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Dirigentes da Adapi visitam ABCS para discutir desafios da suinocultura no Piauí

Parceria entre as entidades visa fortalecer a segurança sanitária e impulsionar a competitividade da suinocultura no estado piauense.  

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Foto: Divulgação/ABCS

O diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí (Adapi), João Rodrigues e o gerente de Defesa Sanitária Animal, José Idílio, estiveram na sede da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), em Brasília, na última semana, para uma reunião com a presidência e a área técnica da entidade nacional, visando fortalecer a colaboração e alinhar estratégias para o desenvolvimento da suinocultura no Piauí.

Durante o encontro, foram abordados diversos aspectos relacionados ao perfil da produção suinícola no estado, com ênfase nos desafios enfrentados pelos produtores locais. A Adapi destacou vários obstáculos que o setor pode ajudar a superar, com especial atenção para a conscientização sobre a erradicação da peste suína clássica.

A ABCS reafirmou seu compromisso em apoiar o estado do Piauí, oferecendo suporte na conscientização dos pequenos e médios produtores sobre a importância da sanidade animal. A experiência da ABCS em ações de saúde animal, como demonstrado durante a campanha de vacinação contra Peste Suína Clássica (PSC) em Alagoas, foi apontada como crucial para o sucesso dessas iniciativas.

A parceria entre ABCS e Adapi tem como principal objetivo impulsionar a suinocultura no Piauí, assegurando o avanço no combate a doenças como a PSC e contribuindo para o desenvolvimento do setor no estado. As ações conjuntas serão fundamentais para fortalecer a segurança sanitária e aumentar a competitividade dos suinocultores piauienses no mercado nacional.

Para Charli Ludtke, diretora técnica da ABCS, o papel das associações são fundamentais para unir o segmento da suinocultura, em nível nacional e nas regiões que carecem de maior apoio e necessitam de ações de priorização via políticas públicas para promover o desenvolvimento, já que estas regiões são limitadas quanto ao comércio local, devido apresentarem casos recorrentes de PSC. “É importante lembrar que a PSC não apresenta cura e nem tratamento, mas é capaz de ser prevenida através da vacinação dos rebanhos, quebrando o ciclo de transmissão. Acreditamos que após a vacinação de Alagoas, e por estarmos alinhados com o Ministério da Agricultura e Adapi conseguiremos avançarmos neste ciclo para tornar o país livre da peste suína, à exemplo da febre aftosa, proporcionando ampla comercialização sem convivermos com o risco da doença no nordeste brasileiro”.

Por fim, Charli comentou que o Estado do Piauí, com seus 224 municípios, é um estado muito promissor para o agronegócio brasileiro, pois, conta com alta produção de grãos, o que reflete em custos atrativos para a produção, além de possuir um rebanho de mais de dois milhões de suínos em mais de 100 mil propriedades distribuídas pelo estado. “Havendo a priorização de políticas públicas, que levem a saúde animal e a assistência técnica aos produtores, teremos avanços socioeconômicos significativos para os produtores, uma vez que a comercialização de suínos é uma importante fonte de renda para as famílias piauienses”, concluiu.

Fonte: Assessoria ABCS

Notícias Protecionismo econômico

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito

CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias

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Foto e texto: O Presente Rural

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .

Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”.
Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat

Fonte: O Presente Rural com informações de assessoria
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Pesquisador da Embrapa integra diretoria da Associação Internacional de Recursos Hídricos

Jorge Werneck passa a integrar a gestão 2025/2027 a partir de janeiro do próximo ano.

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O pesquisador na área de Hidrologia e Recursos Hídricos da Embrapa Cerrados, Jorge Werneck, passa a fazer parte, a partir de janeiro do próximo ano, da diretoria da Associação Internacional de Recursos Hídricos (IWRA, sigla em inglês). Ele é um dos 10 diretores eleitos para o triênio 2025/2027 e o único brasileiro na nova diretoria da entidade não-governamental. A votação foi realizada durante o mês passado e contou com 37 candidatos de diferentes países.

Fundada em 1971, a IWRA é uma das principais associações técnico-científicas mundiais sobre temas relacionados à gestão dos recursos hídricos e conta com mais de 5 mil associados de cerca de 160 países. A entidade busca estabelecer um fórum internacional para reunir diversos atores, incluindo cientistas, engenheiros, setor privado, formuladores de políticas e educadores para colaboração e troca de conhecimentos em questões ligadas à água. As atividades e publicações promovidas pela IWRA buscam fomentar soluções interdisciplinares e inovadoras para a gestão sustentável dos recursos hídricos, fazendo interface com a ciência da água e a política de recursos hídricos.

“A partir de janeiro de 2025, esses dedicados membros do IWRA irão liderar nossa missão, nossas atividades e os impactos nos próximos anos. A expertise e visão deles ajudarão a dar forma ao futuro do IWRA, e estamos ansiosos pelo trabalho impactante que teremos adiante”, declarou a entidade em seu perfil no LinkedIn.

Pesquisador da Embrapa desde 2001, Werneck participa de diversas organizações ligadas ao setor hídrico e da coordenação de grandes eventos na área de recursos hídricos, como o 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília em 2018. Entre 2017 e 2022, integrou a diretoria colegiada da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa). Foi superintendente-adjunto de Planos, Programas e Projetos da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) entre 2022 e 2023 e subsecretário de Biodiversidade, Unidades de Conservação e Segurança Hídrica da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad/GO) entre abril de 2023 e outubro de 2024, quando retornou à Embrapa. Ele também foi membro do Comitê Diretivo e da Diretoria (Bureau) do Conselho Mundial da Água (WWC, sigla em inglês) entre 2018 e 2022, e atua no Comitê Diretivo da Global Water Partnership (GWP) desde dezembro de 2022.

Para Werneck, a participação nesses fóruns globais e redes de discussão e ação envolvendo o tema da água são fundamentais para a ampliação dos horizontes, o estabelecimento de parcerias e a troca de experiências entre os diferentes atores e países. O pesquisador explica que essas participações criam espaços para o Brasil se posicionar e mostrar o que tem feito em relação à gestão do território e das águas, além de serem oportunidades para que o País aproveite outras experiências para resolver problemas do setor. “Vamos em frente, buscando contribuir em mais essa importante instância, que busca a criação de pontes entre a ciência os processos de decisão do setor, para a melhoria do acesso, da segurança, da resiliência e da gestão da água no mundo”, afirma.

Fonte: Assessoria Embrapa
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Mudanças climáticas devem se acentuar no Brasil até 2050

Estudo inédito mostra como secas, ondas de calor e tempestades podem impactar o abastecimento de água no país.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os efeitos negativos das mudanças climáticas são e serão cada vez mais frequentes. Fenômenos como ondas de calor, secas e tempestades têm impactos diretos nos mais diversos setores da sociedade. Buscando estudar como o tema afeta a população e o seu saneamento básico, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a Way Carbon, lança o estudo inédito “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”.

As mudanças climáticas representam uma crescente ameaça para o setor de saneamento no Brasil, intensificando desafios já existentes e criando riscos para a operação de sistemas de água e esgoto. Essas variações climáticas não apenas afetam a infraestrutura física das companhias de abastecimento, mas também evidenciam a necessidade de planejamento estratégico baseado em cenários climáticos futuros.

Para a população, estes riscos climáticos intensificam a desigualdade no acesso a serviços de saneamento básico de qualidade, especialmente em áreas urbanas periféricas e rurais, já que enfrentam dificuldades de infraestrutura. Este contexto reforça a necessidade de políticas de adaptação que assegurem o acesso à água e saneamento em cenários climáticos extremos, promovendo a resiliência das comunidades mais afetadas.

Quais são os riscos?

O estudo baseia-se nos principais conceitos associados a riscos climáticos, de acordo com o IPCC. Foram analisados três riscos que estão ligados à oferta de água e tratamento de esgoto para a população: tempestades, ondas de calor e secas.

E como cada um pode afetar o sistema de saneamento básico?

  • Tempestades podem colaborar para o aumento de sedimentos nos mananciais e sobrecarregar os sistemas de drenagem e de tratamento de esgoto, provocando alagamentos, rompimento de tubulações e contaminação de fontes de água potável;
  • Ondas de calor podem impactar o volume dos corpos d’água, aumentar a contaminação e a demanda por energia, o que pode prejudicar a população. Também aumentam a demanda por água, pressionando os sistemas que, muitas vezes operam no limite de sua capacidade.;
  • As secas meteorológicas afetam o abastecimento dos mananciais, reduzindo a disponibilidade de água e levando à necessidade de racionamento, ou ao uso de fontes alternativas, muitas vezes de menor qualidade. Afetam diretamente a população, pois a falta de água limita o acesso aos serviços de saneamento básico e aumenta o risco de transmissão de doenças.

O que as projeções apontam para o Brasil até 2050?

Para a elaboração deste estudo foram escolhidos alguns modelos climáticos. Foi definido para a análise o período de referência (1895-1994), que tem o propósito de entender as condições históricas consideradas normais na região e, a partir desse comportamento climático, descrever como se comporta o cenário histórico recente (1995-2014), já com os efeitos da mudança do clima, e as projeções climáticas para o período de 2030 (2021-2040) e 2050 (2041-2060).

Tempestades

Os resultados destacam áreas do Brasil com maior probabilidade de agravamento, em termos de frequência e intensidade, de eventos de precipitação intensa. Os valores mais altos são encontrados na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e oeste do Paraná.

Considerando o acumulado de chuva em cinco dias consecutivos, mostra padrões de precipitação prolongada especialmente na região Sudeste, com maiores valores no sul de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em contraste, o Nordeste do Brasil apresenta os menores valores para ambas as variáveis, refletindo o clima mais seco da região.

Ondas de calor

Os resultados revelam padrões de temperatura e umidade que refletem as características climáticas distintas do Brasil. O número de ondas de calor apresenta os maiores valores projetados para o Acre, oeste do Amazonas e parte do Nordeste, principalmente nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Estas regiões, além de já estarem sujeitas a altas temperaturas, também devem ter aumento na quantidade de ocorrências de ondas de calor.

Outras regiões como o sul de Mato Grosso do Sul, Paraná, e certas regiões de São Paulo e Minas Gerais apresentam valores intermediários a altos, indicando alta frequência de ocorrência das ondas de calor. A variável que reflete a evapotranspiração (processo de perda de água da superfície do solo) apresenta os maiores valores na região Norte, especialmente nos estados do Amazonas e Roraima, norte do Pará e sul do Amapá. No Nordeste, o fenômeno é mais acentuado nos estados de Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

Secas meteorológicas

Os resultados refletem características climáticas do Brasil, com destaque para o sertão e o agreste nordestino, onde os maiores valores projetados são identificados, especialmente nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Regiões de Tocantins, Goiás e Minas Gerais também apresentam valores elevados. O efeito é reduzido na região da Zona da Mata, próxima ao litoral, devido à influência da umidade oceânica.

A vulnerabilidade brasileira olhada de perto

Para avaliar os riscos climáticos, considera-se a exposição e a vulnerabilidade das regiões afetadas e sistemas envolvidos. Estes indicadores são utilizados para compreender o grau de susceptibilidade dos municípios aos eventos climáticos extremos e a capacidade de adaptação da infraestrutura de saneamento.

Por exemplo, em relação a exposição, pode-se considerar fatores como a densidade demográfica, pois locais com alta densidade populacional têm maior quantidade de pessoas dependentes de serviços de saneamento e, portanto, mais expostos à interrupções ou falhas do sistema devido à eventos climáticos. Ainda, a quantidade e distribuição das ETAs e ETEs nos municípios permitem identificar aquelas mais expostas aos eventos de secas e tempestades. Diante das projeções até 2050 e dos indicadores de exposição e vulnerabilidade do país, quais serão os impactos e os locais mais afetados?.

1.Tempestades

Considerando o sistema de abastecimento de água, os locais que apresentaram maiores índices de risco com tempestades são aqueles que possuem abastecimento por manancial exclusivamente superficial, expostos ao efeito de acúmulo de sedimentos, e que se localizam em regiões onde há um grande volume de precipitação máxima em cinco dias nos cenários climáticos futuros. Após um evento de precipitação constante, o manancial superficial estará com maior concentração de sedimentos, representando uma perda na qualidade de água bruta. É possível observar os maiores índices de risco no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Goiás. Além desses estados, a região sul e sudeste de Minas Gerais, sudoeste da Bahia e a região litorânea de Santa Catarina também apresentam valores de risco elevados.

Dentre as capitais, as cinco com mais risco de terem seus sistemas de água afetados por tempestades são Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Brasília (DF) e as cinco com menos risco são Recife (PE), João Pessoa (PB), Aracajú (SE), Maceió (AL) e Natal (RN).

Além do acúmulo de sedimentos, um outro risco associado as tempestades e abastecimento de água é o de danos físicos relevantes nas infraestruturas das ETAs, além de efeitos sobre a operação, como redução da eficiência no tratamento de água, especialmente por danos nas instalações ou interrupção no fornecimento de energia elétrica.

Os municípios que apresentaram maiores índices de risco são os que se localizam em regiões com projeções de grande volume de precipitação máxima em um dia, e com menor quantidade de ETAs para garantir a distribuição e o tratamento adequado da água. Com isto, a população estaria mais exposta a riscos de desabastecimento e perda da qualidade da água fornecida. É notável uma predominância de risco muito alto em todo o estado do Rio Grande do Sul, onde em maio de 2024, as chuvas intensas danificaram duas das seis ETAs de Porto Alegre, forçando-as a paralisação. Ainda, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Pará também apresentaram regiões com índice de risco elevado.

Considerando as capitais do Brasil, as cinco com mais riscos desta modalidade são Florianópolis (SC), Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Belém (PA). As com menos risco são Rio Branco (AC), João Pessoa (PB), Aracaju (SE), Recife (PE) e Maceió (AL).

As tempestades intensas também apresentam um desafio para os sistemas de esgotamento sanitário do país. Estas chuvas concentradas em um único dia intensificam o risco de sobrecarga dos sistemas de esgoto, principalmente em áreas com índice de coleta é insuficiente. O acúmulo repentino de água nas redes pode resultar no transbordamento de efluentes brutos, contaminando cursos d’água e impactando negativamente ecossistemas locais e qualidade de vida da população.

Os municípios que apresentaram maiores índices de risco são aqueles que possuem elevada densidade demográfica, menores índices de atendimento de coleta de esgoto e que se localizam em regiões com tendência de agravamento de precipitação máxima em um único dia. É possível observar uma mancha de risco médio que se estende em grande parte do país, porém os maiores índices se concentram nos estados da região Sul, principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de parte do estado do Rio de Janeiro e Pará.

Considerando as capitais, as que mais apresentam risco neste sentido são Florianópolis (SC), Belém (PA), Boa Vista (RR), Teresina (PI) e Vitória (ES). As com menos risco mapeado são Salvador (BA), Rio Branco (AC), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).

1. ONDAS DE CALOR

Considerando o sistema de abastecimento de água, os municípios que apresentaram maiores índices de risco são aqueles que possuem menores quantidades de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e que se localizam em regiões onde há uma grande incidência de ondas de calor. Com o aumento de frequência e intensidade de eventos deste tipo, é possível que haja aumento na deterioração das infraestruturas e sobrecarga de equipamentos, além do aumento de demanda por água e energia elétrica nas ETAs. Os maiores valores de índice de risco ocorrem em regiões como Amazonas, sul do Mato Grosso do Sul, noroeste do Paraná e oeste de São Paulo, no Rio Grande do Norte e Ceará. Em todos os casos, sobrepõe-se a incidência de eventos de ondas de calor, que podem atingir 17 eventos no ano nestas regiões, com a baixa quantidade (ou ausência) de estações de tratamento de água por município.

As cinco capitais com maior risco no abastecimento de água neste quesito são Rio Branco (AC), Natal (RN), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Vitória (ES). As com um menor índice de risco são Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS) e Teresina (PI).

As ondas de calor no Brasil, agravadas pelos efeitos da mudança do clima, apresentam desafios diretos também sobre a operação de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Nestes eventos de altas temperaturas, o maior consumo de água pela população gera maior volume de efluentes a serem processados, e as estações podem sofrer redução na eficiência de tratamento pela sobrecarga. O desgaste físico de equipamentos e infraestruturas pelas elevadas temperaturas também podem levar a necessidade de manutenções mais frequentes, e aumento de custos.

Os municípios que apresentaram maiores índices de risco são aqueles que possuem menores quantidade de estações de tratamento de efluentes e que se localizam em regiões onde há mais ondas de calor ao ano. É notável uma predominância de risco alto em boa parte do Brasil, mas há realce de riscos muito altos em parte do Amazonas, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Ceará.

Nas capitais dos estados, as com maiores riscos são Rio Branco (AC), João Pessoa (PB), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO). As com menos riscos são Belém (PA), Brasília (DF), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS) e Teresina (PI).

3.SECAS METEOROLÓGICAS

As secas também apresentam um risco crescente para as infraestruturas de saneamento, como as ETAs. Se prolongadas podem afetar os volumes de captação e comprometer a qualidade da água que chega às estações, elevando custos operacionais. As regiões com menor quantidade de ETAs ou com sistemas de tratamento já sobrecarregados podem enfrentar riscos ainda maiores, pela falta de alternativas de redistribuição de carga ou fornecimento de água.

As áreas destacadas (Figura 8) com maior nível de risco são aquelas que apresentam tendência de agravamento dos períodos sem chuva, com balanço hídrico qualitativo ruim e que dispõem de um menor número de ETAs. É possível notar uma concentração de municípios com risco muito alto no agreste e sertão nordestino, com destaque para Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Bahia. O efeito é reduzido na região da Zona da Mata, próxima ao litoral. Também se destacam alguns municípios com risco alto em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, norte de Minas Gerais, Tocantins e Pará.

As cinco capitais possivelmente mais afetadas são Fortaleza (CE), Natal (RN), Teresina (PI), Belém (PA) e São Luís (MA). Já as menos são Curitiba (PR), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC).

As secas afetam a qualidade de vida da população. Nestes eventos, o fluxo dos rios e corpos d’água pode diminuir, prejudicando a capacidade de diluição e aumentando a concentração de poluentes nas águas superficiais. O risco de contaminação e degradação ambiental é ainda maior em áreas onde o balanço hídrico qualitativo já é desfavorável e onde a infraestrutura de tratamento é limitada, com quantidade insuficiente de ETEs.

Os municípios que apresentaram maiores índices de risco são aqueles que possuem pior balanço qualitativo, menor quantidade de ETE e que se localizam em regiões onde há mais dias consecutivos sem chuva. É notável uma predominância de risco alto na região central do país, especialmente na região do Pantanal, além de municípios em Goiás, norte de Minas Gerais, Maranhã e Piauí. Porém, a predominância de municípios com risco muito alto se dá nos estados da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

As cinco capitais mais propensas a esta modalidade de risco são Teresina (PI), São Luís (MA), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Brasília (DF). As menos propensas são Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Manaus (AM) e Florianópolis (SC).

Conclusão

O estudo revela uma situação que exige atenção e adaptação diante das mudanças climáticas, especialmente em regiões que já enfrentam vulnerabilidades sociais, ambientais e de infraestrutura de saneamento. Os cenários climáticos indicam que o país será cada vez mais impactado por eventos de ondas de calor, secas prolongadas e tempestades intensas, que colocam em risco a eficiência dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário e, consequentemente, a saúde e a segurança hídrica da população. De acordo com os resultados apresentados, algumas ameaças climáticas se destacam por região do país, destacadas na ilustração da Figura 1.

Para enfrentamento dos riscos climáticos, torna-se necessário que tanto o poder público quanto as empresas de saneamento adotem estratégias de adaptação climática. Ações que contribuem para redução dos riscos incluem o fortalecimento da infraestrutura de captação e tratamento de água e esgoto, a modernização dos sistemas de monitoramento e controle de qualidade da água e investimentos em tecnologia, como o reuso, contribuindo para diversificação das fontes de água. Ainda, políticas públicas que promovem a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos e incentivo a práticas de conservação e reuso de água são indispensáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança hídrica da população.

Para Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, governantes e operadores devem estar alertas. “Em 2024 vivemos os impactos das mudanças climáticas na pele. O objetivo deste estudo foi entender quais as principais ameaças e riscos climáticos para o acesso a água tratada e coleta e tratamento dos esgotos e, também, em quais estados a população está mais exposta a estes riscos. É imprescindível que haja investimento em adaptação a cenários climáticos extremos promovendo a resiliência das comunidades mais afetadas.”

Para consultar o estudo completo clique aqui.

Fonte: Assessoria Instituto Trata Brasil
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