitos, da crise econômica e suas mazelas, os dois quadriênios (2016/2024) em que conduzimos a entidade registram evolução digna de nota. O número de cooperados (associados) cresceu de 1,9 milhão para 4,2 milhões de catarinenses. O movimento econômico das cooperativas saltou de R$ 27,04 bilhões para R$ 85,9 bilhões/ano. O número de empregados diretos das cooperativas passou de 56.311 para 95.356.

Outro importante avanço foi o surgimento do Programa Cooperativo Catarinense (SC+Coop), aprovado na assembleia geral de 2023, como plano estratégico para estruturar o desenvolvimento das cooperativas. Entre os objetivos do SC+Coop estão melhorar o indicadores de desempenho, engajar os dirigentes na elaboração do planejamento, identificação e interpretação dos desafios, de forma a incentivar a intercooperação e perceber novas oportunidades e tendências de ampliação de mercados, sempre preservando a individualidade das cooperativas.

Tivemos também, no período, a celebração do cinquentenário da Ocesc, momento em que refletimos sobre o papel de defesa, fortalecimento e representação institucional do cooperativismo barriga-verde. Os últimos dois quadriênios foram marcados por mudanças e transformações em toda a sociedade brasileira, afetando todas as organizações humanas, as cooperativas entre elas. Lucidez para reconhecer, interpretar e reagir a essas mudanças foram determinantes para vencer esse período.

Seguimos em frente, agradecidos pelo apoio de todos e cada vez mais convictos de que o cooperativismo é nossa melhor opção para a construção de um futuro humano, solidário e próspero.

Fonte: Por Luiz Vicente Suzin, atual presidente da Coopervil e do Sicoob Vale do Vinho.
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