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Discussão no BBB gera debate sobre bancos de sementes
Brasil tem o quinto maior banco de conservação de sementes em longo prazo do mundo, a Colbase.

A conservação de espécies vegetais, animais e microrganismos no Banco Genético da Embrapa (BGE) ganhou destaque neste mês de janeiro por um motivo inusitado: uma discussão no início da 24ª edição do Big Brother Brasil (BBB), o reality show mais famoso da televisão brasileira.
O “alvoroço” nas redes sociais começou depois que o participante Lucas Luigi conversou sobre o banco de sementes da Suíça com a colega Yasmim Brunet. O fato de Lucas ter conhecimento sobre o tema, dado como “avançado”, chocou a influencer, que respondeu com um “ar de riso”, segundo o brother.
A repercussão foi tanta, que no dia 12 de janeiro, para esclarecer sobre o tema, o site do Globo Rural republicou uma matéria na qual ouviu dois pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF): Marília Burle e Juliano Pádua, este último supervisor do BGE e curador da Coleção de base de germoplasma-semente (Colbase).
“Arcas de Noé”
O banco suíço citado por Luigi no BBB24 é da Universidade de Zurique. O projeto idealizado pelo pesquisador Gregory Jäggli foca em plantas citadas na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).
Mas a matéria do Globo Rural trouxe informações também sobre o maior banco de sementes do mundo, que fica em Svalbard, na Noruega, e também é chamado de “Arca de Noé”. O cofre fica localizado em uma região remota próxima ao Polo Norte, em um túnel de 125 metros, dentro de uma montanha. O local é aberto apenas três vezes ao ano.
A escolha do Polo Norte como sede para o Banco de Sementes de Svalbard tem o objetivo de garantir que – em caso de guerras ou desastres, em que falte energia elétrica no mundo todo – as sementes sejam refrigeradas naturalmente.
“O material lá durari,a mais do que em um banco aqui, com um verão quente. A ideia é de um backup mesmo, pensando em uma catástrofe mundial”, afirmou Marília Burle ao Globo Rural.
A reportagem destacou que, em 2022, o Brasil mandou materiais de várias espécies. “Trezentas e setenta amostras foram levadas ao local para armazenamento: milho (143 variedades), caju (6), maracujá (13), forrageiras (186) e soja (22)”, destacou a matéria – faça aqui um tour virtual pelo Banco de Sementes de Svalbard.
“Esse é um trabalho que começa com nossa geração e se prolongará para nossos descendentes. Além disso, a humanidade continuará a depender de recursos genéticos para sobreviver”, explicou o pesquisador Juliano Padua à reportagem, que também destacou o fato de o Brasil ter o quinto maior banco de conservação de sementes em longo prazo do mundo, no caso a Colbase.
Estrutura de ponta
Inaugurado em 2014, o Banco Genético da Embrapa (BGE) abriga um conjunto de coleções de recursos genéticos animais, vegetais e de microrganismos, conservando milhares de espécies nativas e exóticas de importância para a agricultura e a alimentação.
O prédio possui câmaras frias para conservação de sementes (-18°C), câmaras para conservação in vitro (10° e 20°C), tanques para criopreservação de estruturas vegetais, tecidos e células animais e de microrganismos (-196°C), sala climatizada para conservação de germoplasma de microrganismos liofilizados (25°C) e ultrafreezers para o armazenamento das coleções de DNA animal, vegetal e de microrganismos (-80°C).
Na terça-feira (16), a pesquisadora Aluana Gonçalves de Abreu recebeu uma equipe de reportagem no Banco Genético da Embrapa. Além de conhecer as instalações, o repórter Marcos Naiton e o cinegrafista Isaque Neves vieram saber qual a relação entre o BGE e o famoso Banco de Sementes de Svalbard, para uma série de reportagens especiais que irá ao ar no telejornal SBT Brasil.
Os dois conheceram todo o processo de guarda das sementes, desde a chegada, até a secagem, identificação, catalogação e armazenamento final, a -20°C. A pesquisadora explicou à equipe de reportagem que a Unidade está preparando uma nova remessa de sementes para Svalbard, o que deve ocorrer em julho, para ingressar no cofre na abertura de outubro de 2024.
“Todos os anos, no mês de dezembro, os responsáveis por Svalbard mandam um e-mail para os bancos genéticos parceiros, solicitando informações sobre se haverá depósito de sementes no ano seguinte, e para qual das três aberturas a remessa deve chegar. É assim que o trabalho é coordenado ao redor do mundo”, explicou Aluana ao repórter.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



