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Dispositivo eletrônico não invasivo avalia situação de conforto térmico e bem-estar de bovinos

Dispositivo mede alguns parâmetros fisiológicos associados a dados ambientais, gerando informações que avaliam as condições de bem-estar e conforto térmico em animais de produção

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Rodrigo Alva

Diante da dificuldade para avaliar o bem-estar de animais a pasto, sem interferência, a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (MS) Fabiana Villa Alves idealizou um equipamento não invasivo com essa finalidade. O dispositivo mede alguns parâmetros fisiológicos associados a dados ambientais, gerando informações que avaliam as condições de bem-estar e conforto térmico em animais de produção. Projetado para uso em bovinos de corte, pode também ser usado em outros animais, como bovinos de leite e equinos.

Por meio de parceria com a Faculdade de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Facom/UFMS), alunos do mestrado profissional de Pecuária de Precisão, sob coorientação da pesquisadora da Embrapa, desenvolveram o protótipo chamado Bovine Eletronic Plataform (BEP), ou Plataforma Eletrônica Bovina, em português. Depois de finalizado o trabalho, o aparelho foi transferido a uma startup formada pelos próprios envolvidos na parte acadêmica, para ser melhorado e colocado no mercado.

Sem cirurgia

Ao contrário de algumas soluções já existentes no mercado, a BEP não precisa ser inserida cirurgicamente no corpo do animal, sendo um dispositivo do tipo “vestível” e, portanto, não é invasivo. O aparelho é formado por um cabresto, onde encontra-se acoplado o módulo controlador e no qual também estão instalados sensores para o monitoramento simultâneo da frequência respiratória, cardíaca e temperatura superficial da pele. Sensores também captam a temperatura ambiente, umidade relativa do ar e radiação solar.

Segundo Ricardo de Aguiar, engenheiro da computação e diretor administrativo da Indext Soluções Tecnológicas, startup parceira no desenvolvimento da ferramenta, os dados continuamente captados pelos sensores são enviados para um smartphone ou tablet, nos quais são processados e geram as informações conforme o interesse do usuário (média do dia, média horária, leitura pontual). Essas informações podem ser visualizadas facilmente por meio de tabelas, gráficos e ainda no formato de alertas exibidos quando algum parâmetro está fora dos limites normais, como elevação da temperatura ambiente, por exemplo.

Do aplicativo, os dados podem ser enviados para o ambiente de nuvem na internet, no qual são armazenados e analisados para gerar outras informações mais complexas, como indicadores de conforto térmico animal. “Por meio do website da plataforma, o pecuarista pode monitorar o rebanho a distância, com informações reais sobre o estado de saúde dos animais, possibilitando assim a tomada de decisões antecipadas e com acurácia”, explica Aguiar.

Disponibilização ao mercado

A Embrapa, em parceria com a Indext e a UFMS, está em busca de Empresas capazes de colocar o aparelho no mercado. “O mercado consumidor é grande. As opções, tanto de modelos de negócio como de aplicação do equipamento, são inúmeras: controle de rebanhos de elite, apoio a certificações de produtos de origem animal, controle sanitário, entre outras”, ressalta a pesquisadora da Embrapa e líder do projeto. O BEP pode ajudar a inovar nichos inteiros de mercado, como o de seguros de animais ou de logística de transporte, onde o estresse e a saúde dos animais requerem monitoramento constante.

Os modelos de negócio associados ao dispositivo estão em aberto. Assim, consultorias e empresas prestadoras de serviços podem disponibilizá-lo em propriedades criadoras por meio de comodato, enquanto outras podem preferir vendê-lo como um “produto de prateleira”. A ideia é possibilitar que diversas empresas, que não concorram diretamente entre si no mesmo nicho de mercado e região geográfica, possam atuar com a tecnologia, trazendo maior impacto à sociedade brasileira.

Aplicável em nelores

De acordo com a pesquisadora Fabiana Alves, bovinos da raça nelore são especialmente de difícil contenção e o equipamento, que não exige idas constantes ao curral ou períodos prolongados no tronco para sua fixação, facilita a adoção nesses animais, que são maioria no rebanho brasileiro. “Esse é o grande diferencial desse equipamento em relação aos existentes no mercado, cuja configuração é de fácil uso em animais mansos e/ou estabulados, mas de difícil aplicação em animais criados extensivamente e, além do mais, nelores”, afirma. Além disso, ela explica que os sensores afixados a uma espécie de colar tornam a BEP mais versátil se comparada a dispositivos que necessitam de cirurgia ou outros métodos semi-invasivos, que em animais a campo poderiam trazer algum problema do ponto de vista de controle de infecções ou miíases.

“O dispositivo pode ser colocado no animal durante a passagem pelo tronco, quando ele é pesado ou vacinado. Hoje, temos um produto tecnologicamente viável, aprimorado em alguns aspectos em relação ao protótipo obtido ao fim do mestrado profissional, e apto para distribuição em escala comercial”, conta a pesquisadora da Embrapa. “O produto tem um mercado bem diverso e pode atender desde criadores de animais leiteiros de alto valor agregado e alta genética até ser usado como forma de aferição do manejo empregado na fazenda, por amostragem no rebanho. Seu uso em produtos de alto valor agregado ou certificados também é vislumbrado pela equipe”, completa a cientista.

De acordo com o professor da UFMS Ricardo Ribeiro dos Santos, além do projeto dos sensores e sua integração à plataforma eletrônica, a equipe desenvolveu também um aplicativo móvel, com a finalidade de controlar os sensore e promover a  comunicação dos dados com a plataforma eletrônica afixada no animal.

A patente para a BEP já foi solicitada ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). A iniciativa de criação da plataforma ficou em primeiro lugar no Prêmio Novos Talentos para o Alimento Sustentável, em 2016, na categoria Pecuária de Baixo Carbono, promovido pelo Fórum do Futuro.

Fonte: Embrapa Gado de Corte

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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